terça-feira, 27 de outubro de 2020

DISSIDÊNCIA OU A ARTE DE DISSIDIAR

Há hora de somar

E hora de dividir.

Há tempo de esperar

E tempo de decidir.

Tempos de resistir.

Tempos de explodir.

Tempo de criar asas, romper as cascas

Porque é tempo de partir.

Partir partido,

Parir futuros,

Partilhar amanheceres

Há tanto tempo esquecidos.

Lá no passado tínhamos um futuro

Lá no futuro tem um presente

Pronto pra nascer

Só esperando você se decidir.

Porque são tempos de decidir,

Dissidiar, dissuadir,

Tempos de dizer

Que não são tempos de esperar

Tempos de dizer:

Não mais em nosso nome!

Se não pode se vestir com nossos sonhos

Não fale em nosso nome.

Não mais construir casas

Para que os ricos morem.

Não mais fazer o pão

Que o explorador come.

Não mais em nosso nome!

Não mais nosso suor, o teu descanso.

Não mais nosso sangue, tua vida.

Não mais nossa miséria, tua riqueza.

Tempos de dizer

Que não são tempos de calar

Diante da injustiça e da mentira.

É tempo de lutar

É tempo de festa, tempo de cantar

As velhas canções e as que ainda vamos inventar.

Tempos de criar, tempos de escolher.

Tempos de plantar os tempos que iremos colher.

É tempo de dar nome aos bois,

De levantar a cabeça

Acima da boiada,

Porque é tempo de tudo ou nada.

É tempo de rebeldia.

São tempos de rebelião.

É tempo de dissidência.

Já é tempo dos corações pularem fora do peito

Em passeata, em multidão

Porque é tempo de dissidência

É tempo de revolução

(Mauro Iasi) 

#umachanceprajuventude
#léoreis50456 #PSOL 
#eleicoes2020

domingo, 25 de outubro de 2020

O que me causa FÚRIA é saber que essa gente está em seus carros particulares, andando todo dia de ar-condicionado ligado, com a casa higienizada por outras pessoas , com os filhos estudando por meio de internet "acessível", com família resguardada, com planos de saúde pelos quais pagam até regalias. Covid não mata mesmo esses podres... mata a gente que é vulnerável... em casas em que um cômodo abriga 5/6/7, de faixas etárias diferentes...com a limpeza sendo feita depois de exaustivas horas de trabalho, de transporte público e de alienação neoliberal na mente, dizendo que "vem aí , blackfraude"... Nós compramos a porcaria da produção desses vermes...nós sustentados a ostentação desses abutres...é em cima do nosso corpo que eles têm as mesas tão fartas que cai farelo para que "animalizados" salivemos. A gente não tem só fome mais. A gente tem vontade porque SOMOS humanos também.  Humano quer, deseja, ama. Porém, também odeia, mata e quebra tudo. Quando um deles é sequestrado, morto, assaltado, vitimado de latrocínio SOMENTE um pensamento me vem à alma, a minha alma me grita, "TEVE O QUE PLANTOU!". Eu sei que é errado ser radical, dessa forma. Minha ética sai pela saliva nessas horas. Enquanto o imbecil que se acha o presidente diz "não!" à chance de vida...nós estamos entrando para os números. Somos somente números mesmo. Como diz o abutre branco supremacistas "bilhões,  bilhões, bilhões " e muitos não se comparam sequer a uma vespa.
Francisco é um papa latino-americano, que quando era cardeal na Argentina ia ao encontro de pessoas em situação de rua e marginalização para oferecer um mínimo de dignidade...ia às madrugadas para que não fosse reconhecido.  Andava de transporte público. Fez os primeiros banheiros públicos do Vaticano apropriados (com toda a estrutura digna) para banhos, higienização de pessoas desabrigadas, sem tetos, em situação de abandono familiar ou em situação de rua. Modo de sobrevivência de tantas  pessoas neuroatípica, como esquizofrênico dentre outros. Seu acolhimento político da União Cívil (Casamento Civil) de cônjuges homoafetivos é uma revolução política de um estadista autêntico e contemporâneo às necessidades do nosso tempo. Não há nisso qualquer deturpação teológica,  senão uma reparação histórica à população lgbtqi que existe, ama, mantém sua família em laços incontestavelmente afetivos, amorosos e humanos. A civilização do século XXI merece uma liderança religiosa com a postura ética de Francisco que retoma à  tradição socrática,  equânime, idealista e humanista. O preceito desse ser humano é a humanidade, essência de uma pessoa integral para a sobrevivência e combate ao NEOFASCISMO neoliberalista!

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Qual é o problema da colonização? Achar que tudo é igual a única referência que se enxerga diante do nariz...a própria! Quando  chamam Evo de tirano, ditador, fazem-no apenas por QUANTIDADE DE ANOS. MUITA BURRICE achar que isso por si só já garante um Estado tirano. Os dois anos de Temer no Brasil, por meio de um GOLPE PARLAMENTAR-LOBISTA-MIDIÁTICO foi MUITO mais tirano do que os 32 anos de Fidel como primeiro ministro em Cuba.  Os 2 anos do miliciano, fazedor de rachadinha, no Brasil estou piores do que os 13 do governo ABSOLUTAMENTE ameríndio, contextual, na Bolívia.  O problema da visão COLONIZADA é achar que todos são como a si mesma: EXPLORADORA, DOMINADORA, NEOLIBERAL, IMPERALISTA, ETNOCÊNTRICA, AMERICANIZADA OU EUROPEISTA, BRANCOCÊNTRICA, PATRIARCAL. Não,  colonizados! É exatamente por causa de Evo que Arce se torna presidente. É para libertar a verdadeira identidade boliviana, ameríndia, que EVO enalteceu desde o seu primeiro pronunciamento.  Quem vive sem COLONIZADOR GOLPISTA, NEOPENTESCOSTAL MACHOCÊNTRICO é a América do Sul. Aqui vai ter guerra se vcs vieram tentar colonizar de novo! 
#VivaVenezuelaDeMaduro
#VivaChavez
#VivaUruguaiDeMujica
#VivaBrasilDeMarielle
#LulaLivre
#EleNão
#BolsonaroGenocida
#ForaBolsonaro

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

fraternidade?

Eveny Da Rocha Teixeira pois é competindo por um prêmio.  Eu disse que achei espontânea porque é muito comum nessa situação acontecer...quase um reflexo em algumas situações... notei a agressividade da outra, muito agressiva e sintomática,  porque ela é repetitiva por isso que eu achei instantânea.  Sabe isso para mim é sinal da cultura em que vivemos... É muito propagado que se deve competir entre pares(?). Então,  acaba inflamando mesmo feridas... Eu acho que nossa cultura é muito egocentrada... esse eu ferido entre ambas...para mim, é a natureza da gente. Brigando pra preencher o que é vazio sem solução.

Eveny Da Rocha Teixeira pois é competindo por um prêmio.  Eu disse que achei espontânea porque é muito comum nessa situação acontecer...quase um reflexo em algumas situações... notei a agressividade da outra, muito agressiva e sintomática,  porque ela é repetitiva por isso que eu achei instantânea.  Sabe isso para mim é sinal da cultura em que vivemos... É muito propagado que se deve competir entre pares(?). Então,  acaba inflamando mesmo feridas... Eu acho que nossa cultura é muito egocentrada... esse eu ferido entre ambas...para mim, é a natureza da gente. Brigando pra preencher o que é vazio sem solução.

sobre mitos, tragédias...narciso, zeus...sobre viver na era do hedonismo radical e outros vícios

A diferença entre narcisismo e hedonismo parece não existir na cultura ocidental contemporânea.   
Quando leio a tragédia de Narciso sendo contada como se fosse uma história de alguém que se "apaixona" por si mesmo, que praticamente se idolatra(talvez), isso me deixa intrigada. 
Narciso nem se conhecia,  não sabia o que via, defrontou-se com um abismo (a imagem de si) -  recorrendo aqui à proposta interpretativa de Nietzsche que elucida o aparente paradoxo ao  entender que  olhar fixamente para os monstros pode torná-los algo familiar, pois são como abismos refletidos...
 Digam se não parece essa a situação em que se encontra Narciso,  que morre... (ou se suicida...quem sabe?) ???
Narcisismo parece um termo colocado no mesmo sentido que hedonismo, que é muito mais romano do que grego. Muito mais romântico do que trágico. 
Me parece que sofremos  de um tempo hedonista radical em que o prazer é levado ao seu ápice. Mas isso não é bom. O prazer radicalizado é tirano, autoritário,  controlador, ditatorial. 
Parece mais com um outro personagem da tragédia de Narciso, o pai de Narciso, o ESPETACULAR Zeus, o famoso, o belo, o forte, o sedutor, o maravilhoso líder do Olimpo. O cara da mitologia grega, profundamente hedônico por sinal. Um mito mesmo.  
Todas as besteiras que ele fazia eram "perdoadas" pela sua mulher (ciumenta,  famigerada,  megera) que castigava os filhos de adultério dele, como fez com Narciso.
 Mas eu também tenho uma visão disso, sabe... Sei lá,  talvez a Hera fosse só uma mulher que proclamava tragédias,  como um oráculo,  embora nesta fase da civilização as mulheres já tivessem sido fortemente distanciadas da divindade,  pois a era dos patriarcas já havia se espalhado nos anos 4,3, 2 antes de Cristo (aproximadamente entre 400 e 100 a.c.). 
Perto perigosamente da era judaico-cristã que chegará interpretando ao seu modo tudo que enxerga pela frente. 
Ah, os romanos... não só a língua "socializaram", mas dominaram até os sentidos das coisas...
Bom...é isso.
Queria saber o que vcs acham dessa proposta de acepção dos termos narcisismo e hedonismo que eu tenho?
Boa noite, meus amigos!
Queria só explicar para o editorial do El País que "votos ocultos" nesse caso não quer dizer,  urnas "piratas", que trump está colocando no país "mais"(?) democrático do planeta, vulgo estados unidos,  o paladino da ditadura cruel neoliberal que está golpeando a democracia sul-americana desde 2010. Então, eu queria deixar bem claro que "votos ocultos" deve ser BEM EXPLICADO como INESPERADOS...deus sabe por quem... no caso, a imprensa que é muito democrática por causa dos patrocinadores que apoiam demais essa lógica algoritimica das redes sociais.  Então, a sugestão de fraude que supõe a chamada é um ato falho do editorial.  Infelizmente,  deveria ser mudado se se quer tratar de  América do Sul com olhar contextualizado e não colonizador que isso é antiquado e cheira mal...tipo imprensa passa pano pra golpismo neoliberal/neofascista.

heteronormatividade

Isso nem é heterossexualidade compulsória, sabe. Esse conceito está fora dessa situação.  O nome disse é  heteronormatividade que eu chamo de compulsória,  isto é,  a lógica do dominador/ativo x dominado/passivo na prática do sistema e do que representa Estado como governo no patriarcado. Para essa lógica, se necessita de um ídolo redentor que salve da merda...tipo a Branca de Neve, a Bela e a Fera, o populismo, a lógica de Estado-nação, Pai ou Mãe que faz tudo pelo filho.  Essa ideia de dependência que não é nem sociológica, nem dialética,  mas escravização em prol de uma cultura de dominação/governo para supostamente  "organizar" a sociedade, está bem visível na epistemologia clássica (grega) em Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco ", um pai que ensina ao filho, ou na lógica do pastor, ou na lógica da cantiga de amor/amigo, ou nas novelas de cavalaria, satirizada pela poesia de Cervantes em Dom Quixote. É uma reprodução de uma pré-humanização proposital pela qual se dicotomiza, reparte em dois lados, se binariza o olhar para a vida, tem sempre o bem e o mal, o herói e o vilão,  a mocinha pra ser salva, o policial e o ladrão, o professor e o aluno, o marido e a mulher... infelizmente as tiranias desde o início da civilização sempre usaram desse dispositivo:  vulnerabilidade do ser humano. Dizer que há um leviatã...e torná-lo a via para o troféu do deus. Isso é o sistema machocêntrico milenar.

domingo, 18 de outubro de 2020

O mito de medusa foi oralizado, escrito, reproduzido e imortalizado pelo patriarcado MISÓGINO grego. Os clássicos, como principalmente Aristóteles,  venerado em filosofia clássica,  era apenas mais um misógino,  aliás  "pobrezinho" de seu tempo...QUE NUNCA  MUDOU.  Não há inversão em um mito, há a forma como se conta a narrativa,  isto é,  há QUEM conta a história...por exemplo, eu sempre conto a historinha do grandioso fabuloso monstruoso minotauro, como um barulho que inventaram ser esse monstrengo...como ninguém sabia de verdade se existia ou não...UMA MULHER INTELIGENTÍSSIMA suspeitou... ah, a Ariadne! Infelizmente ,  como toda mulher  por mais inteligente que seja faz da sua vida uma tragédia quando acredita no amor incondicional que DEVE ter pelo macho,  que ela tanto precisa para ser legitimada socialmente. Então, como o pai dela disse que quem retornasse do labirinto tendo matado o monstro casaria com sua filha, Ariadne deu um fio para Teseu,  o brega, e ele retornou... Sendo o SUPER-HERÓI da história...o MACHÃO, o TESÃO da história...enfim, feliz para sempre porque ele virou rei e ela mulher do Teseu a ninguém da história...que tem o FIO DA ARIADNE como o núcleo do enredo.  A razão/lógica esperteza de Ariadne fez o Teseu ganhar um trono e ela um casamento,  que desde milênios é o símbolo do monopólio da sexualidade feminina, totalmente a serviço do patriarcado, sem que ela tenha nem direito de pensar em não quer isso para si. Então, a história termina como  os homens gostam... eles sendo AMADOS, sendo o objeto de amor...e a mulher sendo até estuprada maritalmente para suprir ps desejos do grande pai. Por isso, eu digo, o mito de medusa é a fenda que toda condenada à fogueira tem que conhecer... se medusa se torna uma fúria,  um monstro é por sua beleza...Então , que morramos como mulheres endemoniadas,  mas jamais como servas, escravas, estupradas de um merda que se acha deus.

Posso colocar minhas referências no outro comentário para abrir que conheçamos várias leituras a respeito dessa cultura que nos mata todo dia.

sábado, 17 de outubro de 2020

Demi Lovato canta hoje uma canção por todas as Américas 
Ameríndia
Afroamérica
America latina
América dos imigrantes de todas as partes do mundo que chegam aqui por causa da Guerra
 que os brancos RACISTAS Americanos Neofascistas supremacistas bilionários sonegadores de impostos, ladrões de terras alheias, milicianos (como no brasil, minúsculo enCUrralado está) e de ESTUPRADORES.
 A América inteira sofre com a vergonha mundial que é esses governos de homens miseráveis,  medíocres e bandidos.
Não são presidentes, são bandidos que SEQUESTRARAM A DEMOCRACIA .
Mas nossas vozes, nossas lutas, nossos cantos, nossas mentes JAMAIS VÃO APRISIONAR,  CALAR E MATAR.
#MarielleFrancoPresente
#EleNão
#BolsonaroFascista
#genocidabandido
Não é meu presidente e nunca será!

mulher, mãe, a Deusa-Mãe e o movimento childrens free... aiai

Sinceramente,  o movimento childrensfree é um desserviço ao feminismo. É um absurdo querer separar na marra o ser mulher do ser mãe de maneira simbólica.  Fazem igualzinho aos dogmas patriarcais há milênios,  que enterraram literalmente a Deusa-Mãe para colocar no lugar o grande criador de tudo. Não ser mãe como opção é inevitavelmente uma escolha, muitas vezes, dolorosa porque vai contra a santa mãezinha proposta  como uma forma de submissão da mulher no judaísmo machocêntrico sempre. Porém, dizer que isso é pior do que ser mãe no mundo real já é demais! Muito mais as mulheres  sofrem na condição de mães do que de mulheres sem filhos. O sofrimento começa na carne dessa mulher enquanto o sofrimento da outra se torna sempre uma questão ideológica, psicológica, obviamente muito legítima,  MAS NÃO maior do que as das mães e da compulsoriedade da maternidade dentro do patriarcado como vivemos. Isso não é uma pauta sobre ser a favor da descriminalização das pessoas (mulheres e homens trans) que gestam até em caso de estupro. Isso é essencial sobre o ser mulher  diante da nossa indiscutível  natureza. Desculpe o desabafo. Vc me inspira e sabe disso!💜♀️👭🌻

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Nietzsche o andarilho

Quem chegou, ainda que apenas em certa medida, à liberdade da razão, não pode sentir-se sobre a Terra senão como andarilho — embora não como viajante em direção a um alvo último: pois este não há. Mas bem que ele quer ver e ter os olhos abertos para tudo o que propriamente se passa no mundo; por isso não pode prender seu coração com demasiada firmeza a nada de singular; tem de haver nele próprio algo de errante, que encontra sua alegria na mudança e na transitoriedade. Sem dúvida sobrevêm a um tal homem noites más, em que ele está cansado e encontra fechada a porta da cidade que deveria oferecer-lhe pousada; talvez, além disso, como no Oriente, o deserto chegue até a porta, os animais de presa uivem ora mais longe ora mais perto, um vento mais forte se levante, ladrões lhe levem embora seus animais de tiro. E então que cai para ele a noite pavorosa, como um segundo deserto sobre o deserto, e seu coração se cansa da andança. Se então surge para ele o sol da manhã, incandescente como uma divindade da ira, se a cidade se abre, ele vê nos rostos dos quais aqui moram, talvez ainda mais deserto, sujeira, engano, insegurança, do que fora das portas — e o dia é quase pior que a noite. Bem pode ser que isso aconteça às vezes ao andarilho; mas então vêm, como recompensa, as deliciosas manhãs de outras regiões e dias, em que já no alvorecer da luz ele vê, na névoa da montanha, os enxames de musas passarem dançando perto de si, em que mais tarde, quando ele, tranqüilo, no equilíbrio da alma de antes do meio-dia, passeia entre árvores, lhe são atiradas de suas frondes e dos recessos da folhagem somente coisas boas e claras, os presentes de todos aqueles espíritos livres, que na montanha, floresta e solidão estão em casa e que, iguais a ele, em sua maneira ora gaiata ora meditativa, são andarilhos e filósofos. Nascidos dos segredos da manhã, meditam sobre como pode o dia, entre a décima e a décima segunda badalada, ter um rosto tão puro, translúcido, transfiguradamente sereno: — buscam a filosofia de antes do meio-dia.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

laços invisíveis que havia

Me lembrei da "síndrome do membro fantasma" que altera a percepção real (?) quando alguém "perde" um membro ou órgão do corpo e continua sentindo ele, incluindo sensações como  dor ou formigamentos (bastante incômodas,  por exemplo). Eu também tenho um ente invisível e, por isso, presente. Por não conhecer pessoalmente meu pai, estive com sua sombra em qualquer lugar por onde à luz me pudesse sentir enxergada. É  como se ele fosse algo que só os outros veem em mim, mas eu não consigo. Ou, noutras vezes, só eu sei dele enquanto aos outros ele é até inexistente. Uma situação indiscutivelmente orgânica para mim  porque faz parte do meu corpo-mundo. E, para além da biologia, fisiologia, metafísica ou até mítica cristã, o que sinto é o que vejo...e o ditado "o que olhos não veem, o coração não sente" não faz sentido...para mim, o que o coração sente, aos olhos não se sabe esconder... e tudo mais é música,  como canta Leoni "e o que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia" (Fotografia - Leoni).