Homem aleatório entendo muito bem o lado que vc propôs que seja analisado, realmente se trata de uma tendência não capacitista, isto é, que não se compare a capacidade mental de um ser humano através de outros parâmetros a não ser os seus próprios. Acho justo. Para além disso, existe a realidade que nos condiciona. O condicionamento cultural meritocrático, lei fantasiosa e capacitista do capitalismo, é uma realidade destrutiva principalmente para as pessoas que estão à margem do poder de representatividade. O que isso implica na prática? Mulheres se sentem diminuídas e inferiores porque não encontram parâmetros entre seus pares. Não veem outras mulheres em livros, não estudam sobre mulheres importantes, não conhecem a própria importância para a civilização e para o racionalismo científico, não sabem do seu papel indispensável para o nascimento da filosofia. Talvez seja difícil para vc compreender o nosso lugar porque vc não é mulher. Suas questões são outras, não melhores, nem mais avançadas ou atualizadas, eu repito: são outras. Entendo a sua pertinência, mesmo eu não sendo um homem, porque sou obrigada pela minha cultura etnocêntrica patriarcal e misógina a racionalizar o mundo através dela. Mas eu não concordo que seja essa a principal questão. Não se trata de encontrar o fulano que foi o primeiro a pilotar, eu chamei atenção claramente no meu comentário sobre a NECESSIDADE de se comparar mulheres a partir de um paradigma entre mulheres. Inclusive aposto que a idealização da matéria não é feita por uma mulher, porque mulheres não veem o mundo pelo seu próprio paradigma senão são provocadas pelo seu próprio senso. Não se trata de empoderamento, veja bem. Se trata de uma inquietação íntima, no caso uma mulher indignada buscando uma revolução históricocultural em si é que se posiciona de modo diferente. Não vi isso na proposta da matéria. Então, vamos ao que de fato interessa em última análise? As mulheres não devem ser comparadas a homens para que se sintam melhores do que de fato já são por si mesmas, dentro de suas próprias narrativas. Elas devem ser estimuladas pelas mídias afins a quebrarem o paradigma que lhes obriga a pensar que somente homens são capazes ou suficientes. Elas devem olhar em um espelho subjetivo proposto pela cultura que lhes considere referência. Imagina o tamanho dessa luta? Talvez não! Fora o chinesinho que desde pequenino é estimulado a ser inventor, temos mulheres pelo mundo inteiro querendo ao menos ir à escola sem levar um tiro na cabeça, como aconteceu como uma anônima afegã, Malala. Hoje eu estou aqui para levantar a bandeira de mulheres que lutam para que outras mulheres sejam no mínimo escolarizadas o que de fato é um problema para além de qualquer outra luta moral, no caso o capacitismo. Que é pertinente sim, mas que não tem referência através dessa matéria, senão alguém querendo apagar e silenciar a luta de mulheres. Faz isso, esse silenciamento ou esse apagamento comparando-nos com um homem (genial?) ou elegendo outra luta "mais importante"! Quem diz o que é importante para uma mulher é ela mesma. Obrigada
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA