assim, professor. Não é que eu tenha metido a discussão de gênero, é que desde o meu primeiro comentário já estou baseada no que chamo de patriarcado e evoluo argumentativamente como paternalismo. São categorias teóricas de gênero, também. Mas de fato pertencem à historiografia, ao feminismo e à epistemologia decolonial. Por exemplo, eu citei a Gerda Lerner, a Grada Kilomba,a Djamila Ribeiro. Para mim, a discussão sob a perspectiva de gênero nunca rebaixa a discussão analítica contextualizada, ela sempre acrescenta uma visão mais contemporaneizada, talvez. Quando eu coloco, por exemplo, a candidatura de Benedita, enquanto mulher negra e neopentescotal assumida em comparação com a de Renata também uma mulher negra periférica e voltada para as discussões realmente mais progressistas, você pode até dizer que estou sendo de certo modo intolerante religiosa, o que de fato não é. Porque sabemos que o neopentecostalismo está se consolidando enquanto uma política de governo, infelizmente conservador e neofascista. Então, não acho que Tatto seja tão irrelevante, porque ele personalizou o que a própria Gleice Hoffman chamou de "militância do PT" o que me parece personalismo. Nesse mesmo sentido, ainda é preciso dizer que Tatto, Boulos, Edmílson, entre outros são mesmo homens, o que não indica por si o paternalismo patriarcal, como eu já havia dito no outro comentário, uma mulher em Benevides não representa a luta feminista ao contrário é machocêntrica. Os demais candidatos não são machistas? Quem não tem a mazela do machismo em um mundo machocêntrico milenarmente, segundo Gerda Lerner em "A criação do patriarcado " . Também não é sobre uma guerra de séculos, como um feminismo superficial da década de 20 EM diante ...seculo XX. É sobre uma proposta de leitura do mundo para além da lógica centrada na dominação de uns pelos outros, em que a alienação é uma arma sempre em ação. Militares não são bélicos por definição, são pessoas que podem ou não se filiar ao discurso da necropolítica. Deveríamos nós concentrar em ver nossas vulnerabilidade enquanto campo humanitário na política... estamos falando de algo para além de progresso, mas de emancipação. Talvez seja uma utopia esse propósito , mas esse é o lema da educação que eu prático como educadora no ensino básico, por isso costumo ser muito analítica.
Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
Em respota:
Fernando Maués eu só acho que Boulos não tinha nem como deixar de se candidatar para ajudar Haddad porque ele não tinha nem a projeção política, nem a referência pública que o ex ministro da educação tinha. Eu entendo que o PT possa colocar candidatos onde e quando bem entender, isso realmente faz parte da democracia brasileira. Porém, gostaria de uma análise mais realista sobre o que se trata de política partidária, política de coligação, política de representatividade coletiva e política de personalismo (tradicionalista). O que eu chamei de cirismo/cinismo é a incapacidade de se juntar a fim de derrotar neofascismo e conservadorismo, para além de qualquer outro propósito. Veja o exemplo da região metropolitana de Belém, Benevides elegeu uma mulher, que não representa a luta feminista, ao contrário é machocêntrica. Lá não houve qualquer reunião de forças "progressistas". Por que não fazer por onde tanto se precisa? Por que deixar Tatto disputar com Boulos onde o neofascismo é dominante. Por que aceitar Benedita como representatividade, se o esforço de quem não consegue sequer imaginar ela como antineopentecostalismo é até imenso. Querer mostrar que tem ainda muita força nas capitais e no país não é sobre política democrática, mas sobre política personalista e tradicionalista (para não dizer conservadora). Se flertarmos com o que é estruturante no paternalismo, estamos entre vestir a camisa de uma política com vontade de representar a nova era, o século XXI, ou manter certas tradições porque isso é importante. E eu te pergunto: para quem é importante manter certas práticas políticas brasileiras? Me parece, sim, coisa de paternalismo do século XX. Assim eu penso, sem querer ser a única proposta de discurso sobre a atual situação política brasileira porque não sou ninguém para me colocar nessa discussão de forma teórica, já que não tenho nenhum diploma em ciência política. Mas, tenho um lugar de fala com o qual me disponho a debater.
A pergunta:
Hilda Freitas O PT tem direito e legitimidade de ter candidatos onde ele bem entender. Não é a desistência do PT que elege ninguém. Isso, para mim, é o mesmo chororô cirista. Boulos não deixou de concorrer a presidência para ajudar o Haddad, com toda a razão. Querer que qualquer político ou partido abra mão de suas candidaturas é cirismo puro. O PSOL vem fazendo melhor justamente porque não faz esse tipo de discurso antagonizando com o PT. Vai lá, movimenta as bases, ganha o eleitorado. Isso é política. O resto é choro.
E mostrar ao cirismo/cinismo patriarcal que "identitarismo" não só importa como também é a chave para revolucionar por meio de espírito de juventude, que não se trata de idade mesmo. A juventude espiritual NÃO TEM MEDO DE REALMENTE se desconstruir, não tem medo de dialogar com as várias tribos, não se envergonha de ver que está antiquada e precisa de novidades, não se humilha à toa quando chamada a responder por seus equívocos. Essas vereanças são uma certeza: machismo, racismo, neoliberalismo e discriminações de sexo, gênero, etnia, classe social entre outras, devem ser SUBVERTIDAS. Quando Djamila Ribeiro ou Grada Kilomba só escuto reverberar um quilombo de mulheres que dizem não ao silenciamento, ao controle sexual, ao apagamento histórico e epistemológico, à repressão das nossas próprias revoluções. Toda essa "minoria" é a única fonte de transgressão ao "neoliberalismo neofascista neopentecostal" uma representação clara de como as vozes que sempre quiseram ser as donas da história estão com medo de nunca mais nos emudecer.
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