sábado, 7 de março de 2020

Realmente o tema "amor romântico" precisa ser muito mais debatido. As relações supostamente romantizadas apresentam muitos sintomas da nossa cultura. O machismo, a misoginia, a disputa de egos, o narcisismo, a idolatria de um mito (feminino ou masculino), as sagradas escrituras sobre as relações interpessoais, a homofobia, a transfobia, o racismo, o preconceito de classe e o capacitismo... são estes algumas das marcas que parecem definir romances regados a violências (simbólica, psicológica, física e patrimonial). Há dilemas também importantes dentro dessa lógica viciada em tornar os humanos dependentes entre si, sufocando a autonomia e com ela a oportunidade de conhecer mais sobre a real necessidade de afeto. A criatividade humana para o enlaçamento afetivo é ameaçada por essa ideia deturpada de amar. Como se fosse essa a única maneira possível. A monogamia é o alicerce desse mal e sustenta junto a submissão do amante em função de um ser amado inalcançável. Talvez a humanidade deva nutrir dentro das suas mais caras revoluções uma guerra frontal ao amor romântico, pai da cela "casamento" e do cadeado "procriação". Deve haver outras formas de ser realizado por estar em um relacionamento afetivo entre pares. O amor romântico, realmente, parece uma droga de efeito moral.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA