sexta-feira, 18 de junho de 2021

que merda

"empregada do marido" é um termo já do senso comum e realmente não reflete a luta por conscientização política sobre a exploração do trabalho doméstico e da reprodução (gestação) compulsória - que são duas importantíssimas condições de controle e ESCRAVIZAÇÃO dos corpos de mulheres e que sustenta a base do capitalismo (por exemplo, segundo Silvia Federici). Não é exatamente sobre o termo, mas sobre a limitação da própria situação... Ser "empregada do marido" é uma forma restrita de expressar o fato de que a família patriarcal, a casa e a sociedade exercem uma exploração a partir da restrição radical da dinâmica pública de uma mulher, apenas por ela ter nascido mulher - o que é uma VIOLÊNCIA de gênero (violência no sentido de produção de meios e fins AGRESSORES, ABUSIVOS, ESCRAVIZADORES e CONTROLADORES). Violência significa PRODUÇÃO DE SOFRIMENTO. Infelizmente, existe uma banalização do significado de VIOLÊNCIA que é por si chocante, e denuncia DESPREZO, DESUMANIZAÇÃO e descaso com quem sofre - talvez sejam as veias fascistas correndo em corpos que não têm como entender sua própria alienação ou agenciamento ao sistema que lhe violenta.

sobre o impedimento cultural liberal para o feminismo como ética

No meio do feminismo tinha uma pedra...
Tinha uma heteronormatividade "sutil" liberalzinha no meio do feminismo

mana, preciso te dizer uma coisa que para o feminismo COMO LUTA POLÍTICA COLETIVA é pesado, mas eu vou te dizer de mana feminista para mana feminista... ESSE TRABALHO DOMÉSTICO que vocês contratam para "resolver " a pendência ou o dilema é o núcleo de uma das PIORES VIOLÊNCIAS que mulheres negras (ou racializadas) e periféricas (ou SUBALTERNIZADAS pela desigualdade social) MAIS PADECEM. Como o nosso feminismo anda muito "individualizado", tipo faço por mim primeiro para que eu possa tentar ajudar outras mulheres "depois", infelizmente A OPRESSÃO DE FATO NUNCA TERMINA. Lavar uma louça, uma roupa, cuidar do espaço da casa, arrumar o básico, achar soluções que transformem esse "problema" em PRÁTICA FEMINISTA de luta contra a exploração do trabalho MUITO MAL REMUNERADO das mulheres em serviço DOMÉSTICO, assim como é a PAUTA MAIS TRIVIAL no lema "meu corpo, minhas regras". Porque "meus corpo, minhas regras" nunca foi sobre COM QUEM EU QUERO TRANSAR ou sobre saber dizer "não" ou sobre poligamia,  modernidades... não. É sobre como o CORPO das mulheres é explorado nesse tipo de "sistemática" habitual... Na classe media alta, muitas vezes é praticamente impossível conceber que cuidar de uma casa é responsabilidade de uma pessoa adulta e não de uma mulher preta ou racializada, ou de uma mulher periférica.... Então, vamos compreender de modo autêntico que a pauta feminista não é liberal, porque Silvia Federici, Gerda Lerner, Virgínia Woolf, Angela Davis, Maia Angelous, Djamilla Ribeiro, Grada Kilomba, Lélia Gonzales, Waleska Zanello, Judith Butler, entre tantas outras não estão falando de outra coisa a não ser de VIOLÊNCIA contra a existência das mulheres, o que limita e causa SOFRIMENTO está na prática "naturalizada" da exploração até de mulheres com outras mulheres. Desculpa vir até sua postagem. Estamos em processo , mana. Eu entendo muito a sua fala, respeito demais o seu comentário, só precisa sinalizar o que não posso de fato mais calar. Como diria Audre Lorde "silêncio no patriarcado é a VOZ da CUMPLICIDADE".