Super válido tudo, mas acredito que chamar de liberal engloba todas as outras questões.
Em um mundo capitalista, que é dominado por homens cis, brancos e héteros é natural que os discursos, mesmo que o feminista, sejam adaptados e moldados pra eles.
O capitalismo é capaz de vender qualquer coisa, inclusive militância.
Essa de "meu corpo minhas regras" é o slogam das estratégias comerciais que envolvem empoderamento feminino.
A gente tem que tá afirmando o tempo todo que o feminismo liberal é perigoso, seduz jovens que vão se expor em um mundo que ainda é perigoso pra elas, facilita a vida do agressor e dificulta ainda mais a nossa.
E pra isso precisamos facilitar ainda mais o discurso quando falamos de feminismo, mesmo entendendo que o assunto é mais complexo. Porque afinal a finalidade é que toda e qualquer mulher compreenda o espaço que ocupa na sociedade.
Dependendo do público alvo é indispensável deixar muito prático mesmo o que é feminismo sem descartar as diversas visões desse saber. Em um lugar de conversa entre manas, precisamos mesmo instrumentalizarmos-nos. Entre manas vizinhas, em uma roda, dizemos sobre o cuidado com o carinha que se faz de "desconstruído", por exemplo, ou àquele esquerdo macho que só gosta do rolê não mono quando a mana não é a namorada "oficial " dele, aquela que ele apresenta "pra família " e tem uma relação de "monopólio " sexual sobre ela. Porém, é preciso falar abertamente sobre o que já existe de livros, vídeos do YouTube, podcast para que mulheres como eu e você e quantas mais de nós o possível possam se proteger e proteger umas às outras. Como já ensina a Audre Lorde em "Irmãs outsider": " silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade ", pois falar e não calar, nem a si mesma e nem outra mana é instrumento de combate à violência de gênero que nos fere, nos explora, nos abusa, nos agencia, nos derruba, nos mata. É para não mais ver mulheres caladas diante de homens exploradores, estupradores, abusadores e violentos que eu me posiciono.