quarta-feira, 29 de abril de 2020

Que verdade perfeita! Muitas vezes, olhar para o outro e motivar a sua competência, nada mais é do que elogiar para que continue nos servindo. Infelizmente, isso é muito comum nas relações que temos com as mulheres (seja entre homens e mulheres ou entre pares). As mulheres são tão incentivadas a determinadas características exaustivas que só se percebe que a finalidade era a servidão através do incentivo cínico do elogio depois que ela cai de tão explorada e é condenada no imediato momento. Como se não tivesse prestado pra nada...

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Eu queria dizer que tanto concordo quanto cada vez mais vejo o meu lugar de branca (embora periférica) gritar seus privilégios. Sou das únicas entre as amigas que demorou para trabalhar, demorou para se sustentar, não pega quase em uma vassoura mas foi cuidada por empregadas e babás. Mamãe trabalhou a a minha infância inteira, regada em um lindíssimo lema "estudem para que não dirijam fogão, não crio filhas para que sejam pilotos de fogão". Foi o exemplo mais revolucionário, porém com uma dose de cruel ao mesmo tempo. Queria explicar o que pressinto hoje, mas nem consigo enxergar com exatidão. Não consigo morar sozinha porque dependo afetivamente da minha família que depende afetivamente de mim. Um ciclo adoecedor. Mas, para além dessa prisão familiar comum no patriarcado (brancocêntrico), percebi que na minha casa relacionamos diretamente trabalho doméstico ao desprezo que temos pela histórico desse trabalho, isto é, por racismo. É um racismo forte na minha família imaginar mulheres, brancas, criadas para serem as patroas sendo as "donas de casa que fazem tudo". Se não somos quem cozinha, advinha quem faz? Se não somos quem cria os filhos, quem fará por nós? Se queremos alçar vôos extraordinários na Academia, quem nos sustentará? Infelizmente, a resposta é devastadora. 😣 Eu sempre achei lindo o fato de eu me sentir muito feminista, com uma mãe como exemplo de mulher que não é "do lar". Foi quando caí na real. Aqui em casa não lutamos por libertar mulheres. Não. Só a nossa própria ascensão é objetivada. Se para isso outra mulher, em geral negra e periférica tiver que ocupar esse lugar, não nos revelaremos. É duro dizer com todas essas letras, mas o racismo no patriarcado é alma do negócio. Sem uma emanciapação de TODAS as mulheres, iniciando pelas negras e minorias (indígenas, ribeirinhas, amazonidas, quilombolas, mulheres trans e etc.) não tem feminismo que funcione. É puro blá blá blá. Eu percebi isso na minha vida da pior forma.

terça-feira, 21 de abril de 2020

É triste demais perceber que, por sermos mulheres, somos condicionadas ao amor para o outro, pelo outro e nunca de si. É uma tormenta ser uma mulher que decidi amar a si mesma e seguir seu caminho sem até necessitar de um outro para quem devorar amor. Não digo que a solidão é o único caminho de felicidade, mas não é o monstro que pintam. E infelizmente acreditamos no que falam sobre esse monstro. Acreditamos que ser só é ser seca, ser amarga, ser inferior. Tenho certeza que muitas de nós está em uma condição familiar estritamente adoecedora por isso. Viu tentar explicar o que quero dizer com isso: muitas de nós convive dentro de suas famílias com obrigações absurdas que nos adoecem e não nos fornecem o mínimo de amor e cuidar. Isso é traumático. A maioria das mulheres se sente apenas obrigada a dar e nunca receber praticamente nada em troca. Acreditamos, primeiro, em uma falsa interpretação bíblica de que esse é o único sentido do verdadeiro amor. Mas o que me intriga mais nessa história toda é que os homens recebem muitos amor e não se sentem mal por isso. Não se sentem menos cristãos, há até os que justificam esse tipo egoico de relação interpessoal afetiva doentia, perversa mesmo. Há que se pensar ainda muito sobre as relações humanas em relação a vivência das mulheres. Somos o tempo todo exploradas e isso não é justo!
Será que eu posso?

Eu tenho um drama em mim
Uma questão profunda
Bem dentro
Nada na margem
É um prazer intenso e escondido
Mas para mim
Segue como uma miragem
Desgasto por conter
Sigo exausta por impedir
Bloquear minhas entregas
Sou inibição e censura
Por quê?
Quem me condenou?
O que eu fiz de tão errado?
Parece que eu nunca fiz nada
De fato, eu nada fiz até hoje de meu
Não tem minha assinatura
Em nenhuma cena da vida
Eu não ajudei, fui comandada
Me sinto uma marionete
Sem alma até
Nunca me perguntei por que não posso
Por que é errado desaguar
É errado beber e jorrar?
Não pode fumar? Mas eu fumo, eu quero
Não pode beber? Mas eu amo, eu deliro
Meu delito é querer?



terça-feira, 14 de abril de 2020

Eu ainda acho que essa manutenção do Enem é uma pressão sistêmica para o retorno à rotina. Infelizmente, o extremismo está mostrando as suas presas. Para mim, há uma estratégia de eugenia. E isso é fascismo na prática. Infelizmente, não consigo ver de outra forma

Com certeza. Retornar às escolas ainda neste semestre me parece utopia ou irresponsabilidade. Junho, se houver sucesso por parte da maioria dos governadores, teremos um isolamento social mais significativo. Eu acredito que a partir de meados de junho já poderemos começar a pensar no retorno e sem pressa. Pressa agora é fatal. Estarmos vivos é a melhor meta de todas

E eu ainda acho que datas são irrelevantes. Eu sei que elas têm uma função óbvia de justificar questões de planejamento, principalmente de escolas particulares e suas burocracias financeiras (por exemplo, o pagamento ou não de aulas ou férias durante janeiro em relação à preparação do alunado). Porém, chegamos a uma certeza: rigidez de planejamento agora é trabalho perdido. Deverá ser refeito quantas vezes for necessário. Quando deveríamos pensar em melhores estratégias de orientação dos alunos e de organização de conteúdo. O que para o Enem, antes não funcionava exatamente assim, mas agora é cada vez mais "conteudista". Como professores nessa batalha, eu desejo a vcs ânimo. Essa história irá nos formar mais do que qualquer curso em nossas vidas. A prática de hoje é mais que mil livros repetidos. Está mais do que na hora de levarmos leituras acadêmicas sobre uma educação melhor para a realidade do nosso país de fato. Eu acredito plenamente que vamos ter um efeito real mas escolas depois disso. Tenho essa esperança.

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Movimento_eug%C3%AAnico_brasileiro

sábado, 11 de abril de 2020

Mais cedo eu respondi sobre isso a uma pessoa que sigo do Facebook. Ela é paulistana e professora do ensino infantil. Na postagem, falou sobre se deixar o ano letivo de 2020 como "perdido" em relação às burocracias e investir exatamente nos cuidados e alguns conteúdos direcionados.  Concordo plenamente com minha colega que não dá para pressionar os professores e simplesmente levar o ano como se nada tivesse acontecido. É hora de se reinventar. Eu acho muito relevante a atual conjuntura dramática em que vivemos porque ela escancara a maior doença, para mim, que acomete o sistema educacional brasileiro: a burocracia tecnicista. Os 200 dias letivos com conteúdo depositado nas aulas sem qualquer perspetiva de mudanças metodológicas. Os professores estão muito acostumados com a mesma apostila, a mesma aula expositiva e a mesma prova seletivista. O que não é um mal da nossa categoria, mas uma indução do próprio sistema antiquado. O uso das novas tecnologias encarado sempre com muita desconfiança por muitos professores que verbalizam ser "só mais um trabalho" a sobrecarregar nossas vidas. A formação que nunca está a gosto porque parece ignorar os desafios da prática precária no "chão das salas" muitas vezes desestruturadas. São muitos fatores a se pensar. Muitos. Eu mesma estou refletindo muito sobre minha própria forma de ser professora porque já fui colocada na situação de ter que ir para salas de chat, grupos de whatsapp e aulas via videoconferência. Não estava preparada. Topei porque me senti colocada diante de uma situação extrema e acredito que nesses casos devemos aprender. E vamos aprender no começo errando. Eu que sempre tive muita resistência em fazer vídeos e aula por celular agora me vi nessa situação por necessidade minha e dos alunos. Não é fácil e não será. Não é simples e não será. Não é a única alternativa e nem pode ser. Mas acredito que vale a pena tentar. Para mim, seria muito melhor se houvesse uma formação realmente prática sobre como se portar, o que levar ao ambiente virtual de ensino, o que não levar, o como perceber as respostas dos alunos e, principalmente no meu caso, como garantir o diálogo, que eu considero indispensável para que as aulas sejam significativas. Estou aprendendo exatamente diante dessa situação traumática.
Eu gosto da ponderação do autor sobre a comparação com bolsonazi... Realmente, ofende ser comparado a esse fascista, mas de fato é o que se vê. Quem admite que há necessidade de continuar com aulas online o que era feito em aula presencial, ainda não entendeu nada sobre educação de verdade. Educação não é ocupação para quando os pais precisarem cumprir seus afazeres. Educação não é distração para quando o garoto não tem "nada para fazer de melhor". Educação não é uma rotina biológica como acordar - escovar os dentes - se banhar - tomar café - ir para a escola. Não, não é. Educação é muito mais. Mesmo Home Schoolling não é isso. Não é assim que se faz o ensino doméstico institucionalizado. Educação exige técnica, ética, diálogo e ciência. São princípios freireanos, sim, mas também são as nossas práticas históricas. Professores e alunos sabem que educação não é o que se está fazendo, nem propondo. Se há certas boas intenções, não duvido. Mas também não acredito que sejam as mais importantes pela forma como está acontecendo. Os professores que estão se empenhando merecem nosso apoio, estarão exauridos para o restante do ano...e os alunos sabem exatamente do que precisam. Infelizmente, dentro das escolas todos os dias estamos cansados de dizer, a família que se ausenta no ambiente escolar é a mesma que agora foge do convívio, digo sem medo de errar. A convivência dentro de casa com os próprios filhos muitas vezes se traduz em uma forma adoecedora. É nesse lugar que se colocou a escola há algumas décadas...como sou uma jovenzinha, diria que há três décadas... A escola é a intermediadora de conflitos entre pais e filhos, agora sem poder ficar nesse lugar o que sobra é reclamação. Sabemos exatamente do que se trata.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Você é casa...

Vício de amor
Qualquer lugar com você é casa...

Minha estrutura ruída em vários pedaços que piso pelo chão... há estilhaços que ferem os meus pés...minha morada eu nunca tive e sinto que ruiu...
A casa que eu entro e procuro abrigo é ela no meio do breu...sinto que estava tudo desarrumado...vejo os sonhos e planos... está tudo bagunçado... Mesmo assim eu me sinto em paz...
O que há no estar nela que me acalma?
Aconteceram coincidências tantas que não tive roupa pra escapar das artimanhas do destino que me pregou a melhor das peças...
Andei tanto cansada e com os pés feridos que cheguei nela...dói de tanto acreditar mesmo assim sem ter poderes e fins...
Ela é o abrigo da minha alma... é a cama mais gostosa da vida...o travesseiro onde eu posso morrer...confio até nas suas confusas escolhas que te afastam de mim...confio igual um cego no tiroteio... qualquer bala que ultrapassar meu peito não me parece ser o meu fim...
A casa é o meu fim. Com todas aquelas panelas de fundo branquinha a fazer macarronada de queijo minas... não posso comer lactose, meu amor...eu como mesmo assim todas as invenções dela de fazer bagunça e deixar uma louça gigantesca...quero morrer...eu sei que vou amar tudo que vc fizer...
Ela é um lar de janelas floridas...varandas em cima dos olhos da gente... ninguém alcança aqui... não podem te ver sem roupa desse jeito...a sua nudez devia ser minha... não é...nada nela me pertence até quando me entrega a sua vida e diz "pra sempre".
Estamos vivendo um abalo sísmico da cultura de consumo que é o suporte do neoliberalismo orgânico. Nessa cultura, o "direito individual" é radicalizado a uma forma de lei (lei de consumo, ideológica) para a qual a "vontade de consumir" precisa ser defendida. Uma das bases de manutenção (defesa) dessa lei é o "direito de ir e vir", "liberdade de expressão" e "liberdade de credo", são exemplos de direitos individuais que não são naturais, mas foram naturalizados para que se defendesse para si, mesmo não percebendo que nunca foi um direito realmente universal. Sempre houve os que não podem ir e vir, os que não têm a liberdade de se expressarem e os que não têm no seu credo a garantia de manifestação respeitosa na cultura, por exemplo por causa do preconceito historicamente definido. Ir e vir agora é um sinal de "privilégio negado" para algumas pessoas. O que é vergonhoso! Quem nunca pode não questiona, quem sempre teve pressiona o sistema. Que terremoto veremos? Das pessoas que acreditam que suas vontades devem ser "supridas" ou dos donos da produção de vontade que sempre pareceu em prateleiras imperceptíveis aos olhos alienados da gente? Pode ter certeza, que não direitos humanos realmente garantidos quando eles tocam nas bases do sistema. Talvez em alguns lugares essa cultura saia muito enfraquecida, mas em outros o poder de consumir será intensificado. Sabe-se o que isso tenha a ver com o fascismo no qual o mal se banaliza a ponto de pessoas serem distinguidas para serem exterminadas... Tomara que nada😔
erfeito, querida. Sabes que hj a Br estava congestionada? Entre muitos viajantes aqueles que ignoram uma pandemia mundial em nome do seu lazer em viagem de feriadão... arff.

em pensar que muitos dos que irão morrer não tiveram qualquer escolha respeitada, nem seu direito de estar em casa com a família 😔 Não tem como não perceber a desigualdade social agravando essa crise "biológica". É muito triste que alguns cristãos ainda se colocam nesse lugar de defesa do "direito individual"... Frustra. Não adoeceremos na mente porque já vivemos rodeados por esse privilégio deles, mas é revoltante. Não tem jeito.



quinta-feira, 9 de abril de 2020

Que castração do capeta que ela é
Ela arde...corta tudo que eu pensei que eu tinha
Ela eu sinto debaixo da minha sina...ela me nina
Ela dói...igual uma ferida que acabou de ser tocada
Ela me sangra...eu doída viro gente no colo dela inteira a ser mamada
Ela me cinde... eu dedilho cicatrizes que voltam do além de mim
Ela me nota...me enxerga torta semente de dores a se mobilizarem
Ela quer ver...quer em mim o que não pode ter
Ela me interroga...fujo dela e do que ela me cobra
Ela me castra...com suas mãos em delírios de me comer
Ela me assusta...me invade em meus desejos  famintos de dar
Ela é como o pássaro...vooa rasante na velocidade certa para o meu deleite
Ela tira a minha roupa...tira meu fôlego
Ela é meu delito...fico nua só de lhe ouvir
Tudo ela sabe...tudo ela abre...tudo ela fode em mim
Minha alma é toda dela...meu gozo na orelha dela...meus olhos nela fecham de prazer
Eu ofegante paro e cheiro sua pele...cheiro sua boca...cheiro seu cabelo...cheiro todo o seu corpo em pedacinhos e devagar
Eu avanço em seu pescoço...lambendo no seu cangote minha própria versão preferida de pudim
Eu olho nos seus olhos firmes e suaves...mandando em mim como um comandante...morando na intuição
Eu colho seus amores de antes...beijando seus lábios que pedem beijos afoitos de ter
Eu mordo na ponta do seu queixo...na ponta dos seus lábios...quero tirar um pedaço de você pra mim
Eu chupo gostoso seu seio esquerdo...seguro de leve o direito... você retorce a cabeça no travesseiro
Eu sei que é a hora certa de descer...de descer mais? Pergunta rebelde...respondendo mais, mais, mais...
Eu não vou deixar você me puxar de volta se eu chegar mais longe...
Eu quero ver seu raciocínio lógico perder a compostura...quero sonhar tua loucura rangendo o dente pra não gemer
Eu vou te chupar um pouco...te molhar com minha água na boca por te querer
Eu cheguei tão perto... tão natural... tão eu em você
Nós dormimos depois de uma explosão dos medos...todos foram destruídos na hora de se entregar
Nós entrelaçamos pernas, braços e dengos...amor feito...tesão sereno...eu podia me casar com você


É muito traumatizante ver situações de convivência como a que se coloca no BBB. Imagina o que é ver, por exemplo, uma Flay (muito racista também) colocar na Thelma um peso de julgamento que ela nunca colocou na Gisele e nem na Manu que claramente já foram de contra a ela. Para ela, é muito mais "fácil" atacar alguém vulnerabilizado do que uma pessoa com maior "prestígio" comunitário. A Thelma e o Babu lutam calados, quietos, abafados, como sabemos apagamento e silenciamento, sociologicamente definindo. Sempre há nesse tipo de "jogo" a estratégia de matilha, todos contra o mais fraco. Um estilo de atuação extremamente discriminatório, idêntico ao que acontece com minorias. Somos todos os dias a parte mais frágil (faço parte da comunidade LGBTI+). A Marcela aqui fora tem prestígio profissional e privilégio de classe, de raça e de indentidade de gênero (porque é uma mulher branca cis). Então, aplaudir qualquer obrigação humanitária dela é o sintoma da reverência ao dominador. Não podemos esperar que venha qualquer reparação histórica em relação a Thelma e a Babu. O que se fará é demagogia, se algo for feito.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Poxa, Úrsula, eu sei que você teve uma excelente intenção, mas não podemos ser ingênuos. A escola é o lugar onde o aprendizado mais complexo acontece. Não é sobre ouvir os conteúdos, sabe? É sobre ultrapassar os limites impostos pelas desigualdades sociais, pela ausência da garantia mínima de dignidade humana e por sermos seres históricos. A nossa "natureza" exige a socialização como modo complexo de saber, inclusive saber ser. Quando um aluno de uma escola particular assiste em sua residência a uma aula em vídeo, ou faz suas tarefas enviadas por meios remotos como whatsapp, e-mail e outros, de fato, essa criança poderá ter um maior aparato sociocultural que lhe garantirá melhor entendimento muitas vezes. E mesmo assim não estamos tratando aqui de realmente esse tipo de "ensino", que eu chamo de "subterfúgio de crise", garantir a continuidade de uma escolarização. Aprender não é ouvir, nem ver. Sou professora formada pela UFPA desde 2010, tenho experiências em tipos diferentes de ambientes de aprendizagem (escola privada, ONG's, escola pública, cursinho, preparatório pra concurso e rede de educação social). Hoje sou efetiva da Seduc daqui e já fui efetiva por 3 anos da Seduc do Maranhão. Então, quem lhe garante é uma professora. Se há algo que nós educadores sabemos é educação É MUITO MAIS DO QUE ISSO. Tal como já nos apontavam os mestres Paulo Freire e Rubem Alves, por exemplo. Mas somos muitos e temos uma luta sangrada há séculos nesse país (ao menos dois). Portanto, se quer construir uma visão de educação, estamos abertos! Conversem conosco! Queremos mesmo dialogar sempre. Essa é a nossa maior alegria. Ser professora é a minha dedicação quase exclusiva. Não deixo de ser professora nem sentada entre amigos. Estamos aqui para dialogar e aprender juntos.

sábado, 4 de abril de 2020

Dia dois

Insônia, sóbria, sobras e sombras
Cada uma palavra e cada letra traz um efeito.
 Ela insônia insistente, eu insone resistente comovendo as pálpebras a me acariciar os olhos em meia-baixa.
Eu tão sóbria que causo dormência no meu sentido súbito, em que nasce metáforas e anagramas alegóricos metafísicos. A sobriedade mata a metafísica trivial. Minha cética costumeira adormeceu por tirania.
Ela se derrama em sobras que caída me lambuzo e me deleito. É o meu delito acreditar em devaneios de além-mar. Aquém-mar há falta, há vaga, há vão em cantos de sonoros ecos. Cavernosa é a parede do meu peito, invadida por fora por sua lava de vulcão ardendo em destruição.
As nossas sombras andaram juntas no amanhecer sem solução... Vagar em luminosas vias... véus de luto sob os olhos...penumbras de matizes mal assombradas...fantasmagoram em mim porão. Existe uma prisão à vista, breu e limo alcançam as minhas mãos. Apegos egoístas...invadem e privam meu pôr do sol. A sombra andando sobre a aurora consente a noite não deixar adormecer no leito. Ela não chega. É sempre dia. Se não vejo a lua, onde ela foi parar?

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Participei ontem de um encontro entre educadores sobre aprendizagem criativa e o que se fala mais é exatamente disso...como as escolas, principalmente privadas, estão tentando "justificar a mensalidade" com a exploração do trabalho docente à revelia de qualquer momento de diálogo com os profissionais, sem qualquer preparo, sem as alternativas de formação fundamentais (mesmo que exijam tempo) e sem pensar na realidade em que estamos vivendo (pandemia e estresse coletivo). Realmente são os pais que também devem ser alertados. O foco, além de gestores obviamente, são pais que se colocam nesse papel de exigir "produtividade" por causa da mensalidade. É a certeza de que a escola está no lugar da babá, muitas vezes. Infelizmente, Paulo Freire continua contemporâneo em sua análise crítica em "Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar". O trabalho docente continua sendo uma forma de aparelhamento ideológico do estado adestrador que, para manter o cabresto, faz o professor de seu fantoche escravizado.
Justificar "mensalidade" escolar com exploração do trabalho dos professores, sem qualquer preparo, sem atentar que eles têm suas próprias famílias em casa e que há um contexto histórico totalmente fora de controle é desumano! Há muitos professores sendo explorados em trabalhos para os quais sequer foram preparados!
Muitas vezes, são os pais e responsáveis os culpados por esse tipo de trabalho compulsório e adoecedor sendo cobrado dos professores. Muitas famílias acham que escola e professor são babás que têm a obrigação de cuidar de seus filhos para eles. NÃO! ISSO NÃO É EDUCAÇÃO! Professor e escola não são babás com quem se deixa os filhos e sai para "buscar os próprios sonhos" ou para trabalhar e "construir uma carreira". NÃO! EDUCAÇÃO NÃO É ISSO!
Vídeos que "ocupem o tempo da criança" com tarefas escolares em que os alunos não sejam METODOLOGICAMENTE mediados POR UM PROFISSIONAL NÃO ENSINAM! ISSO NÃO É ENSINO! Por favor, parem de se enganar, de enganar seus filhos e de explorar a mão de obra, muitas vezes, "barata" de professores QUE NÃO ESTÃO PREPARADOS NESSE MOMENTO por causa dessas circunstâncias para um trabalho assim.
Há outras alternativas. Se informa. Escolas, gestores e corpo técnico e docente PODEM PENSAR JUNTOS COM CALMA em qual a melhor alternativa, por exemplo de distração e de trabalho inclusive EMOCIONAL para esse momento. Há muito que se aprender com esse DESASTRE HUMANITÁRIA e, com certeza, não é o conteúdo de escola básica indispensável agora!
 Agora é hora de valorizar AS VIDAS. Valorizar as pessoas. Valorizar o que REALMENTE nos CUIDA. Crianças, adolescentes e jovens precisam de CUIDADOS e não de mais conteúdo escolar e acadêmico despejado em suas mentes pressionadas por essa situação caótica.