quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

cristianismo para ser rico: uma violência contra os pobres

Sobre o cristianismo da riqueza e a demonização da pobreza: a violência como FÔRMA da "fé".

Em algumas igrejas, percebemos um tipo de dogma que endeusa a acumulação de bens materiais e, de modo inversamente proporcional, demoniza o que considera pobreza. Ou seja, nessas igrejas (religiões), a pobreza é vista como um tipo de "pecado" que precisa ser perseguida enquanto que a riqueza é defendida como uma "graça  alcançada" através da fé. 
A fé é um sentimento exercido por meio de uma religião.  Ela possui várias formas de ser praticada. Por exemplo, cantar para Deus, vestir-se para ir ao encontro de Deus em um determinado lugar (templo), ajudar pessoas que estejam em situação de necessidade ou até caminhar em procissão seguindo um determinado símbolo. Existem muitos RITUAIS que demonstram a fé de uma pessoa.
No caso do cristianismo para ser rico - uma espécie de religiosidade muito comum atualmente no Brasil (mas comum no mundo todo também) -, existe algumas maneiras de se expressar essa fé.  A fôrma na qual alguns estão sendo talhados (moldados) parece apontar para uma demonstração de aproximação da riqueza de bens materiais e distanciamento da  simplicidade (espiritual). Ilustro aqui: quanto mais bens materiais você parecer ter, mais abençoado filho de Deus você parecerá. Ou ainda: se você tem um carro, demonstra a riqueza material dada pelo próprio Deus na sua vida, de forma que trocar de carro seja quase um testemunho de milagre. E isso é bem estranho se comparado ao menino Jesus, denominado pela própria narrativa bíblica,  como o filho de Deus. Não é? 
Eu fico imaginando como que essas mentalidades religiosas imaginam que o pobre galileu (Jesus) seria se chegasse hoje...Será que pensam que ele seria um bilionário,  como Elon Musk? Ou será que ele estaria sendo humilhado, mal trapilho, perambulando pelas ruas asfaltadas do nosso imenso, rico, país? Será que ele gostaria das roupas lavadas ou exigiria a grife mais cara da última moda chique das passarelas de Milão? Será que comeria hambúrguer ou juntaria restos de comida despejados dos banquetes das mesas fartas das casas pomposas dos seus fãs? Eu acho que Jesus não iria querer nascer hoje se pudesse escolher, não nasceria. 
A violência expressa contra a pobreza é a prática de constante humilhação dos pobres produzida por tantos religiosos. É inacreditável perceber que quem dá mais dízimo, oferta e remuneração para padres, pastores, "servos" da fé e afins costuma ser melhor tratado dentro dos templos. Sei lá o que se fala hoje no sermão contra os vendilhões do templo. Hoje eu não sei mesmo COMO se "vende" tanto sucesso material como o milagre da vida. Comprimiram a beleza da crença em um anel de ouro e diamantes que não vale nada além do valor na prateleira de uma joalheria. 
A fé que antes valia ao espírito, hoje alterna o valor conforme o dólar. E - sem nenhuma vergonha - condena a pobreza à morte, como no alto do monte uma cruz se erguia. Ser pobre é um pecado na mercadoria das igrejas vazias. Cheias de bancos, repletas de ornamentos enquanto milhares dormem ao relento nas noites. A alma desse cristianismo da riqueza sucumbe ao papel moeda, pois as almas estão olhando a aparente vestimenta de luxo da benção nas mãos sedentas por mais cédulas.  O dólar não perde a importância em contrapartida a sobrevivência não tem garantia.
Precisamos repensar a fé materialista, consumista, porque ela nos faz perder a capacidade de se sentir humano diante de outro ser humano. E essa perda leva à descrença verdadeira na importância de amar a vida de todas as pessoas.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

para lembrar sempre em 2024

O patriarcado é um condicionamento tão violento para nós,  mulheres, que derruba nosso senso de realidade mesmo. A realidade,  no sentido histórico  (material-dialético), é composta do que se vê,  se sente, se experiencia,  se sente e se compreende a partir de tudo isso. Complexo e natural para nós humanos, de acordo com o Wittgenstein,  tanto quanto os limites da linguagem são em proporção o limite (as fronteiras) do nosso mundo. E, para mulheres, a misoginia é uma linguagem codificada na carne, que exerce sentido no nosso corpo e pode ser autossabotadora quando, em algum momento,  nossa alienação (falta de consciência de classe, como diz Marx) nos aprisiona no cativeiro de paredes douradas, ou o amor romantizado (heteronormativo, para Butlher). É a consciência de gênero (consciência de ser mulher nesse mundo) que nos liberta pouco a pouco, sem ilusão,  sem troféu na mãe,  com mil e umas lutas silenciadas que começam a ser EXPRESSAS EM LETRAS E SONS maiores do que a fantasia do "herói " salvador da mocinha. Para mim, o percurso foi vivido do lado das letras de Gerda Lerner, Audre Lorde, Angela Davis, Silvia Federici, Valeska Zanello Zanello e outras irmãs de cura que estão presentes na vida vida me lembrando que nós mulheres merecemos sim ser partes de uma realidade melhor para nós.  Sigamos VIVAS e juntas de olho vivo contra o opressor. #nenhumaamenos

sábado, 23 de setembro de 2023

reflexões para o séc 21

Perguntas pra se fazer no íntimo.
Será que meus valores são meus mesmo, escolhidos por mim, ou são valores impostos, induzidos na minha mente, por um modelo de ensino "de mercado" e o controle da comunicação por empresas?
Será que o que eu quero da vida fui eu mesmo que quis, ou fui induzido, condicionado, dentro do "que se espera de mim"?
Será que vejo o mundo com os meus próprios olhos, ou através das lentes distorcedoras que foram postas na minha cara desde que sou criança?
A humanidade tem milênios sem conta, mas uma vida são apenas algumas décadas, duas, três, cinco, sete, nove ou dez, quando se tem "sorte". O que fazer com esse tempo que temos de passagem por aqui? Assim como é certo que entramos aqui pelo nascimento, é certo que vamos sair pela morte.
Morte não é desgraça ou infelicidade, morte é conseqüência de nascer. Simples assim. Seja planta, bicho ou gente, tudo que nasce, morre. É da natureza, cada um a seu tempo. Tem os que vão cedo, e são muitos, tem os que vão tarde, e são poucos. A maioria vai pelo caminho, não chega nem na velhice. Comprovei isso nas pesquisas que fiz enquanto mangueava - oferecia minhas coisas de mesa em mesa, de grupo em grupo, de bar em bar, em praças e qualquer tipo de ajuntamento de gente. E fazia minhas pesquisas.
O que a sociedade nos empurra a fazer não é necessariamente o que nos realiza nesta passagem. Viemos aqui atrás do quê? A publicidade, a ideologia da superficialidade, da forma e do consumo nos diz uma coisa. O coração, se soubermos ouvir, diz outra.
Somos da terra, não a temos. Tudo nos é empréstimo, mesmo o corpo que usamos - a natureza o cobrará de volta, a seu tempo. E nós seguimos, entre dimensões. A freqüência que escolhemos faz as suas sintonias.


Eduardo Marinho , o pensador solitário da psicodelia contra o capital.

mulher aldeia

Um dia eu disse que você é aldeia, sabe, Lívia.  Você é aldeia. Existem as pessoas ocas, as vazias como casarões fantasmagóricos e ocos. E existem as pessoas legiões...as que trazem, como em um tsunami, as tralhas e os estrondos. O que te cerca não é barulho, nem holofotes,  é benção,  irmã.  Singra. Deixe tudo no seu caminho borbulhando como Oxum num rio. Seu caminho não esmaga, seu passo avança junto. Nenhum bom testemunho ou nenhum pronunciamento solene convence como a reza silente de quem anda. Como diz a Luedje Luna "eu sou minha própria embarcação,  sou minha  própria sorte e a história do meu lugar" em Um corpo no mundo. Não volte um passo. Enquanto você segue, existe quem te siga. Vai com alegria de dentro💖. Te admiro demais,  mana.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

ao som de "Atômico platônico " eu amo

Eu amo sim, por isso mesmo posso ir e vir a hora que for.
Eu amo mesmo e mesmo assim deixo claro que não sou objeto de abuso.
Eu amo imenso, eu amo brisa, eu amo ventania e às vezes derrubo tudo.
Eu amo e quebro tudo, eu amo e dispenso, eu amo e sumo e brigo.
Eu amo e sou ninho, abrigo, abraço aberto e liberto...de tudo.
Eu amo e vento, vivo, venho, recebo, carrego e desejo secreto...
Amo e por isso preciso de ESPAÇO,  carinho, palavras, aconchego, TEMPO, presentes, presença,  pertenço. 
Eu pertenço a quem eu amo. Não há dúvida. 
Se existir algum sinal de que não estou, de que desconverso, de que não vou...
eu apenas exijo respeito.
Eu repito:  porque amo, eu respeito.
Eu cuido porque amo. E ainda morro de saudade a esmo... 
Um amor inédito e preambular inaudito sempre nascendo.
E eu fico. 
Não fico falando, não fico presente a todo momento, um dia mesmo todos não mais estaremos. 
Para aqueles que me amam, eu simplesmente permaneço. 
Eu amo.
Um desses antiamor comum, sem pretensão até. 
Um  jeito doido de amar esse!
Eu te amo...
Custa
Custou tanto tempo.
Eu te amo...apago e recomeço.

é isso

Eu amo sim, por isso mesmo posso ir e vir a hora que for.
Eu amo mesmo, mesmo assim deixo claro que não sou objeto de abuso.
Eu amo imenso, eu amo brisa, eu amo ventania e às vezes derrubo tudo.
Eu amo e quebro tudo, eu amo e dispenso, eu amo e sumo e brigo.
Eu amo e sou ninho, abrigo, abraço aberto e liberto...de tudo.
Eu amo e venho, recebo, carrego e desejo secreto...
Amo e por isso preciso de ESPAÇO, carinho, palavras, aconchego, TEMPO, presentes, presença, pertenço. 
Eu pertenço a quem eu amo. Não há dúvida. 
Se existir algum sinal de que não estou, de que desconverso, de que não vou.
Eu apenas exijo respeito.
Eu respeito porque amo.
Eu cuido porque amo.
Eu morro de saudade porque amo.
E eu fico. 
Não fico falando, não fico presente a todo momento, um dia mesmo todos não mais estaremos. 
Para aqueles que me amam, eu simplesmente permaneço. 
Eu te amo.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

sorte

AULA10
HABILIDADE D17.
CONTEÚDO(S) Gêneros variados. Efeito de sentido utilizando sinais de pontuação :, , ? ! “ “ [ ] ( )
Leia, atentamente, o seguinte texto:
Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena.
Escreveu assim:
Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada dou aos pobres.
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1. O sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.
2. A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.
3. O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres.
4. Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Dou aos pobres.
Assim é a vida. Nós é que colocamos os pontos. E isso faz a diferença.
(Autor desconhecido) Disponível em: http://www.soniajordao.com.br/detalhes.php?id=543. Acesso:05/02/23
Revendo os sinais de pontuação
● Qual o sentido do texto após as respectivas pontuações, realizadas por cada um dos beneficiários do testamento?
 
Para que servem estes sinais: , ? ! “ “ [ ] ( )
● Os sinais de pontuação são recursos próprios da língua escrita: representam as pausas e entoações da linguagem oral.
● A presença ou ausência da vírgula causam alterações completas no significado e sentido das frases.
Veja esse post, analise-o e reflita:
 
Disponível em: https://segredosdomundo.r7.com/virgula Acesso:06/02/23
Que efeito de sentido a ausência das vírgulas provoca no aviso?
 
Sinais de pontuação
● Exclamações: marcadas pelo sinal “!” após interjeições e no fim de frases enunciadas com entoação exclamativa;
● Interrogações: são usadas para marcar o final de frases interrogativas diretas. Nunca usadas no fim de uma interrogativa indireta.
O apresentador de TV, Sílvio Santos, desenvolveu um estilo de comunicação em que utiliza exclamações e interrogações em suas frases de efeito e em seus bordões, para animar o auditório:
✔ Quem quer dinheiro?
✔ Silvio Santos vem aí!
✔ Minhas colegas de trabalho! ✔ Sai pra lá, sai pra lá!
● Aspas (" "): são utilizadas para enfatizar palavras ou expressões, bem como são usadas para delimitar citações de obras.
Exemplos do uso de aspas: satisfeito com o resultado do vestibular, se sentia "o bom”.
● Colchetes: compreendem um sinal gráfico que é usado na língua portuguesa para pontuar situações muito específicas, como nos dicionários, na supressão de citações. Também são utilizados nas áreas de exatas, tais como em expressões numéricas:
{ 20 . [ 2 ] 2 }.
● Parênteses: são sinais de pontuação usados para dar explicações, fazer observações acessórias, comentários ou reflexões.
Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até mesmo, silêncio - que só estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.
Com acentuada característica subjetiva, a pontuação não possui critérios rígidos a serem seguidos, mas requer atenção, porque qualquer deslize pode prejudicar a clareza do texto.
Vamos Praticar?
1. Leia o texto e responda.
(...) De repente, zapt, a cusparada veio lá do alto do edifício e varreu-lhe o braço direito que nem onda de ressaca. Horror, nojo, revolta: no meio das três sensações, o triste consolo de não ter sido no rosto, nem mesmo no vestido.
Como limpar “aquilo” sem se sujar mais? Teve ímpeto de atravessar a rua, a praia, meter-se de ponta cabeça no mar. Depois veio a ideia de entrar no primeiro edifício, apertar a primeira campainha, rogar em pranto à dona da casa: “Me salve desta imundície!”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Boa ação. In: Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
O uso das aspas no trecho “Me salve desta imundície!” revela A) a revolta pela situação vivida.
B) a intenção de fala do personagem.
C) o destaque dado a palavras do texto.
D) o estranhamento da personagem diante do fato.
E) o fato de chegar à casa de uma desconhecida.
2. Leia o texto abaixo.
O MARINHEIRO QUE TOCAVA TUBA
Tendo nascido no interior do Ceará, como foi acabar sendo regente?
Nasci no Iguatu, porque meu pai trabalhava naquela época nessa cidade, numa função muito delicada e até pejorativa: a de delegado de polícia. Na época, havia uma espécie de guerra no Ceará, com intervenção federal.
[...] E, como ia sendo expulso de tudo quanto era escola, meu pai resolveu me colocar na Escola de Aprendizes de Marinheiros. Aí a coisa mudou. A escola, naquela época, era semicorrecional. Meu pai advertia: “ Agora você toma jeito”.
Éramos 14 irmãos, dos quais eu era o quinto, pela ordem. Família “pequena”, como veem. Oito homens, seis mulheres.
Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
As aspas empregadas na palavra “‘pequena’” dão à palavra um tom
A) coloquial.
B) crítico.
C) irônico.
D) metafórico.
E) técnico.
3. Leia a charge e analise o ponto de exclamação e o ponto de interrogação, com relação às falas dos interlocutores.
 
 
https://blogdoaftm.com.br/wp-content/uploads/2020/04/2493.jpg
O que a pontuação exclamativa e interrogativa exprime?  

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

afeto factível

E o afeto tanto quanto humano é político. Sinto muito as pedradas na rotina do trabalho também.  Sou uma professora de "carne e osso", um tipo de educação no corpo e na alma que me fizeram encontrar Nietzsche,  vagando atrás de uma filosofia demasiadamente humana sem o regime "robotizador" liberal. Eu submerjo e transbordo, afeto visceral. Sempre lembro do Renato Russo dizendo que "sou um animal sentimental " ...nem tão sereníssima assim. É um jeito de libertar das correntes (quais sejam) a pedagogia engajada que estou conhecendo com a bell hooks. Uma educação amorosa, chamada assim por Freire. Eu me diria uma professora lutando (radicalizada às vezes ) pelos afetos. E essa resposta foi assim porque o seu afeto me afetou de fato (essa é uma música). Por uma revolução em que seja possível sentir para fazer mais sentido existir todo mundo junto.

domingo, 9 de julho de 2023

o novo sempre vem

"O novo sempre vem" ou "e o passado é uma roupa que não nos serve mais"...ou sobre Belchior, "Como nossos pais", "Velha roupa colorida" e a vida Real.

        Enquanto assistia o comercial da Volkswagen,  lembrava chorando de duas figuras lindas da minha vida: Tio João e sua Combi e Tio Milton e seu Gol branco quadradinho...
Ah, a vida, como ela nos prega peças...afinal, Belchior já dizia "o presente, a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais". Naquele instante, eu pensei que isso fosse ruim, mas senti uma inexplicável alegria. Seria a arte uma forma de cura?

        A combi em que fomos em família tantas vezes para salinas...o tio Milton que sempre foi tão feliz...e a "roupa colorida" de Belchior que insiste em dizer "mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem".

        Afinal...o novo sempre vem...e nos dá medo! Medo de que o passado seja esquecido, medo de que algo em nós se perca; entretanto,  Belchior tinha razão: "você me pergunta pela minha  paixão...digo que estou encantado como uma nova invenção "...a vida sempre arranja um jeito de nos encantar, de nos apaixonar de novo e, por ser assim, "viver é melhor que sonhar". 

        E eu também sei que "qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa", Belchior...nem ele nem eu vamos voltar ...nem Belchior vai voltar pro sertão...e eu vou estar na cidade onde a vida puder me encantar de novo e sempre e outra vez, enquanto eu durar, mesmo se doer.

        Por tudo isso, eu precisava dizer, nenhuma música ou compositor ou arte pertence a um lugar, a um tempo ou a uma única memória. ..e as invenções vão continuar, sabe...IA, pen-drive, o vinil e o "toca fita", nada foi suficiente para apagar a memória,  a "tecnologia" do abraço,  a certeza da história e a liberdade da gente.

        Mas o medo de que o novo seja tão melhor que nos "vença", nos deixe fora de moda, é atual. Sentimos esse medo "Como nossos pais", mas "precisamos todos rejuvenecer".
Como uma apreciadora das literaturas, da arte na escrita, que se comove com as coisas, eu argumento: deixe a arte ser. Não tema, o novo não vai doer.

sábado, 17 de junho de 2023

estigma e maldade são discursos comuns que revivem o tempo dos manicômios contra pessoas que possuem sofrimento psíquico

O sofrimento psíquico infelizmente é mais condenado por pura falta de empatia mesmo, por quererem se manter ignorantes sobre o assunto, sendo assim mais condenado do que maldade, do que falta de caráter.  Você vê gente que condena, difama, xinga, rotula bipolar, autista, depressivos e outras pessoas neuroatípicas de vagabundos, preguiçosos e mentirosos; porém, são as mesmas pessoas que acham pessoas maldosas, pessoas violentas, pessoas racistas "comuns". A mesma pessoa que te dá uma dica de vida saudável não chega com um cara que bate na mulher e dá nenhum conselho pra ele, Natália.  Sabe por quê? Essas pessoas sempre demonizaram,  sempre condenaram, foram elas que prenderam inocentes em manicômios.  Foram elas que condenaram justos, condenaram um Jesus que amava pobre e denunciava gente corrupta e hipócrita.  Infelizmente,  Natália,  seu sofrimento psicológico é uma condição. Faz parte da sua natureza.  Psicoterapia te acolhe, te cuida, te abraça, te faz acreditar que você é amada. Remédios psiquiátricos te ajudam a equilibrar a ligação de hormônios em seu sistema nervoso. Seus neurônios,  por causa do Transtornos Afetivo Bipolar,  possuem dificuldades de fazerem algumas transmissões entre hormônios que regulam estresse, ansiedade, euforia e excitação.  A bipolaridade é uma condição neuroatípica, uma natureza da mente, por isso não é curável,  ela é equilibrada por psicofarmacos como o lítio.  O resto que seja "aconselhado" - se não for acompanhado de acolhimento, compreensão e respeito - deve ser ignorado. Sua vida, sua saúde, sua existência precisam de tranquilidade e amor; não de conselhos que parecem ser tirados de vídeo de autoajuda do YouTube cheio de preconceito e ignorância mesmo.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

o trabalho que sustenta o mundo

O trabalho que sustenta o mundo é o TRABALHO DOMÉSTICO que é invisível hoje e sempre para a sociedade do capital. Sabe por quê? Porque as mulheres CUIDAM DA VIDA COTIDIANAMENTE, e a vida não tem preço. 
A vida que é cuidada e garantida todos os dias pelo trabalho repetitivo, indispensável, impagável e vital, a vida não é produto. Por isso, muitas teorias sobre o "trabalho produtivo que gera riqueza" nunca pensaram de fato no que é a mais valioso no mundo: estar vivo.
Sabe quem estava passando o café, lavando a roupa, lavando a louça, arrumando a cama, cuidando de quem adoece em casa, fazendo a criança resistir aos primeiros dias de inteira dependência e vulnerabilidade: uma mulher. 
Mulher que no mundo da super tecnologia não tem mais a cultura do cuidado como sua responsabilidade única e hoje também está frenética na fábrica, no supermercado, na indústria, na ciência, na engenharia, comprando tudo que puder, vestindo tudo que quiser e sabotando a si mesma, porque o consumo da vida também é seu negócio agora.
Na sociedade capitalista, do progresso e do bem-estar social, a casa não é mais lugar de ninguém e quem sobra é um indivíduo partindo pra violência sem afeto, sem o cuidado, sem uma educação, sem a humanidade da família, o que já foi trabalho único de mulheres em sociedades primevas. 
Agora nem mais cuidar de si mesmo se sabe. O cuidado precisa ser terceirizado por um preço que não paga a conta da violência, da doença mental, das famílias sem nenhuma cultura de afeto só consumo até o último fio de vida que termina.
A vida acaba. Os produtos, chamados de riqueza, vão pro lixo antes de virarem algo que realmente importa. E parece que tem gente indo pro lixo junto com o que consome.
O trabalho primordial, o cuidado cotidiano com a vida, a casa, a comida, a limpeza, a natureza do jardim, um animal ou outro que se tenha ou que se perceba na rua, esse cuidado perdeu o valor pra muita gente que tem celular, livro, vestuário e coleciona produtos. O que não tem preço não tem valor na visão do mundo capitalista. E tem muita gente que se esqueceu que o capitalismo destrói antes de tudo a humanidade de si.
O consumo do produto exaurido é o consumo de si. E a vida acaba. O trabalho mais importante do mundo deveria ter mais valor para as pessoas e não deveríamos achar que o cuidado doméstico é inferior a qualquer outra atividade humana vital. É como respirar. Quando o trabalho doméstico acaba é porque a vida acabou ali.

o salário mínimo é a falha do tal progressismo

O salário de um trabalhador teria que dar pra ele comprar uma CASA, uma geladeira, COMIDA.
Não comprar qualquer lixo tecnológico que só destrói a natureza. 
Não é riqueza.
O trabalho que agora vale no mínimo R$1320,00 não paga a hora com a família,  não paga a saúde acabada, não paga a revolta social da desigualdade absurda. Não paga.
Trabalhadoras e trabalhadores têm que se unir mesmo MAS É PARA MUDAR A FORMA DE PENSAR O QUE VALE A VIDA HOJE!
VALE ganhar o seu salário para viver COMO VOCÊ VIVE?
O QUE DE FATO PRECISAMOS?
Pronunciamentos esvaziados de empatia de fato é o que percebo.
A minha picanha vai chegar quando na minha casa?
Meu vizinho que ganha R$1320 vai comprar a picanha também?
Eu vou ter que ir comprar no feriado a picanha enquanto outro trabalhador é explorado até 23h no líder,  o supermercado do inferno que nunca fecha...
Eu estou indignada com o Brasil!
Eu estou indignada com um país que precisa fantasiar algum bem-estar hoje enquanto trabalhadores são MISERAVELMENTE EXPLORADOS por um salário que produz doença e lixo.
Isso é o capitalismo de sempre sem qualquer mudança no modus operandi, continua destruindo a vida das pessoas e dizendo que o tem preço é o que tem valor.
Mas a vida de uma pessoa não tem preço. O valor de uma vida de um trabalhador é maior do que o agromerda,  do que a indústria de guerra matando tanto na Ucrânia, no continente africano, na nossa América do Sul e da tecnologia que leva um miserável pro espaço e não dá dignidade para as família viverem de fato.
Falhamos miseravelmente com a gente mesmo achando que comprar algo melhora a nossa vida, se para comprar a opressão minha ou do outro precisa estar cada vez mais violenta e forte.

no dia do trabalho, indignação com a exploração da gente é só o que temos e nada a celebrar

No dia do trabalho, é obrigatório se reconhecer que TODOS os pensadores do século XIX estão radicalmente errados sobre o que disseram ser o resultado da "força de trabalho humana".
Enquanto muitos, incluindo o marxismo, defendem que o trabalho "produz riqueza ", que o fruto do trabalho do proletariado é a produção da riqueza, que o trabalhador produz riqueza; eu digo que para o século XXI (hoje) o que se produz é DOENÇA e LIXO.
Ou mudamos RADICALMENTE a visão antiquada, INADEQUADA para a contemporaneidade, em nossos discursos em prol de trabalhadoras e trabalhadores ou estamos condenando todas e todos à morte por exaustão. 
Infelizmente achar que "o que o trabalhador produz a ele pertence" realmente se tornou a sentença de morte da "classe operária ", porque nós operárias e operários somos de fato EXAURIDOS, ESMAGADOS e EXPLORADOS ATÉ A MORTE para gerar a fantasia, a ficção, de "lucro".
Não existe e NUNCA EXISTIU LUCRO! Acordem!
O que há de fato é o trabalhador (o oprimido) querendo e comprando - através da sua exploração e da sua exaustão- a fantasia que ele foi alienado a acreditar que é o tal do bem-estar. 
Não se produz riqueza nesse sistema, nessa forma de trabalho, nada é riqueza. Nada.
Tudo é doença e lixo.
Lixo tecnológico, lixo nos oceanos, lixo que comemos e lixo que nos tornamos.
Doença que gera vício por remédios, para se trabalhar o que fingimos que "vale".
Eu não me conformo com um salário mínimo declarado pelo governo Lula de R$1320,00 para que um trabalhador esteja HOJE, neste miserável feriado, trabalhando em um supermercado de algum fdp.
Isso é gerar riqueza para um país, trabalhador?
Quem enganou todos dizendo que trabalho produz riqueza estava também se enganando, viu. Não pensem que foram gênios os homens miseráveis que entenderam que o operário estava gerando riqueza para poucos.
Não é riqueza ter iPhone, morar em condomínio de luxo, ter o melhor hospital pra tratar câncer enquanto no mundo crianças passam fome agora, trabalhadores são VIOLENTAMENTE IMPEDIDOS DE ESTAREM COM SUAS FAMÍLIAS, PESSOAS NÃO PODEM DESFRUTAR DE UM PINGO DE LAZER E DESCANSO EM SUAS CASAS OU ONDE QUISEREM porque estão obrigadas, estão compulsoriamente levadas a trabalhar horas de desumanidade.
Eu não estou nem um pingo honrada, como trabalhadora da educação que sou, em um país neoliberal como o Brasil, com um governo que NÃO PENSA ATÉ AGORA EM REVOGAR A REFORMA TRABALHISTA QUE DESTRUIU e vai acabar com a qualidade de vida de milhares de pessoas.
A conta vai chegar. 
A porcaria da aposentadoria na hora da morte pode não chegar a tempo.
E hoje é de R$1320,00 a merda do salário de alguém que trabalhou mais horas do que seu corpo humano e sua mente podem de fato suportar.
A conta da violência doméstica, da cultura da violência simbólica, das violências estruturais só aumentam e temos que achar bonito aumentar pouquíssimos reais no SALÁRIO MÍNIMO. 
PARTIDOS QUE SEJAM DE TRABALHADORES vocês falham miseravelmente em aceitar que as pessoas estejam sendo esmagadas e moídas na máquina do capitalismo.  
Ou vocês dizem que é preciso repensar jornada de trabalho PARA TODOS OS TRABALHADORES NESSE PAÍS ou vocês estão ajudando a comprimir a nossa vida no suco de laranja do opressor.
Falhamos miseravelmente com a nossa população que precisa de dignidade de vida.
A vida de um ser humano não pode valer o valor do salário mínimo desse país.
Redução de carga horária geral ou vergonha nacional. É o que entendo como justiça social hoje no dia do trabalho.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

medíocre afeto

Um homem filosofou certa vez sobre a dureza de amar em uma absoluta realidade,  sem doses homeopáticas de fantasias, senão as costumeiras ficções repetidas sobre amor nas míticas antigas. Eu cansei de ler Nietzsche nesse século do mesmo jeito que lia em 20. Os anos me levaram disso, me trouxeram para a ampulheta quebrada. Qualquer poeira do canto da casa o vento que leva, o tempo não traz. Eu dancei nessa aposta e me vi dizendo que pingos de afetos duravam um gole sedento de tequila a mais. Não tenho mais esse mísero tempo. Preciso mergulhar onde a mediocridade jaz. Colhendo na miséria de corpos sem sentido a semente do que o porvir não faz. Não pode fazer de uma gota a certeza de que o oceano se satisfaz. Não tenho mágica alguma por acreditar em pequenos traumas fantasmagóricos e frios. Freios soaram, enquanto velozes os sonhos partiram-se em mim. Desprendi coisas demais. Dói perder sumo em prantos rasos e moscas ao redor. Tomei um porre de pouca ligação e nenhuma palavra durante meses a fio. Foi meticulosamente parcelado o mínimo de sentimento por baixo de nenhuma paixão. Dormi em pleno deserto, feito areia multipliquei solidão de grão em grão. Medíocre amor é desfecho na estrada. Nenhum caminho se anda diante de nada. Desfez-se em mim desate...em desejos...desgastes...desamorosidade...em mim am..ar..gor...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Biden o senhor das armas

Escutem bem uma coisa: Biden (o branquelo ofensivo dos EUA) está dando bilhões de dólares em armamento para fazer do território ucraniano um joguinho da morte longe do seu país.
Esse mesmo imbecil (vulgo "presidente") sabe que está carregando milhares de pessoas para uma morte absolutamente vã e não se sente injusto e criminoso que é. 
Ele leva, da indústria da guerra da morte e do encarceramento,  bilhões para armar a população,  MAS EU PERGUNTO: ELE TEM ESCUDO PARA IMPEDIR CIDADÃOS DE SEREM DIZIMADOS? ELE NÃO TEM.
O país mais criminoso do planeta, também conhecido como "América do Norte", é o MOTIVADOR de um genocídio desnecessário.
Ele pode acabar com a guerra? Deve. Sua lista de crimes humanitários só cresce, mas ele quer patrocínio que sustente sua "governabilidade " no solo podre em que governa. 
O governo de Biden se sustenta "vivo" da morte de ucranianos. Uma irresponsabilidade irreparável.  O parlamento estadunidense inteiro sabe que sem guerra não tem Biden.
Agora quem paga com a vida para um desgoverno desse continuar "vivo" é a população ucraniana.
O capitalismo selvagem, o neoliberalismo genocida, essa necropolítica arrasadora são a prova de que esse sistema social baseado no lucro NUNCA DEU CERTO e nunca vai dar.
Se a morte de milhões e milhões de pessoas não sensibiliza, a desumanidade é a prática desse poder.
Medo de perder o patrocínio para a Rússia,  para a China, para a Coreia do Norte...não! 
Vontade de morte.
#bidenisnotmypresident 
#bidenÉumGenocida

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

ETs é o caralho

Sobre ETs,  disco voador, Ovinis,  fungo apocalíptico,  aranha gigante, vilões da Marvel e outras drogas...CUIDADO COM O QUE VOCÊ ACREDITA.
Se vc tem medo de ETs e não enxerga a violência racista bem no seu nariz...VOCÊ É ALIENADO, SIM!
Se você não se enxerga uma pessoa machista, misógino (que demonstra ódio às mulheres e as subjetivações de mulheridades), VOCÊ É UMA POTENTE ARMA CONTRA PESSOAS e precisa RECONHECER O MAL QUE TE HABITA porque sua alienação não ajuda SÓ AUMENTA AS ESTATÍSTICAS. 
Se você acredita em meritocracia, acha que "bandido" deveria morrer, vota em miliciano, aplaude morte de indígenas, acha que educação sexual é um "pecado", não respeita outras formas de religiosidade,  não respeita outras culturas, tem ódio contra pessoas empobrecidas,  tem nojo de pessoas em situação de rua, acha que presídios são "remédio " para a violência e a criminalidade urbanas, apoia policiais corruptos e violentos, elege matador/assassino como vereador, deputado, governador, prefeito, senador, presidente e afins...VOCÊ É SIMPATIZANTE DE FASCISMO e, de fato,  suas escolhas são MUITO MAIS DESTRUTIVAS do que qualquer ser "extraterrestre ".
Em suma, quem acaba com a vida e a dignidade humana no planeta Terra são os próprios viventes.
Então, eu não quero NEM SABER de papo de ETs,  fungo apocalíptico,  séries da Netflix (e outros streaming) e outras porcarias que alienam.
O que de fato acaba com a humanidade na gente é a ignorância,  a falta de solidariedade,  a ausência de consciência de classe (gênero e sexual) e a alienação por notícias PLANTADAS nos meios midiáticos CADA DIA MAIS FICCIONALIZADORES.
QUEM DEVERIA DEMONSTRAR A REALIDADE,  HOJE, INVENTA CONVERSA FIADA PARA DEIXAR FASCISTA LIVRE.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Michelle e a tragédia da mulher na orda fascista no Brasil de 2023...

Eu tentando entender as motivações do chorume das notícias de política nacional e sua mãe resume facilmente: o lixo fascista está arrastando a "esposa" dele para cadeia... E deve estar fazendo isso como forma de punir ela. Como ela sempre foi um ser acessório, sempre serviu de ornamento, agora não presta mais pra nada e está sendo tripudiada e despojada. Isso é um machismo, uma violência de gênero pública das mais brutais da qual já fomos telespectadores. Tenho certeza que as mulheres que se metem com os porcos saibam que não só farelos as alimentarão...No caso de Michelle, ela vai pagar com a vida. Escute bem o que digo. Fascistas são assassinos. Ela agora é como Elisa Samudio...carne para cães.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

odeio a ficção liberalista...é a crise na estética humana...um esvaziamento do ser na cultura do capital

Não acredito em ET matador, em fungo apocalíptico.  
Tenho CERTEZA [e não estou sendo otária] ao afirmar: RACISTA e fascista, sim, existem e MATAM.
Realidade, minha gente! 
Acordem para a realidade: fungo não vai acabar com a humanidade. 
PRIMEIRAMENTE, porque é preciso ter humanidade para se acabar com ela. E tem muuuuuuuuuuuuito gente DESUMANA perambulando por aí. 
Humanidade é uma representação de mundo que faz pouco sucesso. Foi assim sempre.
O que se gosta mesmo é: ET, FUNGO, VÍRUS, ZUMBI e porcaria com sódio e gás. 
Tudo se desfaz mesmo, já disseram Marx e Engels, na fluidez dos tempos capitalistas.
Realidade, hoje mais virtual que nunca, parece um tesouro a ser "descoberto" por causa da penumbra do "achar que tem algo", mas nada pode ser assim tão apropriado, possuído ou mesmo dominado.
O conhecimento não se tem. Ele faz parte do que se é transitoriamente, então, transitoriamente ele vai fazer parte da sua vida, mas não é ad eternum...
NADA É. 
Um apocalipse desses de teleficcão não faz o mundo ser melhor ao fazer parte das crenças: porque ele é mentira. 
Entretanto, o RACISMO, o machismo (misoginia) e o fascismo existem e causam tragédias sociais.
Deixem de perder tempo tentando fazer crer em tanta "fantasia de vida", quando a morte está o tempo todo a sua volta. 
Enxerga a vida real e parem.
Melhorem esses temas, porque racistas, machistas e fascistas não passarão num passe de mágica. Vai ser preciso muita luta e realidade.
Eu sou contra o romantismo liberal. Para mim, a crise estética de humanidade é consequência direta da pobreza na fantasia de "lucro", contada sobre o capital.
O capital é morte. Morte de tudo, até da sensibilidade de perceber a realidade. 
Cuidado com a droga espalhada pelo ar, infectando a mentalidade.
Consumir não é ter.
Ter de fato é ilusão. 
Fungo assassino é mentira...MAS racistas e fascistas não são.  
Acreditem, fascismo e racismo são verdadeiras formas de autodestruição. 
Remédio para tanta incoerência só realidade em doses cavalares, sem moderação.

domingo, 29 de janeiro de 2023

valeu tudo

Alguém já conseguiu se apaixonar por algo "perfeito "?
Sei lá...minhas experiências com se apaixonar foram tão intensas...só amei mesmo quando me perguntei "por que não vou embora", sabe. 
Parece que a gente romantiza muito esse negócio de gostar de alguém mesmo, mas...vejam só: outra pessoa é outro mundo, outro universo.  Tá tudo bem a gente não ser perfeito, né.  
Quem já conseguiu me amar um dia...não se apaixonou pela "melhor pessoa do mundo"...nem pela melhor versão de mim. Não mesmo. Só me amou quem entregou o melhor que podia para uma Hilda bem ruim em comparação a si.
Foi teimosia, sabe.
Teimou em ficar. Eu teimei comigo mesma de amar tanta gente.
Eu não me arrependo de ter amado ninguém. Nem uma das minhas paixões foi coerente com a bibliografia vasta que eu coleciono racionalizando a vida. 
Amei apesar [de] e por isso...
Fui amada apesar de mim...sabe. 
Fui irremediavelmente amada mesmo quando eu deveria ser até condenada pelas coisas que fiz, falei, senti e insisti em ser.
Foi porque me amaram assim que eu teimei.
Se eu parecer teimosa, gente, saiba: alguém me amou apesar de tudo.
Então,  por que uma pessoa comum como eu deveria me arrepender por ter sido, por ter amado ou por ter vivido do jeito que foi mesmo?
Não tenho tempo para buscar o impossível. 
A realidade vale uma história de amor inesquecível,  sem "a melhor personagem ", sem a trilha sonora mais incrível. 
Alguns amores nem servem para um papo furado com um ouvido amigo, sabia...
Você pode nunca contar sobre aquele sentimento,  mas foi vívido. Valeu tudo mesmo.
É isso.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

o patriarcado é uma invenção, é uma entre muitas outras representações vigentes nas possibilidades simbólicas na contemporaneidade. precisamos ir além do mito da inveja do pênis urgentemente

Também precisamos entender que para além do patriarcado como um pódio de suposto poder e suposta vitória de fato o que existe é a realidade da gente, sabe. O patriarcado é uma invenção,  portanto está dentro da representação de humanidade que se tem como dominante há muitos séculos, ninguém discute isso. Porém, é também indiscutível que não existe apenas essa proposta de humanidade ou de civilização para a vida de qualquer ser humano, sabe - embora a branquitude e o eurocentrismo costumem validar apenas as suas próprias imagens, essa forma de sociedade é autoidolatra, isto é,  "narcísica". Veja, a Silvia Federici acabou de ter um novo livro traduzido para o português se chama " Reencantando o mundo: o feminismo e a política dos comuns" que eu considero uma bomba atômica em quem costuma achar as formas de colonização patriarcal como vitórias últimas da humanidade.  Ser homem, ser branco,  ser patrão,  ser o poder e ser "superior" não são o propósito da vida de MUUUUUUUITAS PESSOAS MUNDO A FORA...tem mais mundo pra refletir e discutir e apresentar do que patriarcado para repetir todo dia no discurso público. É hora de tirar do silêncio e da invisibilidade OUTRAS POSSIBILIDADES DE VIDA. Existem muitas mulheres que nunca tiveram nem uma oportunidade de pensar por outro lado. Então, por que continuamos falando dos homens e de seus edifícios desestruturados? Será que não há mulheres dando conta de tudo em outras possibilidades de vida no mundo? Será que as performances de gênero binárias (masculino e feminino) não estão ultrapassadas... é hora de sacudir também a poeira do séc. 19 (romantismo, modernismo...) acabou...é hora da contemporaneidade.  E no século 21...quais as possibilidades de vida para as pessoas?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Tema da moda: bbb

Agro é tudo
Agro é BBB = bom bonito barato
Bancada espalhada nas câmaras municipais (prefeitos e vereadores), estaduais (governadores e deputados), federais (deputados, senadores e presidentes), e até na pomposa magistratura... juízes, tribunais e ministérios.
Bancada significa também aqui "manada" e Lobby (corporações multinacionais capitalistas) que PAGAM, MANDAM E MATAM em nome de lucro.
Quem quer ganhar com armas, mortes, violência e encarceramento?
Quem quer lucrar com desmatamento,  extermínio de etnias indígenas,  roubar seus territórios e colocar vaquinhas e eucalipto em cima? Lucrar até com a fome? (Principalmente. )
Quem vai ganhar se as igrejas estiverem repletas de fiéis e fanáticos por "Deus"? Tudo em nome de Jesus... quem também quer uma educação moral e cívica? Quem não gostaria de ganhar um casamento "arranjado" nos cultos de adolescentes manipulados por seus hormônios, o que ninguém poderia imaginar é que adolescentes se relacionaram inconsequentemente casando antes até de finalizarem o "segundo grau"?!¿
Eu chamaria o BBB de sistema (CIStema). Um jeitinho nada dedutivo de fazer da vida um jogo.
E eu, por fim, alerto: não tem vencedor quando o que está em jogo é a vida.
O Big Brother já vai começar...
O Big Bang foi quando "tudo" começou...
E o bang bang (tiro, porrada e bomba) nunca acaba.
Vamos voltar a programação normal...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

mítica mulher

Em pensar que é,  HISTORIOGRAFICAMENTE, comprovado que a origem humana da religião,  isto é,  a dimensão MÍTICA,  tem direta relação com ser mulher. Isso acontece exatamente POR TUDO QUE É a mulheridade na construção simbólica e material (cultural-dialética) das subjetivações humanas, é  a própria ancestralidade sedimentada. Eu não consigo compreender o "ateismo" como uma abertura feminista na mentalidade, porque muitas vezes é uma espécie de expressão de uma elitização intelectual de epistemologia BRANCOCÊNTRICA, o que já significa MACHOLÓGICA. Eu digo isso por causa das leituras indispensáveis de Gerda Lerner (A criação do patriarcado,  no livro INTEIRO, ATÉ AS NOTAS DE RODA PÉ); da Angela Davis (Mulher, raça e classe por exemplo); Silvia Federici (Calibã e a Bruxa  e    Reencantando Mundo: feminismo e política dos comuns); bell hooks ( E eu não sou uma mulher entre outros); Audre Lorde (Irmãs outsider); e muitos outros. Eu realmente li nesses livros nitidamente e notoriamente a relação das mulheres com o saber mítico,  embora a relação entre poder e religião na perspectiva ocidental hegemônica APAGUEM, SOTERREM, ESCONDAM e SILENCIEM A IMANÊNCIA DAS MULHERES e o nosso poder - MUITAS VEZES - político e estratégico evidenciado na religião, na religiosidade, vide as egípcias mais proeminentes enquanto governantes as cleópatras e tantas sacerdotisas que eram muito importantes como CONSELHEIRAS em muitas dinastias no Oriente Médio Próximo.  O filme "A mulher Rei" demonstra incontestavelmente isso. Eu realmente não compreendo o ateismo como um benefício direto às questões das mulheres, em especial às mulheres de periferia, às mulheres PRETAS e negras, às mulheres de comunidades tradicionais e às mulheres de comunidades indígenas e originárias.  O único olhar possível sobre ateismo e feminismo é pelo prisma da branquitude,  o único.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

quero conhecer meu pai

Eu quero conhecer o meu pai

Meus amigos, eu sei que essa é uma história que vcs já conhecem faz tempo mas eu gostaria de recontá-la em poucas linhas. Eu sou gêmea   (Hel Freitas ) e tenho uma mãe muito guerreira que criou a gente sem o apoio do nosso pai. Essa não é uma história de amor muito bonita, mas a gente nasceu e sempre foi muito amadas por todas as pessoas que de alguma forma nos ajudaram a superar tantas dificuldades que a falta de um pai nos causou. Foram muitas dificuldades, muitos de vcs sabem muito bem disso.
Hoje, eu queria falar da minha maior dificuldade: ir à procura do meu pai. Sabe, meus amigos, não é nada fácil admitir que vc precisa de alguém que vc nunca conheceu de fato, que parece muito mais invisível, talvez, mais invisível aos meus olhos. Mas hoje, eu só queria começar a vencer esse grande desafio. 
Se vc sabe do quanto isso é difícil pra mim, porque vc me conhece de verdade, apenas me ajude. Eu quero muito conhecer o senhor que é meu progenitor. Não quero nenhuma ajuda financeira, que fique bem claro isso aqui. Não quero remoer mágoas ou dizer quem foi certo ou errado. Eu só quero conhecer e vê-lo, nem que seja uma vez. Esse desafio eu preciso vencer e sozinha eu não vou conseguir.
Segundo o que já me falaram, o nome Jadson Souza da Silva, talvez ele more em Belém, não sei. Provavelmente ele já foi ou ainda é taxista. Trabalhou em um banco na década de 80 chamado Sulamericano, mas esse banco já até faliu. Ele teve um breve relacionamento com uma moça, na época uma moça hoje uma jovem senhora, Maria das Graças Queiroz de Freitas que trabalhava no Armazém Kawagem.
É isso que eu sei.
Se vc quiser me ajudar compartilha a minha história, porque eu preciso muito conhecer esse senhor.
Agradeço demais o  apoio e a consideração de todos vcs. 
Me ajudem

Pronto, meus amigos, podem compartilhar

terça-feira, 22 de novembro de 2022

patriarcado autodestrutivo ou sobre doses cavalares de automisoginia ...

Infelizmente,  eu passo por um tanto injusto de "pedradas" de mulheres do meu meio, mulheres que eu defendo ou defendi, mulheres que eu tento cuidar mas que me dão para o primeiro inimigo (macho falido e raivoso) que encontrarem na frente. Se ele vier e me destruir bem na frente delas, serei humilhada e ele será aplaudido antes diante do meu nariz. E sim é a disputa pelo olhar "selecionador" do macho a quem elas servem, por uma migalha caída do que se poderia até aproximar de algum "privilégio", mas que de fato é manutenção de automisoginia e lustração do sistema patriarcal. É amargo demais engolir isso. E como sou abolicionista e feminista exatamente assim, durmo e acordo amargura na boca...chega a ser difícil lutar muitas vezes. Por isso, falar sobre homens me revolta tanto: porque há mulheres que se alimentam, se nutrem, de um patriarcado autodestrutivo. Infelizmente,  é sobre isso.







Para cada uma mulher automisógina viva, existe um cemitério de mulheres. É preciso urgentemente deixar de romantizar o cuidado entre mulheres,  controlando feministas com a tal da "sororidade" que NUNCA É RECÍPROCA. INFELIZMENTE,  eu não tenho paciência pra ver mais gente impune.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

brasil 2022

Eu estava tentando acompanhar algumas das discussões do grupo agorinha e uma sequência verbal gramaticalmente compreensível me deixou assustada, pelo tamanho do ensurdecimento que ela demonstra e da tentativa extravagante de silenciar uma mente minimamente sensível ao presente, ou seja, tentar mascarar a realidade com uma fantasia de superioridade, até um pouco delirante...no mínimo.  O trecho da fala consiste em: "no dia que ele *cometer um crime* e for _condenado por isso_, serei a primeira a chamá-lo de ladrão ". Sabe o que me assustou é que o torturador Ulstra NUNCA PAGOU POR NENHUMA TORTURA MESMO SENDO VEEMENTEMENTE CONDENADO por pessoas que sobreviveram as torturas que ele próprio cometeu. O *torturador* morreu sem PAGAR UM CRIME SEQUER. E ainda foi louvado pelo atual "cristão " que preside esse brasil (minúsculo que está de violência e ignorância). Simplesmente,  não tem como não concordar com Bakhtin que *mesmo jovem* já deixava óbvia a sua lucidez sobre os tempos em que vivia. Ele analisava A REALIDADE e não um deboche romântico narrado a fim de ofender os que sentem a realidade na pele, no corpo mesmo e na sanidade mental. Honestamente,  se o Lula ganhar e anular os 100 anos de sigilo que esse rato, covarde e genocida, racista, impôs em seus crimes, a partir do dia 1 de janeiro só será iludido pelo romantismo do "bom caráter" em avesso aquele ou aquela que estiver tendo que se defender das sandices de defender um indefensável,  criminoso contumaz.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

pálido, embranquecido, estúpido e fascista na eugenia do manto da rainha divina da Amazônia.

Alguma coisa, nesse "novo manto" para o Círio de 2022 me incomoda.
Nossa Senhora está branca feito uma "monarca" europeia; porém,  a verdadeira pequenina IMAGEM ENCONTRADA pelo PESCADOR PLÁCIDO tem a cor da gente. É pequenina, é morena, feito o nome de nossa Belém,  Cidade Morena, na perífrase amplamente conhecida por nós. 
Ao invés de um manto de águas escuras, águas de Amazônia, águas cheias de vida, águas orgânicas,  ele traz uma PALIDEZ, OUSO DIZER QUE ESSE MANTO ESTÁ LONGE DE SER O NOSSO AÇAÍ DO GROSSO, DO FORTE, DO SANGUE das nossas famílias e ancestralidades.
Está um manto de rosas róseo,  pastel, opaco, sem lembrar de nossas árvores verdes escuras, de nossa madeira autêntica e tom de cor de pele do sol intenso de nosso lugar, o Pará. Não lembra a nossa bandeira,  cabanagem, cabanos e cabanas com mãos suadas e vermelhas a se confundirem entre mais fibras de uma corda que parece mais nossas veias fluviais (de rios e chuva). 
Cadê a intensidade dessa Mulher?
Por que estás distante do sol da tua terra?
Por que não lembras as águas geledas intensas e escuras dos teus igarapés?
Por que tiraram a tua beleza e força amazônica,  com esse manto (pomposo) que tem até murça (também chamada de "manteleta" ou "mozeta")?????
A manteleta ou murça é um acessório que veste majestades despóticas (tiranas), como os reis absolutistas da França, a cor reflete algum simbolismo, muitas vezes a "pureza" da realeza embranquecida europeia, o que era sinal de DIFERENÇA,  de "raça pura" e destoa VERGONHOSAMENTE da MÃE DE JESUS, a humana, humilde, aldeã, refugiada e palestina, Maria de Nazaré. 
Expliquem o que explicarem...a Nossa Senhora de Nazaré do Círio de Belém do Pará é ribeirinha, é mãe morena, é pés descalços na corda e na procissão; jamais seria uma realeza monárquica, o que ao meu ver é um insulto ao dogma católico de Maria, que na sua pequenez, assunta ao céu,  resplandece humildade, humanidade e espiritualidade na simplicidade do que é ser cristã.
Deixo para reflexão um trecho sereno da Bíblia, no evangelho segundo São Lucas, capítulo 1, versículo 38: " eis aqui a serva do senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra"...
E, então, segue-se o belíssimo cântico de Maria a Deus em si:
" Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 
Meu espírito se alegra em Deus, meu salvador ,
Porque olhou para a humilhação de sua serva. 
(...)
Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração, 
derruba do trono os poderosos 
e eleva os humildes" 
Lucas, 1: 46-52.

A mais do que isso, eu não sei o que dizer.


Não surpreende ninguém a Igreja Católica embranquecer, por costume catequético medievalesco mesmo. Embora os novos tempos temperem as vozes emergentes da contemporaneidade, o que se observa por exemplo em pronunciamentos oficiais do atual papa latino-americano, Francisco, chamado de Cardeal Jorge Mario Bergoglio. É na indignação mesmo da verbalização contra o silenciamento,  contra o apagamento que até o óbvio tem que ser declarado sob o custo alto de que a omissão acorrenta, aliena e escraviza. É um cartaz, sabe. Parece neutro, "higiênico " ( ou seria eugênico?), limpinho e sóbrio.  Quando o Círio em paradoxo é transbordamento,  invasão mítica,  estética e política,  de uma gente ensolarada, misturada e comovida em múltiplas vertentes. Se unificar, unissonorizar, uniformizar...fica parecidinho com essa artificial embalagem que está falsificada mesmo. A dispersão, a divergência,  a dissidência e a diversidade imanecem é nas mais verdadeiras e até  espontâneas naturezas que o Círio  acontece. São tantos Círios que o plural nos permite tentar transmitir a infinidade desse fenômeno, exuberantemente fiel a biodiversidade da Amazônia na gente.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

um país vítima do fascismo, brasil 2022

O seu Márcio Antônio, pai da vítima de covid-19 seu filho Hugo Nascimento Silva, faleceu e nenhuma JUSTIÇA foi feita por tantas mortes, já que o Brasil foi o país que mais matou e continua matando seja por  covid-19, seja por tanta violência estimulada pelo pior governo da história recente desse país. 
A injustiça desgraçadamente destruidora da família do seu Márcio Antônio, de muitas das nossas famílias, é RESULTADO DIRETO DA MENTALIDADE QUE DESRESPONSABILIZA O "chefe do executivo" INCONSEQUENTE DESSE PAÍS em prol de uma autoafirmação covarde.
É covarde não dizer seus monstros quando eles são causadores de MALDADES CONTRA TODOS AO SEU REDOR.
O racismo, o machismo, o terrorismo, a maldade, a manutenção da discriminação social contra as pessoas empobrecidas por esse sistema moedor de gente (chamado capitalismo), a defesa do direito de matar, a defesa do direito de ofender, a defesa do direito de mentir e de enganar e muitas outras falhas de caráter são adjetivos  comuns a quem defende bolson@r0 ainda hoje, depois desse mandato agressivo e genocida.
A dor da família do seu Márcio só cresceu até aqui...talvez não seja possível ter compaixão, respeito ou mesmo alguma solidariedade por essa família, sendo essa INSENSIBILIDADE, essa falta de humanidade um indicador evidente de DESUMANIDADE. Uma característica comum a quem não tem nada a oferecer para o coletivo social se não for o desprezo por vida e o apego (patogênico) ao desejo de possuir, dominar, comprar, ter, ter e ter dinheiro, sanidade, conhecimento e muitos bens...mas nada disso faz alguém de fato melhor em algo.
A medalha do peito de um soldado que voltou vivo de uma guerra não cura a maldade que nunca mais lhe sairá do corpo, da mente e do espírito.  O soldado, vencedor ou vencido, é sempre um resto de destruição. 
Que a humanidade não seja perdida em nós. É o único bem que nenhuma arma coloca nem tira.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Ou seria um que tem costumes escusos em grupos de WhatsApp com seus orientandos, com moças estudantes que pleiteam vaga na pós, que dizem as mais línguas do que se possa imaginar tem práticas sexuais estranhas com pessoas subordinadas a ele; mas no perfil "sério " do Facebook é - hoje em dia - apenas mais um nobre papaizinho (infelizmente,  de uma pequenina mulher). 😔 Se o Facebook dele fosse um dossiê, por certo ele não teria tantas estrelinhas no seu intocável,  implacável e impecável currículo lattes.

sábado, 1 de outubro de 2022

legado

E nenhum dia prestou homenagem às vítimas.  Além de mexer com o nosso presente,  debochar do nosso passado, quer apagar do nosso futuro a memória de um elo coletivo que foi renascer para honrar os nossos, sabe. Não é uma falta de consciência,  não.  Nem um simples despreparo. É falha de caráter,  é ausência de humanidade mesmo. Diferentemente do que esses inconsequentes querem, não é possível negar em si mesmo. E a nós que demonstramos dor e indignação teremos disso tudo legado coragem.  Aos que negam para fora esse "momento ", guardarão até quando um fruto mofado que no espelho grita "covarde!"?

contos de fatos sobre a romantização da monarquia na história propagandeada pela mentalidade ocidental (colonial)

a monarquia,  como forma de governo,  sempre deixou quieta, embaixo dos imeeeeeensos tapetes (roubados da Índia colonizada), a podridão de seus péssimos costumes.  As historiografias incontáveis, os dossiês "sigilosos" que resultam em biografias resumidas demais (nas edições tendenciosas), muitos documentários e pesquisas sobre monarcas e suas "nobres" famílias reais, a realeza inteira, contêm História de fato com absurdos de promiscuidade aos mais variados crimes contra economia e humanidade.  De assaltos a estupros, sequestros, invasões,  cobranças de impostos mesmo até a imagem limpinha que se vende hoje para quem acredita em conto de fadas. Porém,  a História da humanidade não esquece, e os registros - mesmo perseguidos - resistem, são como múmias,  sagrados.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

É um afronte indiscutivelmente racista e apologista.  A família dessa ex BBB teve símbolos nazistas e supremacistas brancos associados às suas marcas e produtos.  Chega a ser chocante imaginar que este brasil,  minuscularizado do fascistoide,  tenha esse tipo de abuso por parte do "direito à publicidade ". É um deboche nojento e deveria ser até criminalizado, caso houvesse em nosso país uma legislação exemplar  reguladora de propagandas, mas o Lobby que sustenta a elite política brasileira não deixa. Se não é o "grande irmão " de 1984, do George Orwell,  nem sei a quem comparar...a "mão invisível do mercado"...

imunidade eleitoral e NÃO "impunidade "...atenção ao tema já!

Toda atenção e cuidado sobre a lei de "imunidade eleitoral" 
Qualquer pessoa que for observada em FLAGRANTE DELITO, isto é,  qualquer crime INAFIANÇÁVEL" (como RACISMO, por exemplo, Lei n°7716/89) será presa sim; bem como autoridades que DESOBEDECEREM "SALVO-CONDUTO" para o qual a "imunidade " não está prevista, então,  também poderá ser essa autoridade detida. 
Então,  cuidado com FAKE NEWS e com o desdobramento natural da ignorância sobre uma regra social que pode gerar a SENSAÇÃO DE BARBÁRIE, posto que todos estarão "favorecidos" em não serem presos. 
Ainda quero reiterar: o Brasil é um país vergonhosamente racista e classista, portanto, é  indispensável que seja conduzido de modo TRANSPARENTE o cumprimento dessa legislação,  em especial às candidaturas de pessoas negras e representantes de "minorias" políticas. 
Porém,  não se pode esquecer do contexto perigoso em que nos encontramos todas as pessoas no Brasil durante este período eleitoral absurdamente vulnerabilizante. Por tudo isso, vamos votar com TRANQUILIDADE,  RESPEITO, DIGNIDADE E GENEROSIDADE. 

A PAZ, embora seja um trabalho coletivo, EXIGE UMA HUMANIDADE única e característica de quem exerce o direito de ser humano TODO DIA em si e para TODOS.

domingo, 25 de setembro de 2022

falta de consciência de gênero = patriarcado ou violência patriarcal

Esse posicionamento que às vezes coincide com alguma frase curta não explicada relacionada ao feminismo,  por exemplo "meu corpo minhas regras" ou "não monogamia " ou "liberdade sexual feminina", resulta da heteronormatividade que subjetiva, em especial, mulheres com cisheterossexualidade autoafirmativa. Não é somente chamado de "feminismo liberal", também pode ser diretamente definido como "feminismo branco ou brancocêntrico" que reproduz a lógica do dominador/opressor diante de uma automisoginia "inconsciente ", ou alienação patriarcal ou ainda ausência de consciência de gênero - tal como se vê na falta de consciência de classe. Algumas leituras são super interessantes para autoproteção e autocuidado contra essa subjetivação muito agressiva e violenta mesmo: "A criação do patriarcado ", da Gerda Lerner; " A liberdade é uma luta constante ", da Angela Davis; "Saúde mental, gênero e dispositivo " da Valeska Zanello. Porque não é exatamente sobre "alimentar" ou não o "prazer maschista". É exatamente sobre NÃO MAIS EXERCER SOBRE SI MESMA E SOBRE OUTRAS MULHERES A VIOLÊNCIA ESMAGADORA que é o "dar prazer " ao patriarcado (que não tem gênero) enquanto uma mulher está sendo submetida a uma violência e uma violação sobre sua sexualidade e sobre o seu próprio corpo.

Super válido tudo, mas acredito que chamar de liberal engloba todas as outras questões.
Em um mundo capitalista, que é dominado por homens cis, brancos e héteros é natural que os discursos, mesmo que o feminista, sejam adaptados e moldados pra eles.
O capitalismo é capaz de vender qualquer coisa, inclusive militância.
Essa de "meu corpo minhas regras" é o slogam das estratégias comerciais que envolvem empoderamento feminino.
A gente tem que tá afirmando o tempo todo que o feminismo liberal é perigoso, seduz jovens que vão se expor em um mundo que ainda é perigoso pra elas, facilita a vida do agressor e dificulta ainda mais a nossa.
E pra isso precisamos facilitar ainda mais o discurso quando falamos de feminismo, mesmo entendendo que o assunto é mais complexo. Porque afinal a finalidade é que toda e qualquer mulher compreenda o espaço que ocupa na sociedade.

Dependendo do público alvo é indispensável deixar muito prático mesmo o que é feminismo sem descartar as diversas visões desse saber. Em um lugar de conversa entre manas, precisamos mesmo instrumentalizarmos-nos. Entre manas vizinhas, em uma roda, dizemos sobre o cuidado com o carinha que se faz de "desconstruído", por exemplo, ou àquele esquerdo macho que só gosta do rolê não mono quando a mana não é a namorada "oficial " dele, aquela que ele apresenta "pra família " e tem uma relação de "monopólio " sexual sobre ela. Porém,  é preciso falar abertamente sobre o que já existe de livros, vídeos do YouTube,  podcast para que mulheres como eu e você e quantas mais de nós o possível possam se proteger e proteger umas às outras.  Como já ensina a Audre Lorde em "Irmãs outsider":  " silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade ", pois falar e não calar, nem a si mesma e nem outra mana é instrumento de combate à violência de gênero que nos fere, nos explora, nos abusa, nos agencia,  nos derruba, nos mata. É para não mais ver mulheres caladas diante de homens exploradores, estupradores, abusadores e violentos que eu me posiciono.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

a branquitude da capes e do diploma pira

Violência simbólica por meio de epistemologias , como eu chamo,  brancocentradas ou eurocêntricas são sempre muito racistas, sempre mesmo. Além de tudo, há uma forma bastante comum ao patriarcado da ciência liberal e neoliberal: dominante (dominador = opressor) e dominado (colonizado, escravizado, desumanizado, reificado). Note que o outro, na "análise" eugênica dele, é um objeto a ser "manipulado", abstraído (retirado do meio e tornado isolado), um outro a ser controlado mesmo. Biopolítica e teorias sobre epistemicídio são as chaves interpretativas e metodológicas para desarmar esse tipo de "teoria". Eu prefiro Milton Santos em "Técnica, espaço,  tempo"; Rita Segato "Crítica da colonialidade em oito ensaios"; antropólogos e demais estudiosos anticoloniais... essa visão é uma doutrina racista e mantenedora de violências irreparáveis às várias nações e etnias arrasadas pelos europeus.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

reducionismo e doutrina "feminista"

Sabe, gente, sexo é uma nomenclatura "biológica " criada pelo patriarcado que é a própria invenção da ciência em oposição ao conhecimento,  aos saberes e às experiências.  Toda vez que temos de escolher entre a "representação" genitalista fazemos alienadas pelo patriarcado. Se sexo ou é masculino ou é feminino,  me explica a intersexualidade,  descrita na humanidade desde os primórdios do pensamento analítico sistematizado no que a historiógrafa (FEMINISTA) Gerda Lerner identifica como Antigo Oriente Próximo (2.600 ac). Infelizmente,  falta muuuuuuuuita leitura para determinadas "visões " de mundo serem minimamente críticas e enriquecedoras de debates CONSISTENTEMENTE aperfeiçoadores da experiência de existir no mundo, olha. Às vezes, certas obviedades precisam ser EXAUSTIVAMENTE repetidas mesmo nos grupos mais "instruídos " ( por privilégio mesmo) na nossa sociedade.


Carlota Philippsen as pessoas intersexes com as quais me relaciono afetivamente, incluindo um namoro com uma e amizades com outras, sempre criticam o binarismo "biológico" e imposto pela medicalização que é um instrumento instucionalizado da biopolítica e do controle patriarcal de corpos. Eu realmente não sei qual é a dificuldade de compreender que útero,  vulva, ovários não são a definição absoluta de uma mulher. Do mesmo modo que não se define um homem porque este tenha ou não pênis,  sacro escrotal e próstata. Vejam que esse "formato" que é antes de tudo um paradigma é sintoma inegavelmente do patriarcado,  que é a violência do machismo. Machos é fêmeas são identificações de diversos seres vivos, incluindo plantas, insetos e até alguns  helmintos. Sendo a "diversidade", nessas circunstâncias de vida na terra, uma referência constante, analisada em menor número porque a amostragem da ciência em escala industrial é por "produtividade " e não por referência circunstancial. Não é possível que em 2022, em pleno século 21, ainda tenhamos que explicar, desdobrar, ensinar,  didatizar e "educar" conscientizando pessoas que têm TODA A OPORTUNIDADE DE LEREM (comprar livros, baixar DE GRAÇA pela Internet PDF de estudos atualíssimos sobre o tema, entre tantas e tantas outras formas de APRENDER MELHOR SOBRE UM TEMA). Sair, por favor, da bolha do assunto que se "gosta", que se tem "afinidade " é uma VACINA contra o negacionismo de um saber, de uma ciência e de uma humanidade a partir da antropologia, não do antropocentrismo que é doutrina dos século 18-19, do PASSADO. Enxergar a ciência,  as pesquisas,  os estudos para além de uma frase, um livro, um mesmo grupo de conversa "de sempre" é aprendizado vivo. Sair fos mesmos autores de sempre, da mesma doutrina ( como se vê o uso indevido da psicanálise e de outras informações provenientes de "pseudociência"). Gente, estamos para além da interpretação errônea de que "tornar-se mulher" é um tipo de "destino". A Simone de Beauvoir era metodologicamente EXISTENCIALISTA, jamais compactuaria com o determinismo do inatismo que deram para uma frase RETIRADA DO CONTEXTO DE UM LIVRO COM VÁRIOS VOLUMES e muitas outras obras como se faz cinicamente hoje em dia. Eu me recuso a calar, a ser silenciada, por um tipo de IMPOSIÇÃO pseudofeminista. Ser mulher não se contrapõe diretamente ao "oposto" único de ser homem. Já podemos ir para a realidade não HETEROSSEXUAL ou como eu chamo "heterodeterminada" que é o heteropatriarcado e passar para o que é indispensável HOJE.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

ser um, mas não ser só, já que estamos em uma multidão SEMPRE

Angela Davis em "A liberdade é uma luta constante " faz exatamente esse percurso analítico ao se referir a "mártires" de lutas sociais,  tais como Martin Luther King,  Nelson Mandela e outras "personificações" de ídolos ou "símbolos". Ela refere a isso uma redução proposital de manifestações COLETIVAS, pensamentos comuns (no sentido de comunitários), limitando lutas gigantescas a ícones muitas vezes FORA DA HISTÓRIA,  de um contexto e da própria realidade; assumindo assim um papel de "fantasia" para que não se torne comum certas práticas, naturalmente grupais.  Daí que eu trouxe a reflexão da Davis para que seja necessário deixar de "personalizar" demais alguns propósitos coletivos a fim de naturalizar a certeza de que qualquer uma pessoa pode assumir iniciativas de lutas coletivas rotineiramente,  mesmo sem a repercussão pública; garantindo que somos todes, todas e todos comuns em uma multidão,  entre errantes, aprendentes e falhos sem qualquer exceção.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

racismo de cada dia (escondido na branquice de sempre)

Tanto pra ele aprender sobre os AMERÍNDIOS pré-cabralinos,  daqui da América do SUL, dos povos originários do nosso IMENSO E RIQUÍSSIMO BRASIL...a flor da relva encantada, que mora dentro do way que ele toma, deu esse importanticíssimo conselho "brancológico", famoso racistinha metido a "nórrrrrrrrrrdico" e "ancestral de branquice", com Saturno na astrologia de meme dele em "EU SOU BRANCÃO"... o lobo escuro é ruim...ALÉM DE BURRO o encardido é racista...vontade🤢 de VOMITAR OLHA🤮🤮🤮🤮🤮 só vi o começo e depois queria conseguir mandar uma maldição marota pra ele onde quer que ele infelizmente exista...e fábula é o c@ralh0 da onde ele veio...fábula é gênero textual onde SÓ ANIMAIS SÃO PERSONAGENS,  como se fossem humanos, então, se diz que é um conto da figura de linguagem prosopopeia ou personificação  (sendo ÁPOLOGOS com personagens objetos e não gente)...é CONTO "de fadas" porque é da branquice eurocêntrica do inferno... que bolo de merda esse, olha

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

de si,< lei>t/dura=?

Existem muitos dispositivos que influenciam na subversão e na contravenção do paradigma. A leitura, realmente, parece mesmo ser um deles, quando inclusive olhamos para nossas próprias experiências de vida. Ainda assim, fico sempre me perguntando - na vivência em uma cidade do interior do nordeste do Brasil - como existe a transgressão ainda que em ambientes sem o costume da leitura, sem a cultura proveniente do letramento intelectualizado. E existe. Nesse contexto, eu me vejo diante de uma provocação freireana acerca da leitura de mundo, posto que Freire deixa claro, "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto".  Uma visão dialética em que a representação do mundo forja até mesmo os sentidos encontrados através da leitura. Então, como é constante no materialismo dialético de Freire, se encontra o ato de ler, o trabalho da leitura que se inscreve na historicidade das narrativas, desvelando subjetividades e subjetivações. A nossa leitura nos desvela, nos desnuda e nos narra. De modo que as representações provenientes das leituras sobre Marx hoje jamais poderão ser confundidas com as originadas na contemporaneidade do próprio autor, portanto, nem mesmo Marx se leria hoje, como o fez anteriormente. O mundo da leitura, assim, me parece uma impressão da leitura que o mundo tem de si. Eu gosto das provocações freireanas sobre a experiência subjetiva de inteligir a realidade através do espelho de si. Afinal, o mundo não é nada a mais do que se pode ver dele por si. Como diria Wittgenstein "os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo", e aos que desejam a subversão nenhuma leitura é dona dos sentidos porque estes podem ser selvagens.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

religião

Sabe o que é pior, na minha visão,  é a generalização.  É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal.  Não há personalidade,  não se respeita a identidade étnica,  não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso,  que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização.  Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento,  sem a indignação emancipatória,  o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão,  em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor.  Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão,  o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.


Amanda Rocha eu me considero uma católica,  cheia de minhas próprias visões sobre o mundo. Então,  quando ouço uma homilia fecho os olhos e tento enxergar nas palavras o abraço de comunhão,  tipo Deus entre nós.  Nem só pra mim, nem só pros meus, nem adiante ou atrás,  sabe...no centro, do nosso lado.  É,  assim,  que sinto a minha expressão de espiritualidade,  sabe. Ser católica é uma escolha afetiva,  nunca me deixei achar missão ou obrigação.  Eu sinto a louvação em relação à Maria,  como um legado que tenho entre eu e minha própria mãe- que já foi mais de década presidente na Legião de Maria na paróquia do bairro. Portanto,  me considero de dentro. E não tenho como identificar quem possa estar mais de fora, senão quem não compreende o amor como o melhor meio de praticar essa ou qualquer outra religião.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

não sirvo a quem se quer fazer senhor de mim

Sabe o que é pior, na minha visão,  é a generalização.  É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal.  Não há personalidade,  não se respeita a identidade étnica,  não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso,  que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização.  Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento,  sem a indignação emancipatória,  o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão,  em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor.  Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão,  o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.

domingo, 14 de agosto de 2022

entre ricos entre pobres entre sis

Ricos × pobres ?????
Não!
exploradores × trabalhadores = infelizmente,  não. 
exploradores + explorados × trabalhadores + pessoas desumanizadas = sim. E não "tá,  tudo bem"!

Onde o explorador, o opressor e o tirano se conjugam; nenhuma forma de humanidade permanece definida.
Hoje o trabalhador de ontem pode estar desumanizado. 
Entre os opressores, eles apenas mudam entre si de cargos.
Ser hoje trabalhador e querer, desejar meeeeeesmo, até idolatrar a "oportunidade" de virar mais um explorador não é "sonho", infelizmente é autoextermínio. Amanhã quem sabe onde esse sonho pode parar? O troféu não alimenta,  os aplausos não matam a sede de um tigre faminto, indomável. A história de "se tornar melhor" vira dogma, religião,  vício. Não existe um freio que impeça o próprio desamor.
Há quem chame de "delírio ", "loucura", "mal-estar", amargura...
Eu considero um perigo uma gente vivendo com seu próprio inimigo por dentro.
Muitas histórias nessa tragédia anunciada ouvimos, ouço e será ouvida.
É triste desistir de ser quem se é por delírio por causa do opressor.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

quem eu sou? eu dissido

Quem eu sou?
Eu sou quem não foi, quem não irá e quem não fez trato algum.
Eu sou os meus "NÃOS ", os sins não em mim são senão outros, impostores, invasores, eu NÃOS. 
Eu sou se eu estava firme, se eu gritei, briguei e disse "me respeite".
Eu sou quando não peço "me aceite". Eu repito em meu peito um silencioso "NÃO ".
Se eu ri sem jeito, não estava ali.
Se eu morri de medo, eu sobrevivi.
Se eu caí e permaneci, eu estive. Não estou mais. Não me sabem lama, areia, pedra e ademais.
Não me suponha, é perda de tempo, se enxergue.
Não me imponha. Crie em si a vergonha de querer um controle remoto.
Não me procure. Quem me achou, nem sabe. 
Ao me olhar, cale.
Ao me tratar, desvie.
Ao me receber, estive.
Eu fui. E você passagem.
Eu caminho. O outro, em mim, miragem.
Deserto. (Desertar, não desistir, abandonar, partir)
Dissido. (Do verbo dissidir, do vocábulo dissidente, por essência dissidência)
Não me compare.
Não sou descritível.
Se achar que me conhece, repare.
Repare em si, eu - no seu espelho - sou invisível. 
Não busquei, não fui, nem falei.
Não me importei.
Não perguntei.
Não me enquadro.
Eu não caibo. 
E não pedi sua opinião. 
Em mim, quem eu não sou é dispensável. 
Imagina, em si.
Para que se quer sobre o outro o que não é nada nem a si?

domingo, 10 de julho de 2022

Há algo que você nunca poderá comprar em um relacionamento: Intimidade.
A intimidade de mesmo sem roupa sentir-se bem ao lado de alguém. A intimidade de se olhar no espelho e mesmo se sentindo feia ainda assim voltar para a cama e deitar ao lado de quem você gosta como se esse fosse o lugar mais seguro do mundo.

Vai dizer que já não aconteceu com você de sair com alguém que parece incrível e aí na hora de tirar a roupa veio toda aquela insegurança. Pois é, porque não importa o quanto a outra pessoa pareça incrível, a intimidade só vem quando você tem certeza que aquela pessoa consegue ver dentro de você.

Intimidade expõe os defeitos... e se o outro fica quando esses defeitos surgem isso significa o quanto essa pessoa realmente gosta de você.

Intimidade é o que torna o sexo incrível, é o que faz o tesão atingir seu máximo. Intimidade é o que faz você encostar a cabeça no peito da pessoa e sem precisar falar nada se sentir protegida.

Eu tenho pena de quem nunca sentiu isso e mais pena ainda de quem desperdiça isso. Sentir-se seguro com alguém e, mais do que isso, sentir que alguém se sente seguro com você... é a sensação mais incrível que existe quando se trata de relacionamento.

Intimidade traz cor aos dias cinzas, traz força para quando o mundo parece desabar, traz conforto quando a vida é dura demais com a gente.

Mas a intimidade você não pode comprar, não pode subornar com beleza, dinheiro, perfume e charme. Não, a intimidade é nua, ela é o que você é, não o que você quer parecer ser.

Intimidade. O elo mais forte de um casal. É quando baixamos o escudo e deixamos o coração exposto. Um golpe aí nos destrói, mas quando acontece a cumplicidade é a certeza de que aquelas duas pessoas finalmente se conhecem e amam.

sábado, 9 de julho de 2022

Depoimento a Lia Hama - Revista Piauí

Beatriz Matos

Conheci meu marido, Bruno Pereira, em 2010, quando ele era o coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Atalaia do Norte, no Amazonas, responsável pela Terra Indígena Vale do Javari. Eu já trabalhava no Vale do Javari desde 2005, mas naquela época morava no Rio de Janeiro, fazia doutorado e estava em viagem de campo a uma aldeia matsés da região. Conversamos rapidamente e gostei do sotaque pernambucano e do jeito debochado dele. Anos depois nos reencontramos e vivemos uma paixão avassaladora. Deixei para trás minha vida carioca e fui morar com ele num sítio perto do município de Atalaia do Norte.

Em 2016, nos mudamos para Belém do Pará porque eu havia passado no concurso para me tornar professora de Antropologia e Etnologia Indígena da Universidade Federal do Pará (UFPA). Fizemos a união estável e tivemos dois filhos: Pedro Uaqui, hoje prestes a completar 4 anos, e Luis Vissá, de 2. Enquanto eu dava aulas na universidade, Bruno realizava expedições periódicas para terras indígenas em Rondônia, Maranhão e Amazonas.

Foi um período intenso de formação dele com grandes sertanistas, como Rieli Franciscato e Altair Algayer. A floresta era o lugar onde Bruno se sentia mais à vontade. Ele queria aprender a fundo como monitorar a movimentação dos indígenas isolados, entender por onde eles andavam e de que forma os territórios deles estavam sendo invadidos. Aprendeu a falar a língua dos Matis, dos Matsés e um pouco da dos Kanamari. 

Sua dedicação à causa indígena era enorme. Era um comprometimento existencial dele. Bruno tinha uma personalidade forte, era bastante intransigente, o que muitas vezes causava atritos com colegas de trabalho. Para ele, a proteção do território indígena era algo inegociável, não havia concessões, e por isso às vezes acusava outros funcionários da Funai de serem “pelegos”. 

Mudamos para Brasília em 2018, quando ele assumiu a Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Funai. Pedro tinha apenas 2 meses. Poucos indigenistas dessa geração conseguem fazer o que ele fazia: conjugar a experiência de mato dos sertanistas mais velhos com a habilidade administrativa de conhecer a máquina do Estado. À frente do CGIIRC, Bruno coordenou ações importantes junto com a Polícia Federal para desarticular a atividade de garimpo em terras indígenas. Foi quando ele começou a chamar a atenção dos garimpeiros ilegais. 

Quando conheci Bruno, ele já recebia ameaças de morte, mas houve uma escalada na violência após a entrada do governo do presidente Jair Bolsonaro. O recado do governo federal aos garimpeiros, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais é claro: “Podem tocar o terror porque não vai acontecer nada com vocês.” Esses pescadores ilegais que confessaram a participação no assassinato do Bruno e do jornalista Dom Phillips são conhecidos há muito tempo na região. Não é de hoje que têm conflitos com os indígenas e a Funai. A novidade é a coragem para cometerem o crime em plena luz do dia, com várias testemunhas. Provavelmente acharam que seria mais um assassinato a ser esquecido. 

Em 2019, um parceiro do Bruno no combate à invasão das terras indígenas do Vale do Javari, o indigenista Maxciel Pereira do Santos, foi morto com dois tiros na cabeça. Ele estava com a filha na garupa da moto quando foi alvejado na avenida principal de Tabatinga (AM). A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) denunciou essa mesma turma do Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado [principal suspeito de ser o responsável pelas mortes de Bruno e Dom], ao Ministério Público Federal do Amazonas e nada aconteceu. 

Esses crimes bárbaros estão acontecendo em várias terras indígenas espalhadas pelo país. Todos os colegas que atuam nas regiões têm algum caso escabroso para contar. Em novembro de 2019, assassinaram Paulo Paulino Guajajara, uma das lideranças dos Guardiões da Floresta, grupo de indígenas que fazem a vigilância do território de etnias Guajajara, Kaapor e Awa-Guajá, no Maranhão. 

Bruno estava incomodando muita gente. No final de 2019, ele foi exonerado do cargo de coordenador dos povos isolados após uma grande operação junto à Polícia Federal que detonou balsas de garimpo ilegal no Vale do Javari. Ele então pediu uma licença não remunerada da Funai e passou a atuar como assessor da Univaja , pois avaliava ser inviável fazer um trabalho sério na Funai sob a gestão de Bolsonaro. Voltamos a morar em Belém. 

Fiquei com muita raiva quando disseram que Bruno estava numa “aventura” quando sofreu a emboscada. Ele não era nada irresponsável, pelo contrário, sempre foi muito cauteloso. Tinha porte de arma pelo menos desde 2015 por causa das ameaças. Dom estava escrevendo um livro sobre a Amazônia e Bruno foi levá-lo para entrevistar os ribeirinhos. Ele estava conversando com o pessoal das comunidades sobre as alternativas de manejo do pirarucu. Muitos pescadores mantêm diálogo com a Funai e os indígenas. É uma tarefa difícil porque a pesca ilegal e o tráfico de drogas rendem muito mais dinheiro do que o manejo. Minha impressão é de que, insuflada pelos discursos desse governo federal, a turma do Pelado quis impor outro regime: “Não vamos mais negociar. Agora quem manda aqui somos nós.” 

Eu estava com meus filhos em Belém quando recebi a notícia do desaparecimento de Bruno. No domingo (5/06) à noite, o Beto Marubo, da Univaja, me ligou: “Bia, o Bruno estava retornando de uma reunião, era para ter chegado a Atalaia por volta das nove da manhã e não chegou. Estamos com nossas equipes de busca atrás dele.” Levei um susto na hora, mas não fiquei desesperada porque conheço a região. Pode acontecer de a canoa alagar e a pessoa ficar pendurada numa árvore esperando por ajuda. Achei que fosse o caso do Bruno. 

A agonia foi crescendo conforme os dias foram passando e não havia sinal dos dois. Eu combinei com uma amiga que ela poderia ficar comigo e meus filhos em casa, caso acontecesse alguma coisa grave. Sou de Belo Horizonte e o Bruno era de Recife, então minha rede de apoio em Belém é formada apenas por amigos.

Mantive a esperança de encontrá-lo vivo até o último minuto, mas é claro que, à medida que os dias passavam, as chances diminuíam. Eu me apegava às histórias de outros sertanistas e lembrei do caso de um grupo que sobreviveu a uma queda de avião no Vale do Javari. A aeronave caiu na água e, dois dias depois do acidente, quando todos haviam sido dados como mortos, os indígenas encontraram os sobreviventes. Entre eles, havia uma grávida que deu à luz uma menina.

Fiquei em contato permanente com o Beto Marubo, da Univaja, e com o pessoal da OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), uma organização não governamental que o Bruno, eu e outros colegas fundamos em 2020. Quatro pessoas da OPI estavam acompanhando as buscas no local. Quando encontraram as mochilas com os objetos deles amarrados no fundo do rio ficou claro que o pior podia ter acontecido. Mandaram uma foto e reconheci a bermuda do Bruno e a carteirinha do plano de saúde dele. Foi avassalador. 

Esses dias de buscas foram uma loucura. Eu passava o tempo todo acompanhando o Twitter, as mensagens no WhatsApp, atualizando as páginas de notícias. Não dormi quase nada porque estava ansiosa demais. Na segunda-feira (13/6), li no Twitter que a embaixada brasileira em Londres havia avisado a família do Dom de que os corpos tinham sido encontrados. Senti taquicardia na hora, mas logo raciocinei: “Calma, pode ser que seja fake news.”

Eu estava certa de que receberia as notícias em primeira mão do pessoal da OPI e da Univaja. Liguei para a Carolina Santana, do OPI, e ela me falou: “Não é verdade, o pessoal continua com as buscas, não encontraram corpo nenhum.” Demoraram algumas horas até voltarem atrás e desmentirem a informação. 

Vivi uma montanha russa de emoções: do desespero à esperança, da tristeza à alegria, até que a notícia que eu mais temia chegou. Na quarta-feira (15/6), a Carolina Santana, do OPI, me ligou e disse: “Bia, recebi a notícia lá do pessoal no campo: encontraram os corpos.” A palavra corpos, na verdade, era um eufemismo, porque eles foram esquartejados e queimados. Encontraram os restos mortais deles. Mas a única coisa que eu conseguia pensar na hora era: “Tomara que o Bruno não tenha sofrido.” Fiquei aliviada quando soube que primeiro ele levou um tiro e já não estava vivo quando o resto da barbárie aconteceu. 

Não sei de onde tirei forças para enfrentar esse horror. Ao mesmo tempo em que eu tinha que lidar com os detalhes devastadores da tragédia, precisava tomar providências práticas, como ir ao dentista buscar a radiografia da arcada dentária do Bruno para comprovar que os restos mortais eram mesmo dele.  

A questão mais delicada era dar a notícia aos nossos filhos. Recebi uma orientação da minha psicanalista. Quando o Bruno não voltou, falei: “Papai teve um problema muito grande no trabalho, vamos ter que esperar porque ele está com dificuldade.” Eles perguntaram: “Mas o papai vai voltar?” Falei: “Não sei, mas temos que torcer para que sim. A mamãe está chateada, mas o papai é forte.” Quando recebi a confirmação da morte, expliquei: “O papai estava defendendo os indígenas e tinha um pessoal que queria invadir a terra deles. Aí teve uma briga e o papai não vai mais conseguir voltar.” Pedro, o mais velho, perguntou: “Mataram o papai?” Respondi: “Sim.” Luis, o caçula, questionou: “Mas atiraram nele?” Tive que contar a verdade. 

Elaborei então a parte espiritual: “Mas, olha, o papai vai estar sempre aqui com a gente, ele vai viver nos nossos corações.” Os dois ainda estão digerindo o que aconteceu. Em muitos momentos falam do pai, lembram do que fazia. Levei os dois para minha cidade natal, onde se distraem com as primas. Estou tentando preservá-los ao máximo do assédio de jornalistas. Não deixei que fossem ao velório do pai porque seriam alvo fácil das câmeras. 

Fiquei impressionada como povos indígenas de diferentes etnias tomaram para si a morte do Bruno. Recebi vídeos dos Matsés raspando o cabelo, algo que eles só fazem quando os parentes deles morrem. Vi homenagens dos Kanamari, dos Guarani e dos Kayapó. É como se dissessem: “Estão matando a gente e estão matando os nossos aliados.” Apesar de nunca terem atuado ao lado de Bruno, os Pankararu e os Xukuru foram homenageá-lo cantando suas músicas no velório em Recife. Foi emocionante ver esse reconhecimento porque ficou claro que a importância do Bruno extrapolou as fronteiras do Vale do Javari. 

Trabalho com os indígenas há anos e é muito raro receber esse tipo de reconhecimento. O mais comum é eles ficarem desconfiados: “Vocês são brancos e vieram roubar a nossa cultura. Querem ganhar dinheiro às nossas custas.” Para mim, a parte espiritual do Bruno está muito bem encaminhada. Eu realmente acredito que ele está comigo e com os meninos. Posso ouvi-lo dizer no meu ouvido: “Ô, Beatriz, se liga, para de chorar. Vai em frente, que você é forte.” 

Bruno seguia os rituais xamânicos e tomava ayahuasca com os indígenas. No vídeo que viralizou, ele canta uma música que é de iniciação dos pajés Kanamari. Fala sobre a árvore da ayahuasca que dá sua seiva aos pajés, assim como a arara dá comida na boca dos filhotes. Bruno cantava essa música para os meninos dormirem. Quando os Kanamari explicaram a canção à imprensa, eles fizeram uma metáfora com o Bruno: “Assim como a arara alimenta os filhotes, o Bruno também nos alimentava.” Os indígenas dizem que ele virou um encantado, um espírito protetor da floresta. 

Quando a morte foi confirmada, o ex-presidente Lula me ligou para prestar condolências. Disse que quer se encontrar comigo quando for a Belém. Já de Bolsonaro não recebi ligação nenhuma. Pelo contrário: ele realizou uma motociata em Belém dois dias depois de encontrarem os corpos de Bruno e Dom. No velório em Recife havia representantes dos governos estadual e municipal, mas ninguém da esfera federal.  

Eu desejo que os assassinos sejam presos e paguem pelo que fizeram, mas, mais fundamental do que isso, é evitar que crimes como esses se repitam. O mais importante é que seja possível voltar a transitar com segurança pelos rios do Vale do Javari, que os servidores da Funai tenham condições de trabalhar de verdade na região, que os povos indígenas possam viver sem a ameaça de invasão e destruição de seus territórios. Ali é o meu local de trabalho e quero poder voltar lá com meus filhos para que conheçam o local onde o pai deles atuava. 

Eu comparo a morte de Bruno ao assassinato do seringueiro e sindicalista Chico Mendes e da missionária americana Dorothy Stang. Ambos foram assassinados por defenderem a preservação da floresta amazônica e dos povos que vivem nela. Que a comoção provocada pelas mortes de Bruno e Dom sirva para melhorar as condições de vida dessas pessoas e de seus aliados. Nada trará o Bruno de volta, mas espero que sua morte não tenha sido em vão.

terça-feira, 17 de maio de 2022

abstinência - livro de Marina Félix

Ele não vai te entender, desiste.
Não vai te abraçar domingo pela manhã 
Ficar com você na cama...
Não. Ele não sabe nada de você. 
Não te enxergou todo esse tempo. 
Não gosta do sabor do seu beijo
Nem dos seus vícios...
Ele não vai te entender, desiste. 
Ele amou todas elas, menos você.
Sua mania de mexer no cabelo quando está com sono, ele não sabe. 
Não te levou pra passeios no parque 
Não perguntou como foi seu dia
Então por que você fica? 
Ele não sabe sua cor favorita 
Ele nunca te escreveu uma poesia. 
Ele te acha louca, desequilibrada 
Pensa que você além de gostar dele, gosta só de cachaça
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nada sabe do seu sofrimento 
Nunca perguntou dos seus arrependimentos 
Ele não liga para suas histórias
Por que você não deixa logo ele ir embora? 
Não chora.
Ele não vai te abraçar quando você sentir medo 
Ele não sabe como você se olha no espelho
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nunca viu constelações inteiras nas suas pintas do pescoço
Nunca viu o amor que você transborda na hora do gozo
Nunca sequer te viu, mesmo te olhando no olho.
Não chora! 
Seja forte! Deixa ele ir embora.
Se despede!
Ele nunca vai cuidar quando você estiver com febre
Esquece.  
Ele nunca te deu um livro 
Nunca foi de verdade seu amigo
Ele não vai te entender, desiste.
Não insiste.
Deixa uns recados pela casa 
Que quando ele fala das outras isso te mata 
E que ele diz que você é ingrata.
Ele não sabe de nada.
Não reparou que você mudou o cabelo
Não te elogia nem nos seus dias mais vermelhos 
Ele te nega beijo. 
Ele não liga que você chora
Não pensa duas vezes antes de ir embora 
Mas ele sempre volta. 
Por que? 
Não ajuda não ele a responder. 
Você nunca vai se entender. 
Mas pelo menos, insiste! 
Dele? Desiste. 
(aliás...minha cor favorita é verde).

Poema do meu livro Abstinência 
Para comprar meus livros no site 
www.marianafelix.com.br

sábado, 14 de maio de 2022

dinâmica de espelho

Quando eu olho pro meu desejo, desvio o sentido 
Eu não quero vê-lo assim tão cru, tão nu, tão bruto
Revesto o que não domino
Eu busco ao revesti-lo distrair o motivo
Traio meu próprio desejo
Fantasio o meu objeto de medo
Me assusto
Me afasto
Me largo
Eu lhe deixo... pai
Eu queria o que não vejo
Queria o que não tenho
Não é meu
Não posso prendê-lo
Ele se foi, eu não o vejo mais 
Debaixo do revestimento, o que jaz?
Pra onde foi?
Eu estou atrás? 
As respostas que persigo
São velozes e vou no outro sentido 
Lento
Leio
Tiro a roupa
Apareço 
Olho
No espelho 
O nu do espelho 
Eu me fecho
Não posso ver
Mas quero ser
Eu mesma no espelho que atravesso
Por desejo
Por sentir tanto
Por querer mesmo
Por mim

terça-feira, 10 de maio de 2022

Vaca profana, a democracia cambaleante, o brasil minúsculo e o contraditório pedagógico em ano eleitoral

Meu posicionamento sobre o conflito entre os discursos mais inconciliáveis e o atual programa de lançamento da pré-candidatura de Lula para presidente é muito favorável à crítica cirúrgica e URGENTE proposta por Rita Von Hunty - como símbolo de uma frente crescente na esquerda brasileira: muuuuuitos, que vemos com um pé  e mais atrás o chuchu,  vulgo alckmin (minúsculo que é para mim).
Não cancelo Rita, nem Jones Manuel, nem muitos companheiros do lado esquerdo da força porque fui eleitora do PSTU desde o meu primeiro voto aos 17 anos, era 2004. Meu primeiro voto em Lula foi no 2° turno, pois no 1° turno daquele 2006 Heloisa Helena chegava com o PSOl. MEU 1° VOTO FOI EM UMA CANDIDATA À PRESIDENTA. Não tenho arrependimento sobre aquele momento. 
Sigo compreendendo a necessidade do DEBATE DEMOCRÁTICO  mais periférico o possível,  mais das minorias, mais ABOLICIONISTA,  mais ANTIRRACISTA, mais FEMINISTA, mais muuuuito mais mesmo em favor da vida dos povos originários e das comunidades tradicionais,  mais ao NORTE, mais da gente...eu sei que parece utópico, mas eu realmente aposto em se MOTIVAR A ANÁLISE CRÍTICA para melhorar e muito o que for de educacional na campanha eleitoral de 2022.
Apesar de tudo o mais...e - SOBRETUDO - quero poder votar em LULA, logo no 1° turno, porque o fascismo anda escancarado e nenhuma humanidade está ilesa.
Apenas, não tiro o direito de quem quiser criticar o que for para melhorar esse projeto de um novo mandato de Luis Inácio Lula da Silva como presidente para o Brasil mais uma vez. É um pedido mesmo de socorro pela democracia e pela soberania do nosso país. 
"Mas eu também sei ser careta.
De perto ninguém é normal. 
Às vezes,  segue em linha reta
A vida, que é 'meu bem, meu mal' 
(...)
Deusa de assombrosas tetas,  
Gotas de leite bom na minha cara,
Chuva do mesmo bom sobre os caretas" - Vaca profana, Caetano Veloso
Pra não esquecer do contraditório,  sem ser blef,  afinal os non sense é que seguem o som de um homem só.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

família patriarcal e a exploração do trabalho executado em casa POR MULHER

Geralmente,  as mulheres da família tradicional,  família patriarcal (dispositivo de violência simbólica de gênero) , SÃO OBRIGADAS A FAZER AS TAREFAS DOMÉSTICAS, o que é UMA PRISÃO violenta para uma vida.
Não se trata de dizer que as tarefas domésticas sejam por si mesmas escravizantes, violentadores ou sacrificantes. Não é isso! Mesmo porque QUALQUER ADULTO FUNCIONAL, ou jovem, ou adolescente (até mesmo crianças e idosos) podem fazer isso de acordo com uma distribuição equitativa e bem distribuída a fim de que uma casa seja o lugar de DESCANSO, SOSSEGO, AFETO e ACONCHEGO para os moradores.
Entretanto,  são,  SOBRETUDO,  as mulheres obrigadas, isto é,  COMPULSORIAMENTE incumbidas desse FARDO - que se torna até a escravização,  a exploração,  o aprisionamento dessa subjetividade e dessa pessoa. Esse trabalho se torna INVISÍVEL,  ou melhor dizendo, se faz invisibilizado para que a exploração possa ser perpétua. Muitas são as mulheres que se tornam subalternizadas, submissas, escravizadas e prisioneiras de um cotidiano exaustivo, exauridor e potentemente patológico. Essa violência patriarcal gera sofrimento contínuo,  dores, angústias e prostração. 
A família patriarcal é o meio pelo qual essa violência de gênero FUNCIONA. É, em casa, no seio da família que essa forma de exploração acontece.  Não tem repercussão pública,  por se tratar de um padrão de exploração de mulheres NATURALIZADO. Por exemplo, quando a mãe cuida de TUDO dentro de casa enquanto marido e filhos podem ter seus planos, sonhos, projeto e objetivos traçados,  executados e vivenciados.  Nesse mesmo momento,  a vida dessa mulher está PRESA nos tentáculos de um "amor" em forma de trabalho doméstico NÃO REMUNERADO,  NÃO RECONHECIDO,  NÃO MOSTRADO E MUUUUUUUITO MENOS VALORIZADO,  isso porque a demonstração pública dessa violência deixaria a família fragilizada enquanto "lugar de amor", "lar" e "refúgio", sendo na realidade lugar de exploração,  subalternização, submissão,  escravização  e subordinação de mulher.
Muitas vezes, a mentalidade (aparentemente ingênuo) de que uma mãe TEM QUE CUIDAR DA FAMÍLIA,  DA CASA, DOS FILHOS, DE TODOS E DE TUDO é o motor, a principal engrenagem, o dispositivo VIOLENTO e colonizador contra as mulheres. Consequentemente,  a mulher que é OBRIGADA  a ficar com o "trabalho doméstico" se torna esvaziada de sua VONTADE, de seus próprios planos, de seus objetivos e de sua própria vida que passa a ser ALIENADA e dolorosamente dependente do que os outros querem, precisam, exigem e demandam. Ela deixa de ser mais uma pessoa da casa e se torna COISA DE TODOS, como uma máquina mantenedora da rotina para que as outras pessoas da casa possam ter suas vidas funcionando socialmente.  Essas mulheres deixam de existir no espaço público e político,  passando a serem enclausuradas e até prisioneiras de um patriarcado SENHOR, SEVERO e DONO da própria vivência delas.
A família tradicional é o patriarcado mais CRUEL que uma mulher conhece, pois seus mando e desmandos são TIRÂNICOS, como em uma ditadura silenciosa a esmagar a liberdade de ser, de estar e de viver dela. Essa violação apelidada de "amor incondicional", de "cuidado materno", é uma violação brutal da própria dignidade e da existência da pessoa, sobretudo, da mulher doméstica ou "mãe " a "rainha" ou seria melhor definir "escrava do lar", a "serva da família ". Todo cuidado é pouco quando se mexe no centro substancial da falácia do "amor familiar".