Eu não quero vê-lo assim tão cru, tão nu, tão bruto
Revesto o que não domino
Eu busco ao revesti-lo distrair o motivo
Traio meu próprio desejo
Fantasio o meu objeto de medo
Me assusto
Me afasto
Me largo
Eu lhe deixo... pai
Eu queria o que não vejo
Queria o que não tenho
Não é meu
Não posso prendê-lo
Ele se foi, eu não o vejo mais
Debaixo do revestimento, o que jaz?
Pra onde foi?
Eu estou atrás?
As respostas que persigo
São velozes e vou no outro sentido
Lento
Leio
Tiro a roupa
Apareço
Olho
No espelho
O nu do espelho
Eu me fecho
Não posso ver
Mas quero ser
Eu mesma no espelho que atravesso
Por desejo
Por sentir tanto
Por querer mesmo
Por mim
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA