domingo, 21 de março de 2021

Uma história evangélica

Passei por um situação dramática em 2019. Eu estava em aula quando um aluno se aborreceu porque dei um exemplo de xenofobia a partir do trump (minúsculo que é). Então,  ele se alterou, foi agressivo e ofensivo verbalmente, por fim, saiu da sala batendo porta. No outro dia, eu soube que a mãe do dito cujo havia ido na escola para deixar o recado de que ele não veria mais as minhas aulas até que o pai dele chegasse de viagem e viesse "resolver" a situação comigo. Foi quando eu descobri que ele era filho do pastor estadunidense que havia chegado naquele interior do Maranhão para "ocupar" e "evangelizar" a cidade - em outras palavras, colonização.  Foi assim que mesmo  tendo família no seu país, fez família no Brasil e se tornou diretor em escola evangélica na capital, depois pastor nesse interior por muitas décadas. Respeitado por sua reputação e muito influente, o homem chegou na escola bastante "ofendido" com o fato de que eu havia sido "manipuladora", "doutrinadora", pois falava até palavrão em sala de aula e não estava capacitada para dar aula  - sou formada em letras, área do conhecimento que é afim de artes, disciplina que eu ministrava posto que nos rincões do Brasil o que se faz é o que há para fazer. Enquanto ele me difamava pelas costas para o meu coordenador que estava totalmente chocado com a situação deplorável que se apresentava. Eu simplesmente fui até a sala do coordenador apenas para dizer que havia passado do horário mais uma vez por uma questão específica com alunos que necessitavam da minha dedicação de modo mais direto. Quando abri a porta fui apresentada para ele. Ouvi o que ele tinha para dizer...mostrei minha aula, o assunto, a competência, disse que o filho dele havia faltado a primeira aula e chegou na segunda aula sem o exercício e ainda quis ter o direito de me ofender, mesmo sendo a autoridade instituída ali. Depois de dar uma aula de cristianismo pré-romano para ele na prática, falando sobre o gesto humilde de Jesus diante dos homens que queriam apedrejar uma mulher,  pedi que ele refletisse sobre a educação cristã doméstica que estava exemplificando, pois o filho dele não tinha humildade de primeiro ouvir e me chamar de modo comedido no corredor porque fez questão de me humilhar na frente de seus pares. Saí com um pedido de desculpa solene, com a certeza de que a LDB seria cumprida (já que o aluno tinha direito e os  pais o dever de mantê-lo em escolarização regular com frequência nas disciplinas propostas no nosso currículo) de modo que fiquei conhecida como a esquerdopata que silenciou o pastor por meio do evangelho.