Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
terça-feira, 29 de junho de 2021
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Hoje eu tive a necessidade masoquista de ver o criminoso "apresentador" de tv que se faz de "justiceiro" tratando dessa notícia. Não assisto quase nada de tv, mas tenho uma antena que apenas me deixa ver os canais que ela aceita😕. Então, hoje tive esse estômago de assitir bem na hora que o "palhaço" bozista estava falando sobre esse caso. Ele fez um espetáculo de bizarrice, pronto para o bozonazismo rir e se enlamear. Uma situação deprimente, medíocre de ser entendido com algo histórico, sabe. Mas precisei ver para ouvir algo. É inacreditável que ontem assisti ao filme RoboCop 3. E lembro demais de Tropa de Elite...ele é a triste cópia de um personagem abutre como ele. Está claro como a morte desse personagem trágico do brasil foi ENCENADA em cada ato. Uma lastimável midiatização do genocídio e de um assassinato passado a crediário como um Big Brother macabro. Sinceramente, jogos mortos é uma balela perto da tristeza que é o fascismo no nosso país. Esse personagem foi usado para lavar dinheiro e fazer fumaça enquanto o dono do circo ganha com corrupção. Essa narrativa é totalmente fictícia.
"Lázaro, venha para fora" disse Pilatos sobre a humanidade de Jesus.
*Não comemorem. Está tudo errado.*
*O matador foi contratado.*
Por semanas, aterrorizaram toda uma região, onde pequenos agricultores mantinham suas terrinhas com água perto.
A TV ajudava o bando a aterrorizar a população, com boatos sobre demônios e sacrifícios.
Milicianos com foro privilegiado faziam apologia às armas que o matador colecionava a cada assalto executado.
Fundamentalistas aproveitavam a boataria para invadir terreiros de umbanda.
Lázaro foi contratado para aterrorizar esse Brasil sem Lei, sem autoridade, sem remédio e sem juízo.
Sem ordem, nem mandato, policiais ameaçaram os familiares do bandido. O que saberia a mãe, a esposa de Lázaro? Nada que algumas ameaças de morte não as fizesse esquecer.
Descobrem o bandido na casa de um fazendeiro local. Só depois da desconfiança de um caseiro, invadem a propriedade e apertam o fazendeiro. Ele confessa: era crime de mando.
Antes que Lázaro delatasse quantos o ajudaram, quantos o contrataram, quem estava com ele na barbárie, fazem do homem menos perigoso que Jair, peneira. Com tantos tiros na cara, nem a mãe vai reconhecer aquele pedaço de corpo que sobrou da queima de arquivo.
Não comemorem. Os serial killers que mandam matar e tacar terror no país, estão livres e sequer serão revelados.
Pela capacidade de zombar desse país ingênuo e crédulo em crendice, é capaz dos contratantes ainda ressuscitarem seu demônio.
Não comemorem. A festa é dos assassinos.
Malu Aires
segunda-feira, 21 de junho de 2021
Se ele comprou de quem roubou, o dinheiro dele tem que ser devolvido. Se há a acusação de possível "receptação", comprovar que ele se beneficiou é antes de tudo tarefa de quem acusa. Suspeitar antes de tudo de que o bem dele é proveniente de um "furto" está claramente baseado no racismo estrutural que logo "suspeita" por causa, sabemos eu, você e muitos mais, exclusivamente da sua etnia. Ele está CLARAMENTE RACIALIZADO. O debate não pode ser "o que é certo é certo", e eu não preciso dar aula sobre racismo para ninguém, quem nasce no Brasil sabe de racismo sim, embora haja quem se faça de desentendido quando convém. Antes dele passar por esse processo de INVESTIGAÇÃO a sentença PARA ELE me parece está GARANTIDA. MAS o que me indigna é POR QUE O CASAL RACISTA está impune? Por que não se faz uma MOBILIZAÇÃO A FIM DE GARANTIR o que quer que seja de DIREITO E DIGNIDADE ao Matheus, ele é um jovem negro brasileiro e deveria TER TODO O DIREITO DE TER seus bens. Ele pagou por um OBJETO que "supostamente" foi furtado...mas eu me pergunto, eu te pergunto, eu pergunto para todos nós: QUEM VAI DEVOLVER PARA ELE O VALOR DELE antes de ter, na minha opinião, o valor da bicicleta (supostamente furtada) TAMBÉM RESSARCIDO. Não é direito de consumidor aqui, não. É valor humano, INESTIMÁVEL. RACISMO é um CRIME que está se institucionalizando nesse caso. Não pense que eu quero que ele fique com essa merda de bicicleta dos infernos. Isso não! Eu quero ele NO TOPO, irmão. No topo! Se ele vai ser JULGADO com todas as pompas RACISTAS porque comprou a bicicleta "a baixo do custo", porque não tem a NOTA FISCAL...se vierem na MINHA CASA não tem UMA NOTA FISCAL, meus cachorros COMEM. MAAAAAAAS eu sou branca. Minha BRANQUITUDE passa igual merda pelo ralo que é esse país, privada .... E eu sinceramente espero que NUMA VAQUINHA VIRTUAL ele ganhe uma LOJA lotada de bicicletas PRA BRANCO MERDA ir lá comprar... Insulto pra mim é essa acusação de "receptação" vir bem na hora que o branquinho loirinho do surf TÁ SOLTO...mas o Matheus ACUSADO POR RACISTAS de ladrão ter que SER ACUSADO porque aqui não tem direito nem da sua humanidade validada.
O que eu acho PATRIARCAL em alguns discursos de alguns feminismos (radfem aproximado de libfem, por exemplo) é que não se discute de fato a VIOLÊNCIA de gênero produzida como um esmagador onipotente da humanidade de pessoas. Se fala em superiores (opressores) e inferiores, que muitas vezes parecem tomar para si uma "vontade", ainda que inconsciente ou menos velada, de OPRIMIR. Em outras palavras, é o que Freire já traduzia na expressão "pedagogia do oprimido", isto é, a cultura ensinada (transmitida) do opressor, como um vitorioso, e do oprimido, como um perdedor. Mas, gente, PERDEDOR DE QUÊ? GANHADOR DE QUÊ? Pensemos bem... Quem ganha MASSACRA, VIOLENTA, OPRIME, ESMAGA E DESUMANIZA e quem perde sai soterrado, silenciado, apagado, invisibilizado e desumanizado. Eu canso, sabe. Canso. Tô exausta. Pouquíssimos são os discursos de feminismo na internet que realmente eu compartilho, ou que me trazem aprendizado. Infelizmente. A esmagadora, literalmente, maioria, de fato me esmaga, me causa sofrimento psíquico, só repete opressão. Tão feminista que FALA O DIA TODO DE MACHO, nessa buceta! Tem feminista que RIVALIZA toda hora com a mana. Tem feminista que na hora de LER e ESCUTAR a dor real (crua) de outras mulheres DEBOCHA na postagem com comentário. E eu me coloco na posição de chamar para algumas leituras ATRAVESSADORAS de feminismos para além da bolha, especialmente branca, de classe média alta, centro-sulista, DESPREPARADA, OPRESSORA e (mesmo com oportunidade) LEITORA DE TRECHOS e não de LIVROS inteiramente, sem pular NENHUMA PÁGINA. Uma leitura honesta, de quem não sabe MESMO, não vai ter nenhum certificado MAS SE VÊ enlouquecer ou morrer devagarinho perdendo sangue a conta gotas. Existe alguns discursos que ABUSAM do termo feminista por sadismo, perversidade e OPRESSÃO.
sexta-feira, 18 de junho de 2021
que merda
"empregada do marido" é um termo já do senso comum e realmente não reflete a luta por conscientização política sobre a exploração do trabalho doméstico e da reprodução (gestação) compulsória - que são duas importantíssimas condições de controle e ESCRAVIZAÇÃO dos corpos de mulheres e que sustenta a base do capitalismo (por exemplo, segundo Silvia Federici). Não é exatamente sobre o termo, mas sobre a limitação da própria situação... Ser "empregada do marido" é uma forma restrita de expressar o fato de que a família patriarcal, a casa e a sociedade exercem uma exploração a partir da restrição radical da dinâmica pública de uma mulher, apenas por ela ter nascido mulher - o que é uma VIOLÊNCIA de gênero (violência no sentido de produção de meios e fins AGRESSORES, ABUSIVOS, ESCRAVIZADORES e CONTROLADORES). Violência significa PRODUÇÃO DE SOFRIMENTO. Infelizmente, existe uma banalização do significado de VIOLÊNCIA que é por si chocante, e denuncia DESPREZO, DESUMANIZAÇÃO e descaso com quem sofre - talvez sejam as veias fascistas correndo em corpos que não têm como entender sua própria alienação ou agenciamento ao sistema que lhe violenta.
sobre o impedimento cultural liberal para o feminismo como ética
No meio do feminismo tinha uma pedra...
Tinha uma heteronormatividade "sutil" liberalzinha no meio do feminismo
terça-feira, 15 de junho de 2021
consumismo no afeto ou consumo de afeto
Liberalismo sexual é consumismo afetivo, isto é, exploração compulsória do afeto de modo a escravizar corpo e mentalidade de quem está alienado pela heteronormatividade COMPULSÓRIA. Não importa a forma da relação, seja ela homoafetiva, heteroafetiva, poliamor, relação aberta, monogâmica, polígama, extraoficial... Não importa, a heteronormatividade é uma maneira de se conceber, de se vivenciar, de se estruturar relações interpessoais sexuais ou afetivas... É a dominação do outro (consciente ou inconsciente), é a exploração do afeto e do corpo do outro (financeira, sexual ou por meio do trabalho doméstico ou não). A heteronormatividade reflete o pensamento de ativo x passivo que é manutenção de privilégios e obrigações realmente violentadoras. Uma mulher, por exemplo, que trabalha mas faz todo o trabalho (indireto) para seu "companheiro" enquanto ele cresce, aparece, ganha visibilidade e notoriedade profissional está presumidamente em uma relação que se confunde entre o afetivo e o laboral...deixando visível os "enlaces", os "elos", os contratos sociais comuns ao patriarcado ... Explicar esse tipo de coisa é constrangedor, porque somos obrigadas a ver "ROMANTIZAÇÃO" como "idealismo", "sonho bobo", quando de fato É VIOLÊNCIA. MAS ainda não estamos de fato preparadas para essa conversa franca
romantização é o CARALHO
E tem bobo que acha que "ROMANTIZAÇÃO do amor" é "monogamia". Sinceramente, eu sou ZERO paciência para explicar, justificar, me humilhar até pras manas (especialmente as héteras, mas não só elas) que ROMANTIZAÇÃO [nesse c@r&lh#! 🤬🤬😡😡😡 É VIOLÊNCIA e sofrimento IGNORADOS na relação "afetiva-sexual" em que, especialmente na HETEROSSEXUALIDADE, as mulheres "pensam" que estão "ganhando" algo mas de fato o que se parece com algum "privilégio" é migalha e exploração - geralmente, sexual, emocional, psicológica, física (no trabalho doméstico compulsório, por exemplo), moral e estrutural. Romantizar NÃO É ACREDITAR EM AMOR, não é se apaixonar, não é transar (fazer amor?) ou querer um relacionamento ""”"fechado""""". Poligamia não é liberdade sexual de mulher. Relacionamento aberto NÃO É MODERNIDADE só por ser. Que coisa chata demais ter que dizer o óbvio até para as manas do rolê que militam. C@r&lh*!!!! Quando a gente vai aprender que "meu corpo, minhas regras" NÃO É SOBRE mulher livre, mas sobre PARAR DE MORRER, sobre o trabalho doméstico compulsório e escravizador ser REPENSADO, sobre os corpos das mulheres não serem ALIENADOS pelo patriarcado a servir à sexualidade DE QUALQUER OUTRO , seja homem, mulher, ET, planta, etc. Cansada! Essa mana da publicação que você compartilhou É A PROVA que falta MUUUUUUUUUUUUITO para o feminismo em sua ética LUTAR (fora do liberalismo, individualista, consumista, alienado) por mulheres em sua DIGNIDADE. Como grita, implora e escancara FEDERICI, em "Calibã e a bruxa", NÃO foi antigamente que fomos queimadas, sequestradas, estupradas e DESUMANIZADAS. Esse é o modus operandi do capitalismo DESDE SEMPRE. É preciso olhar pela REALIDADE COLETIVA das mulheres urgentemente. Eu não posso me sentir "a livre" se ainda há ESCRAVIZAÇÃO, EXPLORAÇÃO E MORTE do meu lado nessa merda. (Desculpa o desabafo)
A "outra"
Segundo Gerda Lerner, no livro "A criação do patriarcado" (obra de 1979- traduzido para o português só em 2019), as concubinas (segundas esposas ou as "outras" e hoje em dia substituídas pelas "amantes") sempre foram uma classe ainda mais SUBALTERNIZADA, ainda mais ESCRAVIZADA, ainda mais EXPLORADA SEXUAL e com o trabalho DOMÉSTICO, além de serem ESCORRAÇADAS pelo próprio patriarcado (em mentalidades de mulheres e homens) que usam do privilégio heteronormativo PARA ESMAGAR a humanidade, portanto, desumanizando-as. Por isso, que não se trata, de modo mais analítico histórico, de uma "opção" ou de uma "escolha", mesmo porque se assemelha demais com a origem e com a permanência do sistema de prostituição (ainda que seja uma "outra família"). É de fato UMA VIOLÊNCIA simbólica, psicológico, verbal, moral, quando não FÍSICA e , inegavelmente, INTERROMPE a própria existência/vivência até subjetiva dessa mulher alienada pelo patriarcado em forma de heterossexualidade romantizada e, por isso, compulsória. Precisamos ainda saber que não há por que para rivalizarmos, disputamos ou competimos por esse "alecrim dourado" de pênis entre as pernas - posto que a mais do que isso, só a VIOLÊNCIA ele terá como herança. Não há dinheiro ou "suposto" amor (heterossexualidade compulsória e alienada) que valha a pena.
segunda-feira, 14 de junho de 2021
Por que Bolsonaro não usa máscara?
Por Roberto DaMatta
09/06/2021
Fiz a pergunta a muitas pessoas de ambos os polos e a uma minoria centrista que procurei como um detetive. Todos se assombraram com minha inocência. Como é que eu — professor titular de Antropologia Social e pesquisador da “alma brasileira” — não sabia que, entre nós, quem manda não obedece?
Como é que eu podia ignorar que, no Brasil, mandar anula o obedecer, essa desagradável anormalidade democrática que inverte a velha ordem? Como é que eu esquecia que “estar no poder” é sinônimo de não seguir coisa alguma, porque obedecer é o carimbo dos fracos e dos pobres?
É claro que Bolsonaro não usa máscara!
Como é que ele aceitaria tal banalidade, se o sinal que envia é que pode tudo? No Brasil, ser superior é não estar com a lei, mas situar-se acima dela, é claro.
É ter o privilégio de não ser cidadão. De provocar e abusar, na certeza de não ser punido. É ser “impunível” e, se preso for, ter a plena confiança de que um jurisconsulto ponderado vai livrá-lo da prisão, que será especial — um xadrez hierárquico e diferenciado...
Ninguém definiu tais condições com mais clareza que o próprio Bolsonaro quando, em 12 de maio do corrente, numa de suas tiradas absolutistas, declarou que “só Deus me tira daqui” e, no dia 17, afirmou ser “imorrível, imbrochável e também incomível”. O incomível é curioso. Ele salienta a qualidade bolsonaresca de ser duro de roer, mas deixa de lado outras implicações que Freud explica, e eu prefiro não comentar...
A arrogância expõe as propriedades conhecidas, mas pouco discutidas, de todos os que “sobem”, “chegam” ou “tomam” o poder no Brasil.
Aqui (como na América Latina), ser irremovível ainda é o sonho de quem encabeça um sistema que transforma eleições em rituais dinásticos, ministros em fidalgos ou criados e o eleito, em salvador (ou matador) da pátria. O populismo é o modelo resistente à igualdade do presidente perante a lei.
Aprendemos que o dono da bola pode mudar as regras do jogo e, sendo contrariado, ele acaba com o jogo.
O “golpe” é uma possibilidade constante em países onde verdade e mentira se contestam. É preciso perceber que crimes políticos hediondos, como “o rouba, mas faz”, ainda são vistos como piadas e folclore.
O que mostra como evitamos examinar o protagonismo dos costumes sobre as instituições. Aquilo que é positivo na família, e até mesmo no partido, contraria a ética democrática.
É preciso compreender como a ambiguidade ética corrói a impessoalidade obrigatória das democracias, cuja disciplina se baseia na separação de pessoas e cargos. O atualíssimo e atrasado “manda quem pode, obedece quem tem juízo” é um mote escravocrata. É uma prova da desigualdade como valor no Brasil.
A decepção bolsonarista tem tudo a ver com a incapacidade de negar o pedido de um amigo e de ver essa incapacidade como normal. Como se lei, civilização, costumes e comportamentos fossem seres de planetas diferentes, quando são dimensões necessariamente relacionadas nos regimes democráticos.
Caso a “casa” continue a englobar a política e a “rua”; caso os elos pessoais sejam mais valorizados que a moralidade coletiva, temos incesto. O que iguala estruturalmente incesto e “corrupção” é romper com uma norma pública universal em favor de desejos particulares. Pois, como adverte sabiamente a revista “Playboy”, “o incesto é legal desde que seja mantido em família”.
Mas como manter a muralha da família (e dos compadrios) ao lado da liberdade do mercado e das gravações reveladoras da verdadeira máscara do invocador do Tribunal de Nuremberg e também das facções de ataque e defesa do governo, que são (com a devida vênia) contumazes potoqueiras? Por que — essa é a grande questão — o campo político virou um espaço de mentiras, malandragens e desenganos?
O abominável no comportamento de Jair Bolsonaro é que ele ainda não conseguiu entender a magnitude do papel de presidente da República. É claro que tudo tem a ver com a crença de que ele se pense, como disse com uma ingenuidade embaraçosa, como “imorrível, incomível e imbrochável”. Delas todas, eu invejo a mais humana, a última.
Como dizia o velho e querido brasilianista Richard Moneygrand, dificilmente se faz democracia com faraós.
Roberto Damatta - assinatura
Por Roberto DaMatta
quinta-feira, 10 de junho de 2021
amamentação compulsória e outras formas de escravização de mulheres e pessoas com útero no sistema tirano do patriarcado
E, é sempre bom lembrar de mulheres que não quiseram ou tiveram sérios problemas para amamentar. Afinal de contas, faz parte do discurso da violência simbólica misógina a amamentação compulsória. Por exemplo quando uma menina, ainda muito nova engravida, é obrigada a gestar, a parir, a amamentar...por causa do dispositivo materno (violência de gênero). Um sofrimento devastador e muito solitário invade essa menina. Da mesma forma, mulheres e pessoas com útero que são obrigadas (são um enésimo dado silenciado e amordaçado) a levar gestações - indesejadas e adoecedoras, talvez enlouquecedora - e ouvem uma voz social que naturaliza o aprisionamento das fêmeas que devem ser a fábrica da humanidade. Esse é um ponto que me toca porque minha irmã é mãe solo, de uma gravidez não planejada, amamenta até hoje (depois de já 3 anos do filho), sem poder trabalhar, sem poder ter sua autonomia legitimada e muitas vezes silenciadas em vozes que repetem " a mãe é sagrada", mas esquecem que somos compulsoriamente obrigadas a nos reproduzir em muitas situações de circunstâncias diversas. A amamentação é também um direito da criança conforme as prerrogativas de aleitamento como princípio de desenvolvimento saudável de pequenas gentes. E, mais uma vez, o discurso da maternidade compulsória e violenta se faz sem nem a declaração de direitos humanos perceber. Afinal, mulheres ou pessoas que possuem útero têm mesmo o direito de decidir? Somos iguais em "liberdade" e integridade do nosso corpo como qualquer um? Será que é assim? São indagações necessárias para um feminismo político e prático. A vida de mulheres e pessoas que possuem útero não deveria se resumir às consequências biológicas de gestar, parir e amamentar como se fossemos fêmeas, animalizadas, escravizadas pelo controle externo que o patriarcado retém sobre o nosso existir. Apesar de tudo isso, eu sou plenamente a favor da garantia dos direitos das pessoas que possuem útero de gestar, parir e amamentar se assim for minimamente para o seu próprio bem e da sua própria vontade. Mas eu acho que o que eu defendo anda utópico demais.
quarta-feira, 9 de junho de 2021
oxalá
Segundo os mitos, Oxalá permaneceu injustamente preso durante sete anos no reino de seu filho, Xangô, sem que este soubesse do fato. Grandes calamidades ocorreram em todo o reino devido a essa injustiça e quando Xangô finalmente descobriu o que havia acontecido com o próprio pai, resgatou-o da prisão e ordenou que fossem organizadas grandes festas em todo o reino, em sua homenagem.
A festividade conhecida hoje como Águas de Oxalá remonta a esse acontecimento. No entanto, Oxalá estava muito alquebrado, ferido e entristecido. Apesar de toda a atenção que recebeu, a única coisa que desejava era retornar ao seu próprio reino, em Ifé, onde Yemanjá, sua esposa, o aguardava. Xangô não podia acompanhá-lo pois precisava colocar em ordem o próprio reino e pediu a Airá que fizesse isso em seu lugar.
Foi assim que Airá tornou-se o companheiro de Oxalá, pois a viagem foi muito longa já que Oxalá andava muito devagar (conta-se também que Airá carregava Oxalá nas costas) pelo fato de ainda estar se recuperando dos ferimentos que adquirira durante os sete anos de prisão. Durante o dia, eles caminhavam. À noite, Oxalá sentia frio e precisava descansar. Para aquecê-lo e distraí-lo dos próprios pensamentos, Ayrá mandava que acendessem uma grande fogueira no acampamento. Oxalá observava o fogo e Ayrá passava longas horas contando-lhe histórias do povo de Oyó.
Desse modo, tornou-se tradição acender a fogueira no dia 29 de junho de cada ano (no Brasil), em homenagem a Airá e à viagem que fez em companhia de Oxalá.
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Áyrà ójó mó péré sé
Á mó péré sé
Áyrà ójó mó péré sé
Á mó péré sé
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A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor
Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor
A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor
Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor
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Amo o Candomblé
#Povodafloresta 🍃🌿
terça-feira, 8 de junho de 2021
planeta lixo
É sobre isso.
Não adianta mais dizer, como o pensador do século passado, o trabalhador "produz riqueza" por isso essa "riqueza" lhe pertence...
A lógica da propriedade não está fora desse lugar de "dono de fato de tudo que é produzido" porque O QUE É FABRICADO, camarada, É LIXO.
Incluindo o LIXO HUMANO. A humanidade dona, proprietária de lixo é a nossa nova era...
Que LIXO!
Não deveríamos mais "lutar para dominar os meios de produção", para poder "consumir", sabe...
Consumir, minhas companheiras...meus companheiros de mundo, É DESTRUIR, SUGAR TODA A VIDA, TORNAR TUDO O LIXO...o planeta lixo é o resultado...um iPhone tem, sem pecado nenhum, ALUMINA do solo sagrado DA AMAZÔNIA, banhado de morte e extinção...
Verdade...não só o iPhone que custa pouco perto da VIDA e do APAGAMENTO, do SILENCIAMENTO dos povos originários...
Estamos consumindo, classe produtora de lixo, DESTRUIÇÃO...
Romantização da pobreza ?
Não!
Ooooooooodio ao capitalismo, ao rastro de cemitérios, ao cheiro de sangue podre, ao veneno do chorume em nossas veias ...lençóis freáticos.
Ooooooodio à sociedade que pensa que consumir é algum poder...quando de fato é a própria morte em acelerado processo de produção...é voraz a mentalidade que aliena...engole tudo a sua volta e se chama NEOLIBERALISMO RADICAL ou necropolítica para os íntimos...
O século XXI exige outras ideias...que estão sendo ditas...estamos gritando. Mas o academicismo CLÁSSICO patriarcal e antiquado nos torna reféns do ontem em forma de reprodução...por certo, nenhum pensador no mundo gostaria de morrer com as mesmas palavras de sempre na boca.
Sempre pense o que seu filósofo, seu mestre preferido lhe diria agora...ou será que é você quem deveria dizer algo a ele sobre esses novos tempos...aliás...NOSSOS tempos.
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