segunda-feira, 15 de agosto de 2022

não sirvo a quem se quer fazer senhor de mim

Sabe o que é pior, na minha visão,  é a generalização.  É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal.  Não há personalidade,  não se respeita a identidade étnica,  não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso,  que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização.  Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento,  sem a indignação emancipatória,  o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão,  em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor.  Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão,  o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA