Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
mítica mulher
Em pensar que é, HISTORIOGRAFICAMENTE, comprovado que a origem humana da religião, isto é, a dimensão MÍTICA, tem direta relação com ser mulher. Isso acontece exatamente POR TUDO QUE É a mulheridade na construção simbólica e material (cultural-dialética) das subjetivações humanas, é a própria ancestralidade sedimentada. Eu não consigo compreender o "ateismo" como uma abertura feminista na mentalidade, porque muitas vezes é uma espécie de expressão de uma elitização intelectual de epistemologia BRANCOCÊNTRICA, o que já significa MACHOLÓGICA. Eu digo isso por causa das leituras indispensáveis de Gerda Lerner (A criação do patriarcado, no livro INTEIRO, ATÉ AS NOTAS DE RODA PÉ); da Angela Davis (Mulher, raça e classe por exemplo); Silvia Federici (Calibã e a Bruxa e Reencantando Mundo: feminismo e política dos comuns); bell hooks ( E eu não sou uma mulher entre outros); Audre Lorde (Irmãs outsider); e muitos outros. Eu realmente li nesses livros nitidamente e notoriamente a relação das mulheres com o saber mítico, embora a relação entre poder e religião na perspectiva ocidental hegemônica APAGUEM, SOTERREM, ESCONDAM e SILENCIEM A IMANÊNCIA DAS MULHERES e o nosso poder - MUITAS VEZES - político e estratégico evidenciado na religião, na religiosidade, vide as egípcias mais proeminentes enquanto governantes as cleópatras e tantas sacerdotisas que eram muito importantes como CONSELHEIRAS em muitas dinastias no Oriente Médio Próximo. O filme "A mulher Rei" demonstra incontestavelmente isso. Eu realmente não compreendo o ateismo como um benefício direto às questões das mulheres, em especial às mulheres de periferia, às mulheres PRETAS e negras, às mulheres de comunidades tradicionais e às mulheres de comunidades indígenas e originárias. O único olhar possível sobre ateismo e feminismo é pelo prisma da branquitude, o único.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
quero conhecer meu pai
Eu quero conhecer o meu pai
Meus amigos, eu sei que essa é uma história que vcs já conhecem faz tempo mas eu gostaria de recontá-la em poucas linhas. Eu sou gêmea (Hel Freitas ) e tenho uma mãe muito guerreira que criou a gente sem o apoio do nosso pai. Essa não é uma história de amor muito bonita, mas a gente nasceu e sempre foi muito amadas por todas as pessoas que de alguma forma nos ajudaram a superar tantas dificuldades que a falta de um pai nos causou. Foram muitas dificuldades, muitos de vcs sabem muito bem disso.
Hoje, eu queria falar da minha maior dificuldade: ir à procura do meu pai. Sabe, meus amigos, não é nada fácil admitir que vc precisa de alguém que vc nunca conheceu de fato, que parece muito mais invisível, talvez, mais invisível aos meus olhos. Mas hoje, eu só queria começar a vencer esse grande desafio.
Se vc sabe do quanto isso é difícil pra mim, porque vc me conhece de verdade, apenas me ajude. Eu quero muito conhecer o senhor que é meu progenitor. Não quero nenhuma ajuda financeira, que fique bem claro isso aqui. Não quero remoer mágoas ou dizer quem foi certo ou errado. Eu só quero conhecer e vê-lo, nem que seja uma vez. Esse desafio eu preciso vencer e sozinha eu não vou conseguir.
Segundo o que já me falaram, o nome Jadson Souza da Silva, talvez ele more em Belém, não sei. Provavelmente ele já foi ou ainda é taxista. Trabalhou em um banco na década de 80 chamado Sulamericano, mas esse banco já até faliu. Ele teve um breve relacionamento com uma moça, na época uma moça hoje uma jovem senhora, Maria das Graças Queiroz de Freitas que trabalhava no Armazém Kawagem.
É isso que eu sei.
Se vc quiser me ajudar compartilha a minha história, porque eu preciso muito conhecer esse senhor.
Agradeço demais o apoio e a consideração de todos vcs.
Me ajudem
Pronto, meus amigos, podem compartilhar
terça-feira, 22 de novembro de 2022
patriarcado autodestrutivo ou sobre doses cavalares de automisoginia ...
Infelizmente, eu passo por um tanto injusto de "pedradas" de mulheres do meu meio, mulheres que eu defendo ou defendi, mulheres que eu tento cuidar mas que me dão para o primeiro inimigo (macho falido e raivoso) que encontrarem na frente. Se ele vier e me destruir bem na frente delas, serei humilhada e ele será aplaudido antes diante do meu nariz. E sim é a disputa pelo olhar "selecionador" do macho a quem elas servem, por uma migalha caída do que se poderia até aproximar de algum "privilégio", mas que de fato é manutenção de automisoginia e lustração do sistema patriarcal. É amargo demais engolir isso. E como sou abolicionista e feminista exatamente assim, durmo e acordo amargura na boca...chega a ser difícil lutar muitas vezes. Por isso, falar sobre homens me revolta tanto: porque há mulheres que se alimentam, se nutrem, de um patriarcado autodestrutivo. Infelizmente, é sobre isso.
Para cada uma mulher automisógina viva, existe um cemitério de mulheres. É preciso urgentemente deixar de romantizar o cuidado entre mulheres, controlando feministas com a tal da "sororidade" que NUNCA É RECÍPROCA. INFELIZMENTE, eu não tenho paciência pra ver mais gente impune.
terça-feira, 25 de outubro de 2022
brasil 2022
Eu estava tentando acompanhar algumas das discussões do grupo agorinha e uma sequência verbal gramaticalmente compreensível me deixou assustada, pelo tamanho do ensurdecimento que ela demonstra e da tentativa extravagante de silenciar uma mente minimamente sensível ao presente, ou seja, tentar mascarar a realidade com uma fantasia de superioridade, até um pouco delirante...no mínimo. O trecho da fala consiste em: "no dia que ele *cometer um crime* e for _condenado por isso_, serei a primeira a chamá-lo de ladrão ". Sabe o que me assustou é que o torturador Ulstra NUNCA PAGOU POR NENHUMA TORTURA MESMO SENDO VEEMENTEMENTE CONDENADO por pessoas que sobreviveram as torturas que ele próprio cometeu. O *torturador* morreu sem PAGAR UM CRIME SEQUER. E ainda foi louvado pelo atual "cristão " que preside esse brasil (minúsculo que está de violência e ignorância). Simplesmente, não tem como não concordar com Bakhtin que *mesmo jovem* já deixava óbvia a sua lucidez sobre os tempos em que vivia. Ele analisava A REALIDADE e não um deboche romântico narrado a fim de ofender os que sentem a realidade na pele, no corpo mesmo e na sanidade mental. Honestamente, se o Lula ganhar e anular os 100 anos de sigilo que esse rato, covarde e genocida, racista, impôs em seus crimes, a partir do dia 1 de janeiro só será iludido pelo romantismo do "bom caráter" em avesso aquele ou aquela que estiver tendo que se defender das sandices de defender um indefensável, criminoso contumaz.
sexta-feira, 7 de outubro de 2022
pálido, embranquecido, estúpido e fascista na eugenia do manto da rainha divina da Amazônia.
Alguma coisa, nesse "novo manto" para o Círio de 2022 me incomoda.
Nossa Senhora está branca feito uma "monarca" europeia; porém, a verdadeira pequenina IMAGEM ENCONTRADA pelo PESCADOR PLÁCIDO tem a cor da gente. É pequenina, é morena, feito o nome de nossa Belém, Cidade Morena, na perífrase amplamente conhecida por nós.
Ao invés de um manto de águas escuras, águas de Amazônia, águas cheias de vida, águas orgânicas, ele traz uma PALIDEZ, OUSO DIZER QUE ESSE MANTO ESTÁ LONGE DE SER O NOSSO AÇAÍ DO GROSSO, DO FORTE, DO SANGUE das nossas famílias e ancestralidades.
Está um manto de rosas róseo, pastel, opaco, sem lembrar de nossas árvores verdes escuras, de nossa madeira autêntica e tom de cor de pele do sol intenso de nosso lugar, o Pará. Não lembra a nossa bandeira, cabanagem, cabanos e cabanas com mãos suadas e vermelhas a se confundirem entre mais fibras de uma corda que parece mais nossas veias fluviais (de rios e chuva).
Cadê a intensidade dessa Mulher?
Por que estás distante do sol da tua terra?
Por que não lembras as águas geledas intensas e escuras dos teus igarapés?
Por que tiraram a tua beleza e força amazônica, com esse manto (pomposo) que tem até murça (também chamada de "manteleta" ou "mozeta")?????
A manteleta ou murça é um acessório que veste majestades despóticas (tiranas), como os reis absolutistas da França, a cor reflete algum simbolismo, muitas vezes a "pureza" da realeza embranquecida europeia, o que era sinal de DIFERENÇA, de "raça pura" e destoa VERGONHOSAMENTE da MÃE DE JESUS, a humana, humilde, aldeã, refugiada e palestina, Maria de Nazaré.
Expliquem o que explicarem...a Nossa Senhora de Nazaré do Círio de Belém do Pará é ribeirinha, é mãe morena, é pés descalços na corda e na procissão; jamais seria uma realeza monárquica, o que ao meu ver é um insulto ao dogma católico de Maria, que na sua pequenez, assunta ao céu, resplandece humildade, humanidade e espiritualidade na simplicidade do que é ser cristã.
Deixo para reflexão um trecho sereno da Bíblia, no evangelho segundo São Lucas, capítulo 1, versículo 38: " eis aqui a serva do senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra"...
E, então, segue-se o belíssimo cântico de Maria a Deus em si:
" Minha alma proclama a grandeza do Senhor,
Meu espírito se alegra em Deus, meu salvador ,
Porque olhou para a humilhação de sua serva.
(...)
Ele realiza proezas com seu braço:
dispersa os soberbos de coração,
derruba do trono os poderosos
e eleva os humildes"
Lucas, 1: 46-52.
A mais do que isso, eu não sei o que dizer.
Não surpreende ninguém a Igreja Católica embranquecer, por costume catequético medievalesco mesmo. Embora os novos tempos temperem as vozes emergentes da contemporaneidade, o que se observa por exemplo em pronunciamentos oficiais do atual papa latino-americano, Francisco, chamado de Cardeal Jorge Mario Bergoglio. É na indignação mesmo da verbalização contra o silenciamento, contra o apagamento que até o óbvio tem que ser declarado sob o custo alto de que a omissão acorrenta, aliena e escraviza. É um cartaz, sabe. Parece neutro, "higiênico " ( ou seria eugênico?), limpinho e sóbrio. Quando o Círio em paradoxo é transbordamento, invasão mítica, estética e política, de uma gente ensolarada, misturada e comovida em múltiplas vertentes. Se unificar, unissonorizar, uniformizar...fica parecidinho com essa artificial embalagem que está falsificada mesmo. A dispersão, a divergência, a dissidência e a diversidade imanecem é nas mais verdadeiras e até espontâneas naturezas que o Círio acontece. São tantos Círios que o plural nos permite tentar transmitir a infinidade desse fenômeno, exuberantemente fiel a biodiversidade da Amazônia na gente.
quarta-feira, 5 de outubro de 2022
um país vítima do fascismo, brasil 2022
O seu Márcio Antônio, pai da vítima de covid-19 seu filho Hugo Nascimento Silva, faleceu e nenhuma JUSTIÇA foi feita por tantas mortes, já que o Brasil foi o país que mais matou e continua matando seja por covid-19, seja por tanta violência estimulada pelo pior governo da história recente desse país.
A injustiça desgraçadamente destruidora da família do seu Márcio Antônio, de muitas das nossas famílias, é RESULTADO DIRETO DA MENTALIDADE QUE DESRESPONSABILIZA O "chefe do executivo" INCONSEQUENTE DESSE PAÍS em prol de uma autoafirmação covarde.
É covarde não dizer seus monstros quando eles são causadores de MALDADES CONTRA TODOS AO SEU REDOR.
O racismo, o machismo, o terrorismo, a maldade, a manutenção da discriminação social contra as pessoas empobrecidas por esse sistema moedor de gente (chamado capitalismo), a defesa do direito de matar, a defesa do direito de ofender, a defesa do direito de mentir e de enganar e muitas outras falhas de caráter são adjetivos comuns a quem defende bolson@r0 ainda hoje, depois desse mandato agressivo e genocida.
A dor da família do seu Márcio só cresceu até aqui...talvez não seja possível ter compaixão, respeito ou mesmo alguma solidariedade por essa família, sendo essa INSENSIBILIDADE, essa falta de humanidade um indicador evidente de DESUMANIDADE. Uma característica comum a quem não tem nada a oferecer para o coletivo social se não for o desprezo por vida e o apego (patogênico) ao desejo de possuir, dominar, comprar, ter, ter e ter dinheiro, sanidade, conhecimento e muitos bens...mas nada disso faz alguém de fato melhor em algo.
A medalha do peito de um soldado que voltou vivo de uma guerra não cura a maldade que nunca mais lhe sairá do corpo, da mente e do espírito. O soldado, vencedor ou vencido, é sempre um resto de destruição.
Que a humanidade não seja perdida em nós. É o único bem que nenhuma arma coloca nem tira.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
Ou seria um que tem costumes escusos em grupos de WhatsApp com seus orientandos, com moças estudantes que pleiteam vaga na pós, que dizem as mais línguas do que se possa imaginar tem práticas sexuais estranhas com pessoas subordinadas a ele; mas no perfil "sério " do Facebook é - hoje em dia - apenas mais um nobre papaizinho (infelizmente, de uma pequenina mulher). 😔 Se o Facebook dele fosse um dossiê, por certo ele não teria tantas estrelinhas no seu intocável, implacável e impecável currículo lattes.
sábado, 1 de outubro de 2022
legado
E nenhum dia prestou homenagem às vítimas. Além de mexer com o nosso presente, debochar do nosso passado, quer apagar do nosso futuro a memória de um elo coletivo que foi renascer para honrar os nossos, sabe. Não é uma falta de consciência, não. Nem um simples despreparo. É falha de caráter, é ausência de humanidade mesmo. Diferentemente do que esses inconsequentes querem, não é possível negar em si mesmo. E a nós que demonstramos dor e indignação teremos disso tudo legado coragem. Aos que negam para fora esse "momento ", guardarão até quando um fruto mofado que no espelho grita "covarde!"?
contos de fatos sobre a romantização da monarquia na história propagandeada pela mentalidade ocidental (colonial)
a monarquia, como forma de governo, sempre deixou quieta, embaixo dos imeeeeeensos tapetes (roubados da Índia colonizada), a podridão de seus péssimos costumes. As historiografias incontáveis, os dossiês "sigilosos" que resultam em biografias resumidas demais (nas edições tendenciosas), muitos documentários e pesquisas sobre monarcas e suas "nobres" famílias reais, a realeza inteira, contêm História de fato com absurdos de promiscuidade aos mais variados crimes contra economia e humanidade. De assaltos a estupros, sequestros, invasões, cobranças de impostos mesmo até a imagem limpinha que se vende hoje para quem acredita em conto de fadas. Porém, a História da humanidade não esquece, e os registros - mesmo perseguidos - resistem, são como múmias, sagrados.
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
É um afronte indiscutivelmente racista e apologista. A família dessa ex BBB teve símbolos nazistas e supremacistas brancos associados às suas marcas e produtos. Chega a ser chocante imaginar que este brasil, minuscularizado do fascistoide, tenha esse tipo de abuso por parte do "direito à publicidade ". É um deboche nojento e deveria ser até criminalizado, caso houvesse em nosso país uma legislação exemplar reguladora de propagandas, mas o Lobby que sustenta a elite política brasileira não deixa. Se não é o "grande irmão " de 1984, do George Orwell, nem sei a quem comparar...a "mão invisível do mercado"...
imunidade eleitoral e NÃO "impunidade "...atenção ao tema já!
Toda atenção e cuidado sobre a lei de "imunidade eleitoral"
Qualquer pessoa que for observada em FLAGRANTE DELITO, isto é, qualquer crime INAFIANÇÁVEL" (como RACISMO, por exemplo, Lei n°7716/89) será presa sim; bem como autoridades que DESOBEDECEREM "SALVO-CONDUTO" para o qual a "imunidade " não está prevista, então, também poderá ser essa autoridade detida.
Então, cuidado com FAKE NEWS e com o desdobramento natural da ignorância sobre uma regra social que pode gerar a SENSAÇÃO DE BARBÁRIE, posto que todos estarão "favorecidos" em não serem presos.
Ainda quero reiterar: o Brasil é um país vergonhosamente racista e classista, portanto, é indispensável que seja conduzido de modo TRANSPARENTE o cumprimento dessa legislação, em especial às candidaturas de pessoas negras e representantes de "minorias" políticas.
Porém, não se pode esquecer do contexto perigoso em que nos encontramos todas as pessoas no Brasil durante este período eleitoral absurdamente vulnerabilizante. Por tudo isso, vamos votar com TRANQUILIDADE, RESPEITO, DIGNIDADE E GENEROSIDADE.
A PAZ, embora seja um trabalho coletivo, EXIGE UMA HUMANIDADE única e característica de quem exerce o direito de ser humano TODO DIA em si e para TODOS.
domingo, 25 de setembro de 2022
falta de consciência de gênero = patriarcado ou violência patriarcal
Esse posicionamento que às vezes coincide com alguma frase curta não explicada relacionada ao feminismo, por exemplo "meu corpo minhas regras" ou "não monogamia " ou "liberdade sexual feminina", resulta da heteronormatividade que subjetiva, em especial, mulheres com cisheterossexualidade autoafirmativa. Não é somente chamado de "feminismo liberal", também pode ser diretamente definido como "feminismo branco ou brancocêntrico" que reproduz a lógica do dominador/opressor diante de uma automisoginia "inconsciente ", ou alienação patriarcal ou ainda ausência de consciência de gênero - tal como se vê na falta de consciência de classe. Algumas leituras são super interessantes para autoproteção e autocuidado contra essa subjetivação muito agressiva e violenta mesmo: "A criação do patriarcado ", da Gerda Lerner; " A liberdade é uma luta constante ", da Angela Davis; "Saúde mental, gênero e dispositivo " da Valeska Zanello. Porque não é exatamente sobre "alimentar" ou não o "prazer maschista". É exatamente sobre NÃO MAIS EXERCER SOBRE SI MESMA E SOBRE OUTRAS MULHERES A VIOLÊNCIA ESMAGADORA que é o "dar prazer " ao patriarcado (que não tem gênero) enquanto uma mulher está sendo submetida a uma violência e uma violação sobre sua sexualidade e sobre o seu próprio corpo.
Super válido tudo, mas acredito que chamar de liberal engloba todas as outras questões.
Em um mundo capitalista, que é dominado por homens cis, brancos e héteros é natural que os discursos, mesmo que o feminista, sejam adaptados e moldados pra eles.
O capitalismo é capaz de vender qualquer coisa, inclusive militância.
Essa de "meu corpo minhas regras" é o slogam das estratégias comerciais que envolvem empoderamento feminino.
A gente tem que tá afirmando o tempo todo que o feminismo liberal é perigoso, seduz jovens que vão se expor em um mundo que ainda é perigoso pra elas, facilita a vida do agressor e dificulta ainda mais a nossa.
E pra isso precisamos facilitar ainda mais o discurso quando falamos de feminismo, mesmo entendendo que o assunto é mais complexo. Porque afinal a finalidade é que toda e qualquer mulher compreenda o espaço que ocupa na sociedade.
Dependendo do público alvo é indispensável deixar muito prático mesmo o que é feminismo sem descartar as diversas visões desse saber. Em um lugar de conversa entre manas, precisamos mesmo instrumentalizarmos-nos. Entre manas vizinhas, em uma roda, dizemos sobre o cuidado com o carinha que se faz de "desconstruído", por exemplo, ou àquele esquerdo macho que só gosta do rolê não mono quando a mana não é a namorada "oficial " dele, aquela que ele apresenta "pra família " e tem uma relação de "monopólio " sexual sobre ela. Porém, é preciso falar abertamente sobre o que já existe de livros, vídeos do YouTube, podcast para que mulheres como eu e você e quantas mais de nós o possível possam se proteger e proteger umas às outras. Como já ensina a Audre Lorde em "Irmãs outsider": " silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade ", pois falar e não calar, nem a si mesma e nem outra mana é instrumento de combate à violência de gênero que nos fere, nos explora, nos abusa, nos agencia, nos derruba, nos mata. É para não mais ver mulheres caladas diante de homens exploradores, estupradores, abusadores e violentos que eu me posiciono.
quinta-feira, 22 de setembro de 2022
a branquitude da capes e do diploma pira
Violência simbólica por meio de epistemologias , como eu chamo, brancocentradas ou eurocêntricas são sempre muito racistas, sempre mesmo. Além de tudo, há uma forma bastante comum ao patriarcado da ciência liberal e neoliberal: dominante (dominador = opressor) e dominado (colonizado, escravizado, desumanizado, reificado). Note que o outro, na "análise" eugênica dele, é um objeto a ser "manipulado", abstraído (retirado do meio e tornado isolado), um outro a ser controlado mesmo. Biopolítica e teorias sobre epistemicídio são as chaves interpretativas e metodológicas para desarmar esse tipo de "teoria". Eu prefiro Milton Santos em "Técnica, espaço, tempo"; Rita Segato "Crítica da colonialidade em oito ensaios"; antropólogos e demais estudiosos anticoloniais... essa visão é uma doutrina racista e mantenedora de violências irreparáveis às várias nações e etnias arrasadas pelos europeus.
quarta-feira, 21 de setembro de 2022
reducionismo e doutrina "feminista"
Sabe, gente, sexo é uma nomenclatura "biológica " criada pelo patriarcado que é a própria invenção da ciência em oposição ao conhecimento, aos saberes e às experiências. Toda vez que temos de escolher entre a "representação" genitalista fazemos alienadas pelo patriarcado. Se sexo ou é masculino ou é feminino, me explica a intersexualidade, descrita na humanidade desde os primórdios do pensamento analítico sistematizado no que a historiógrafa (FEMINISTA) Gerda Lerner identifica como Antigo Oriente Próximo (2.600 ac). Infelizmente, falta muuuuuuuuita leitura para determinadas "visões " de mundo serem minimamente críticas e enriquecedoras de debates CONSISTENTEMENTE aperfeiçoadores da experiência de existir no mundo, olha. Às vezes, certas obviedades precisam ser EXAUSTIVAMENTE repetidas mesmo nos grupos mais "instruídos " ( por privilégio mesmo) na nossa sociedade.
Carlota Philippsen as pessoas intersexes com as quais me relaciono afetivamente, incluindo um namoro com uma e amizades com outras, sempre criticam o binarismo "biológico" e imposto pela medicalização que é um instrumento instucionalizado da biopolítica e do controle patriarcal de corpos. Eu realmente não sei qual é a dificuldade de compreender que útero, vulva, ovários não são a definição absoluta de uma mulher. Do mesmo modo que não se define um homem porque este tenha ou não pênis, sacro escrotal e próstata. Vejam que esse "formato" que é antes de tudo um paradigma é sintoma inegavelmente do patriarcado, que é a violência do machismo. Machos é fêmeas são identificações de diversos seres vivos, incluindo plantas, insetos e até alguns helmintos. Sendo a "diversidade", nessas circunstâncias de vida na terra, uma referência constante, analisada em menor número porque a amostragem da ciência em escala industrial é por "produtividade " e não por referência circunstancial. Não é possível que em 2022, em pleno século 21, ainda tenhamos que explicar, desdobrar, ensinar, didatizar e "educar" conscientizando pessoas que têm TODA A OPORTUNIDADE DE LEREM (comprar livros, baixar DE GRAÇA pela Internet PDF de estudos atualíssimos sobre o tema, entre tantas e tantas outras formas de APRENDER MELHOR SOBRE UM TEMA). Sair, por favor, da bolha do assunto que se "gosta", que se tem "afinidade " é uma VACINA contra o negacionismo de um saber, de uma ciência e de uma humanidade a partir da antropologia, não do antropocentrismo que é doutrina dos século 18-19, do PASSADO. Enxergar a ciência, as pesquisas, os estudos para além de uma frase, um livro, um mesmo grupo de conversa "de sempre" é aprendizado vivo. Sair fos mesmos autores de sempre, da mesma doutrina ( como se vê o uso indevido da psicanálise e de outras informações provenientes de "pseudociência"). Gente, estamos para além da interpretação errônea de que "tornar-se mulher" é um tipo de "destino". A Simone de Beauvoir era metodologicamente EXISTENCIALISTA, jamais compactuaria com o determinismo do inatismo que deram para uma frase RETIRADA DO CONTEXTO DE UM LIVRO COM VÁRIOS VOLUMES e muitas outras obras como se faz cinicamente hoje em dia. Eu me recuso a calar, a ser silenciada, por um tipo de IMPOSIÇÃO pseudofeminista. Ser mulher não se contrapõe diretamente ao "oposto" único de ser homem. Já podemos ir para a realidade não HETEROSSEXUAL ou como eu chamo "heterodeterminada" que é o heteropatriarcado e passar para o que é indispensável HOJE.
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
ser um, mas não ser só, já que estamos em uma multidão SEMPRE
Angela Davis em "A liberdade é uma luta constante " faz exatamente esse percurso analítico ao se referir a "mártires" de lutas sociais, tais como Martin Luther King, Nelson Mandela e outras "personificações" de ídolos ou "símbolos". Ela refere a isso uma redução proposital de manifestações COLETIVAS, pensamentos comuns (no sentido de comunitários), limitando lutas gigantescas a ícones muitas vezes FORA DA HISTÓRIA, de um contexto e da própria realidade; assumindo assim um papel de "fantasia" para que não se torne comum certas práticas, naturalmente grupais. Daí que eu trouxe a reflexão da Davis para que seja necessário deixar de "personalizar" demais alguns propósitos coletivos a fim de naturalizar a certeza de que qualquer uma pessoa pode assumir iniciativas de lutas coletivas rotineiramente, mesmo sem a repercussão pública; garantindo que somos todes, todas e todos comuns em uma multidão, entre errantes, aprendentes e falhos sem qualquer exceção.
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
racismo de cada dia (escondido na branquice de sempre)
Tanto pra ele aprender sobre os AMERÍNDIOS pré-cabralinos, daqui da América do SUL, dos povos originários do nosso IMENSO E RIQUÍSSIMO BRASIL...a flor da relva encantada, que mora dentro do way que ele toma, deu esse importanticíssimo conselho "brancológico", famoso racistinha metido a "nórrrrrrrrrrdico" e "ancestral de branquice", com Saturno na astrologia de meme dele em "EU SOU BRANCÃO"... o lobo escuro é ruim...ALÉM DE BURRO o encardido é racista...vontade🤢 de VOMITAR OLHA🤮🤮🤮🤮🤮 só vi o começo e depois queria conseguir mandar uma maldição marota pra ele onde quer que ele infelizmente exista...e fábula é o c@ralh0 da onde ele veio...fábula é gênero textual onde SÓ ANIMAIS SÃO PERSONAGENS, como se fossem humanos, então, se diz que é um conto da figura de linguagem prosopopeia ou personificação (sendo ÁPOLOGOS com personagens objetos e não gente)...é CONTO "de fadas" porque é da branquice eurocêntrica do inferno... que bolo de merda esse, olha
segunda-feira, 12 de setembro de 2022
de si,< lei>t/dura=?
Existem muitos dispositivos que influenciam na subversão e na contravenção do paradigma. A leitura, realmente, parece mesmo ser um deles, quando inclusive olhamos para nossas próprias experiências de vida. Ainda assim, fico sempre me perguntando - na vivência em uma cidade do interior do nordeste do Brasil - como existe a transgressão ainda que em ambientes sem o costume da leitura, sem a cultura proveniente do letramento intelectualizado. E existe. Nesse contexto, eu me vejo diante de uma provocação freireana acerca da leitura de mundo, posto que Freire deixa claro, "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto". Uma visão dialética em que a representação do mundo forja até mesmo os sentidos encontrados através da leitura. Então, como é constante no materialismo dialético de Freire, se encontra o ato de ler, o trabalho da leitura que se inscreve na historicidade das narrativas, desvelando subjetividades e subjetivações. A nossa leitura nos desvela, nos desnuda e nos narra. De modo que as representações provenientes das leituras sobre Marx hoje jamais poderão ser confundidas com as originadas na contemporaneidade do próprio autor, portanto, nem mesmo Marx se leria hoje, como o fez anteriormente. O mundo da leitura, assim, me parece uma impressão da leitura que o mundo tem de si. Eu gosto das provocações freireanas sobre a experiência subjetiva de inteligir a realidade através do espelho de si. Afinal, o mundo não é nada a mais do que se pode ver dele por si. Como diria Wittgenstein "os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo", e aos que desejam a subversão nenhuma leitura é dona dos sentidos porque estes podem ser selvagens.
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
religião
Sabe o que é pior, na minha visão, é a generalização. É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal. Não há personalidade, não se respeita a identidade étnica, não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso, que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização. Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento, sem a indignação emancipatória, o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão, em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor. Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão, o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.
Amanda Rocha eu me considero uma católica, cheia de minhas próprias visões sobre o mundo. Então, quando ouço uma homilia fecho os olhos e tento enxergar nas palavras o abraço de comunhão, tipo Deus entre nós. Nem só pra mim, nem só pros meus, nem adiante ou atrás, sabe...no centro, do nosso lado. É, assim, que sinto a minha expressão de espiritualidade, sabe. Ser católica é uma escolha afetiva, nunca me deixei achar missão ou obrigação. Eu sinto a louvação em relação à Maria, como um legado que tenho entre eu e minha própria mãe- que já foi mais de década presidente na Legião de Maria na paróquia do bairro. Portanto, me considero de dentro. E não tenho como identificar quem possa estar mais de fora, senão quem não compreende o amor como o melhor meio de praticar essa ou qualquer outra religião.
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
não sirvo a quem se quer fazer senhor de mim
Sabe o que é pior, na minha visão, é a generalização. É a fala da branquitude nele que faz do homem, no caso o padre, um ser universal. Não há personalidade, não se respeita a identidade étnica, não existe princípio de ser humano em dignidade e diversidade. A catequese colonial que explorava, violava e impunha a "concepção " autoritária do mundo eurocêntrico está ofensivamente expressa nesse discurso, que demonstra o racismo agudo e naturaliza a desumanização. Não está na responsabilidade individual deste padre essa moral opressora. Está na fala histórica desse ser humano o princípio da manutenção do próprio aprisionamento, sem a indignação emancipatória, o que para mim é resultado direto de uma pedagogia da opressão, em que um oprimido demonstra a lógica violenta do próprio opressor. Para que uma humanidade seja comunalmente autônoma, ela precisa de uma busca incessante do questionamento da própria opressão, o que é muitas vezes enlouquecedor. Dessa prática "religiosa ", eu também me abstenho. Dissido na contramão do que se pensa ser senhor.
domingo, 14 de agosto de 2022
entre ricos entre pobres entre sis
Ricos × pobres ?????
Não!
exploradores × trabalhadores = infelizmente, não.
exploradores + explorados × trabalhadores + pessoas desumanizadas = sim. E não "tá, tudo bem"!
Onde o explorador, o opressor e o tirano se conjugam; nenhuma forma de humanidade permanece definida.
Hoje o trabalhador de ontem pode estar desumanizado.
Entre os opressores, eles apenas mudam entre si de cargos.
Ser hoje trabalhador e querer, desejar meeeeeesmo, até idolatrar a "oportunidade" de virar mais um explorador não é "sonho", infelizmente é autoextermínio. Amanhã quem sabe onde esse sonho pode parar? O troféu não alimenta, os aplausos não matam a sede de um tigre faminto, indomável. A história de "se tornar melhor" vira dogma, religião, vício. Não existe um freio que impeça o próprio desamor.
Há quem chame de "delírio ", "loucura", "mal-estar", amargura...
Eu considero um perigo uma gente vivendo com seu próprio inimigo por dentro.
Muitas histórias nessa tragédia anunciada ouvimos, ouço e será ouvida.
É triste desistir de ser quem se é por delírio por causa do opressor.
sexta-feira, 5 de agosto de 2022
quem eu sou? eu dissido
Quem eu sou?
Eu sou quem não foi, quem não irá e quem não fez trato algum.
Eu sou os meus "NÃOS ", os sins não em mim são senão outros, impostores, invasores, eu NÃOS.
Eu sou se eu estava firme, se eu gritei, briguei e disse "me respeite".
Eu sou quando não peço "me aceite". Eu repito em meu peito um silencioso "NÃO ".
Se eu ri sem jeito, não estava ali.
Se eu morri de medo, eu sobrevivi.
Se eu caí e permaneci, eu estive. Não estou mais. Não me sabem lama, areia, pedra e ademais.
Não me suponha, é perda de tempo, se enxergue.
Não me imponha. Crie em si a vergonha de querer um controle remoto.
Não me procure. Quem me achou, nem sabe.
Ao me olhar, cale.
Ao me tratar, desvie.
Ao me receber, estive.
Eu fui. E você passagem.
Eu caminho. O outro, em mim, miragem.
Deserto. (Desertar, não desistir, abandonar, partir)
Dissido. (Do verbo dissidir, do vocábulo dissidente, por essência dissidência)
Não me compare.
Não sou descritível.
Se achar que me conhece, repare.
Repare em si, eu - no seu espelho - sou invisível.
Não busquei, não fui, nem falei.
Não me importei.
Não perguntei.
Não me enquadro.
Eu não caibo.
E não pedi sua opinião.
Em mim, quem eu não sou é dispensável.
Imagina, em si.
Para que se quer sobre o outro o que não é nada nem a si?
domingo, 10 de julho de 2022
Há algo que você nunca poderá comprar em um relacionamento: Intimidade.
A intimidade de mesmo sem roupa sentir-se bem ao lado de alguém. A intimidade de se olhar no espelho e mesmo se sentindo feia ainda assim voltar para a cama e deitar ao lado de quem você gosta como se esse fosse o lugar mais seguro do mundo.
Vai dizer que já não aconteceu com você de sair com alguém que parece incrível e aí na hora de tirar a roupa veio toda aquela insegurança. Pois é, porque não importa o quanto a outra pessoa pareça incrível, a intimidade só vem quando você tem certeza que aquela pessoa consegue ver dentro de você.
Intimidade expõe os defeitos... e se o outro fica quando esses defeitos surgem isso significa o quanto essa pessoa realmente gosta de você.
Intimidade é o que torna o sexo incrível, é o que faz o tesão atingir seu máximo. Intimidade é o que faz você encostar a cabeça no peito da pessoa e sem precisar falar nada se sentir protegida.
Eu tenho pena de quem nunca sentiu isso e mais pena ainda de quem desperdiça isso. Sentir-se seguro com alguém e, mais do que isso, sentir que alguém se sente seguro com você... é a sensação mais incrível que existe quando se trata de relacionamento.
Intimidade traz cor aos dias cinzas, traz força para quando o mundo parece desabar, traz conforto quando a vida é dura demais com a gente.
Mas a intimidade você não pode comprar, não pode subornar com beleza, dinheiro, perfume e charme. Não, a intimidade é nua, ela é o que você é, não o que você quer parecer ser.
Intimidade. O elo mais forte de um casal. É quando baixamos o escudo e deixamos o coração exposto. Um golpe aí nos destrói, mas quando acontece a cumplicidade é a certeza de que aquelas duas pessoas finalmente se conhecem e amam.
sábado, 9 de julho de 2022
Depoimento a Lia Hama - Revista Piauí
Beatriz Matos
Conheci meu marido, Bruno Pereira, em 2010, quando ele era o coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Atalaia do Norte, no Amazonas, responsável pela Terra Indígena Vale do Javari. Eu já trabalhava no Vale do Javari desde 2005, mas naquela época morava no Rio de Janeiro, fazia doutorado e estava em viagem de campo a uma aldeia matsés da região. Conversamos rapidamente e gostei do sotaque pernambucano e do jeito debochado dele. Anos depois nos reencontramos e vivemos uma paixão avassaladora. Deixei para trás minha vida carioca e fui morar com ele num sítio perto do município de Atalaia do Norte.
Em 2016, nos mudamos para Belém do Pará porque eu havia passado no concurso para me tornar professora de Antropologia e Etnologia Indígena da Universidade Federal do Pará (UFPA). Fizemos a união estável e tivemos dois filhos: Pedro Uaqui, hoje prestes a completar 4 anos, e Luis Vissá, de 2. Enquanto eu dava aulas na universidade, Bruno realizava expedições periódicas para terras indígenas em Rondônia, Maranhão e Amazonas.
Foi um período intenso de formação dele com grandes sertanistas, como Rieli Franciscato e Altair Algayer. A floresta era o lugar onde Bruno se sentia mais à vontade. Ele queria aprender a fundo como monitorar a movimentação dos indígenas isolados, entender por onde eles andavam e de que forma os territórios deles estavam sendo invadidos. Aprendeu a falar a língua dos Matis, dos Matsés e um pouco da dos Kanamari.
Sua dedicação à causa indígena era enorme. Era um comprometimento existencial dele. Bruno tinha uma personalidade forte, era bastante intransigente, o que muitas vezes causava atritos com colegas de trabalho. Para ele, a proteção do território indígena era algo inegociável, não havia concessões, e por isso às vezes acusava outros funcionários da Funai de serem “pelegos”.
Mudamos para Brasília em 2018, quando ele assumiu a Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Funai. Pedro tinha apenas 2 meses. Poucos indigenistas dessa geração conseguem fazer o que ele fazia: conjugar a experiência de mato dos sertanistas mais velhos com a habilidade administrativa de conhecer a máquina do Estado. À frente do CGIIRC, Bruno coordenou ações importantes junto com a Polícia Federal para desarticular a atividade de garimpo em terras indígenas. Foi quando ele começou a chamar a atenção dos garimpeiros ilegais.
Quando conheci Bruno, ele já recebia ameaças de morte, mas houve uma escalada na violência após a entrada do governo do presidente Jair Bolsonaro. O recado do governo federal aos garimpeiros, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais é claro: “Podem tocar o terror porque não vai acontecer nada com vocês.” Esses pescadores ilegais que confessaram a participação no assassinato do Bruno e do jornalista Dom Phillips são conhecidos há muito tempo na região. Não é de hoje que têm conflitos com os indígenas e a Funai. A novidade é a coragem para cometerem o crime em plena luz do dia, com várias testemunhas. Provavelmente acharam que seria mais um assassinato a ser esquecido.
Em 2019, um parceiro do Bruno no combate à invasão das terras indígenas do Vale do Javari, o indigenista Maxciel Pereira do Santos, foi morto com dois tiros na cabeça. Ele estava com a filha na garupa da moto quando foi alvejado na avenida principal de Tabatinga (AM). A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) denunciou essa mesma turma do Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado [principal suspeito de ser o responsável pelas mortes de Bruno e Dom], ao Ministério Público Federal do Amazonas e nada aconteceu.
Esses crimes bárbaros estão acontecendo em várias terras indígenas espalhadas pelo país. Todos os colegas que atuam nas regiões têm algum caso escabroso para contar. Em novembro de 2019, assassinaram Paulo Paulino Guajajara, uma das lideranças dos Guardiões da Floresta, grupo de indígenas que fazem a vigilância do território de etnias Guajajara, Kaapor e Awa-Guajá, no Maranhão.
Bruno estava incomodando muita gente. No final de 2019, ele foi exonerado do cargo de coordenador dos povos isolados após uma grande operação junto à Polícia Federal que detonou balsas de garimpo ilegal no Vale do Javari. Ele então pediu uma licença não remunerada da Funai e passou a atuar como assessor da Univaja , pois avaliava ser inviável fazer um trabalho sério na Funai sob a gestão de Bolsonaro. Voltamos a morar em Belém.
Fiquei com muita raiva quando disseram que Bruno estava numa “aventura” quando sofreu a emboscada. Ele não era nada irresponsável, pelo contrário, sempre foi muito cauteloso. Tinha porte de arma pelo menos desde 2015 por causa das ameaças. Dom estava escrevendo um livro sobre a Amazônia e Bruno foi levá-lo para entrevistar os ribeirinhos. Ele estava conversando com o pessoal das comunidades sobre as alternativas de manejo do pirarucu. Muitos pescadores mantêm diálogo com a Funai e os indígenas. É uma tarefa difícil porque a pesca ilegal e o tráfico de drogas rendem muito mais dinheiro do que o manejo. Minha impressão é de que, insuflada pelos discursos desse governo federal, a turma do Pelado quis impor outro regime: “Não vamos mais negociar. Agora quem manda aqui somos nós.”
Eu estava com meus filhos em Belém quando recebi a notícia do desaparecimento de Bruno. No domingo (5/06) à noite, o Beto Marubo, da Univaja, me ligou: “Bia, o Bruno estava retornando de uma reunião, era para ter chegado a Atalaia por volta das nove da manhã e não chegou. Estamos com nossas equipes de busca atrás dele.” Levei um susto na hora, mas não fiquei desesperada porque conheço a região. Pode acontecer de a canoa alagar e a pessoa ficar pendurada numa árvore esperando por ajuda. Achei que fosse o caso do Bruno.
A agonia foi crescendo conforme os dias foram passando e não havia sinal dos dois. Eu combinei com uma amiga que ela poderia ficar comigo e meus filhos em casa, caso acontecesse alguma coisa grave. Sou de Belo Horizonte e o Bruno era de Recife, então minha rede de apoio em Belém é formada apenas por amigos.
Mantive a esperança de encontrá-lo vivo até o último minuto, mas é claro que, à medida que os dias passavam, as chances diminuíam. Eu me apegava às histórias de outros sertanistas e lembrei do caso de um grupo que sobreviveu a uma queda de avião no Vale do Javari. A aeronave caiu na água e, dois dias depois do acidente, quando todos haviam sido dados como mortos, os indígenas encontraram os sobreviventes. Entre eles, havia uma grávida que deu à luz uma menina.
Fiquei em contato permanente com o Beto Marubo, da Univaja, e com o pessoal da OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), uma organização não governamental que o Bruno, eu e outros colegas fundamos em 2020. Quatro pessoas da OPI estavam acompanhando as buscas no local. Quando encontraram as mochilas com os objetos deles amarrados no fundo do rio ficou claro que o pior podia ter acontecido. Mandaram uma foto e reconheci a bermuda do Bruno e a carteirinha do plano de saúde dele. Foi avassalador.
Esses dias de buscas foram uma loucura. Eu passava o tempo todo acompanhando o Twitter, as mensagens no WhatsApp, atualizando as páginas de notícias. Não dormi quase nada porque estava ansiosa demais. Na segunda-feira (13/6), li no Twitter que a embaixada brasileira em Londres havia avisado a família do Dom de que os corpos tinham sido encontrados. Senti taquicardia na hora, mas logo raciocinei: “Calma, pode ser que seja fake news.”
Eu estava certa de que receberia as notícias em primeira mão do pessoal da OPI e da Univaja. Liguei para a Carolina Santana, do OPI, e ela me falou: “Não é verdade, o pessoal continua com as buscas, não encontraram corpo nenhum.” Demoraram algumas horas até voltarem atrás e desmentirem a informação.
Vivi uma montanha russa de emoções: do desespero à esperança, da tristeza à alegria, até que a notícia que eu mais temia chegou. Na quarta-feira (15/6), a Carolina Santana, do OPI, me ligou e disse: “Bia, recebi a notícia lá do pessoal no campo: encontraram os corpos.” A palavra corpos, na verdade, era um eufemismo, porque eles foram esquartejados e queimados. Encontraram os restos mortais deles. Mas a única coisa que eu conseguia pensar na hora era: “Tomara que o Bruno não tenha sofrido.” Fiquei aliviada quando soube que primeiro ele levou um tiro e já não estava vivo quando o resto da barbárie aconteceu.
Não sei de onde tirei forças para enfrentar esse horror. Ao mesmo tempo em que eu tinha que lidar com os detalhes devastadores da tragédia, precisava tomar providências práticas, como ir ao dentista buscar a radiografia da arcada dentária do Bruno para comprovar que os restos mortais eram mesmo dele.
A questão mais delicada era dar a notícia aos nossos filhos. Recebi uma orientação da minha psicanalista. Quando o Bruno não voltou, falei: “Papai teve um problema muito grande no trabalho, vamos ter que esperar porque ele está com dificuldade.” Eles perguntaram: “Mas o papai vai voltar?” Falei: “Não sei, mas temos que torcer para que sim. A mamãe está chateada, mas o papai é forte.” Quando recebi a confirmação da morte, expliquei: “O papai estava defendendo os indígenas e tinha um pessoal que queria invadir a terra deles. Aí teve uma briga e o papai não vai mais conseguir voltar.” Pedro, o mais velho, perguntou: “Mataram o papai?” Respondi: “Sim.” Luis, o caçula, questionou: “Mas atiraram nele?” Tive que contar a verdade.
Elaborei então a parte espiritual: “Mas, olha, o papai vai estar sempre aqui com a gente, ele vai viver nos nossos corações.” Os dois ainda estão digerindo o que aconteceu. Em muitos momentos falam do pai, lembram do que fazia. Levei os dois para minha cidade natal, onde se distraem com as primas. Estou tentando preservá-los ao máximo do assédio de jornalistas. Não deixei que fossem ao velório do pai porque seriam alvo fácil das câmeras.
Fiquei impressionada como povos indígenas de diferentes etnias tomaram para si a morte do Bruno. Recebi vídeos dos Matsés raspando o cabelo, algo que eles só fazem quando os parentes deles morrem. Vi homenagens dos Kanamari, dos Guarani e dos Kayapó. É como se dissessem: “Estão matando a gente e estão matando os nossos aliados.” Apesar de nunca terem atuado ao lado de Bruno, os Pankararu e os Xukuru foram homenageá-lo cantando suas músicas no velório em Recife. Foi emocionante ver esse reconhecimento porque ficou claro que a importância do Bruno extrapolou as fronteiras do Vale do Javari.
Trabalho com os indígenas há anos e é muito raro receber esse tipo de reconhecimento. O mais comum é eles ficarem desconfiados: “Vocês são brancos e vieram roubar a nossa cultura. Querem ganhar dinheiro às nossas custas.” Para mim, a parte espiritual do Bruno está muito bem encaminhada. Eu realmente acredito que ele está comigo e com os meninos. Posso ouvi-lo dizer no meu ouvido: “Ô, Beatriz, se liga, para de chorar. Vai em frente, que você é forte.”
Bruno seguia os rituais xamânicos e tomava ayahuasca com os indígenas. No vídeo que viralizou, ele canta uma música que é de iniciação dos pajés Kanamari. Fala sobre a árvore da ayahuasca que dá sua seiva aos pajés, assim como a arara dá comida na boca dos filhotes. Bruno cantava essa música para os meninos dormirem. Quando os Kanamari explicaram a canção à imprensa, eles fizeram uma metáfora com o Bruno: “Assim como a arara alimenta os filhotes, o Bruno também nos alimentava.” Os indígenas dizem que ele virou um encantado, um espírito protetor da floresta.
Quando a morte foi confirmada, o ex-presidente Lula me ligou para prestar condolências. Disse que quer se encontrar comigo quando for a Belém. Já de Bolsonaro não recebi ligação nenhuma. Pelo contrário: ele realizou uma motociata em Belém dois dias depois de encontrarem os corpos de Bruno e Dom. No velório em Recife havia representantes dos governos estadual e municipal, mas ninguém da esfera federal.
Eu desejo que os assassinos sejam presos e paguem pelo que fizeram, mas, mais fundamental do que isso, é evitar que crimes como esses se repitam. O mais importante é que seja possível voltar a transitar com segurança pelos rios do Vale do Javari, que os servidores da Funai tenham condições de trabalhar de verdade na região, que os povos indígenas possam viver sem a ameaça de invasão e destruição de seus territórios. Ali é o meu local de trabalho e quero poder voltar lá com meus filhos para que conheçam o local onde o pai deles atuava.
Eu comparo a morte de Bruno ao assassinato do seringueiro e sindicalista Chico Mendes e da missionária americana Dorothy Stang. Ambos foram assassinados por defenderem a preservação da floresta amazônica e dos povos que vivem nela. Que a comoção provocada pelas mortes de Bruno e Dom sirva para melhorar as condições de vida dessas pessoas e de seus aliados. Nada trará o Bruno de volta, mas espero que sua morte não tenha sido em vão.
terça-feira, 17 de maio de 2022
abstinência - livro de Marina Félix
Ele não vai te entender, desiste.
Não vai te abraçar domingo pela manhã
Ficar com você na cama...
Não. Ele não sabe nada de você.
Não te enxergou todo esse tempo.
Não gosta do sabor do seu beijo
Nem dos seus vícios...
Ele não vai te entender, desiste.
Ele amou todas elas, menos você.
Sua mania de mexer no cabelo quando está com sono, ele não sabe.
Não te levou pra passeios no parque
Não perguntou como foi seu dia
Então por que você fica?
Ele não sabe sua cor favorita
Ele nunca te escreveu uma poesia.
Ele te acha louca, desequilibrada
Pensa que você além de gostar dele, gosta só de cachaça
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nada sabe do seu sofrimento
Nunca perguntou dos seus arrependimentos
Ele não liga para suas histórias
Por que você não deixa logo ele ir embora?
Não chora.
Ele não vai te abraçar quando você sentir medo
Ele não sabe como você se olha no espelho
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nunca viu constelações inteiras nas suas pintas do pescoço
Nunca viu o amor que você transborda na hora do gozo
Nunca sequer te viu, mesmo te olhando no olho.
Não chora!
Seja forte! Deixa ele ir embora.
Se despede!
Ele nunca vai cuidar quando você estiver com febre
Esquece.
Ele nunca te deu um livro
Nunca foi de verdade seu amigo
Ele não vai te entender, desiste.
Não insiste.
Deixa uns recados pela casa
Que quando ele fala das outras isso te mata
E que ele diz que você é ingrata.
Ele não sabe de nada.
Não reparou que você mudou o cabelo
Não te elogia nem nos seus dias mais vermelhos
Ele te nega beijo.
Ele não liga que você chora
Não pensa duas vezes antes de ir embora
Mas ele sempre volta.
Por que?
Não ajuda não ele a responder.
Você nunca vai se entender.
Mas pelo menos, insiste!
Dele? Desiste.
(aliás...minha cor favorita é verde).
Poema do meu livro Abstinência
Para comprar meus livros no site
www.marianafelix.com.br
sábado, 14 de maio de 2022
dinâmica de espelho
Quando eu olho pro meu desejo, desvio o sentido
Eu não quero vê-lo assim tão cru, tão nu, tão bruto
Revesto o que não domino
Eu busco ao revesti-lo distrair o motivo
Traio meu próprio desejo
Fantasio o meu objeto de medo
Me assusto
Me afasto
Me largo
Eu lhe deixo... pai
Eu queria o que não vejo
Queria o que não tenho
Não é meu
Não posso prendê-lo
Ele se foi, eu não o vejo mais
Debaixo do revestimento, o que jaz?
Pra onde foi?
Eu estou atrás?
As respostas que persigo
São velozes e vou no outro sentido
Lento
Leio
Tiro a roupa
Apareço
Olho
No espelho
O nu do espelho
Eu me fecho
Não posso ver
Mas quero ser
Eu mesma no espelho que atravesso
Por desejo
Por sentir tanto
Por querer mesmo
Por mim
terça-feira, 10 de maio de 2022
Vaca profana, a democracia cambaleante, o brasil minúsculo e o contraditório pedagógico em ano eleitoral
Meu posicionamento sobre o conflito entre os discursos mais inconciliáveis e o atual programa de lançamento da pré-candidatura de Lula para presidente é muito favorável à crítica cirúrgica e URGENTE proposta por Rita Von Hunty - como símbolo de uma frente crescente na esquerda brasileira: muuuuuitos, que vemos com um pé e mais atrás o chuchu, vulgo alckmin (minúsculo que é para mim).
Não cancelo Rita, nem Jones Manuel, nem muitos companheiros do lado esquerdo da força porque fui eleitora do PSTU desde o meu primeiro voto aos 17 anos, era 2004. Meu primeiro voto em Lula foi no 2° turno, pois no 1° turno daquele 2006 Heloisa Helena chegava com o PSOl. MEU 1° VOTO FOI EM UMA CANDIDATA À PRESIDENTA. Não tenho arrependimento sobre aquele momento.
Sigo compreendendo a necessidade do DEBATE DEMOCRÁTICO mais periférico o possível, mais das minorias, mais ABOLICIONISTA, mais ANTIRRACISTA, mais FEMINISTA, mais muuuuito mais mesmo em favor da vida dos povos originários e das comunidades tradicionais, mais ao NORTE, mais da gente...eu sei que parece utópico, mas eu realmente aposto em se MOTIVAR A ANÁLISE CRÍTICA para melhorar e muito o que for de educacional na campanha eleitoral de 2022.
Apesar de tudo o mais...e - SOBRETUDO - quero poder votar em LULA, logo no 1° turno, porque o fascismo anda escancarado e nenhuma humanidade está ilesa.
Apenas, não tiro o direito de quem quiser criticar o que for para melhorar esse projeto de um novo mandato de Luis Inácio Lula da Silva como presidente para o Brasil mais uma vez. É um pedido mesmo de socorro pela democracia e pela soberania do nosso país.
"Mas eu também sei ser careta.
De perto ninguém é normal.
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é 'meu bem, meu mal'
(...)
Deusa de assombrosas tetas,
Gotas de leite bom na minha cara,
Chuva do mesmo bom sobre os caretas" - Vaca profana, Caetano Veloso
Pra não esquecer do contraditório, sem ser blef, afinal os non sense é que seguem o som de um homem só.
sexta-feira, 22 de abril de 2022
família patriarcal e a exploração do trabalho executado em casa POR MULHER
Geralmente, as mulheres da família tradicional, família patriarcal (dispositivo de violência simbólica de gênero) , SÃO OBRIGADAS A FAZER AS TAREFAS DOMÉSTICAS, o que é UMA PRISÃO violenta para uma vida.
Não se trata de dizer que as tarefas domésticas sejam por si mesmas escravizantes, violentadores ou sacrificantes. Não é isso! Mesmo porque QUALQUER ADULTO FUNCIONAL, ou jovem, ou adolescente (até mesmo crianças e idosos) podem fazer isso de acordo com uma distribuição equitativa e bem distribuída a fim de que uma casa seja o lugar de DESCANSO, SOSSEGO, AFETO e ACONCHEGO para os moradores.
Entretanto, são, SOBRETUDO, as mulheres obrigadas, isto é, COMPULSORIAMENTE incumbidas desse FARDO - que se torna até a escravização, a exploração, o aprisionamento dessa subjetividade e dessa pessoa. Esse trabalho se torna INVISÍVEL, ou melhor dizendo, se faz invisibilizado para que a exploração possa ser perpétua. Muitas são as mulheres que se tornam subalternizadas, submissas, escravizadas e prisioneiras de um cotidiano exaustivo, exauridor e potentemente patológico. Essa violência patriarcal gera sofrimento contínuo, dores, angústias e prostração.
A família patriarcal é o meio pelo qual essa violência de gênero FUNCIONA. É, em casa, no seio da família que essa forma de exploração acontece. Não tem repercussão pública, por se tratar de um padrão de exploração de mulheres NATURALIZADO. Por exemplo, quando a mãe cuida de TUDO dentro de casa enquanto marido e filhos podem ter seus planos, sonhos, projeto e objetivos traçados, executados e vivenciados. Nesse mesmo momento, a vida dessa mulher está PRESA nos tentáculos de um "amor" em forma de trabalho doméstico NÃO REMUNERADO, NÃO RECONHECIDO, NÃO MOSTRADO E MUUUUUUUITO MENOS VALORIZADO, isso porque a demonstração pública dessa violência deixaria a família fragilizada enquanto "lugar de amor", "lar" e "refúgio", sendo na realidade lugar de exploração, subalternização, submissão, escravização e subordinação de mulher.
Muitas vezes, a mentalidade (aparentemente ingênuo) de que uma mãe TEM QUE CUIDAR DA FAMÍLIA, DA CASA, DOS FILHOS, DE TODOS E DE TUDO é o motor, a principal engrenagem, o dispositivo VIOLENTO e colonizador contra as mulheres. Consequentemente, a mulher que é OBRIGADA a ficar com o "trabalho doméstico" se torna esvaziada de sua VONTADE, de seus próprios planos, de seus objetivos e de sua própria vida que passa a ser ALIENADA e dolorosamente dependente do que os outros querem, precisam, exigem e demandam. Ela deixa de ser mais uma pessoa da casa e se torna COISA DE TODOS, como uma máquina mantenedora da rotina para que as outras pessoas da casa possam ter suas vidas funcionando socialmente. Essas mulheres deixam de existir no espaço público e político, passando a serem enclausuradas e até prisioneiras de um patriarcado SENHOR, SEVERO e DONO da própria vivência delas.
A família tradicional é o patriarcado mais CRUEL que uma mulher conhece, pois seus mando e desmandos são TIRÂNICOS, como em uma ditadura silenciosa a esmagar a liberdade de ser, de estar e de viver dela. Essa violação apelidada de "amor incondicional", de "cuidado materno", é uma violação brutal da própria dignidade e da existência da pessoa, sobretudo, da mulher doméstica ou "mãe " a "rainha" ou seria melhor definir "escrava do lar", a "serva da família ". Todo cuidado é pouco quando se mexe no centro substancial da falácia do "amor familiar".
segunda-feira, 4 de abril de 2022
minimalista desde que me reconheci
Eu tenho um excesso de mim...é como me sinto. Então, desde criança - vinda de uma família ribeirinha (interior do Pará) - convivi com as mínimas certezas, com simplicidade e muitos valores de espírito. Era preciso ser de dentro pra fora... e na busca de esvaziar-me dos excessos de mim mesma, procuro limpar os outros sentidos: visão menos cheia de estímulos, paladar mais sensato, olfato limpo e orientado paraba natureza, audição afinada e econômica, por fim, um tato que não anseia mais do que equilíbrio na temperatura, nos apegos e no que se referir. Eu sou de fato assim e hoje me lapido tanto mais aos 34 anos completos.
domingo, 20 de março de 2022
não há uma só verdade feminista...a branquitude não consegue se governar
Eu não gosto da interpretação que fazem dos livros da Clarissa. Gosto demais do estilo poético dela. Sou professora de Língua Portuguesa, Literatura, Arte, Redação. Estudo um pouco de antropologia, filosofia, historigrafia (feminista), feminismos, psicanálise e literatura feminista, marxista, negra e dissidente. Aprendi muito que os comentários, as leituras mesmo, as interpretações (às vezes um tanto equivocadas mesmo) são fruto de uma falta de leitura própria sobre os livros sabe. Sobre como quando falam de Freire, só por falar, só para descredibilizar mesmo. Eu acho ruim isso. A Clarissa é de origem russa e por isso se tornou pesquisadora das narrativas ancestrais da sua ascendência familiar. A família dela foi morar nos Estados Unidos e, mesmo assim, havia quem se opusesse ao agressivo processo de aculturação tão caro aos supremacistas do racismo estadunidense, a maioria até dos intelectuais (até Zygmunt Bauman e Chommysk). Então, li "Ciranda das mulheres sábias" como quem sentava ao lado de uma irmã mais velha ou uma vizinha mais velha e seguia ao alento do tempo. É um bálsamo, sabe. Tenho muitas leituras duras, aflitivas e cheias de dororidade. Ler Clarissa me colocou em um colo e me ninou. Eu sosseguei. Há quem distorça, por exemplo, "Mulheres que correm com os lobos". O que para mim é uma agressividade desleal de leitor ruim mesmo. Dizer por exemplo que ali se tem "arquétipos universais" ou tipos generalizantes de gente é de uma superficialidade que parece um resumo ruim de internet. É uma pesquisa tão autobiográfica, porque se trata de narrativas genealógicas de uma ascendência quase siberiana. Por isso os lobos, por isso os fantasmas azuis, por isso a selvagem mulher ser em si uma mulher de um lugar primitivo, mítico mesmo e elementar para a própria autora. Chega a ser parecido com ler narrativas lendárias ameríndios e amazônicas. Ou ouvir minha mãe (ribeirinha, população tradicional no Pará) falar das histórias que ela ouvia quando criança. Me vejo olhar as margens de rios de águas escuras e serenas, cheias de verdades escondidas sobre a mulher tão profunda que me habita em algum lugar clandestino da mente perdida. Então, me desculpe se eu estou sendo chata ou inconveniente, não se pode culpar a autora pelo uso distorcido, pela interpretação apressada e pela justificativa injusta de quem leu para se alienar.
o Brasil que anda de sandália.
Enquanto a cenoura estava R$15kg no Preço Baixo (atacado), decidi ir à feira. Andei mais, sorri mais e até planejei mais. Chegando nas barracas, os preços mais em conta, as falas mais sensatas, comprei fruta, carne e goma pro cafezinho. Disse muitos "muito obrigada" e pensei: dessa gente, como eu, em que trabalho é compulsório e não tem o respeito do governo elitizado e predatório, é daqui que vou comer, daqui que vou tirar forças. Estava entre os meus, sabe. Entre gente como eu. Sandálias, vento, chuvisco e trabalho no rosto e sangue. E uma vontade imensa de não desistir de si. É um desabafo sobre a vida cotidiana que deveria retribuir aos verdadeiros construtores do hoje, de ontens e de sempres. Sem a nossa humanidade, nem um Brasil seria possível. É do chão de trabalho no asfalto que precisa sair o governo. O Brasil precisa saber quem de fato ergue o amanhã no peito.
segunda-feira, 7 de março de 2022
dissidência 8M
Poema “Dissidência ou a arte de dissidiar”, de Mauro Iasi
Dissidência ou a arte de dissidiar
“Há hora de somar
E hora de dividir.
Há tempo de esperar
E tempo de decidir.
Tempos de resistir.
Tempos de explodir.
Tempo de criar asas, romper as cascas
Porque é tempo de partir.
Partir partido,
Parir futuros,
Partilhar amanheceres
Há tanto tempo esquecidos.
Lá no passado tínhamos um futuro
Lá no futuro tem um presente
Pronto pra nascer
Só esperando você se decidir.
Porque são tempos de decidir,
Dissidiar, dissuadir,
Tempos de dizer
Que não são tempos de esperar
Tempos de dizer:
Não mais em nosso nome!
Se não pode se vestir com nossos sonhos
Não fale em nosso nome.
Não mais construir casas
Para que os ricos morem.
Não mais fazer o pão
Que o explorador come.
Não mais em nosso nome!
Não mais nosso suor, o teu descanso.
Não mais nosso sangue, tua vida.
Não mais nossa miséria, tua riqueza.
Tempos de dizer
Que não são tempos de calar
Diante da injustiça e da mentira.
É tempo de lutar
É tempo de festa, tempo de cantar
As velhas canções e as que ainda vamos inventar.
Tempos de criar, tempos de escolher.
Tempos de plantar os tempos que iremos colher.
É tempo de dar nome aos bois,
De levantar a cabeça
Acima da boiada,
Porque é tempo de tudo ou nada.
É tempo de rebeldia.
São tempos de rebelião.
É tempo de dissidência.
Já é tempo dos corações pularem fora do peito
Em passeata, em multidão
Porque é tempo de dissidência
É tempo de revolução.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
democracia é o que em 2022... infortúnio
Fazer de Putin um Sanddam Hussein é o velho modus operandi de uma agressiva guerra contra soberanias antiamericanas (leia-se contra a política brutal características dos E.U.A.).
Golpes na América do Sul, patrocínio de exploração brutal contras diversas populações na África, incluindo a situação etnocida na Palestina...entre tantas outras ações diretas da "maior democracia" do mundo.
E eu pergunto: o que é democracia nessa cultura?
Por que essa mesma história de "América salvadora" contra os ditadores do Oriente continua fazendo sentido?
Depois que a Ucrânia estiver arrasada, a pátria salvadora vai lá "reconstruir" as ruínas???? Mais uma vez isso????
O território de uma nação é a sua soberania. Nem a Ucrânia, nem a Rússia e nem um outro país no mundo parece estar com a sua SOBERANIA, seu território, realmente garantido e devidamente protegido porque existe um país que sempre quer anexar mais e mais países ao seu domínio...e isso é colonialismo. Colonialismo desde o século XVI até hoje destruindo a humanidade de quem for somente a fim de demonstrar poder.
Em resumo: a humanidade da gente não tem qualquer valor para os governos coloniais que esmagam comunidades como se fossem papéis em suas mãos e jogam no lixo.
A guerra demonstra que a humanidade é frágil demais diante da luta por domínio. Infelizmente, essa também não é nenhuma verdade nova. Qualquer registro histórico nos mostra que muitos morrem para que poucos se sintam superiores.
Nenhuma guerra deveria existir, mas a luta contra o colonialismo tardio (necropolítico) é suficientemente necessária e o motivo é a própria humanidade a resistir.
O caso Ucrânia e o complexo industrial-prisional
Esclarecendo a determinante ação do governo de Biden no GENOCÍDIO que se verá a partir dos "conflitos" na Ucrânia:
A nossa impressa apóia o complexo industrial de encarceramento - mais conhecido como Complexo Industrial-prisional G4S a multinacional mais ativa pelo mundo nesse contexto- (indústria de armas e de fabricação de prisões privadas pelo mundo) que é a base dos conflitos, que é uma organização genuinamente americana e que faz vítimas no mundo inteiro com guerras televisionadas ou não, eu fiz questão de destacar Biden, pois ele será escondido nas narrativas da mídia COMPRADA PRA FAZER UM VILÃO - quando a morte e a prisão de milhares pelo mundo é LUCRATIVA em especial para governos como o de Biden, o genocida sujo e covarde.
A proposta de um governo cunhado de "democrático", proveniente de um partido que responde pelo pseudônimo de "democrata", me fez focar tudo no nome desse genocida. Biden é de uma branquitude mortal. Ele e seu governo com uma equipe feroz fizeram questão de provocar a Rússia espremendo a Ucrânia dentro da OTAN com um único objetivo: guerra.
Ele quer demonstrar que tem armas, que tem muito "poder" sobre o mundo a fim de buscar "melhorar" a opinião mundial sobre o seu governo - desde a saída brutal do Afeganistão, deixando a terra arrasada. Por isso, o papel de Biden nesse caso é o mais grave. E ele vai dar declarações se dizendo contrário ao conflito porque ser um mentiroso miserável sequer arranha a "imagem de bom branco" que ele vai querer vender por aí, enquanto a imprensa brasileira SUJA irá comprar.
Se chamam Putin de ditador, beligerante e intransigente...ao Biden deve-se a identidade histórica de genocida. Sequer eu preciso falar de Putin, porque a indústria bélica que patrocina a imprensa instrumento esclarecido de necropolítica e da morte, vai fazer isso. Eu quero deixar claro quem é o assassino que está escondido na propagação da palavra "Putin" e da nacionalidade russa. Biden além de covarde é protegido.
Biden merece um tribunal para investigar quais foram as suas reais investidas institucionais para esse genocídio.
Por isso, fiz questão de deixar essa única narrativa fora total da curva mesmo... Biden é um genocida protegido atrás de uma fantasia suja de "democrata". Um verme para a democracia ocidental, tal qual Bush. Merece retornar para a escória de onde nunca deveria ter saído.
Biden, atual presidente dos EUA, é o assassino da população ucraniana, acreditem. Assume o GENOCÍDIO da população na Ucrânia a fim de tentar "melhorar" a autoestima do seu governo que só demonstra quão desastrosa é a dominação imposta aos povos por parte de países financiados pelo complexo industrial de encarceramento.
Saibam, existem muitas indústrias de armas francamente lucrando com prisões em massa, com guerras aleatórias, com a motivação de armar a população civil (ou seria civícola?).
Biden hoje acorda com sangue de mais inocentes em sua cara branca lavada...
Uma branquitude acostumada a ver mortes e dizimação como naturais.
Biden é o culpado direto pela morte da população ucraniana, acreditem.
O motivo: recuperar alguma opinião eleitoral no seu curral mascarado de democracia sendo apenas a América da morte.
O mundo deveria banir esses covardes para sempre.
#bidenassassino
#BidenGenocida
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
luto por causa de macho e outras baboseiras do romantismo tardio (séc 19) que insiste em permanecer na fantasia do heteropatriarcado escroto
A tristeza é sempre legítima, ao que não sequer precisamos salientar, afinal a sua MARAVILHOSA POSTAGEM É EXATAMENTE SOBRE AUTONOMIA AFETIVA DE MULHER, o que tanto me orgulha, mana. Saiba que aquelas pessoas "preocupadas" com sua alegria ou desprazer precisam mesmo É DE IR ATÉ SEUS PRÓPRIOS ESPELHOS, como você disse de modo tão autêntico, tão genuíno: você tem mais o que FAZER. Mulher é sinônimo de projeto, propósito, carreira e estudos. Mulher é sinônimo de TRABALHO, SIM! REMUNERADO SIM! Mulher não é "sentimentalismo" burguês, romantizado desde o século XIX no romantismo tardio que vive "ressentido" de ser fantasia de macho pra nós. Rasgue, mana. Destrua essa fantasia de cólera investida em ti. Esse dispositivo amoroso só quer te ver PARAR. Quer te distrair. Olha por si mesma e por tantas que nem voz, nem vez possuem. Caíram ontem, vão cair hoje e cairão amanhã mortas em estatísticas dos feminicídios tão característicos desse país, que nos mata DENTRO DE CASA. REAGE MESMO. Com ou sem croped, lança-se. Choca essa gente medíocre. Se mulher, está perdida no oceano heteronormativo. Se não, está espreitando seu caminho nesse hostil deserto de afeto real do heteropatriarcado. Deixa as mulheres na frente do fronte te inspirarem. Puxa a Angela Davis, a Grada Quilomba, a Djamila, a Gerda, a Federici, a Virgínia Woolf, a Hilda Hilst, a Lélia Gonzalez, a Conceição Evaristo e vai pelo mundo amada. Se ama. Se cuida. Se defende. No mais, é isso.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
um ponto sísmico na fala do patriarcado que se propõe "democracia"...mas é violência contra um mundo de humanidade real
Nem acredito que seja uma radicalidade (no sentido ético mesmo) comunista que seja essencial para a revolução que o Brasil precisa, sabe. Não sou historiadora, nem estudiosa política, apenas uma pessoa com uma opinião, que considero analítica inclusive do ponto de vista feminista, como me proponho. Defendo que seja necessária uma formação contínua na própria instrução política básica que é a dos movimentos sociais. Isto é, que os movimentos com suas mais diversas propulsões sociais se invistam de popularidade para capilarizar emancipação. Para mim, como nas Américas se percebe - através das formas de representações políticas institucionais que são fatos nesses 50 anos, do fim do século XX para a nossa atual situação - representação tecnocrática com mofo, rinite e distanciamento da população, em especial periférica e mais subrepresentada, não pode ser nem referência de "social democracia" - ao menos, não vejo assim para a América no hemisfério Sul, ou que ascende significativamente da África e de ameríndios, entre outras POPULAÇÕES originárias. Não há representação democrática que ignore as demandas antropológicas históricas e, por isso, reais. Ciro não tem nenhuma cara na democracia fluente da gente. Então, se pensarmos em uma "social democracia" que apelide movimento social de "identitarismo", saímos da democracia para a taxiologia política instrumental da tecnocracia aos moldes do início do século XX... pré-Guerra Fria. Honestamente, o discurso que Ciro inflama é a voz distante da gente que ele defende, com o distanciamento evidente de interesses públicos que surgem com ele, por ele e na objetividade e concisão clássicas de quem apenas discursa sem essência de diálogo. Uma péssima mistura de "voz grossa" e "testosterona", exalando tudo que se indispõe ao democrático no cenário mundial.
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