Pedro Vieira Neto eu escolheria não mentir para ele sobre o que de fato foi ruim. Ser criança em um mundo onde se concebe o padrão imediatista como cultura para as relações afetivas, assim como para as vontades consumistas, não deve ser mais fácil do que fora antigamente... O imediatismo é ilusório, é necessário diferenciar o tempo de cada coisa. O vídeo propõe afeta na relação familiar, o que é legal, mas não deve ser superficial. Afeto é mais do que um acolhimento imediato, é a capacidade de interação real entre mãe e filho sem artifícios. Acho estranha essa proposta de trazer os "métodos" de ser uma boa mãe ou um bom cuidador afetivo por meio de instrumentos lúdicos pré-estabelecidos. Daqui a pouco haverá uma "escola de como ser pai e mãe com sucesso"? É isso. Resolver os problemas naturais de uma relação intrafamiliar não pode ser assim. Talvez o filho se encontre angustiado por testar esse lugar, por intuição. Crianças são muito mais sábias do que se pode imaginar, muito mais elas ensinam do que aprendem com os adultos porque são naturais e referenciadas pela meio em que circulam, pelo lugar onde são e onde os pais também estão. Então, não gosto dessa abordagem lúdica que a mãe propõe, ela se esqueceu de mostrar ao filho o que ele realmente precisava saber ali. Ele queria atenção para esse querer. Ela deu um sossego a si mesma, como qualquer adulto faria. Eu não vejo uma diferença significativa senão ao fato que ela estará acomodada por efeitos especiais, talvez achando que está certa em "dar afeto" pré-fabricado. Sem esse subterfúgio, o que ela faria? O que foi feito antes dos livros de "como criar seus filhos com sucesso"? Eu não sei. As histórias parece que estarão iguais nas prateleiras e nas telas de cinema. Mas onde estarão as narrativas? Os divãs dirão com mais certeza. Os filhos são frutos das histórias contadas pelos pais ou são as lacunas entre "fui eu" e o "ser perfeito" bem à minha frente?
Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
domingo, 1 de março de 2020
Pedro Vieira Neto eu escolheria não mentir para ele sobre o que de fato foi ruim. Ser criança em um mundo onde se concebe o padrão imediatista como cultura para as relações afetivas, assim como para as vontades consumistas, é necessário diferenciar o tempo de cada coisa. O vídeo propõe afeta na relação familiar, o que é legal, mas não deve ser superficial. Afeto é mais do que um acolhimento imediato, é a capacidade de interação real entre mãe e filho sem artifícios. Acho estranha essa proposta de trazer os "métodos" de ser uma boa mãe ou um bom cuidador afetivo por meio de instrumentos lúdicos pré-estabelecidos. Daqui a pouco haverá uma "escola de como ser pai e mãe com sucesso"? É isso. Resolver os problemas naturais de uma relação intrafamiliar não pode ser assim. Talvez o filho se encontre angustiado por testar esse lugar, por intuição. Crianças são muito mais sábias do que se pode imaginar, muito mais elas ensinam do que aprendem com os adultos porque são naturais e referenciadas pela meio em que circulam, pelo lugar onde são e onde os pais também estão. Então, não gosto dessa abordagem lúdica que a mãe propõe, ela se esqueceu de mostrar ao filho o que ele realmente precisava saber ali. Ele queria atenção para esse querer. Ela deu um sossego a si mesma, como qualquer adulto faria. Eu não vejo uma diferença significativa senão ao fato que ela estará acomodada por efeitos especiais, talvez achando que está certa em "dar afeto" pré-fabricado. Sem esse subterfúgio, o que ela faria? O que foi feito antes dos livros de "como criar seus filhos com sucesso"? Eu não sei. As histórias parece que estarão iguais nas prateleiras e nas telas de cinema. Mas onde estarão as narrativas? Os divãs dirão com mais certeza. Os filhos são frutos das histórias contadas pelos pais ou são as lacunas entre "fui eu" e o "ser perfeito" bem à minha frente?
Pedro Vieira Neto eu não estou fazendo uma pesquisa histórica sobre a evolução de problemas psicológicos na juventude. A minha referência foi a juventude de hoje em relação ao menino de hoje. Muitas crianças da década de 90 e dos anos 2000 em diante já demonstram esses transtornos de modo mais expressivo, se analisamos o número de diagnóstico e de receituário médico psiquiátrico em nossas escolas. O que para mim não representa necessariamente um aumento no número de doentes simplesmente, mas sim uma busca maior por diagnóstico médico. O que se pode entender como medicalização, sem que isso indique tratamento psicopatológico também. Por isso, as famílias atualmente necessitam reverter o padrão de relação interparental focado no acolhimento de prováveis danos patológicos emocionais e devem começar a se relacionar de modo natural e, principalmente, direto, sem mediação com tecnologias "comunicacionais" por exemplo. E esse método "lúdico" na relação entre mãe e filho me preocupa porque foi muito defendido nos comentários como sendo um super exemplo de como se deve acalmar uma criança, o que para mim é apenas efeito imediato e não corresponderá ao sucesso defendido por tanta gente de maneira direta. Por isso, eu acho que as loucuras não mudam, as vontades, como dizia o grande poeta, sim! As vontades mudam e mudam o mundo. Os jovens de antigamente não eram melhores nem mais saudáveis, nem os de hoje são assim. Mas devemos atentar para as nossas vontades, principalmente os pais que criam seus filhos de um jeito que parecem querer remediar suas próprias angústias. As crianças devem viver suas próprias experiências e a partir delas errarem e aprenderem de modo saudável e, se possível, afetuoso. O afeto infelizmente depende ainda de fatores socioculturais impossíveis de serem discutidos em uma postagem de rede social, sem uma perda reflexivo-metodológica grande. Abraço
Quando os chamados pais helicópteros (que não à toa ganham o apelido) ficam o tempo todo em cima dos filhos, prontos para qualquer intervenção, o resultado são crianças mimadas, com pouca inteligência emocional e menos habilidades para lidar com o novo. “A criança superprotegida deixa muitas vezes de entrar em contato com emoções que serão fundamentais para seu desempenho psíquico satisfatório, como raiva, angústia e decepção. Assim, suas habilidades sociais serão rígidas e sua capacidade de adaptação insuficiente em vários âmbitos”, afirma a psicóloga Fabiana Cury, do Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim), de São Paulo.
Fonte: REVISTA CRESCER
Fonte: REVISTA CRESCER
Pedro Vieira Neto Pedro Vieira Neto eu não chamaria de método, mas de abordagem mesmo. O método parece uma receita pré-fabricada de como ensinar um filho e isso é ingenuidade. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", cantaria Camões. Nós somos frutos do nosso tempo, pais, mães, filhos e demais parentes. Cada casa é um caso, cada criança pede um olhar específico e cada cuidador precisa ter uma ação pertinente ao seu modo de enxergar a vida. Pontuado isso, eu acredito, que vale a pena analisar a abordagem dessa mãe que enfoca o acolhimento e a consequência é a criança estar visivelmente satisfeita ao final do vídeo, tanto que ele ri juntamente com ela por fim. O que não é um problema, mas gera lacunas sobre o que de fato é impressionantemente defensável aos olhos adultos que vemos nessa publicação. O que é tão inestimável nesse vídeo que não possa receber uma ressalva, necessária aos nossos tempos, de meninos em desequilíbrio emocional, de pais em ausência de autoridade e de famílias em desconexão. Claro, que não é o caso de desconexão nesse vídeo, mas é nítida a falta de autoridade dela para dizer que ele mentiu e está errado. Ela se exime de tratar do que constrange e frustra o menininho. Por que? Por que ela só fala que não era para ele abrir ? Será que ele realmente só compreenderia até essa parte? Por algum motivo, no comportamento dele, parece que ele quer saber sobre essa vontade forte que teve em abrir antes do combinado. Parece que no ato mesmo de correr e dizer para ela "alguém abriu o presente", o que ele quer é saber por que abriu o presente. Ela diz que o Natal é legal e que eles gostam de abrir o presente lá no final, quando ele já está chorando ao ser colocado a dizer que foi quem abriu. Mas isso era o que ele queria, ou o que ela queria ouvir? Quando a correção sobre o fato é lógica e simples, incide no ato que se fez, no caso abrir o presente antes do prazo, e não por abrir o presente. Abrir o presente é super legal, gerou uma ansiedade enorme nessa criança que sequer poderia esperar. Até então nada de diferente de qualquer criança querendo muito ver um presente que fora mostrado antes e fora colocado como o maior barato de tudo. Mas ele abre antes e se desgaste com isso. O choro dele é de frustração por não ter conseguido esperar. E onde há a correção disso? Onde ocorre a verbalização que nutre o menino do que ele realmente precisa saber? O que fez ele errar? Por que ele abriu e "tudo bem", mesmo assim por que??? Porque ele é ansioso. Porque os tempos nos tornam ansiosos. Porque há famílias que lidam com crianças como se fossem robôs de afago e práticas de livros de autoajuda. Mas cadê o que o menino precisa? Ele pediu pra mãe algo. E eu te pergunto... O método final do "cheirar e assoprar" é uma recentinha linda pra "acalmar a ansiedade precoce e previnir transtornos" que não cabe e não sossega a criança de fato em sua pergunta essencial. Por que abriu o presente antes e não conseguiu esperar???? Ela faz o "método" bonito e "lúdico", mas se isso o acalmasse e o ensinasse sobre esperar ele não teria agido dessa forma. Eu acho que é a hora de mudar de expectativas sobre a criança. Será que ele queria ser acolhido em sua angústia ou queria ser remediado em sua infantilidade natural. Quer uma criança menos ansiosa? Olhe para ela e veja o que ela pede, e não o que os livros de educação familiar modernos recitam só para acalmar pais que pouco olham demorado para os seus filhos, pois estão quase sempre a pensar em si (em como queriam e querem ser tratados, em suas angústias e não nas da criança). Corrigir essa criança agora, com afeto e paciência, levaria ao autoexame mais tarde. Eu erro, eu tenho defeitos, eu tenho limites e vou lidar com eles sem mascarar sempre. Porque usar todo dia a máscara do foi um pequeno deslize, não resolve as perguntas fundamentais. Pais são as referências de limites que nos tornam humanos e iguais e não diferentões cheios de perguntas existenciais.
Shi Anizio espero sinceramente que vc tenha êxito nessa criação. Educar é bastante difícil e constantemente buscar laços de confiança realmente é uma luta muito importante e dura. Sobre o vídeo, eu acredito que não se trata de tratar o menininho com agressividade ou humilhação a solução para o que eu ressalvo, que é o fato dela não ter tocado no assunto dele ter descumprido o trato. Eu acho que ao invés de rir e distrair ele em relação às frustração de se sentir errado, ela deveria ter verbalizado que o erro dele foi não esperar, for descumprir o trato, foi gostar de ter descumprido e depois não assumir o seu erro. Não acho que devesse haver punição, muito menos agressão. Acho que a confiança está na atitude honesta da mãe dizer, da maneira que ela se sentir mais segura e afetuosa, que ele mentiu e que deve assumir sua culpa e não jogar para outra pessoa ou outra coisa. Em ultimo caso, acho ainda que ela poderia ter aproveitado pra dizer que vale muito mais a pena abrir e ser surpreendido junto com todos do que ser o primeiro a ver. Só isso
Bárbara Vieira de Castro entendo o seu ponto de vista e discordo, não dele, mas de como isso se aplica ao vídeo. Note que ela quer que ele assuma a mentira, não por isso, mas porque faz parte desse lugar de "eu vou te acolher". No caso de um erro, se exige correção. Acolhimento é para os momentos de sofrimento, dor, desajustes emocionais e situações até fora do alcance da criança. Ele ter aberto a embalagem do presente realmente não é um erro desproporcional. Não é esse o erro que eu vejo na atitude da criança. O erro é ter descumprido o trato, a confiança que ele deve aprender a desenvolver não pode estar pautada somente em acolhimento e afago, porque senão perde o valor de referência social e passa a ser um álibi reforçador de carências morais e interpessoais importantes. Ele não assume a mentira, é somente levado a não ter como discordar, isso é diferente. Mesmo quando ele diz pra ela que não fará novamente, ele mente e logo se percebe rindo porque ela riu do acontecimento também. Ele está reproduzindo uma atitude confortável para ele. Isso não é no mínimo algo para se ver com cautela? Ele faz o que lhe agrada e para o seu próprio agrado não só por ser infantil, um menino ainda, mas faz por ser "acomodado" nesse tipo de relação que só promete bonificação em qualquer situação. Veja que ele já sabe o que há no presente, nem mais o presente lhe importa tanto. Se é bonito ver o presente na hora da surpresa compartilhada, por que privá-lo disso??? Qual o benefício real que ele tem ao descumprir o trato? A mãe lhe deu um afago que pode não ser o suficiente nos próximos desejos e que não será o suficiente para tudo. Então, por certo haverá frustrações maiores mais cedo ou mais tarde. Será nessas horas a mãe o lugar de aconchego??? Haverá esse lugar de aconchego sempre? Ele é criança e por isso deve ser acalentado pela fantasia de que vai sempre haver esse aconchego sobre frustrações e principalmente sobre erros e inconsequências da parte dele? Estou aqui pensando...eu considero uma ressalva pertinente nesses tempos de desejos inalcançáveis
Françoise Dolto (No Jogo do Desejo): "Quando o adulto não deposita confiança nas expressões que a criança dá de sua vitalidade, e confiança a ponto de falar com ela, por mais doente e pequenina que seja, a ponto de autorizar as manifestações de alegria ou sofrimento próprias da criança, sem reprimi-las; quando o adulto não entra em contato afetivo e verbal com a criança, independentemente das manipulações necessárias de seu corpo, que não incluem forçosamente uma comunicação interpsíquica,
a criança fica impossibilitada de adquirir confiança em si como um ser da linguagem e do desejo, essencialmente distinto de seu corpo, na medida em que este a constitui apenas como um ser das necessidades". A psicanálise explica sobre relação de afeto pautada na realidade da experiência de uma criança sem precisar fingir que ela está certa (só por ser criança) mesmo quando está errada.
a criança fica impossibilitada de adquirir confiança em si como um ser da linguagem e do desejo, essencialmente distinto de seu corpo, na medida em que este a constitui apenas como um ser das necessidades". A psicanálise explica sobre relação de afeto pautada na realidade da experiência de uma criança sem precisar fingir que ela está certa (só por ser criança) mesmo quando está errada.
Rose Bernardo a minha preocupação é que a maioria dos comentários está demonstrando aprovação com o que é praticado pela criança. O que deve ser sim discutido porque ele vive em sociedade e não há por que para outro ser humano tratá-lo com a benevolência que a mãe dele manifesta. Para além disso, sabe-se que é enquanto criança que se aprende os direitos e deveres sociais, então, se ele age dessa forma com a mãe e ela retribui de modo cúmplice, provavelmente não está mostrando a realidade de que ele errou e deve se corrigir, não deve fazer mais, ou deve entender que erra e precisa ser corrigido. Sou professora e lido todos os dias com adolescentes que não são educados para viver em sociedade, cobram da postura de um professor essa amabilidade/passividade que a mãe demonstra, mas que não condiz com a necessidade de corrigir determinados hábitos errados, principalmente em relação à mentira, ao cinismo, à agressividade por ser descoberto, à tentativa de esconder sua culpa, colocando-a em outro, e até a vantagem de ser tratado como alguém que não sabia (mas estava ciente sim) do que fazia. Algumas crianças podem se frustrar de modo relativamente rápido por causa da falta de correção adequada dos próprios pais e causar mais tarde tragédias (anunciadas pela falta de correção na infância).
Eu acho linda a relação de honestidade que a mãe está ensinando ao filho, coisa difícil de vermos atualmente. Mas eu queira lembrar uma coisa... Incômoda... Quando o vídeo era do Desmond, o menino incrível e criativo, com linda peruca azul, foi uma chuva de desrespeito, de indiferença pela sua condição de criança, um monte de brutalidade. Agora, que vemos um menininho também fofo mentir, ser bastante relutante em dizer o que fez, ser relativamente agressivo ao perceber que é "desmascarado", ninguém tem nenhuma ressalva. Eu tenho. Uma criança, independentemente do sexo e do gênero, deve ser repreendida quando burla regras pré-estabelecidas, afinal a mãe tinha lhe advertido sobre não abrir o presente. Alguém me questionaria "é só a embalagem do Natal!"...eu respondo: hoje é só a embalagem do Natal, amanhã quem sabe o que será? E ele conseguirá admitir? E ele aprenderá que também é errado e deve se enxergar como alguém que precisa aprender melhor o conceito de "pode" e "não pode'? No mais, o vídeo é bonito mesmo. Há uma mãe ensinando o filho e um filhinho que precisa ainda muito aprender sobre viver em sociedade. Só isso.
Um link sobre pesquisas divulgadas nessa reportagem da Revista CRESCER sobre o tema que eu gostaria de colocar em relação a esse vídeo, que parece bobo, mas não é
https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Seguranca/noticia/2018/11/superprotecao-em-vez-de-evitar-que-seu-filho-sofra-ela-pode-gerar-mais-frustracao.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=post
Um link sobre pesquisas divulgadas nessa reportagem da Revista CRESCER sobre o tema que eu gostaria de colocar em relação a esse vídeo, que parece bobo, mas não é
https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Seguranca/noticia/2018/11/superprotecao-em-vez-de-evitar-que-seu-filho-sofra-ela-pode-gerar-mais-frustracao.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=post
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