terça-feira, 26 de novembro de 2019

Nossa! Essas palavras estão precisando de um cuidado muito mais de perto. Não se pode achar que se curar sozinha é sempre a única solução, porque efetivamente não é! É possível sair desse poço escuro, desse abismo confuso que mais parecem um labirinto em si mesma. Ela pode sair desse lugar e não precisa fazer isso sozinha. Claro que quem for cuidar dela, precisará contar com as mãos dela apertando às suas. Quem for cuidar dela vai precisar que ela acredite um pouquinho em si mesma para depois transbordar em um mar de autocuidado e respeito por suas dores e dúvidas. Não pode ser que se viva em paz achando que se pode ser assim sozinha a vida inteira. Veja bem, não é sobre acreditar em amor que cura tudo, ou em um príncipe que chega no cavalo branco e muda toda a vida dela. Não é sobre acreditar que amor é somente uma pessoa que vai te cuidar e vai melhorar a sua vida para você. Não é sobre ilusão de amor que é perfeito e derruba todas as barreiras. É sobre saber que gente precisa de gente para se curar. Somente quando voltarmos a atender que ajudar e cuidar do outro com verdadeira amorosidade é obrigatório para que a humanidade resista aos tempos de terror nos quais vivemos! A humanidade é um ato recíproco, não acontece se não for estimulado e quando sai de modo pode ser o fim de muitos mundos, muitos universos. Há pessoas que necessitam mais em alguns tempos e outras que precisam com menor frequência. Isso não torna um menos vulnerável do que o outro. Nossa humanidade nós fragiliza na necessidade dos outros humanos para vivermos melhor, para sarar certas feridas da alma e para vencer a própria angústia primeira (o saber-se só no nascer e no morrer e em muitas outras horas cruciais de nossas vidas). Mas não somos condenados à solidão. Também não é a solidão a solução para todas as dores do mundo. Curar é um processo que se faz na troca, na convivência, de modo interpessoal. A cura precisa ser um propósito mútuo e coletivo, senão a dureza do egoísmo vai matar nossa humanização. É preciso aprender a ser cuidado, assim como aprender a cuidar de quem precisa da gente.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA