A postagem:
Todo casamento que deu certo, tem sempre uma corna que perdoa um traste que não controla seus instintos sexuais.
A defesa que a heteronormatividade FAZ do casamento monopólio heterossexual...
(...) não vejo como uma defesa da fidelidade masculina. Defendo que há possibilidade de uma mulher ser feliz no casamento. Minha defesa é sempre por relacionamentos respeitosos, equilibrados, justos para ambas as partes. Ser feliz em qualquer tipo relacionamento dá trabalho e muito. Penso que a relação homem-mulher possa ser muito feliz e prazerosa para ambos. Jamais aceitaria uma relação em que um homem achasse que tem o direito à relacionamentos sexuais fora da minha cama, não apenas porque nesse contexto sou possessiva, mas porque respeito meu corpo e minha saúde e não me sujeitaria a uma DST. Brinco com o meu marido que eu capo ele se eu descobrir algo, rsrs. Não sou adepta de uma guerra dos sexos. Penso que, por nossos direitos, muitas vezes temos que brigar, gritar, expor, mas não preciso, sempre, agredir.
Eu
Essa não é uma postagem CONTRA "felicidade no casamento", mas sobre a VIOLÊNCIA que se perpetua em casamentos - que você vendo, experienciando, vivendo, convivendo, ouvindo ou sabendo OU NÃO - são verdadeiros terrores, onde tortura, estupro, adultério com filhos e doenças sexualmente transmissíveis, dão apenas a ponto do iceberg. Os números, os dados estatísticos, as pesquisas em censos, no Atlas da VIOLÊNCIA (vide IPEA), em tantas e tantas INSTITUIÇÕES nacionais e internacionais COMPROVAM. Me perdoe, honestamente, a resposta direta, mas não é porque na sua vivência não se pode dizer do que o resto CONSTATADO do planeta já sabe que de fato o que é a sua vida compõe o todo. Chega a ser uma porção quase novelesca querer dizer que a realidade, infelizmente esmagadoramente maior, é apenas uma parte do casamento, quando, por exemplo, filósofos (Foucault, Adorno e Simone de Beauvior), escritores (Virgínia Woolf, Machado de Assis séc. XIX, Clarice Lispector), antropólogos (Margareth Meed, Débora Diniz e Roberto da Mata), historiadores (Mari Del Priore, Gerda Lerner, Silvia Federici, Júlia Kristeva) e tantas e tantos demais estudiosos estejam sendo "tendencios" ao tratar da VIOLÊNCIA no casamento (em especial heterossexual). Por favor, leia, se atualize, se coloca pela dor dos outros, sei lá... só não pondere o imponderável, chega a soar cinismo.
Você não foi apontada como "corna mansa" afinal não se afirma desse modo. Não é para nós que a defesa da sua honra como mulher não traída faz a diferença, mas para o seu marido na roda de amigos e nos grupos de whatsapp que ele pode ou não saber da existência, se não participa. Enquanto a sua "necessidade" de colocar a "integridade da sua honra" de não ter chifre - pois você parece dizer que "dá conta do trabalho que é ter uma boa relação afetiva" -, enquanto essa "necessidade" parece até "culpar as mulheres" ou subliminarmente "apontar para elas a falha" , eu lhe digo que seu marido pode até não te trair, mas conhece homens que traem e NADA DIZ, NÃO SE POSICIONA DE MODO ENFÁTICO como você fez aqui. Isso é algo bastante individualista e burguês, me perdoe se soou ofensivo, mas é apenas terminologia sociológica mesmo. Dizer que não acontece com você, mas "e daí" se acontece com sua amiga, sua prima, sua vizinha, sua irmã...é até absurdo. Se seu casamento é "feliz" você pelo visto e seu marido e sua família não estão nada preocupados com o casamento e a felicidade de outros...o que me faz pensar: você veio defender "o casamento feliz" ou a sua "honra" em não ser traída, ou corna... Por que se ofender se não é com você? E por que não fazer uma bandeira justa e ética para que outros casamentos ao seu redor prestem para as mulheres que estão sendo violentadas ao seu redor e você nem está aí para isso.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA