domingo, 1 de março de 2020

Pedro Vieira Neto eu escolheria não mentir para ele sobre o que de fato foi ruim. Ser criança em um mundo onde se concebe o padrão imediatista como cultura para as relações afetivas, assim como para as vontades consumistas, não deve ser mais fácil do que fora antigamente... O imediatismo é ilusório,  é necessário diferenciar o tempo de cada coisa. O vídeo propõe afeta na relação familiar, o que é legal, mas não deve ser superficial. Afeto é mais do que um acolhimento imediato, é a capacidade de interação real entre mãe e filho sem artifícios. Acho estranha essa proposta de trazer os "métodos" de ser uma boa mãe ou um bom cuidador afetivo por meio de instrumentos lúdicos pré-estabelecidos. Daqui a pouco haverá uma "escola de como ser pai e mãe com sucesso"? É isso. Resolver os problemas naturais de uma relação intrafamiliar não pode ser assim. Talvez o filho se encontre angustiado por testar esse lugar, por intuição. Crianças são muito mais sábias do que se pode imaginar, muito mais elas ensinam do que aprendem com os adultos porque são naturais e referenciadas pela meio em que circulam, pelo lugar onde são e onde os pais também estão. Então, não gosto dessa abordagem lúdica que a mãe propõe, ela se esqueceu de mostrar ao filho o que ele realmente precisava saber ali. Ele queria atenção para esse querer. Ela deu um sossego a si mesma, como qualquer adulto faria. Eu não vejo uma diferença significativa senão ao fato que ela estará acomodada por efeitos especiais, talvez achando que está certa em "dar afeto" pré-fabricado. Sem esse subterfúgio, o que ela faria? O que foi feito antes dos livros de "como criar seus filhos com sucesso"? Eu não sei. As histórias parece que estarão iguais nas prateleiras e nas telas de cinema. Mas onde estarão as narrativas? Os divãs dirão com mais certeza. Os filhos são frutos das histórias contadas pelos pais ou são as lacunas entre "fui eu" e o "ser perfeito" bem à minha frente?

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA