sábado, 11 de abril de 2020

Mais cedo eu respondi sobre isso a uma pessoa que sigo do Facebook. Ela é paulistana e professora do ensino infantil. Na postagem, falou sobre se deixar o ano letivo de 2020 como "perdido" em relação às burocracias e investir exatamente nos cuidados e alguns conteúdos direcionados.  Concordo plenamente com minha colega que não dá para pressionar os professores e simplesmente levar o ano como se nada tivesse acontecido. É hora de se reinventar. Eu acho muito relevante a atual conjuntura dramática em que vivemos porque ela escancara a maior doença, para mim, que acomete o sistema educacional brasileiro: a burocracia tecnicista. Os 200 dias letivos com conteúdo depositado nas aulas sem qualquer perspetiva de mudanças metodológicas. Os professores estão muito acostumados com a mesma apostila, a mesma aula expositiva e a mesma prova seletivista. O que não é um mal da nossa categoria, mas uma indução do próprio sistema antiquado. O uso das novas tecnologias encarado sempre com muita desconfiança por muitos professores que verbalizam ser "só mais um trabalho" a sobrecarregar nossas vidas. A formação que nunca está a gosto porque parece ignorar os desafios da prática precária no "chão das salas" muitas vezes desestruturadas. São muitos fatores a se pensar. Muitos. Eu mesma estou refletindo muito sobre minha própria forma de ser professora porque já fui colocada na situação de ter que ir para salas de chat, grupos de whatsapp e aulas via videoconferência. Não estava preparada. Topei porque me senti colocada diante de uma situação extrema e acredito que nesses casos devemos aprender. E vamos aprender no começo errando. Eu que sempre tive muita resistência em fazer vídeos e aula por celular agora me vi nessa situação por necessidade minha e dos alunos. Não é fácil e não será. Não é simples e não será. Não é a única alternativa e nem pode ser. Mas acredito que vale a pena tentar. Para mim, seria muito melhor se houvesse uma formação realmente prática sobre como se portar, o que levar ao ambiente virtual de ensino, o que não levar, o como perceber as respostas dos alunos e, principalmente no meu caso, como garantir o diálogo, que eu considero indispensável para que as aulas sejam significativas. Estou aprendendo exatamente diante dessa situação traumática.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA