sexta-feira, 11 de outubro de 2019

"Tudo dói.
Dói antes, durante e depois de sangrar.
Dói amar e ser amada por homens.
Dói na primeira vez e quando somos forçadas.
Dói pra parir, pra abortar e pra decidir entre os dois.
Dói sair na rua e ser um pedaço de carne.
Dói ficar em casa e se sentir sozinha no mundo.
Dói aos 18, aos 30 e aos 50.
Dói cada pêlo arrancado, cada quilo a mais, cada minuto na frente do espelho.
Dói ser gentil e engolir sapos.
Dói o soco, o insulto e a piada.
Dói a plástica, a academia e a dieta.
Dói ser 2, 3, 4 ou mais coisas ao mesmo tempo.
Dói no bolso, em casa, na rua e a vida inteira.
Dói ser bela, recatada e do lar.

Não dói ser mulher.

Dói tentar se encaixar nesse padrão impossível criado pelo machismo.
Dói tentar ser um mulher que nem sequer existe.

Mas tu não precisa sentir mais essa dor.
Tu é livre, mina.
Abrace suas irmãs e entenda a magnitude do ser feminino.
O nosso amor veio pra curar."

(Yasmin Bendito)

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA