sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

É exatamente o que eu estou estranhando... A narrativa propagandeada para se inventar a bonança é clara. Existe uma agenda no jornalismo brasileiro que está impondo essa fachada de respiração econômica. Como se a população pobre realmente estivesse sentindo algum alívio com essa história de governo neoliberal austero e fascistoide. Eles querem nos enganar dizendo que existe uma melhoria econômica, mas não há. Não há melhoria econômica com excesso de informalidade (ausência de direitos e garantias trabalhistas) ou com subssalários aceitos a custo de sacrifícios. Se há uma população que compra e que consume a revelia de sua própria condição financeira real, isso é ALIENAÇÃO capitalista que só alimenta os bolsos do capital e endivida o pobre trabalhador já explorado e que por isso se deixa manipular e degradar mais. Tudo nessa situação é caos e vergonha para o Estado democrático de direito.


Jonathan Lopes eu não estranho uma "verdade" inventada em que se traduz a realidade pelo olhar do grande capital. Sinceramente, onde isso é estranho? Cadê a novidade? A imprensa brasileira é movida ao capitalismo irracional e desumano. Não há informação, mas alienação das massas. Isso é a indústria cultural produzindo o efeito de inércia consumista. Se se consome, mesmo sem ter o suporte, pagando em parcelas infinitas e a juros selvagens, não há melhoria, há endividamento das massas a fim de sustentar a libido desse mercado PERVERSO. Isso é óbvio, irmão!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O que eu fico CHOCADA é com a IGNORÂNCIA violenta que uma ministra (com m minúsculo de VEEGONHA!) não saber absolutamente NADA do que era a sua área de atuação ANTES DELE SER ENCARREGADA. Demonstra na sua fala, aparentemente ingênua e impressionada, que não era nada interessada no assunto antes, que não sabe o que foi feito antes, que não estudava sequer sobre o assunto antes e que temos UMA COMPLETA ABOBALHADA como ministra da pasta RADICALMENTE mais indispensável, porque vivemos uma tirania neoliberal! Vergonha de perceber no editorial uma tendência a "limpar" a péssima postura antiética que essa inescrupulosa mantém. Tudo que ela fala como "agora estão sendo vistos" faz parte dessa pasta antes até dela nascer! Uma vergonha ter que ler como se ela fosse um amenizador do ódio e da devastadora violência que o governo em que ela faz parte propagada e disseminou em nosso país! Como aguentar a falácia de que "só agora" haja qualquer visibilização de ribeirinhos explorados e abusados pelo Estado e por forças neoliberais e patriarcais (perdoem a redundância), afinal a CPI da Pedofilia já tratava por exemplo da lenda do boto como subterfúgio para esconder os casos de abuso sexual interparental. Eu tenho vergonha de ler que essa hipócrita usa terminologias abusadas pelo capitalismo como refúgio de um protótipo de feminismo "libefeminismo neopetencostal" que pelo nome mais parece o que é uma droga produzia a fim de destruir a luta real de mulheres históricas, tal como as feministas estupradas durante a ditadura no Brasil. Nada do que ela diz é prático, portanto, há falácia e hipocrisia em tudo. Triste matéria que poderia ser realista e me parece romantizar a imagem de uma anti-humana! Essa é contra a humanidade. Vocês se iludiram ou querem nos fazer de otários?

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

É bem verdade que sobre alimentação o papo é sempre muito sério e humanitário mesmo. Isso porque, infelizmente, nunca é sobre fazer piada com a comida, mas com o faminto...eu te entendo. Acho ainda louvável que se faça mesmo campanhas por uma alimentação digna e não capitalizada. É sempre importante lembrar que há assuntos indispensáveis na era do desperdício e da fome. Vivemos os paradoxos desumanizadores. Mas voltando a uva-passas... é sempre engraçado ver que ela realmente assombra o prato de uns e lustra o de outros. Ainda há uma questão ética nessa situação bem cômica, não é... Quem pode ou não comer o que escolhe? Ou é justo se escolher o que se come ou ser escolhido para passar fome? E mesmo assim posso dizer que há na tragédia da injustiça social a comédia do humano. Afinal, desde os gregos, a comédia era um jeito risível de enxergar problemas realmente sérios e indiscutivelmente relevantes. A fome não é brincadeira e deve gerar polêmicas. Como já diz o rock, afinal, "você tem fome de quê?". E a pergunta é crucial para a nossa empatia.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Nossa! Essas palavras estão precisando de um cuidado muito mais de perto. Não se pode achar que se curar sozinha é sempre a única solução, porque efetivamente não é! É possível sair desse poço escuro, desse abismo confuso que mais parecem um labirinto em si mesma. Ela pode sair desse lugar e não precisa fazer isso sozinha. Claro que quem for cuidar dela, precisará contar com as mãos dela apertando às suas. Quem for cuidar dela vai precisar que ela acredite um pouquinho em si mesma para depois transbordar em um mar de autocuidado e respeito por suas dores e dúvidas. Não pode ser que se viva em paz achando que se pode ser assim sozinha a vida inteira. Veja bem, não é sobre acreditar em amor que cura tudo, ou em um príncipe que chega no cavalo branco e muda toda a vida dela. Não é sobre acreditar que amor é somente uma pessoa que vai te cuidar e vai melhorar a sua vida para você. Não é sobre ilusão de amor que é perfeito e derruba todas as barreiras. É sobre saber que gente precisa de gente para se curar. Somente quando voltarmos a atender que ajudar e cuidar do outro com verdadeira amorosidade é obrigatório para que a humanidade resista aos tempos de terror nos quais vivemos! A humanidade é um ato recíproco, não acontece se não for estimulado e quando sai de modo pode ser o fim de muitos mundos, muitos universos. Há pessoas que necessitam mais em alguns tempos e outras que precisam com menor frequência. Isso não torna um menos vulnerável do que o outro. Nossa humanidade nós fragiliza na necessidade dos outros humanos para vivermos melhor, para sarar certas feridas da alma e para vencer a própria angústia primeira (o saber-se só no nascer e no morrer e em muitas outras horas cruciais de nossas vidas). Mas não somos condenados à solidão. Também não é a solidão a solução para todas as dores do mundo. Curar é um processo que se faz na troca, na convivência, de modo interpessoal. A cura precisa ser um propósito mútuo e coletivo, senão a dureza do egoísmo vai matar nossa humanização. É preciso aprender a ser cuidado, assim como aprender a cuidar de quem precisa da gente.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Odiei a legenda, mas amei o vídeo! Crianças não tem que aprender a música que este ou aquele acham "boas" por rótulos. Elas devem sentir a estética autêntica de uma melodia. Melodia não é o seu padrão sonoro favorito ou o meu som mais conformativo. Não! Estética autêntica de uma melodia é sensibilidade para os poros, é o que arrepia a mente e os pelinhos do braço, é a nossa música universal. Não se trata de "libertar" crianças através do preconceito de rotular está ou aquela como a melhor ou a pior música, mas de ser a ponte entre o mundo sem a melodia estética e o universo das canções que atravessam eras. A música conta história, canta a narrativa cultural e também encanta a alma. Não restrinjamos o que nasceu para ser infinito.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Sobre viver em tempos de cegos e cegueiras inventadas. Não adianta nada negar sua visão à realidade em si. O corpo ouve, sente e reclama alto a si mesmo. É hora de se corresponder sem medo do que pode ouvir de dentro de si. Sobreviver muitas vezes é um ato de coragem sob medo de si. Vamos tirar o medo das nossas pálpebras cansadas e olhar de verdade. O que for visto é para ser encarado e não encarcerado pelo porteiro (moralmente pago pela mediocridade da gente). Somos aqueles que abrem as portas e fecham as janelas. Está na hora de abrir nossas casas para que o vento leve a poeira embora. Não tenha medo de deixar a sujeira da alma sair.
Bom dia, gente!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O que fez mulheres serem exemplarmente assassinadas em praça pública é o que faz hoje muitas de nós sermos condenadas às variadas mortes e torturas públicas atualmente. Ainda há caça às bruxas e, não se engane, elas estão do nosso lado. Marielle é UMA delas, Agatha outra. Por isso continuamos bruxas. Não devemos cair  nessa mitificação de bruxas porque ela muitas vezes deixa glamouroso o que é ainda hoje MORTE NO MEIO DA RUA. Por favor, vamos acordando para essa ideologia que acha bonitinha a fantasia de que houve bruxas quando de fato nós nunca deixamos de ser mortas pelo que fazemos contrariando o sistema de poder de homens. O patriarcado é o tribunal de muitas mortes de mulheres, muitas vezes do nosso lado. Então, vamos enxergar nossa realidade que nunca teve uma mudança total a ponto de não tornar mulheres bruxas. Devemos ainda tomar cuidado para não sermos as mulheres que ajudam nesse tribunal.

sábado, 26 de outubro de 2019

Exatamente sobre isso será um encontro, uma roda de mulheres da qual participarei hoje. E vou te dizer "empoderamento" é uma palavra que eu peguei até ranço. Não sei se é pela minha falta de conhecimento sobre a importância do termo, ou porque realmente estou enojada com o sequestro dela pelo neoliberalismo do demônio, mesmo. Dá um ódio ouvir mulheres dizendo que são empoderadas porque trabalham e ganham sua própria renda cujo usufruto vai para uma casa inteira. Dá uma encaralhação de ouvir as manas dizendo que são "empoderadas" quando transam com qualquer mané, mas eu conheço a vida e a história delas e sei de todas às vezes que ela chorava pelo embuste e sei que ela está fazendo isso para se punir por não estar "à altura" dele - afinal ele é um bosta, mas ela não percebe derrotada que é pelos filmes idiotas que lhe fizeram acreditar na merda da romantização heteronormativa. Eu tô MUITO PUTA com isso. Empoderamento é o caralho, sabe! Eu não consigo nem mais ouvir. Queria uma outra palavra para nutrir meu direito e minha fome por dignidade para nós mulheres, para TODAS AS MULHERES. Mas só vejo essa derrota com um nome vindo do estrangeirismo marketeiro "empowerment" dos infernos!🤦😣😔

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

É hora de mandar empregos à merda. Sem direitos, pra quê ter patrão? Pra quê aturar cobranças, chefias, horários, ameaças, exploração e desprezo? Trabalho não é emprego, essa é só mais uma das grandes mentiras sociais implantadas como "verdades inegáveis". Agora é hora de criatividade, atitude, iniciativa e coragem. Hora de cooperação, de trabalhar por conta própria, de exercer habilidades, de inventar e reinventar. Quando faltarem empregados, voltam os direitos. E se demorar, aparecem regalias. Os patrões não existem sem os empregados. Os empregados, quando despedidos, dão seu jeito sem patrão. O patrão sem empregados se mata. O empregado sem patrão se vira. O forte se sente fraco e o fraco se sente forte. É preciso perceber que é o contrário, essas aparências foram construídas pra enganar. E enganam já há tempo demais a gente demais. As exceções se multiplicam.
Eduardo Marinho
Thais Duarte com certeza! Por isso eu deixo bem claro que o capitalismo para mim é uma tirania. Nunca foi e nunca poderá ser o meio para se chegar a uma democracia, muito menos em um tipo de universalismo social em que realmente todos fossem considerados humanos na mesma proporção. Quando tratamos, por exemplo, do de mulheres que se denominam feministas, mas não concordam com a necessidade de rever a pressão estética sobre as mulheres, estão diante de bode expiatórios do nosso movimento. Um tipo de autodestruição, comum em mulheres profundamente alienadas no campo do outro (do patriarcado estruturante). Elas estão submersas em estruturas sociais, em violências simbólicas, que aprisionam seus corpos e suas mentes. O que isso significa na prática. Elas ajudam seus próprios algozes, o que não é simplesmente demérito, é sofrimento. Muitas mulheres que defendem o padrão cisnormativo, que resume a "feminilidade" autorizada pelo patriarcado, estão em sofrimento inconsciente grave. São, ao mesmo tempo, as guardiãs dos seus "machos alfas" quanto as que mantêm os cadeados de suas correntes. Vc está certa por ter feito o alerta que pelo tom ficou forte e retumbante, como exige a urgência da escravização de nossas irmãs. Porém, elas sentem como uma afronta às suas próprias estruturas, aos seus "privilégios", às histórias. De fato, podem ter medo de perder o sentido da vida no qual sempre acreditaram. No fundo, romper com determinadas estruturas requer tanta força, coragem e luta na qual partes da gente morrem. Partes importantes da nossa vida, da nossa história e daquilo que consideramos verdade morrem. O feminismo é o lugar de cura para dores inalcançáveis de modo solitário. Múltiplas vozes de dor juntas cuidam de nossas feridas históricas. Feminismo é uma mulher cuidando da outra. Muito obrigada por lutar do mesmo lado que o nosso, mana🙋♀️💜
Eu fico muito triste em perceber que o zumbis da alienação estão cada vez mais proliferados e isso é consequência da velocidade em rede. A internet é muito positiva por vários motivos, mas é desastrosa quando não dominada pelo conhecimento científico, político e governamental. Ainda há muita ignorância, falta de regulamentação e regulação, ausência de pesquisas mais profundas sobre o assunto porque não há vontade política e iniciativa privada sérias nesse contexto. Para mim, os discursos repetitivos que reproduzem e mantêm ideologias anti-humanas são a arma do capitalismo tirânico que temos atualmente. É um aparelhamento ideológico claro e está conseguindo manipular a população de modo mais abrangente e mais eficaz por causa da realidade virtual. Essa fantasia de mundo, criada em rede, é uma oportunidade para o pensamento zumbi dessas pessoas se aflorar. As falas zumbisoides se aproveitam do ambiente virtual para aparecerem e ganham realidade sim. A realidade que se faz é a precarização da vida e da saúde emocional de muitas pessoas. Devemos ser alertas quanto ao problema que a internet se tornou porque não está devidamente regulada em nosso país, o que se percebe na América inteira. Triste realidade. Deveríamos lutar por uma regulamentação da Internet no nosso país.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Eu queria entender melhor essa questão mesmo. O Freud tem um livro chamado "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", cujas teorias são embrionárias para a psicossexualidade infantil. Nele, há uma afirmação a qual tenho muita simpatia, porque foi postulada por um judeu no início do século XX (que tinha tudo para ser conservadorista). A afirmação é de que para Freud o ser humano nasce bissexual, sendo assim para todos. O que é uma verdadeira revolução para a teoria da sexualidade dentro da cultura ocidental. Eu acredito que é bem por aí mesmo, sendo que - segundo essa visão freudiana - a diferença sexual se estabeleceria mais tarde por meio das vivências dentro do sistema cultural. Então, eu acredito muito na visão de que a identidade sexual é uma importante autoafirmação subjetiva, sendo responsável pela saúde emocional e cognitiva. Por isso, nessa situação específica da heterossexualidade compulsória eu ainda tenho muitas incertezas e algumas inseguras em relação ao fato de que me parece ser uma afirmação de que apenas homossexualidade seria a determinação saudável, o que também não pode ser desta forma. Gosto da influência da Judite Butler nas discussões sobre o gênero e a heteronormatividade. Acredito que esse sim seria um padrão compulsório em determinadas culturas dominantes, como a ocidental eurocêntrica. Sobre heteronormatividade e cisnormatividade eu me sinto muito mais confortável em falar por perceber no dia a dia. E como sempre adorei essa abertura na tua página❤️

domingo, 20 de outubro de 2019

Ler é ouvir; ouvir leitura não é ler.

Em meus cursos de literatura, sobre prosa ou poesia, não abro mão de ler os textos em voz alta. Tenho a convicção de que, ao escrever, o autor aciona também sua fala, e conta não apenas com os olhos, mas com os ouvidos do leitor,  que devem captar o ritmo, os timbres, as inflexões, as pausas, as tonalidades afetivas dos textos. Esses textos são todos indicados no programa do  curso, já na primeira aula: quero que sejam lidos, ouvidos e estudados ANTES da minha leitura em voz alta. Esta será apresentada como uma INTERPRETAÇÃO, e é nessa forçosa condição que deve ser debatida. Ainda quando interpretado por um grande ator ou atriz,  por quem seja capaz de revelar e realçar muitas potencialidades expressivas da linguagem, um texto literário não dispensa o acolhimento inicial do leitor que lhe dará a forma de sua própria captação pessoal. O impacto da primeira leitura que cada um faz de um texto, marcada pelas naturais limitações de um contato ainda pouco refletido, não pode ser substituído pelo impacto de quem já o leu e agora pronuncia sua recepção pessoal. Se eu ouvir a gravação de um conto do Guimarães Rosa lido por Lima Duarte, estarei, obviamente,  ouvindo a leitura que faz Lima Duarte de Guimarães Rosa. Pode, evidentemente, ser belíssima e inspiradora. Ainda assim, não substitui aquela multiplicação virtual das leituras que brotam da voz de um autor que reconheço quando o leio e o ouço em meu momento de concentração. Não um momento solitário: um momento carregado da humanidade que o escritor estende a cada um que o leia,  adensando o que Adorno, tratando da recepção da poesia lírica, chamou de “corrente coletiva subterrânea”.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

"Um professor sempre será melhor do que o Google.
Porque um professor não dá uma informação, conta histórias.
Porque um professor funciona mesmo sem wi-fi, mesmo sem luz, mesmo no temporal.
Porque o professor não facilita a busca, exercita a memória.
Porque o professor não cria dependência, mas possibilita amizades.
Porque o professor pode mudar o destino de um assunto, voltar atrás, recomeçar de novo, dependendo das necessidades da turma.
Porque o professor não realiza só o que você deseja, vai além com detalhes e comparações.
Porque o professor lê a sua alma quando levanta o dedo para a pergunta, não apenas recebe uma dúvida.
Porque o professor também se importa com aquilo que não entendeu mais do que aquilo que quis perguntar.
Porque o professor escolhe falar do que ama. Você não está apenas tendo uma aula de um conteúdo, e sim testemunhando uma história de amor."

Carpinejar

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Homem aleatório entendo muito bem o lado que vc propôs que seja analisado, realmente se trata de uma tendência não capacitista, isto é, que não se compare  a capacidade mental de um ser humano através de outros parâmetros a não ser os seus próprios. Acho justo. Para além disso, existe a realidade que nos condiciona. O condicionamento cultural meritocrático, lei fantasiosa e capacitista do capitalismo, é uma realidade destrutiva principalmente para as pessoas que estão à margem do poder de representatividade. O que isso implica na prática? Mulheres se sentem diminuídas e inferiores porque não encontram parâmetros entre seus pares. Não veem outras mulheres em livros, não estudam sobre mulheres importantes, não conhecem a própria importância para a civilização e para o racionalismo científico, não sabem do seu papel indispensável para o nascimento da filosofia. Talvez seja difícil para vc compreender o nosso lugar porque vc não é mulher. Suas questões são outras, não melhores, nem mais avançadas ou atualizadas, eu repito: são outras. Entendo a sua pertinência, mesmo eu não sendo um homem, porque sou obrigada pela minha cultura etnocêntrica patriarcal e misógina a racionalizar o mundo através dela. Mas eu não concordo que seja essa a principal questão. Não se trata de encontrar o fulano que foi o primeiro a pilotar, eu chamei atenção claramente no meu comentário sobre a NECESSIDADE de se comparar mulheres a partir de um paradigma entre mulheres. Inclusive aposto que a idealização da matéria não é feita por uma mulher, porque mulheres não veem o mundo pelo seu próprio paradigma senão são provocadas pelo seu próprio senso. Não se trata de empoderamento, veja bem. Se trata de uma inquietação íntima, no caso uma mulher indignada buscando uma revolução históricocultural em si é que se posiciona de modo diferente. Não vi isso na proposta da matéria. Então, vamos ao que de fato interessa em última análise? As mulheres não devem ser comparadas a homens para que se sintam melhores do que de fato já são por si mesmas, dentro de suas próprias narrativas. Elas devem ser estimuladas pelas mídias afins a quebrarem o paradigma que lhes obriga a pensar que somente homens são capazes ou suficientes. Elas devem olhar em um espelho subjetivo proposto pela cultura que lhes considere referência. Imagina o tamanho dessa luta? Talvez não! Fora o chinesinho que desde pequenino é estimulado a ser inventor, temos mulheres pelo mundo inteiro querendo ao menos ir à escola sem levar um tiro na cabeça, como aconteceu como uma anônima afegã, Malala. Hoje eu estou aqui para levantar a bandeira de mulheres que lutam para que outras mulheres sejam no mínimo escolarizadas o que de fato é um problema para além de qualquer outra luta moral, no caso o capacitismo. Que é pertinente sim, mas que não tem referência através dessa matéria, senão alguém querendo apagar e silenciar a luta de mulheres. Faz isso, esse silenciamento ou esse apagamento comparando-nos com um homem (genial?) ou elegendo outra luta "mais importante"! Quem diz o que é importante para uma mulher é ela mesma. Obrigada

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A lição de casa que sempre volta com o professor é o famigerado legado. O que se ensina não é para si, nem para hoje, nem para agora, nem sequer para amanhã imediatamente. Se ensina como verbo intransitivo, não há complemento que seja suficiente. Em geral, o que foi aprendido talvez nem o professor imagina que ensinou. O que foi aprendido talvez nem o aluno sabe ao certo quem foi que colaborou para acontecer. É o tempo um fator determinante para que o ensinamento aconteça, mas ele muitas vezes apaga o endereço de onde o feito se originou. Ao professor, resta aprender todo dia a arte de esquecer de se questionar sobre o que de fato foi sua obra. Um dia ele encontrará ela diante de olhos humildes e serenos. Ser professor talvez seja a arte de esquecer de se colocar como o ensinador e conseguir enxergar no mundo um pouquinho de esperança. Esperança de que haverá frutos mesmo que não se possa provar seu gosto.
"Tudo dói.
Dói antes, durante e depois de sangrar.
Dói amar e ser amada por homens.
Dói na primeira vez e quando somos forçadas.
Dói pra parir, pra abortar e pra decidir entre os dois.
Dói sair na rua e ser um pedaço de carne.
Dói ficar em casa e se sentir sozinha no mundo.
Dói aos 18, aos 30 e aos 50.
Dói cada pêlo arrancado, cada quilo a mais, cada minuto na frente do espelho.
Dói ser gentil e engolir sapos.
Dói o soco, o insulto e a piada.
Dói a plástica, a academia e a dieta.
Dói ser 2, 3, 4 ou mais coisas ao mesmo tempo.
Dói no bolso, em casa, na rua e a vida inteira.
Dói ser bela, recatada e do lar.

Não dói ser mulher.

Dói tentar se encaixar nesse padrão impossível criado pelo machismo.
Dói tentar ser um mulher que nem sequer existe.

Mas tu não precisa sentir mais essa dor.
Tu é livre, mina.
Abrace suas irmãs e entenda a magnitude do ser feminino.
O nosso amor veio pra curar."

(Yasmin Bendito)

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Não havia o que fazer e isso é URGENTE de ser dito. Não há mesmo o que ser feito, se for de modo obrigatório. Nenhuma obrigatoriedade existe em cuidado com a sua mental ou com um extremo ato (aborto e suicídio, por exemplo). Podemos ajudar, sim! Há como acolher e cuidar, sim! Mas não é obrigatório, não se trata de uma única pessoa a fazer isso e nem mesmo podemos culpar a nós, ou a profissionais de saúde, muitas vezes em contato com essas pessoas. A psique humana é voluntariosa e compulsória em muitas situações limites. Voluntariosa pois se faz diante de desejo (consciente e inconsciente). Compulsória porque se vincula a uma realidade inacessível aos fatos históricos, muitas vezes. Ela se submete a decisões não racionais, porque fora do alcance lógico comum. Por isso, muitas vezes, o que pode salvar um potencial suicida é a PSICOTERAPIA, o atendimento em um CAPSI, ou uma emergência seguida de um acompanhamento freqüente de um psiquiatra. Não há o que uma conversa faça por si mesma, infelizmente, não é assim. Salvamos vidas quando nos colocamos no lugar real de que podemos cuidar do outro com nossa empatia, mas principalmente aconselhando, levando ou conduzindo de modo adequado a um acompanhamento de saúde. Há suicídios acidentais, sim, sem dúvida. Esses são impedidos através de um ato pontual, SEMPRE. Mas o suicídio programado e inconscientemente desejado PRECISA DE UMA ATENÇÃO DE SAÚDE MENTAL. Nossa sociedade pode fazer algo sobre isso: VALORIZAR A SAÚDE MENTAL, seus profissionais, seus profissionalismo e lutar pelo SUS. Há vários atendimentos especializados gratuitos em nossa cidade. PROCURAR: UNAMA, UFPA, ESAMAZ E FAMAZ que possuem atendimento especializado. Buscar ainda: CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), CAPSIS (Centro de Atendimento Psicossocial), Postos de saúde e o Hospital das Clínicas. Toda ajuda especializada é o ÚNICO REMÉDIO e a possibilidade de cura. Vamos seguir em frente, lutando pela valorização e pelo cuidado em Saúde Mental no nossos país. ❤️

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Igrejas sempre foram e sempre continuarão sendo alvos de domínio. De modo que se perpetuaram e reverberam a disputa por dominação também, o que é absolutamente antiético no sentido humanitário, mas é - infelizmente - moralmente conservado por todas as teologias. Como Igreja que surge em um governo imperialista, Império Romano altamente violento e alienador, não poderia deixar de revelar - ainda que sutilmente - seu caráter autoritário em muitos momentos da história civilizatória do Ocidente. A Idade Média, como ficou conhecido o período teocrático aproximadamente entre os séculos V e XV, teve na Igreja Católica o centro do poder tanto político, quanto econômica e, indispensavelmente, cultural. Atualmente, encontramos o nosso país com uma amostra, LETAL para a democracia, desse tipo de fenômeno social: a igreja concentrando o poder. Vivemos mais uma vez esse período obscuro da história, no qual não há como relacionar a religião ao bem à humanidade. Como diz o poeta Renato Russo "a própria fé é o que destrói, esses são dias desleais". Sigamos apesar de toda a alienação que se espalha. Enquanto não se liberta o ser humano, ser humano não é possível dentro dessa prisão que é a ilusão do poder na mão de alguns ditos "escolhidos".
UM ALERTA AOS MEUS AMIGOS.

Não gosto de expor a minha vida nas redes sociais, mas acho importante contar essa história:

Há 15 anos coloquei próteses de silicone nas mamas. Ao longo dos anos tive algumas doenças estranhas que jamais associei às próteses, como perda de memória, perda de cabelo, alopecia aerata, espasmos no pescoço, ... 
Há 2 anos fui diagnosticada com artrite-reumatoide (doença autoimune) e os problemas se agravaram. Dores nas articulações, musculares, na cervical, alergias crônicas, infecções recorrentes, intolerância alimentar, dermatites, ... a lista de sintomas era imensa!

Diante de tantas complicações, suspeitei de algo sistêmico, mas nenhum médico até então havia acertado o diagnóstico. Cada um trata a sua especialidade, mas pouquíssimos tem conhecimento sobre as doenças associadas às próteses.

Certo dia tive um “insight”, me lembrei dos implantes e decidi pesquisar sobre o assunto. Não só encontrei diversos estudos associando o silicone às doenças autoimunes, como validei essa hipótese com meu reumatologista e descobri alguns grupos de apoio ao explante nas redes sociais que me deixaram perplexa!
Não fazia ideia do tamanho do problema. Achei que fosse um caso raro, mas me deparei com depoimentos de milhares de mulheres que passavam por EXATAMENTE a mesma situação (o grupo brasileiro já conta com mais de 22 mil mulheres e o americano com 100 mil).

Há 2 meses realizei a cirurgia de retirada dos implantes.
Há 2 meses não sinto mais NADA! 

A biópsia do tecido que envolvia as cápsulas apontou a existência de hemorragia, inflamação crônica, fibrose e corpos estranhos (resíduos das próteses) e nada era detectado nos exames de rotina.

AGORA VAMOS AO OBJETIVO DO MEU DEPOIMENTO:

Você pode não ter silicone, mas a sua irmã, sua prima, suas amigas têm!
Você pode ser um médico que nunca ouviu falar sobre esse assunto.
E você pode ser uma das minhas muitas amigas que colocaram também.

Sem paranóia, fiquem alerta!  Esse tema precisa sair do armário!

Diagnosticar doenças associadas ao silicone é uma tarefa dificílima, pois nada é óbvio, os sintomas aparecem anos depois da colocação e é um tema delicado por envolver a auto-estima e vergonha das pessoas. Além disso, se perguntar ao cirurgião sobre esse assunto, muitos vão desdenhar do assunto.

Affff... como eu queria ter sido avisada antes!!
E como eu preciso avisar agora!!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Existem muitas formas de traição. Ao ler sua postagem, senti que é possível ampliar essa discussão porque há muitas pessoas que vêm aqui para serem acolhidas. Acho isso lindo!   Sobre as traições... Para cada situação e pessoa envolvida há uma traição possível, igual análise combinatória em matemática, muitas e múltiplas possibilidades, apesar disso, exatas, por isso possíveis de serem previamente compreendidas. Antes de se começar uma relação, muitas vezes, já é possível saber o que pode ser entendido como traição por aquela pessoa. Também, há quem se sinta traído não por algo que sempre soubera que fazia mal, mas por algo que machucou profundamente como nunca antes. São golpes certeiros do destino para que nos conheçamos a nós mesmos. Para além do outro, enfim, há a nossa própria concepção, vivência e experiência do que nos faz ter esse sentimento de se sentir traído. Coisa poderosamente destrutiva, ainda que paradoxalmente reconstrutiva, ou melhor, renovadora. O que me machuca? Por que me machuca? Isso realmente é algo doloroso? Eu fui realmente traída (o)? São perguntas de uma autoanálise funcional que podem nos revelar o dom de viver em paz consigo. Isso porque muitos que foram traídos se sentem culpados e, mesmo sem perceber, reverberam essa culpa em uma condenação quase que cruel sobre o outro. Podemos dizer, nesse sentido, que existem pessoas que nos traem sem querer nos fazer mal, sem nem saberem de fato o que aquilo iria causar para além de si. Hoje pode ser eu a traída, amanhã poderá ser o outro. A condenação implacável neste contexto se torna resquício de certa culpa dividida entre a pessoa que trai e a que foi traída. Coisas do humano. As várias formas de traição precisam ser vivenciadas de modo particular e histórico, sem que se tenha um padrão do que é ou deixa de ser para que todos sejam plenamente beneficiados, afinal muitas vezes ser traído nos torna amargurados e céticos em relação ao amar, ato incondicionalmente criador em nossas jornadas. Vamos, apesar de toda a dor, continuar amando, em primeiro lugar, as nossas próprias experiências, a nossa história e aos nossos ideais. E que aquele que nos tenha machucado siga, enquanto nós continuamos a andar e a crer que o amor vale qualquer decisão. Que não tenhamos a dor de nos arrepender porque foi doloroso. Amar é sempre um ato de coragem. Beijos

domingo, 29 de setembro de 2019

Os legitimadores e "patrulhadores" do que é cultura ou não é cultura são realmente um incômodo constante. Eles querem dizer onde a cultura está e onde não há o que eles admitem, ou percebem mesmo, como cultural. Parece que andam com a mão preparada para rotular e colocam cultura no singular dentro de uma caixinha preta, que fica escondida. Ao contrário disso, o conceito de cultura e, principalmente de culturas, precisa ser socializado com maior frequência. Estamos carentes de pluralidade em todos os sentidos. Acredito que sem a pluralidade não há como encontrar na igualdade nossa singularizadora diferença, aquilo que nos torna inéditos enquanto sujeitos. As narrativas culturais andam empobrecidas desse olhar mais antropológico e menos analítico-terminológico. Muito obrigada pela abertura de diálogo e de caminhos para se pensar e se falar de interculturalidade. Necessário demais em um Brasil com um certo crescimento do discurso etnocêntrico.

domingo, 22 de setembro de 2019

Nessa madrugada, sem sono, resolvi estudar a história da Depressão. Entre tantas coisas interessantes que encontrei, resolvi escrever sobre essa:

O Demônio do Meio Dia: como a depressão era vista durante a Idade Média.

Os Historiadores denominam  o período entre o Século V ao Século XV, da história Europeia , como Idade Média. Momento da história do continente onde se intensificaram os processos de ruralização e laços de Suserania, Vassalagem e Servidão, com grande influência da Igreja Católica Apostólica Romana nas relações cotidianas.
O homem medieval  ficou conhecido por protagonizar momentos de grande efervescência religiosa junto a  questionamentos sobre a existência de Deus. Principalmente em períodos de crises econômicas e epidêmicas.

Mesmo com toda a fé, muitas pessoas eram acometidas por um mal conhecido como "Acédia Melancólica" ou o Demônio do Meio-Dia. O sujeito que era vítima da enfermidade(considerada pecado), perdia a vitalidade, vontade de viver, passava os dias chorando, em uma tristeza forte, que o impedia de rezar e exercer as atividades cotidianas , tanto no trabalho quanto na igreja. Por conta da dor causada pela Acédia, o suicídio acabava se tornando algo comum entre os portadores da suposta doença( na época não era vista assim).
Essa situação, se tornou tão comum em alguns momentos, que chegou até a ser incluída, por muitos anos como pecado capital.

Na época, ainda não existia o conceito de psico, consciente, e ciência psiquiátrica, o que inviabilizava um diagnóstico patológico da Acédia. Mas historiadores acreditam que essa é uma enfermidade similar ao conceito depressão que conhecemos atualmente.  Outro consenso entre historiadores é a contribuição desse período para criar no imaginário popular o  preconceito contra os depressivos. Já que o sujeito em situação de Acédia Melancólica era considerado alguém preguiçoso e que se afastou de Deus.

Obs: durante muito tempo a palavra "Acédia" foi traduzida como Preguiça. Prática que não é mais adotada pelos tradutores.

Imagem: Melancolia de Saturno

Texto - Joel Paviotti
Referências - nos comentários

Página do Facebook:

https://www.facebook.com/240720553043960/posts/796336634149013/?substory_index=0

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crônicas coutianas – Telma, eu sou gay!

De tanto ouvir boatos de que sou gay, decidi fazer essa crônica para tornar público que, sim! Eu sou gay! Me relaciono amorosamente com outros homens, amo outros homens! Quando amei o primeiro homem eu era criança, ainda. Ele era bem mais velho do que eu. Me apaixonei rapidamente pelo modo como ele me olhava, com aqueles olhos castanhos cheios de ternura e amor por mim. E eu não relutei em cair em seus braços! Era tanto amor entre nós que ele me carregava em seu colo, me beijava, me cheirava, me mimava o quanto podia. Muito embora fossem dois homens, ele não tinha vergonha de andar de mãos dadas comigo nas ruas! O povo olhava, admirado, mas a gente seguia de mãos dadas, orgulhosos do nosso amor!
Eu ficava admirando o fato de ele ser bem mais velho do que eu, de uma outra geração, mas não ter vergonha de andar de mãos dadas comigo nas ruas. Era tanto o amor entre nós que ele costumava me chamar de “filho” e eu retribuía chamando-o de “pai”. Este homem mais velho, o primeiro que eu amei, já se foi, mas sigo amando-o infinitamente e carrego muito dele em mim, orgulhosamente! Esse homem que eu amei foi um dos homens que me ensinou a amar, junto com tantas mulheres!
Depois que cresci amei muitos outros homens! E fui amado por eles também! Amei professores, colegas de classe, amei músicos que eu admirava, amei amigos meus e sempre gostei de beijá-los, abraçá-los, senti-los perto de mim! Como é bom ser gay e poder amar outros homens, sentir outros homens!
Mais recentemente estou amando um homem bem mais jovem do que eu. Sim, não tenho vergonha de admitir. É um jovem muito bonito, inteligente, muito alto, quase 2 metros de altura. Na verdade, foi o processo inverso do que aconteceu com o homem mais velho que eu amei quando era criança. Dessa vez, eu sou o homem mais velho e o amo desde que ele era criança! Conforme aprendi com meu primeiro amante homem, eu também costumo andar de mãos dadas com meu jovem amante! Eu, com cara de senhor de meia idade; ele, com cara de jovenzinho. Como as pessoas olham espantadas quando a gente passa abraçado nas ruas! E como eu gosto de abraçar e beijar esse jovem homem que eu levei pra cama desde que ele ainda era uma criancinha! Como eu gosto de lembrar do modo como eu o mimava e o fazia adormecer em meu colo! Como eu gosto do jeito como ele me olha, do jeito como ele me ama, do modo como ele se declara por mim! Certa vez, um senhor de idade avançada não resistiu e, ao nos ver caminhar abraçados na avenida Brás de Aguiar, me perguntou: “É pai e filho?” e eu disse: “é meu amor!”
Como é bom ser gay e poder amar outros homens! Como é bom ser gay e se sentir livre para amar outros homens! Como é bom ser gay e poder simplesmente amar! Porque não há nada mais humano, mais sublime, do que amar! Porque amar não cabe numa fórmula, numa caixinha, mesmo que ela carregue um rótulo religioso. Por sinal, Jesus, que amou Maria, Maria Madalena e tantas outras mulheres, amou tanto os homens que escolheu 12 como seus apóstolos! Amar é reproduzir Deus, Ele que é todo amor! Quanto mais amamos, mais Deus se reproduz entre nós e nos que nos rodeiam!
Não tenha mais dúvida, querido: eu sou gay! Durma tranquilo, certo de sua heteronormatividade doentia e castradora! E, se por alguma razão minha existência gay te incomoda, te faz sofrer, procure uma terapia. Te faço um convite, até: experimente abraçar, beijar, manifestar afeto livremente por outros homens! Experimente simplesmente amar e sentir-se amado, independentemente de qualquer rótulo! Que seja seu pai, seu filho, seu amigo, não desperdice a chance de amar e se sentir amado por outros homens! "Não se reprima!" (Menudo). Isso não fará de ti menos homem e não te impedirá de amar, igualmente, as mulheres, que eu também as amo tanto!
Eu seguirei amando outros homens sem medo de beijá-los, abraçá-los, querê-los perto de mim. Eu seguirei sendo gay! Como é bom ser gay no exercício livre de simplesmente amar! Sua homofobia o matará, pois quem não sabe amar se desmancha no ar de sua própria ignorância. Enquanto isso, I will survive! GratiGay!

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Hoje Caio Fernando Abreu, grande amigo de Hilda Hilst, completaria 71 anos.

Trecho de uma das Cartas de Caio para Hilda Hilst:

“Hildinha, se você soubesse como ando escuro, como ando perdido, como me distanciei de mim e das coisas em que acreditava: tenho participado de festas louquíssimas, na base da maconha, da nudez, jogo da verdade, bacanais, surubas. Por favor, queria tanto que me compreendesses. Ando muito sozinho, nessas festas se reúnem artistas plásticos, atores, atrizes, escritores - todos jovens, perdidos, desesperados - é uma coisa terrível. Chega a ser comovente a maneira errada como eles tentam se convencer que os bacanais são a forma mais absoluta de comunicação: finjo o tempo todo, rio, sou alegre, dispersivo, com aquele brilho superficial e ridículo. E em cada fim de noite me sinto um lixo. Há tempos estou vivendo uma estória-de-amor-impossível que rebenta a saúde: sei que não dá pé de jeito nenhum e não consigo me libertar, esquecer - estou completamente fixado nessa pessoa, vivo todas as horas do dia em função de encontrá-la, à noite. É insuportável.”

Na foto: Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles, Robby Cardoso e Hilda Hilst.

No link trechos de algumas cartas que ele enviava à Hilda.

https://www.google.com.br/amp/s/www.pantagruelista.com/blog/caio-f-cartas-hilst-lispector%3fformat=amp

sábado, 14 de setembro de 2019

Te elegem a pessoa mais feia da turma no fundamental.
Insistem com uns apelidos que nunca foram engraçados.
Falam do seu cabelo, da sua pele, do seu corpo, do que você veste, da sua família.
Tramam brincadeiras pra te ridicularizar em público, pra te mostrar que você é menos, que não é um deles.
Você passa a se sentir mal o tempo todo, ansioso, sufocado, mas ainda nem entende direito o porquê
Você aprende a se odiar, e chega no ensino médio com vergonha de si.
Lá vc passa os 3 anos mais confusos da vida.
Excesso de informação, de decepção, de falsidade, de choro.
Conflito com amigo, com família, com os próprios sentimentos, conflito consigo mesmo.
Sensação de impotência. Apoio em lugar nenhum.
Chega o Enem e da pele pra dentro vc ainda é uma bagunça, tentando consertar o rombo psíquico do ensino fundamental.
Vendendo a saúde pra não frustrar os pais.
Tendo toda sua vida resumida a esconder o que sente.
O sorriso é sempre o mesmo.
O espelho ainda machuca.
Você se defende do jeito que dá, mas por dentro é só angústia, ansiedade, e medo.
Medo de não saber se você é uma pessoa incrível ou o lixo que te falaram.

Não é normal.
Era pra ser escola, mas criaram uma fábrica de distúrbios, ansiedade, depressão, e suicídio.

O que pra você é brincadeira, pro outro é sofrimento, que sangra todo dia, que tortura, que deprime, e tem gente que desiste, que só quer um ponto final.

Nesse dia não adianta chorar, fazer camisa, nem dizer que não sabia, pq as mãos sujas não são as dele, são as nossas.

As nossas!
.
.
Texto: Luiz Guilherme Prado

Sobre "Dom Casmurro"

Conheça nossa análise sobre Bentinho e Capitu, o casal mais polêmico da história da literatura brasileira.

A excepcional história contada no livro “Dom Casmurro”. Uma das maiores obras da história da literatura da língua portuguesa, que vai muito além das questões sobre adultério.

Publicado em 1899, “Dom Casmurro” é um dos romances mais discutidos de Machado de Assis, sendo objeto de análise de grandes críticos literários, centenas de trabalhos acadêmicos e até mesmo de um julgamento de Capitu, organizado pela Folha de S. Paulo e comandado por grandes juristas e autores brasileiros, por ocasião da comemoração do centenário de publicação da obra.
Narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, o livro tem início com o narrador falando sobre o motivo de ter recebido o apelido de “Dom Casmurro” e explicando que seu objetivo ao contar essa história é “atar as duas pontas da vida”. A partir daí, ele passa a contar sobre sua trajetória, focando a narrativa no seu relacionamento com Capitu, menina que morava em uma casa ao lado da sua e que se tornara o grande amor de sua vida.
Rico e criado sob a proteção da mãe, D. Glória, Bentinho revela-se desde muito cedo como alguém totalmente dependente, muito fantasioso e incapaz de tomar decisões sozinho. Vivendo apenas com a mãe, seu tio Cosme, sua prima Justina e o agregado José Dias, o narrador vai deixando que sua vida seja por eles conduzida, até que sua mãe decide enviá-lo ao seminário para pagar uma promessa que havia feito após perder o primeiro filho.
Apaixonado por Capitu e sem a menor vocação religiosa, Bentinho não tem interesse em tornar-se padre, mas deixa a cargo de José Dias e de Capitu a formulação de ideias para livrá-lo do destino que lhe reservara sua mãe.
No seminário, Bentinho conhece Escobar e tornam-se grandes amigos e, para azar de José Dias, será dele a ideia que livrará o narrador da carreira religiosa e permitirá que ele se forme em Direito e se case com Capitu.
Escobar casa-se com Sancha, a melhor amiga de Capitu, e os dois casais vivem momentos de grande felicidade, especialmente após o nascimento de Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho e de Capituzinha, filha de Sancha e Escobar.
Essa felicidade, no entanto, será dissolvida quando Escobar morre afogado na praia e, no velório de seu melhor amigo, Bentinho vê nas lágrimas de Capitu indícios de que ela era amante de Escobar. Desse momento em diante, o narrador passa a reconstruir em sua memória uma série de outros sinais que pudessem provar que Capitu realmente o traía, chegando a afirmar que seu filho era muito semelhante ao amigo morto e, portanto, deveria ser filho de Escobar.
Completamente dominado por essa suspeita, Bentinho envia Capitu e Ezequiel para a Europa, nunca mais voltando a ver a esposa, a qual viverá na Europa até a sua morte. Anos mais tarde, seu filho morre de febre tifoide em Jerusalém, Bentinho, assim, chega à velhice completamente sozinho e amargurado, tornando-se um homem extremamente fechado, um grande casmurro, como sugere o apelido que lhe colocam e que dá título ao livro. 
Muito mais do que um romance sobre adultério, “Dom Casmurro” é uma análise do comportamento humano e de como são construídas as nossas verdades. Embora não tenha nenhuma prova concreta da traição, não é isso que importa para Bentinho, ele construiu a sua verdade e, a partir desse momento, todas as suas ações estarão voltadas para provar essa verdade. Desse modo, os “olhos de ressaca” de Capitu, que tanto encantavam o Bentinho adolescente e apaixonado, passam a ser vistos como “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, tal qual lhe teria alertado José Dias ao lhe falar sobre sua amada. São esses mesmos olhos que levam Bentinho a suspeitar da traição, olhos que “fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã”.
Em toda a sua genialidade, Machado de Assis constrói um narrador nada confiável, que, diante de toda a força que dizia emanar de Capitu, tira-lhe a voz e apresenta todos os fatos apenas da sua perspectiva, não permitindo a defesa da esposa e reconstruindo todas as suas reminiscências de modo que ela pareça culpada. Em um exercício constante de tentar provar que fora traído, Bentinho revela-se alguém incapaz de lidar consigo mesmo, conforme ele afirma, muito mais do que lidar com a falta das pessoas que passaram por sua vida, ele precisa lidar com o fato de que falta ele mesmo, “e esta lacuna é tudo”.
Como diria José Dias, “Dom Casmurro” é um romance grandiosíssimo, não por tratar do adultério, tema tão recorrente entre os realistas, mas por ser um precioso exemplar do talento machadiano em descrever as profundezas da alma humana e da sociedade da época em que viveu.

Arte - Rodrigo Rosa

Texto - Adriana de Paula/ Joel Paviotti

Meu comentário:

Vejo ainda uma crítica velada ao narrador personagem, nas entrelinhas de cada descrição do seu criador (o autor por trás das engenhosas armadilhas às quais Bentinho cai em si e não se levanta). Ou seja, vejo ainda a crítica ao método romântico de enxergar a narrativa, a partir do qual sempre se imprime a tendência do narrador (mesmo quando ele narra o fato em 3a pessoa). Talvez, exista em Machado uma tendência em defender através da ligeira passionalidade de Bentinho como não se deve narrar um fato, de modo que exista nesta mesma função a defesa de um narrador mais analítico, o qual veria os fatos de modo sociológico e não subjetivista e, por isso, limitado. Entendo que esse narrador analítico é proposto em Machado na ironização do anti-herói que se narra narcisicamente.
O que no século XXI já está sendo criticado a fim de se encontrar a polifonia e com ela a historicidade estética na subjetividade negada e até renegada, sob o pressuposto de neutralidade científico-analítica. Ainda haverá muitas divergências e mais ainda encontros com o saber humanístico através da obra genial de um certo Bruxo do Cosme Velho...😍

sexta-feira, 13 de setembro de 2019


Resultados da pesquisa

Resultado do Mapa de informações

Paula e Bebeto
Milton Nascimento
Ê vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante esse canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, à vera
Eles se amam é prá vida inteira, à vera
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira de amor vale me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Fonte: Musixmatch
Compositores: Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso / Do Nascimento Milton
Letra de Paula e Bebeto © S.I.A.E. Direzione Generale, Uns Producoes Artisticas Ltda, Nascimento Edicoes Musicais Ltda, TERRA ENTERPRISES, INC., EMI APRIL MUSIC INC OBO NASCIMENTO EDICOES MUSICAIS LT
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