quarta-feira, 26 de abril de 2023

medíocre afeto

Um homem filosofou certa vez sobre a dureza de amar em uma absoluta realidade,  sem doses homeopáticas de fantasias, senão as costumeiras ficções repetidas sobre amor nas míticas antigas. Eu cansei de ler Nietzsche nesse século do mesmo jeito que lia em 20. Os anos me levaram disso, me trouxeram para a ampulheta quebrada. Qualquer poeira do canto da casa o vento que leva, o tempo não traz. Eu dancei nessa aposta e me vi dizendo que pingos de afetos duravam um gole sedento de tequila a mais. Não tenho mais esse mísero tempo. Preciso mergulhar onde a mediocridade jaz. Colhendo na miséria de corpos sem sentido a semente do que o porvir não faz. Não pode fazer de uma gota a certeza de que o oceano se satisfaz. Não tenho mágica alguma por acreditar em pequenos traumas fantasmagóricos e frios. Freios soaram, enquanto velozes os sonhos partiram-se em mim. Desprendi coisas demais. Dói perder sumo em prantos rasos e moscas ao redor. Tomei um porre de pouca ligação e nenhuma palavra durante meses a fio. Foi meticulosamente parcelado o mínimo de sentimento por baixo de nenhuma paixão. Dormi em pleno deserto, feito areia multipliquei solidão de grão em grão. Medíocre amor é desfecho na estrada. Nenhum caminho se anda diante de nada. Desfez-se em mim desate...em desejos...desgastes...desamorosidade...em mim am..ar..gor...

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA