sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A lição de casa que sempre volta com o professor é o famigerado legado. O que se ensina não é para si, nem para hoje, nem para agora, nem sequer para amanhã imediatamente. Se ensina como verbo intransitivo, não há complemento que seja suficiente. Em geral, o que foi aprendido talvez nem o professor imagina que ensinou. O que foi aprendido talvez nem o aluno sabe ao certo quem foi que colaborou para acontecer. É o tempo um fator determinante para que o ensinamento aconteça, mas ele muitas vezes apaga o endereço de onde o feito se originou. Ao professor, resta aprender todo dia a arte de esquecer de se questionar sobre o que de fato foi sua obra. Um dia ele encontrará ela diante de olhos humildes e serenos. Ser professor talvez seja a arte de esquecer de se colocar como o ensinador e conseguir enxergar no mundo um pouquinho de esperança. Esperança de que haverá frutos mesmo que não se possa provar seu gosto.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA