quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Sobre viver em tempos de cegos e cegueiras inventadas. Não adianta nada negar sua visão à realidade em si. O corpo ouve, sente e reclama alto a si mesmo. É hora de se corresponder sem medo do que pode ouvir de dentro de si. Sobreviver muitas vezes é um ato de coragem sob medo de si. Vamos tirar o medo das nossas pálpebras cansadas e olhar de verdade. O que for visto é para ser encarado e não encarcerado pelo porteiro (moralmente pago pela mediocridade da gente). Somos aqueles que abrem as portas e fecham as janelas. Está na hora de abrir nossas casas para que o vento leve a poeira embora. Não tenha medo de deixar a sujeira da alma sair.
Bom dia, gente!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O que fez mulheres serem exemplarmente assassinadas em praça pública é o que faz hoje muitas de nós sermos condenadas às variadas mortes e torturas públicas atualmente. Ainda há caça às bruxas e, não se engane, elas estão do nosso lado. Marielle é UMA delas, Agatha outra. Por isso continuamos bruxas. Não devemos cair  nessa mitificação de bruxas porque ela muitas vezes deixa glamouroso o que é ainda hoje MORTE NO MEIO DA RUA. Por favor, vamos acordando para essa ideologia que acha bonitinha a fantasia de que houve bruxas quando de fato nós nunca deixamos de ser mortas pelo que fazemos contrariando o sistema de poder de homens. O patriarcado é o tribunal de muitas mortes de mulheres, muitas vezes do nosso lado. Então, vamos enxergar nossa realidade que nunca teve uma mudança total a ponto de não tornar mulheres bruxas. Devemos ainda tomar cuidado para não sermos as mulheres que ajudam nesse tribunal.

sábado, 26 de outubro de 2019

Exatamente sobre isso será um encontro, uma roda de mulheres da qual participarei hoje. E vou te dizer "empoderamento" é uma palavra que eu peguei até ranço. Não sei se é pela minha falta de conhecimento sobre a importância do termo, ou porque realmente estou enojada com o sequestro dela pelo neoliberalismo do demônio, mesmo. Dá um ódio ouvir mulheres dizendo que são empoderadas porque trabalham e ganham sua própria renda cujo usufruto vai para uma casa inteira. Dá uma encaralhação de ouvir as manas dizendo que são "empoderadas" quando transam com qualquer mané, mas eu conheço a vida e a história delas e sei de todas às vezes que ela chorava pelo embuste e sei que ela está fazendo isso para se punir por não estar "à altura" dele - afinal ele é um bosta, mas ela não percebe derrotada que é pelos filmes idiotas que lhe fizeram acreditar na merda da romantização heteronormativa. Eu tô MUITO PUTA com isso. Empoderamento é o caralho, sabe! Eu não consigo nem mais ouvir. Queria uma outra palavra para nutrir meu direito e minha fome por dignidade para nós mulheres, para TODAS AS MULHERES. Mas só vejo essa derrota com um nome vindo do estrangeirismo marketeiro "empowerment" dos infernos!🤦😣😔

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

É hora de mandar empregos à merda. Sem direitos, pra quê ter patrão? Pra quê aturar cobranças, chefias, horários, ameaças, exploração e desprezo? Trabalho não é emprego, essa é só mais uma das grandes mentiras sociais implantadas como "verdades inegáveis". Agora é hora de criatividade, atitude, iniciativa e coragem. Hora de cooperação, de trabalhar por conta própria, de exercer habilidades, de inventar e reinventar. Quando faltarem empregados, voltam os direitos. E se demorar, aparecem regalias. Os patrões não existem sem os empregados. Os empregados, quando despedidos, dão seu jeito sem patrão. O patrão sem empregados se mata. O empregado sem patrão se vira. O forte se sente fraco e o fraco se sente forte. É preciso perceber que é o contrário, essas aparências foram construídas pra enganar. E enganam já há tempo demais a gente demais. As exceções se multiplicam.
Eduardo Marinho
Thais Duarte com certeza! Por isso eu deixo bem claro que o capitalismo para mim é uma tirania. Nunca foi e nunca poderá ser o meio para se chegar a uma democracia, muito menos em um tipo de universalismo social em que realmente todos fossem considerados humanos na mesma proporção. Quando tratamos, por exemplo, do de mulheres que se denominam feministas, mas não concordam com a necessidade de rever a pressão estética sobre as mulheres, estão diante de bode expiatórios do nosso movimento. Um tipo de autodestruição, comum em mulheres profundamente alienadas no campo do outro (do patriarcado estruturante). Elas estão submersas em estruturas sociais, em violências simbólicas, que aprisionam seus corpos e suas mentes. O que isso significa na prática. Elas ajudam seus próprios algozes, o que não é simplesmente demérito, é sofrimento. Muitas mulheres que defendem o padrão cisnormativo, que resume a "feminilidade" autorizada pelo patriarcado, estão em sofrimento inconsciente grave. São, ao mesmo tempo, as guardiãs dos seus "machos alfas" quanto as que mantêm os cadeados de suas correntes. Vc está certa por ter feito o alerta que pelo tom ficou forte e retumbante, como exige a urgência da escravização de nossas irmãs. Porém, elas sentem como uma afronta às suas próprias estruturas, aos seus "privilégios", às histórias. De fato, podem ter medo de perder o sentido da vida no qual sempre acreditaram. No fundo, romper com determinadas estruturas requer tanta força, coragem e luta na qual partes da gente morrem. Partes importantes da nossa vida, da nossa história e daquilo que consideramos verdade morrem. O feminismo é o lugar de cura para dores inalcançáveis de modo solitário. Múltiplas vozes de dor juntas cuidam de nossas feridas históricas. Feminismo é uma mulher cuidando da outra. Muito obrigada por lutar do mesmo lado que o nosso, mana🙋♀️💜
Eu fico muito triste em perceber que o zumbis da alienação estão cada vez mais proliferados e isso é consequência da velocidade em rede. A internet é muito positiva por vários motivos, mas é desastrosa quando não dominada pelo conhecimento científico, político e governamental. Ainda há muita ignorância, falta de regulamentação e regulação, ausência de pesquisas mais profundas sobre o assunto porque não há vontade política e iniciativa privada sérias nesse contexto. Para mim, os discursos repetitivos que reproduzem e mantêm ideologias anti-humanas são a arma do capitalismo tirânico que temos atualmente. É um aparelhamento ideológico claro e está conseguindo manipular a população de modo mais abrangente e mais eficaz por causa da realidade virtual. Essa fantasia de mundo, criada em rede, é uma oportunidade para o pensamento zumbi dessas pessoas se aflorar. As falas zumbisoides se aproveitam do ambiente virtual para aparecerem e ganham realidade sim. A realidade que se faz é a precarização da vida e da saúde emocional de muitas pessoas. Devemos ser alertas quanto ao problema que a internet se tornou porque não está devidamente regulada em nosso país, o que se percebe na América inteira. Triste realidade. Deveríamos lutar por uma regulamentação da Internet no nosso país.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Eu queria entender melhor essa questão mesmo. O Freud tem um livro chamado "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", cujas teorias são embrionárias para a psicossexualidade infantil. Nele, há uma afirmação a qual tenho muita simpatia, porque foi postulada por um judeu no início do século XX (que tinha tudo para ser conservadorista). A afirmação é de que para Freud o ser humano nasce bissexual, sendo assim para todos. O que é uma verdadeira revolução para a teoria da sexualidade dentro da cultura ocidental. Eu acredito que é bem por aí mesmo, sendo que - segundo essa visão freudiana - a diferença sexual se estabeleceria mais tarde por meio das vivências dentro do sistema cultural. Então, eu acredito muito na visão de que a identidade sexual é uma importante autoafirmação subjetiva, sendo responsável pela saúde emocional e cognitiva. Por isso, nessa situação específica da heterossexualidade compulsória eu ainda tenho muitas incertezas e algumas inseguras em relação ao fato de que me parece ser uma afirmação de que apenas homossexualidade seria a determinação saudável, o que também não pode ser desta forma. Gosto da influência da Judite Butler nas discussões sobre o gênero e a heteronormatividade. Acredito que esse sim seria um padrão compulsório em determinadas culturas dominantes, como a ocidental eurocêntrica. Sobre heteronormatividade e cisnormatividade eu me sinto muito mais confortável em falar por perceber no dia a dia. E como sempre adorei essa abertura na tua página❤️

domingo, 20 de outubro de 2019

Ler é ouvir; ouvir leitura não é ler.

Em meus cursos de literatura, sobre prosa ou poesia, não abro mão de ler os textos em voz alta. Tenho a convicção de que, ao escrever, o autor aciona também sua fala, e conta não apenas com os olhos, mas com os ouvidos do leitor,  que devem captar o ritmo, os timbres, as inflexões, as pausas, as tonalidades afetivas dos textos. Esses textos são todos indicados no programa do  curso, já na primeira aula: quero que sejam lidos, ouvidos e estudados ANTES da minha leitura em voz alta. Esta será apresentada como uma INTERPRETAÇÃO, e é nessa forçosa condição que deve ser debatida. Ainda quando interpretado por um grande ator ou atriz,  por quem seja capaz de revelar e realçar muitas potencialidades expressivas da linguagem, um texto literário não dispensa o acolhimento inicial do leitor que lhe dará a forma de sua própria captação pessoal. O impacto da primeira leitura que cada um faz de um texto, marcada pelas naturais limitações de um contato ainda pouco refletido, não pode ser substituído pelo impacto de quem já o leu e agora pronuncia sua recepção pessoal. Se eu ouvir a gravação de um conto do Guimarães Rosa lido por Lima Duarte, estarei, obviamente,  ouvindo a leitura que faz Lima Duarte de Guimarães Rosa. Pode, evidentemente, ser belíssima e inspiradora. Ainda assim, não substitui aquela multiplicação virtual das leituras que brotam da voz de um autor que reconheço quando o leio e o ouço em meu momento de concentração. Não um momento solitário: um momento carregado da humanidade que o escritor estende a cada um que o leia,  adensando o que Adorno, tratando da recepção da poesia lírica, chamou de “corrente coletiva subterrânea”.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

"Um professor sempre será melhor do que o Google.
Porque um professor não dá uma informação, conta histórias.
Porque um professor funciona mesmo sem wi-fi, mesmo sem luz, mesmo no temporal.
Porque o professor não facilita a busca, exercita a memória.
Porque o professor não cria dependência, mas possibilita amizades.
Porque o professor pode mudar o destino de um assunto, voltar atrás, recomeçar de novo, dependendo das necessidades da turma.
Porque o professor não realiza só o que você deseja, vai além com detalhes e comparações.
Porque o professor lê a sua alma quando levanta o dedo para a pergunta, não apenas recebe uma dúvida.
Porque o professor também se importa com aquilo que não entendeu mais do que aquilo que quis perguntar.
Porque o professor escolhe falar do que ama. Você não está apenas tendo uma aula de um conteúdo, e sim testemunhando uma história de amor."

Carpinejar

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Homem aleatório entendo muito bem o lado que vc propôs que seja analisado, realmente se trata de uma tendência não capacitista, isto é, que não se compare  a capacidade mental de um ser humano através de outros parâmetros a não ser os seus próprios. Acho justo. Para além disso, existe a realidade que nos condiciona. O condicionamento cultural meritocrático, lei fantasiosa e capacitista do capitalismo, é uma realidade destrutiva principalmente para as pessoas que estão à margem do poder de representatividade. O que isso implica na prática? Mulheres se sentem diminuídas e inferiores porque não encontram parâmetros entre seus pares. Não veem outras mulheres em livros, não estudam sobre mulheres importantes, não conhecem a própria importância para a civilização e para o racionalismo científico, não sabem do seu papel indispensável para o nascimento da filosofia. Talvez seja difícil para vc compreender o nosso lugar porque vc não é mulher. Suas questões são outras, não melhores, nem mais avançadas ou atualizadas, eu repito: são outras. Entendo a sua pertinência, mesmo eu não sendo um homem, porque sou obrigada pela minha cultura etnocêntrica patriarcal e misógina a racionalizar o mundo através dela. Mas eu não concordo que seja essa a principal questão. Não se trata de encontrar o fulano que foi o primeiro a pilotar, eu chamei atenção claramente no meu comentário sobre a NECESSIDADE de se comparar mulheres a partir de um paradigma entre mulheres. Inclusive aposto que a idealização da matéria não é feita por uma mulher, porque mulheres não veem o mundo pelo seu próprio paradigma senão são provocadas pelo seu próprio senso. Não se trata de empoderamento, veja bem. Se trata de uma inquietação íntima, no caso uma mulher indignada buscando uma revolução históricocultural em si é que se posiciona de modo diferente. Não vi isso na proposta da matéria. Então, vamos ao que de fato interessa em última análise? As mulheres não devem ser comparadas a homens para que se sintam melhores do que de fato já são por si mesmas, dentro de suas próprias narrativas. Elas devem ser estimuladas pelas mídias afins a quebrarem o paradigma que lhes obriga a pensar que somente homens são capazes ou suficientes. Elas devem olhar em um espelho subjetivo proposto pela cultura que lhes considere referência. Imagina o tamanho dessa luta? Talvez não! Fora o chinesinho que desde pequenino é estimulado a ser inventor, temos mulheres pelo mundo inteiro querendo ao menos ir à escola sem levar um tiro na cabeça, como aconteceu como uma anônima afegã, Malala. Hoje eu estou aqui para levantar a bandeira de mulheres que lutam para que outras mulheres sejam no mínimo escolarizadas o que de fato é um problema para além de qualquer outra luta moral, no caso o capacitismo. Que é pertinente sim, mas que não tem referência através dessa matéria, senão alguém querendo apagar e silenciar a luta de mulheres. Faz isso, esse silenciamento ou esse apagamento comparando-nos com um homem (genial?) ou elegendo outra luta "mais importante"! Quem diz o que é importante para uma mulher é ela mesma. Obrigada

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A lição de casa que sempre volta com o professor é o famigerado legado. O que se ensina não é para si, nem para hoje, nem para agora, nem sequer para amanhã imediatamente. Se ensina como verbo intransitivo, não há complemento que seja suficiente. Em geral, o que foi aprendido talvez nem o professor imagina que ensinou. O que foi aprendido talvez nem o aluno sabe ao certo quem foi que colaborou para acontecer. É o tempo um fator determinante para que o ensinamento aconteça, mas ele muitas vezes apaga o endereço de onde o feito se originou. Ao professor, resta aprender todo dia a arte de esquecer de se questionar sobre o que de fato foi sua obra. Um dia ele encontrará ela diante de olhos humildes e serenos. Ser professor talvez seja a arte de esquecer de se colocar como o ensinador e conseguir enxergar no mundo um pouquinho de esperança. Esperança de que haverá frutos mesmo que não se possa provar seu gosto.
"Tudo dói.
Dói antes, durante e depois de sangrar.
Dói amar e ser amada por homens.
Dói na primeira vez e quando somos forçadas.
Dói pra parir, pra abortar e pra decidir entre os dois.
Dói sair na rua e ser um pedaço de carne.
Dói ficar em casa e se sentir sozinha no mundo.
Dói aos 18, aos 30 e aos 50.
Dói cada pêlo arrancado, cada quilo a mais, cada minuto na frente do espelho.
Dói ser gentil e engolir sapos.
Dói o soco, o insulto e a piada.
Dói a plástica, a academia e a dieta.
Dói ser 2, 3, 4 ou mais coisas ao mesmo tempo.
Dói no bolso, em casa, na rua e a vida inteira.
Dói ser bela, recatada e do lar.

Não dói ser mulher.

Dói tentar se encaixar nesse padrão impossível criado pelo machismo.
Dói tentar ser um mulher que nem sequer existe.

Mas tu não precisa sentir mais essa dor.
Tu é livre, mina.
Abrace suas irmãs e entenda a magnitude do ser feminino.
O nosso amor veio pra curar."

(Yasmin Bendito)

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Não havia o que fazer e isso é URGENTE de ser dito. Não há mesmo o que ser feito, se for de modo obrigatório. Nenhuma obrigatoriedade existe em cuidado com a sua mental ou com um extremo ato (aborto e suicídio, por exemplo). Podemos ajudar, sim! Há como acolher e cuidar, sim! Mas não é obrigatório, não se trata de uma única pessoa a fazer isso e nem mesmo podemos culpar a nós, ou a profissionais de saúde, muitas vezes em contato com essas pessoas. A psique humana é voluntariosa e compulsória em muitas situações limites. Voluntariosa pois se faz diante de desejo (consciente e inconsciente). Compulsória porque se vincula a uma realidade inacessível aos fatos históricos, muitas vezes. Ela se submete a decisões não racionais, porque fora do alcance lógico comum. Por isso, muitas vezes, o que pode salvar um potencial suicida é a PSICOTERAPIA, o atendimento em um CAPSI, ou uma emergência seguida de um acompanhamento freqüente de um psiquiatra. Não há o que uma conversa faça por si mesma, infelizmente, não é assim. Salvamos vidas quando nos colocamos no lugar real de que podemos cuidar do outro com nossa empatia, mas principalmente aconselhando, levando ou conduzindo de modo adequado a um acompanhamento de saúde. Há suicídios acidentais, sim, sem dúvida. Esses são impedidos através de um ato pontual, SEMPRE. Mas o suicídio programado e inconscientemente desejado PRECISA DE UMA ATENÇÃO DE SAÚDE MENTAL. Nossa sociedade pode fazer algo sobre isso: VALORIZAR A SAÚDE MENTAL, seus profissionais, seus profissionalismo e lutar pelo SUS. Há vários atendimentos especializados gratuitos em nossa cidade. PROCURAR: UNAMA, UFPA, ESAMAZ E FAMAZ que possuem atendimento especializado. Buscar ainda: CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), CAPSIS (Centro de Atendimento Psicossocial), Postos de saúde e o Hospital das Clínicas. Toda ajuda especializada é o ÚNICO REMÉDIO e a possibilidade de cura. Vamos seguir em frente, lutando pela valorização e pelo cuidado em Saúde Mental no nossos país. ❤️

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Igrejas sempre foram e sempre continuarão sendo alvos de domínio. De modo que se perpetuaram e reverberam a disputa por dominação também, o que é absolutamente antiético no sentido humanitário, mas é - infelizmente - moralmente conservado por todas as teologias. Como Igreja que surge em um governo imperialista, Império Romano altamente violento e alienador, não poderia deixar de revelar - ainda que sutilmente - seu caráter autoritário em muitos momentos da história civilizatória do Ocidente. A Idade Média, como ficou conhecido o período teocrático aproximadamente entre os séculos V e XV, teve na Igreja Católica o centro do poder tanto político, quanto econômica e, indispensavelmente, cultural. Atualmente, encontramos o nosso país com uma amostra, LETAL para a democracia, desse tipo de fenômeno social: a igreja concentrando o poder. Vivemos mais uma vez esse período obscuro da história, no qual não há como relacionar a religião ao bem à humanidade. Como diz o poeta Renato Russo "a própria fé é o que destrói, esses são dias desleais". Sigamos apesar de toda a alienação que se espalha. Enquanto não se liberta o ser humano, ser humano não é possível dentro dessa prisão que é a ilusão do poder na mão de alguns ditos "escolhidos".
UM ALERTA AOS MEUS AMIGOS.

Não gosto de expor a minha vida nas redes sociais, mas acho importante contar essa história:

Há 15 anos coloquei próteses de silicone nas mamas. Ao longo dos anos tive algumas doenças estranhas que jamais associei às próteses, como perda de memória, perda de cabelo, alopecia aerata, espasmos no pescoço, ... 
Há 2 anos fui diagnosticada com artrite-reumatoide (doença autoimune) e os problemas se agravaram. Dores nas articulações, musculares, na cervical, alergias crônicas, infecções recorrentes, intolerância alimentar, dermatites, ... a lista de sintomas era imensa!

Diante de tantas complicações, suspeitei de algo sistêmico, mas nenhum médico até então havia acertado o diagnóstico. Cada um trata a sua especialidade, mas pouquíssimos tem conhecimento sobre as doenças associadas às próteses.

Certo dia tive um “insight”, me lembrei dos implantes e decidi pesquisar sobre o assunto. Não só encontrei diversos estudos associando o silicone às doenças autoimunes, como validei essa hipótese com meu reumatologista e descobri alguns grupos de apoio ao explante nas redes sociais que me deixaram perplexa!
Não fazia ideia do tamanho do problema. Achei que fosse um caso raro, mas me deparei com depoimentos de milhares de mulheres que passavam por EXATAMENTE a mesma situação (o grupo brasileiro já conta com mais de 22 mil mulheres e o americano com 100 mil).

Há 2 meses realizei a cirurgia de retirada dos implantes.
Há 2 meses não sinto mais NADA! 

A biópsia do tecido que envolvia as cápsulas apontou a existência de hemorragia, inflamação crônica, fibrose e corpos estranhos (resíduos das próteses) e nada era detectado nos exames de rotina.

AGORA VAMOS AO OBJETIVO DO MEU DEPOIMENTO:

Você pode não ter silicone, mas a sua irmã, sua prima, suas amigas têm!
Você pode ser um médico que nunca ouviu falar sobre esse assunto.
E você pode ser uma das minhas muitas amigas que colocaram também.

Sem paranóia, fiquem alerta!  Esse tema precisa sair do armário!

Diagnosticar doenças associadas ao silicone é uma tarefa dificílima, pois nada é óbvio, os sintomas aparecem anos depois da colocação e é um tema delicado por envolver a auto-estima e vergonha das pessoas. Além disso, se perguntar ao cirurgião sobre esse assunto, muitos vão desdenhar do assunto.

Affff... como eu queria ter sido avisada antes!!
E como eu preciso avisar agora!!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Existem muitas formas de traição. Ao ler sua postagem, senti que é possível ampliar essa discussão porque há muitas pessoas que vêm aqui para serem acolhidas. Acho isso lindo!   Sobre as traições... Para cada situação e pessoa envolvida há uma traição possível, igual análise combinatória em matemática, muitas e múltiplas possibilidades, apesar disso, exatas, por isso possíveis de serem previamente compreendidas. Antes de se começar uma relação, muitas vezes, já é possível saber o que pode ser entendido como traição por aquela pessoa. Também, há quem se sinta traído não por algo que sempre soubera que fazia mal, mas por algo que machucou profundamente como nunca antes. São golpes certeiros do destino para que nos conheçamos a nós mesmos. Para além do outro, enfim, há a nossa própria concepção, vivência e experiência do que nos faz ter esse sentimento de se sentir traído. Coisa poderosamente destrutiva, ainda que paradoxalmente reconstrutiva, ou melhor, renovadora. O que me machuca? Por que me machuca? Isso realmente é algo doloroso? Eu fui realmente traída (o)? São perguntas de uma autoanálise funcional que podem nos revelar o dom de viver em paz consigo. Isso porque muitos que foram traídos se sentem culpados e, mesmo sem perceber, reverberam essa culpa em uma condenação quase que cruel sobre o outro. Podemos dizer, nesse sentido, que existem pessoas que nos traem sem querer nos fazer mal, sem nem saberem de fato o que aquilo iria causar para além de si. Hoje pode ser eu a traída, amanhã poderá ser o outro. A condenação implacável neste contexto se torna resquício de certa culpa dividida entre a pessoa que trai e a que foi traída. Coisas do humano. As várias formas de traição precisam ser vivenciadas de modo particular e histórico, sem que se tenha um padrão do que é ou deixa de ser para que todos sejam plenamente beneficiados, afinal muitas vezes ser traído nos torna amargurados e céticos em relação ao amar, ato incondicionalmente criador em nossas jornadas. Vamos, apesar de toda a dor, continuar amando, em primeiro lugar, as nossas próprias experiências, a nossa história e aos nossos ideais. E que aquele que nos tenha machucado siga, enquanto nós continuamos a andar e a crer que o amor vale qualquer decisão. Que não tenhamos a dor de nos arrepender porque foi doloroso. Amar é sempre um ato de coragem. Beijos