Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
terça-feira, 24 de agosto de 2021
feminismo é ruim mesmo para as mulheres...e outras formas de demonizar a luta por dignidade e humanidade feminina no século XXI
Não entendi por que o feminismo é o culpado da péssima atitude dessa mulher? Feminismo e sororidade são duas importantes ferramentas para encontrarmos vias contra a rivalidade feminina. Sororidade não é o dogma, uma doutrina de FEMINISMOS... é uma possibilidade de lidar com a própria disputa entre mulheres por causa do lugar de "privilégio" no patriarcado. Veja, "disputa por privilégios", sendo que aí começa o problema para um posicionamento que se coloca como feminista. O problema para as mulheres, que o feminismo luta contra esse problema, é disputar por LEGITIMAÇÃO, autorização e fantasia de "privilégios" em um contexto que só privilegia homens (que são privilegiados por fazerem mulheres se autodepreciarem e até se enfraquecerem por causa do privilégio que esse homem parece dispôr). Nenhuma mulher, nunca, se beneficia do patriarcado mas muitas de nós somos privilegiadas de modo condicionado sim, por isso fazemos a manutenção do sistema de mentalidade, de crença e de ESCRAVIZAÇÃO de nossas vidas. Porque acreditamos no privilégio. Um homem vir falar com você porque a mulher falou pra ele é a culpa dela? A culpada foi ela dele ter essa postura? Talvez, não. Talvez ele seja até a fonte dessa alienação dela. Muitas mulheres acham que a felicidade é um macho escroto do seu lado...sem nem pensar nos abusos que sofre...isso é dispositivo amoroso-materno, formas de violência de gênero que estão na cultura há milênios a fim de perpetuar o patriarcado até em mulheres que parecem proteger suas próprias celas. Me desculpe se eu tiver entendido errado. Se quiser e se puder, me explique. Mas não é o feminismo, a ferramenta da sororidade ou a mulher a total culpada dessa situação. Ao contrário, o feminismo existe porque esse tipo de mentalidade (machista e protetora de macho) é uma violência para as mulheres. O feminismo não é paz e amor, não. É luta. E luta com muita dor. Se o feminismo for usado como uma bandeira de "serenidade" e "sossego" para mulheres, ele é liberalismo. Ou seja, ele é capitalismo fantasiado de "liberdade" e "vida zen" o que nunca combinou com a história dessa batalha constante de sobrevivência entre mulheres que lutam por si (isso é muito importante, se cuidar, se amar e se defender mesmo) e também assumem uma postura coletiva de emancipação.
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Quando eu era muito pequeno, uns três pra quatro anos, minha tia mais velha, minha amada segunda mãe, me deu uma lição muito clara sobre corpos femininos. Sobre corpos femininos em geral.
Eu tomava banho com ela. Com qualquer tia. Eu era neném. Elas eram minhas pessoas favoritas no mundo. Só minha tia mais nova que era mala. Depois desmalizou e virou minha comadre.
Eu estava lá, todo trabalhado nas espumas do Francis azul quando fiz minha graça.
- Tia , porque você não tem piupiu?
- Homens tem piupiu e mulheres tem Tutuca.
- E por que?
- Porque é assim. O corpo da mulher é diferente do corpo do homem. ( Estamos falando de 1978. Não militem, por favor. Tô ocupadíssimo até às 17 horas de quarta feira).
Aí comecei a rir. Criança ri de tudo, né? Eu tinha quatro anos.
Minha tia continuou:
- Tá rindo de que garoto? Lava esse pinto. Puxa essa pele ( fimose, sabe? Corpos equipados com pinto às vezes vem com essa sambaquirinha peniana. Perdão pelo #oversharing).
- É muito engraçado isso
- Tem graça nenhuma. Coisa da natureza. Tudo muito normal. Quem não tem uma coisa tem outra, quem não tem morreu. E quando eu ficar bem velhinha você que vai cuidar de mim e vai ter que me dar banho e ver minha Tutuca todo dia. Para de bobeira.
Ela me enxugou.
- Deixa a tia ver se esse suvaco tá cheiroso.
Levantei meu braço. Ela me fungou. Fingiu um espirro.
- Atchim! Que cheiro de inhaca. Vamos passar um talco aí, seu cocô enfeitado. (Ela me chama assim até hoje. Mimoso, né? A beça).
Eu ri. Ela riu.
A vida seguiu.
Tempos depois meu pai ficou internado mais de um ano. Até ficar em um quarto particular ele passou por três enfermarias masculinas que ficavam de frente pras femininas. Meu bem... Só lembrava da lição singela da minha tia. Era senhor chorando que tinha perdido o pinto, era senhora em surto correndo pelada, era ajudar na higiene do meu pai... Era ajudar enfermeiras a tirar o corpo pesado de uma cama e passar pra maca.. Ihhhhhh...
Hoje fico meio astrazênico quando problematizam as amigas ximbicas. Fico com cara de "ué'. Mas meu lugar de fala é lugar de falo. Comento um pouco, mas depois solto no éter porque não quero parecer FEMINISTO (HAHAHAHA A CHAKOTA) e nem me apropriar do protagonismo alheio. Mas pra mim é a coisa mais normal do mundo. E também sou assim com pintos adjacências. Corpo nu, sem o verniz dos ofertórios safados e das seduzências safadificantes ou confeitos fetichistas, é só um corpo nu.
Sou muito simplinho, gente.
Algumas palavras eu acrescentei porque o tempo já roeu o filó das memórias.
#artistasuburbanoreflexivo
o falo não poupa ninguém, nem eu... campanha MISÓGINA no discurso popularizado em favor da presidência de Lula em 2021
Eu tive essa impressão ruim... inclusive, lembrei da pior fala MISÓGINA que o ciro (minúsculo mesmo) teve quando presidenciável em 2018 era preciso ter "mais testosterona" para ser presidente do brasil (minúsculo que está também). Então, a misoginia escondida nesse tipo de discurso passa longe dos debates feministas engajados, sabe... Ninguém diz pra não "magoar" amiguinho. Mancha mesmo. Falar mal do "falo" não pode. Um espelho reverso do bozismo que chegou com o discurso de que não broxaria...coisas assim. O sexual humano à parte, segundo consta, Freud até explicaria...eu ainda vejo um reducionismo no sexual humano, genitalista, binário, tipo guerra de sexos do início do século passado... Precisamos avançar muuuuuuuuuuuuito nessas discussões. Não à toa estupro é até hoje ARMA DE GUERRA. QUEM falaria de "cultura do estupro" por trás disso? Quem colocaria essa repercussão na roda? A gente que é feminista e à esquerda na política... poderíamos? Gosto de pensar que ser feminista não é nada agradável, sabe... Se está agradando...ainda mais à machologia (patriarcado de elite intelectualizada)... Não me agrada. Nem pontuei no meu Facebook porque decidi ignorar. Eu quis fingir que era só uma areia no discurso pobre das redes...mas é tipo uma ervilha que não deixa a mulher dormir no colchão da vida...descansar não dá... "Meu descansa, militante" acaba sendo quetiapina... é um fato triste.
o Afeganistão e o crime chamado de "sonho americano"
Qual o PROBLEMA da visão que o fantástico está expondo sobre o AFEGANISTÃO de hoje?
A omissão, por exemplo, das heranças da União Soviética ANTES DO TALIBÃ SER PATROCINADO E TREINADO PELOS ESTADOS UNIDOS.
Tentar mostrar que a ÚNICA forma de liberdade para o AFEGANISTÃO é a visão neoliberal ocidental e cristianizada não ajuda em nada a DEMOCRACIA para nenhum país que luta por uma real independência política.
As mulheres afegãs estão assustadas e aterrorizadas também porque existe uma visão de mundo (ocidental e xenofóbico) fazendo do país delas o lugar em que o inferno se estabeleceu porque o "super-heroi estados unidos" saiu de lá. Porém, essa é a fantasia capitalista mais INÚTIL e CRUEL para a humanidade pois AJUDA a manter guerras intermináveis em que vidas são menos importantes do que armas.
O Talibã é sim um regime MISÓGINO, FEMINICIDA e radical religioso... porém, as saídas possíveis para esse conflito étnico-econômico precisam ser construídas dentro do país, por seus cidadãos e serem apoiadas e respeitadas - cultural e economicamente - por todas as nações solidárias que RESPEITAM A CONSTRUÇÃO de uma DEMOCRACIA possível.
A visão errada e omissa que o fantástico apresentou não consegue dar conta da realidade porque quer mais uma vez vender o "sonho americano" como o melhor destino possível para a humanidade. Isso é uma mentira, já que quem aparelhou de armas os talibãs foi exatamente os estados unidos. Foi por isso que ele TEVE obrigação de estar por 20 anos tentando amenizar os danos do seu patrocínio bélico para os radicais.
Foi a "guerra contra o comunismo" - que estava ajudando a população a melhorar mesmo de vida - o que provocou a tragédia que o Afeganistão vive desde meados do século XX.
Então, estar posicionada FRONTALMENTE contra o talibã e a sua VIOLÊNCIA exterminadora de mulheres, crianças e direitos democráticos NÃO SIGNIFICA APOIAR A VISÃO CAPITALISTA genocida do país (Estados Unidos) que massacrou a nação afegã.
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
a solidão compulsória da mulher
E quase não se discute a solidão compulsória das mulheres, sabe. Existe um processo ultraviolento relacionado aos esteriótipos de "encalhada", "mal comida", "frígida", etc e tal. Eu estou sem nenhuma paciência para discurso até fantasioso que coloca o perebado, como diz a professora Zanello, no lugar de troféu, sabe. Não é uma mana lésbica ou BI trocada no palco do patriarcado por macho (desconstruído de Taubaté)... E haja pegar mil tapas na cara que a sociedade só sabe dar na nossa cara. É o ranking dos contatinhos vencendo até na roda feminista mais estudada, mana. Cansa, olha. Lendo a Federici, a Audre, Waleska Zanello e a bell, me sinto indigesta ao papo comum heteronormativo...nada me dá tesão nesse sentido. Mulheres são todos os dias consumidas e se colocam de bandeja por migalhas sociais (financeiras, afetivas, culturais e religiosas)... Cansa ter que dizer...cansa
Eveny Da Rocha Teixeira talvez um dos melhores debates a se construir seja a solidão compulsória sabe...existe um glamour na palavra "solitude" que me incomoda...eu vejo lésbicas idosas (tenho amigas de 50+) que vivem sozinhas ou solitárias...dentro de famílias que NUNCA oportunizaram uma conversa acolhedora. Tenho amigas pretas que passaram anos a fio...tipo uma infância inteira escolar...uma adolescência inteira sozinhas...vendo as amigas namorando...tiveram que ficar de "outra secreta" pra macho branco com fetiche, que todo santo ano tinha nova namorada e deixava ela na geladeira tipo ao menos 5 anos a fio... Eu não sei nem o que dizer quando sinto a solidão em mim e em muitas mulheres, mais velhas, mais atarefadas, mais fora do padrão social aceito...sabe..COISA FODA. Mulheres mães solo então...eu tenho minha mãe e minha mãe de prova... solidão compulsória...nada de paz porque eu escolhi... não que não seja bom...tem seu lado perfeito...estar longe do relacionamento opressor heterossexual, mas mesmo assim é só...e não é nada fácil. Eu sinto forte isso
liberalismo sexual e o mercado do "prazer acessível", a falácia que pode gerar ESCRAVIZAÇÃO das sexualidades das mulheres por trás da propaganda
É sobre isso, mana. Muito do discurso que se aproveita do feminismo para vender o liberalismo sexual (falsa "liberdade sexual") em relação às mulheres de fato SOTERRA, APAGA e SILENCIA as outras situações absurdas também produzidas por ELE (patriarcado sempre também leia-se capitalista) contra nós. Por exemplo, tratar da "necessidade" de orgasmos e da oportunidade de relações de múltiplas facetas sem PROBLEMATIZAR a realidade, a cultura, o contexto histórico, a experiência subjetiva, os signos de violência que atravessam as sexualidades das mulheres dentro de um mundo brutalmente MISÓGINO... é muita lista. Eu não digo que não se possa tratar da vivência sexual com espontaneidade, não é sobre a voz de mulheres sendo ouvidas em relação às suas sexualidades plurais...mas sobre a heteronormatividade que coloca o "ranking" do orgasmo, a lista de consumo sexual atualizada, a demanda e a procura como "natureza", as possibilidades de combinações afetivas com limites sobre responsabilidade afetiva flexíveis ao extremo...muito mais de consumo sexual do que de vivências da sexualidade...além de tudo o pior...a alienação do discurso da luta sexual feminista por uma agenda nojenta liberal que mais parece vender a mulher na prateleira do "mercado" (onde o prazer é "acessível"). É isso. Um desabafo aqui
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
a defesa do monopólio heterossexual (o casamento)
A postagem:
Todo casamento que deu certo, tem sempre uma corna que perdoa um traste que não controla seus instintos sexuais.
A defesa que a heteronormatividade FAZ do casamento monopólio heterossexual...
(...) não vejo como uma defesa da fidelidade masculina. Defendo que há possibilidade de uma mulher ser feliz no casamento. Minha defesa é sempre por relacionamentos respeitosos, equilibrados, justos para ambas as partes. Ser feliz em qualquer tipo relacionamento dá trabalho e muito. Penso que a relação homem-mulher possa ser muito feliz e prazerosa para ambos. Jamais aceitaria uma relação em que um homem achasse que tem o direito à relacionamentos sexuais fora da minha cama, não apenas porque nesse contexto sou possessiva, mas porque respeito meu corpo e minha saúde e não me sujeitaria a uma DST. Brinco com o meu marido que eu capo ele se eu descobrir algo, rsrs. Não sou adepta de uma guerra dos sexos. Penso que, por nossos direitos, muitas vezes temos que brigar, gritar, expor, mas não preciso, sempre, agredir.
Eu
Essa não é uma postagem CONTRA "felicidade no casamento", mas sobre a VIOLÊNCIA que se perpetua em casamentos - que você vendo, experienciando, vivendo, convivendo, ouvindo ou sabendo OU NÃO - são verdadeiros terrores, onde tortura, estupro, adultério com filhos e doenças sexualmente transmissíveis, dão apenas a ponto do iceberg. Os números, os dados estatísticos, as pesquisas em censos, no Atlas da VIOLÊNCIA (vide IPEA), em tantas e tantas INSTITUIÇÕES nacionais e internacionais COMPROVAM. Me perdoe, honestamente, a resposta direta, mas não é porque na sua vivência não se pode dizer do que o resto CONSTATADO do planeta já sabe que de fato o que é a sua vida compõe o todo. Chega a ser uma porção quase novelesca querer dizer que a realidade, infelizmente esmagadoramente maior, é apenas uma parte do casamento, quando, por exemplo, filósofos (Foucault, Adorno e Simone de Beauvior), escritores (Virgínia Woolf, Machado de Assis séc. XIX, Clarice Lispector), antropólogos (Margareth Meed, Débora Diniz e Roberto da Mata), historiadores (Mari Del Priore, Gerda Lerner, Silvia Federici, Júlia Kristeva) e tantas e tantos demais estudiosos estejam sendo "tendencios" ao tratar da VIOLÊNCIA no casamento (em especial heterossexual). Por favor, leia, se atualize, se coloca pela dor dos outros, sei lá... só não pondere o imponderável, chega a soar cinismo.
Você não foi apontada como "corna mansa" afinal não se afirma desse modo. Não é para nós que a defesa da sua honra como mulher não traída faz a diferença, mas para o seu marido na roda de amigos e nos grupos de whatsapp que ele pode ou não saber da existência, se não participa. Enquanto a sua "necessidade" de colocar a "integridade da sua honra" de não ter chifre - pois você parece dizer que "dá conta do trabalho que é ter uma boa relação afetiva" -, enquanto essa "necessidade" parece até "culpar as mulheres" ou subliminarmente "apontar para elas a falha" , eu lhe digo que seu marido pode até não te trair, mas conhece homens que traem e NADA DIZ, NÃO SE POSICIONA DE MODO ENFÁTICO como você fez aqui. Isso é algo bastante individualista e burguês, me perdoe se soou ofensivo, mas é apenas terminologia sociológica mesmo. Dizer que não acontece com você, mas "e daí" se acontece com sua amiga, sua prima, sua vizinha, sua irmã...é até absurdo. Se seu casamento é "feliz" você pelo visto e seu marido e sua família não estão nada preocupados com o casamento e a felicidade de outros...o que me faz pensar: você veio defender "o casamento feliz" ou a sua "honra" em não ser traída, ou corna... Por que se ofender se não é com você? E por que não fazer uma bandeira justa e ética para que outros casamentos ao seu redor prestem para as mulheres que estão sendo violentadas ao seu redor e você nem está aí para isso.
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