terça-feira, 1 de outubro de 2019

Existem muitas formas de traição. Ao ler sua postagem, senti que é possível ampliar essa discussão porque há muitas pessoas que vêm aqui para serem acolhidas. Acho isso lindo!   Sobre as traições... Para cada situação e pessoa envolvida há uma traição possível, igual análise combinatória em matemática, muitas e múltiplas possibilidades, apesar disso, exatas, por isso possíveis de serem previamente compreendidas. Antes de se começar uma relação, muitas vezes, já é possível saber o que pode ser entendido como traição por aquela pessoa. Também, há quem se sinta traído não por algo que sempre soubera que fazia mal, mas por algo que machucou profundamente como nunca antes. São golpes certeiros do destino para que nos conheçamos a nós mesmos. Para além do outro, enfim, há a nossa própria concepção, vivência e experiência do que nos faz ter esse sentimento de se sentir traído. Coisa poderosamente destrutiva, ainda que paradoxalmente reconstrutiva, ou melhor, renovadora. O que me machuca? Por que me machuca? Isso realmente é algo doloroso? Eu fui realmente traída (o)? São perguntas de uma autoanálise funcional que podem nos revelar o dom de viver em paz consigo. Isso porque muitos que foram traídos se sentem culpados e, mesmo sem perceber, reverberam essa culpa em uma condenação quase que cruel sobre o outro. Podemos dizer, nesse sentido, que existem pessoas que nos traem sem querer nos fazer mal, sem nem saberem de fato o que aquilo iria causar para além de si. Hoje pode ser eu a traída, amanhã poderá ser o outro. A condenação implacável neste contexto se torna resquício de certa culpa dividida entre a pessoa que trai e a que foi traída. Coisas do humano. As várias formas de traição precisam ser vivenciadas de modo particular e histórico, sem que se tenha um padrão do que é ou deixa de ser para que todos sejam plenamente beneficiados, afinal muitas vezes ser traído nos torna amargurados e céticos em relação ao amar, ato incondicionalmente criador em nossas jornadas. Vamos, apesar de toda a dor, continuar amando, em primeiro lugar, as nossas próprias experiências, a nossa história e aos nossos ideais. E que aquele que nos tenha machucado siga, enquanto nós continuamos a andar e a crer que o amor vale qualquer decisão. Que não tenhamos a dor de nos arrepender porque foi doloroso. Amar é sempre um ato de coragem. Beijos

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA