Fernando Maués eu só acho que Boulos não tinha nem como deixar de se candidatar para ajudar Haddad porque ele não tinha nem a projeção política, nem a referência pública que o ex ministro da educação tinha. Eu entendo que o PT possa colocar candidatos onde e quando bem entender, isso realmente faz parte da democracia brasileira. Porém, gostaria de uma análise mais realista sobre o que se trata de política partidária, política de coligação, política de representatividade coletiva e política de personalismo (tradicionalista). O que eu chamei de cirismo/cinismo é a incapacidade de se juntar a fim de derrotar neofascismo e conservadorismo, para além de qualquer outro propósito. Veja o exemplo da região metropolitana de Belém, Benevides elegeu uma mulher, que não representa a luta feminista, ao contrário é machocêntrica. Lá não houve qualquer reunião de forças "progressistas". Por que não fazer por onde tanto se precisa? Por que deixar Tatto disputar com Boulos onde o neofascismo é dominante. Por que aceitar Benedita como representatividade, se o esforço de quem não consegue sequer imaginar ela como antineopentecostalismo é até imenso. Querer mostrar que tem ainda muita força nas capitais e no país não é sobre política democrática, mas sobre política personalista e tradicionalista (para não dizer conservadora). Se flertarmos com o que é estruturante no paternalismo, estamos entre vestir a camisa de uma política com vontade de representar a nova era, o século XXI, ou manter certas tradições porque isso é importante. E eu te pergunto: para quem é importante manter certas práticas políticas brasileiras? Me parece, sim, coisa de paternalismo do século XX. Assim eu penso, sem querer ser a única proposta de discurso sobre a atual situação política brasileira porque não sou ninguém para me colocar nessa discussão de forma teórica, já que não tenho nenhum diploma em ciência política. Mas, tenho um lugar de fala com o qual me disponho a debater.
A pergunta:
Hilda Freitas O PT tem direito e legitimidade de ter candidatos onde ele bem entender. Não é a desistência do PT que elege ninguém. Isso, para mim, é o mesmo chororô cirista. Boulos não deixou de concorrer a presidência para ajudar o Haddad, com toda a razão. Querer que qualquer político ou partido abra mão de suas candidaturas é cirismo puro. O PSOL vem fazendo melhor justamente porque não faz esse tipo de discurso antagonizando com o PT. Vai lá, movimenta as bases, ganha o eleitorado. Isso é política. O resto é choro.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA