domingo, 3 de junho de 2018

A educação ainda assim pode ser uma chave para abrir a porta de muitas outras soluções. Veja bem, não se trata de dizer que a escola irá resolver tudo sozinha como se fosse um super-herói de quadrinhos. Ao contrário trata-se de mudar a lógica educacional a qual estamos submetidos. Enquanto as escolas estiverem fechando as portas, erguendo seus muros, segregando os não selecionados e escasseando seus benefícios, ela será um dos meios mais fecundos de proliferação da violência. Ainda mais quando as prisões estão de portas sempre abertas dizendo "venham a mim". Os shoppings são espaços de formação em massa de uma população com sede de saber. Saber não é conteúdo, saber não é instrumento, saber é experiência, saber está no corpo que se move e que constrói seja lá o que for. As escolas estão guardadas, seus livros, seus atores, seus conhecimentos e suas oportunidades são para os poucos que "merecem". Essa lógica é perversa e gera perversos. Solucionar essa equação está longe de ser fácil ou simples, mas por certo abrir as janelas, as grades, as portas e derrubar os muros das escolas é uma das principais formas de desconstruir esse sistema. Quando a comunidade perceber que a escola lhe pertence, que o saber é compartilhado, as portas dos presídios terão que se fechar pois ninguém mais irá querer ir para lá. A escola que abre suas asas para a comunidade é um infinito lugar de experiência, um lugar de comunicação e vivência. Educação não é transmitida como se pensa estar fazendo hoje em dia. Educação não é doença para ser transmitida. É como alimento que deve ser compartilhado. Ninguém educa ninguém, o sábio Freire já avisava. A gente é educada na mesma mesa onde se serve todo dia um pão para todos e para qualquer um sem distinção.