Quem eu sou?
Eu sou quem não foi, quem não irá e quem não fez trato algum.
Eu sou os meus "NÃOS ", os sins não em mim são senão outros, impostores, invasores, eu NÃOS.
Eu sou se eu estava firme, se eu gritei, briguei e disse "me respeite".
Eu sou quando não peço "me aceite". Eu repito em meu peito um silencioso "NÃO ".
Se eu ri sem jeito, não estava ali.
Se eu morri de medo, eu sobrevivi.
Se eu caí e permaneci, eu estive. Não estou mais. Não me sabem lama, areia, pedra e ademais.
Não me suponha, é perda de tempo, se enxergue.
Não me imponha. Crie em si a vergonha de querer um controle remoto.
Não me procure. Quem me achou, nem sabe.
Ao me olhar, cale.
Ao me tratar, desvie.
Ao me receber, estive.
Eu fui. E você passagem.
Eu caminho. O outro, em mim, miragem.
Deserto. (Desertar, não desistir, abandonar, partir)
Dissido. (Do verbo dissidir, do vocábulo dissidente, por essência dissidência)
Não me compare.
Não sou descritível.
Se achar que me conhece, repare.
Repare em si, eu - no seu espelho - sou invisível.
Não busquei, não fui, nem falei.
Não me importei.
Não perguntei.
Não me enquadro.
Eu não caibo.
E não pedi sua opinião.
Em mim, quem eu não sou é dispensável.
Imagina, em si.
Para que se quer sobre o outro o que não é nada nem a si?
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA