Amanda Rocha eu me considero uma católica, cheia de minhas próprias visões sobre o mundo. Então, quando ouço uma homilia fecho os olhos e tento enxergar nas palavras o abraço de comunhão, tipo Deus entre nós. Nem só pra mim, nem só pros meus, nem adiante ou atrás, sabe...no centro, do nosso lado. É, assim, que sinto a minha expressão de espiritualidade, sabe. Ser católica é uma escolha afetiva, nunca me deixei achar missão ou obrigação. Eu sinto a louvação em relação à Maria, como um legado que tenho entre eu e minha própria mãe- que já foi mais de década presidente na Legião de Maria na paróquia do bairro. Portanto, me considero de dentro. E não tenho como identificar quem possa estar mais de fora, senão quem não compreende o amor como o melhor meio de praticar essa ou qualquer outra religião.
Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
religião
Sabe o que é pior, na minha visão, é a generalização. É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal. Não há personalidade, não se respeita a identidade étnica, não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso, que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização. Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento, sem a indignação emancipatória, o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão, em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor. Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão, o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA