Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
quarta-feira, 31 de março de 2021
Eu tenho uma visão muito minha sobre esse assunto. Queria muito compartilhar porque acho que nessa postagem o essencial é o que não se pode mais ser calado, silenciado e apagado mesmo. Infelizmente, a experiência histórica precisa ser considerada sobre a interrelação pessoal afetiva, mesmo também esses termos sendo aparentemente repetitivos colocados assim. Então, o que se faz necessário para mim sobre isso é que monogamia, poligamia, heterogamia e homogamia são possibilidades na nossa jornada particular. Eu vejo mesmo que ser ou não ser mono, poli, homo, heterogâmico são estados transitórios, mesmo não sendo legitimados assim, por isso seja bem mais definida a monogamia nesse formato patriarcal de civilização em que nos encontramos. Porém, mesmo a monogamia precisa ser olhada com certa atenção porque faz parte da natureza sexual da gente; muito embora seja a versão artificial patriarcal de violência corpórea de monogamia como monopólio (exclusiva sexualidade com um par predefinido, como o casamento heterossexual teoricamente seria), a versão posta como única. Monogamia não é monopólio em si, mas monopólio é a parte de controle sexual feminino mais exercida pela mentalidade civilizatória centrada no binarismo machológico e, por tudo isso, machocêntrico. Isso não é estritamente sobre homens que impõe uma dominação sobre mulheres, mas sobre a concepção de mulher como objeto para o homem que assim, no capitalismo e no liberalismo, se torna o seu proprietário, com o aval político institucional da microfísica do poder patriarcal que entra em nossas casas, tranca os armários em que nos escondemos e rouba o lençol na hora da sessão de autoconhecimento.
domingo, 28 de março de 2021
Conta a tradição cristã a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Sentado sobre um burrinho, foi saudado pela multidão em delírio. Os evangelistas narram que foi recebido por gente que estendia as suas vestes sobre o chão poeirento. As patas do burrinho pisavam os ramos das árvores espalhados para enfeitar seu caminho. Adiante dele, os devotos clamavam, entre delírio e brados de amor e fé: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!
Menos de uma semana depois, o mesmo Jesus Cristo estava morto. Após humilhações públicas e torturas, foi crucificado – a mais degradante morte que o Império Romano destinava aos que infringiam a Lex Julia Majestatis. Horas antes fora traído, negado e abandonado pelos amigos mais próximos; vira o governador Pilatos lavar as mãos em público e a multidão preferir salvar um conhecido criminoso. Dos que o saudaram dias antes, nem sinal. Na hora decisiva, amargou plena e profunda solidão, a beber vinagre quando estava sedento, a ver suas roupas serem sorteadas entre desconhecidos. Aos pés da cruz, apenas sua mãe e alguns raríssimos amigos.
Jesus não é caso isolado na história da humanidade. Antes e depois dele, oradores, filósofos, poetas, astrônomos, imperadores e modernos cientistas desabaram da glória ao subsolo. De Julio Cesar a Bonaparte; de Hipatia de Alexandria e Alan Turing; de Sócrates a Oscar Wilde.
É do temperamento coletivo a frivolidade. As multidões mudam de opinião ao sabor das circunstâncias. Hoje, herói aplaudido; amanhã pária, candidato à negação pública. Basta uma palavra mal posta, um gesto impensado, uma contrariedade a um tirano.
Em tempo de redes sociais, o fenômeno é ainda mais rápido. Instantâneo, por vezes. É um constante perseguir de popularidade, uma permanente fixação pela ideia de ter milhares de amigos. Ilusão. Modas passam, gostos mudam, os queridinhos da vez cedem lugar aos novos e – já disse o poeta – a mão que afaga também apedreja. Ai de quem se apega.
Mais que isso. Nossas vidas, a virtual e a real, são ruidosas. Pouco permitem que desfrutemos de nossa própria companhia. Estamos sempre a nos reunir, festejar, visitar, numa sucessão de compromissos. Em todos os intervalos, celular à mão, inclusive na cama, antes de dormir. Ao acordar, lá está ele, bem ao lado, na cabeceira, com sua vertiginosa espiral de novidades e emoções. Curtir, comentar, reagir, replicar, comprar brigas, bloquear, adicionar e começar tudo outra vez. As horas escorrem rápidas e nunca estamos sós.
A quarentena impôs uma solidão nova, um obrigatório estar consigo mesmo. Mudança grande. Sem as demais atividades, restou-nos horas demais para a vida virtual. E ela cansa, consome. Por isso estranhamos. Mesmo os que estão acostumados a viver sós se inquietam.
É que farejamos o perigo. Neste terreno pantanoso do olhar para si mesmo, não há certeza da pisada. O que vemos no espelho é mistério e, vá lá, um certo medo da descoberta.
A questão que pulsa nos subterrâneos do espírito humano não é dita em voz alta: e se faltassem, em meio a tudo isso, as muletas que carregamos? Se não houvesse filmes, séries, energia elétrica, livros, parentes, amigos? Qual seria a nossa reação? Haveria algo em nós capaz de sobreviver a tal paisagem desolada sem enlouquecer de tédio, sem amargar revolta?
A resposta a essa pergunta é reveladora – e cabe a cada um, óbvio. O saber estar consigo mesmo – arte algo esquecida em meio às modernidades tão sedutoras – é essencial quando se pensa em meditação, tranquilidade da alma. A propalada mente calma nada mais é do que adaptação às circunstâncias, autocontrole, resiliência. Ela não se curva ao desespero, mesmo em meio à adversidade. Sabe que cólera, medo e paixões desenfreadas são péssimas conselheiras.
Alcançar este estado de graça é um árduo e longo caminho. Exige treinamento, perseverança, disposição. E, se há de começá-lo, que seja agora, pois, creia-me, será necessário uma hora ou outra.
Neste exato instante, em hospitais do mundo inteiro, há gente isolada. Sem televisão, sem celular, sem viva alma para conversar. Nas UTIs dos mesmos hospitais, muitos morrerão sem que a mão de um ser amado se despeça ou traga conforto. Sozinhos.
Estes não escolheram a solidão. Outros a desejaram.
Sócrates morreu cercado de discípulos, mas, a rigor, estava só. Não havia ali quem estivesse em comunhão com a sua serenidade. Os discípulos estavam aflitos e ele teve de lhes dar exemplo de fidelidade às próprias ideias. Suas horas finais foram usadas para demonstrar o valor de suas teses. Não queria choro ou descontrole. Bebeu a cicuta até a última gota, sem que a mão tremesse. Na hora final, pediu que lhe cobrissem o rosto. Queria a solidão de si mesmo. Não se consegue isso de uma hora para outra.
Na história narrada nos evangelhos ocorre exatamente o mesmo. O Jesus que morre é ainda o homem que ensina, perdoa e exemplifica, apesar do corpo que se finda entre dores. Uma de suas últimas frases é emblemática: Eli, Eli, lamá sabactani (Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?). Não é um pedido de ajuda, nem reclamação. Estava apenas recitando antigo Salmo, o 22, que inicia com esta exata frase.
O poema de Davi fala de um homem desprezado, cujas vestes foram repartidas e as forças secaram. Um homem que morre sozinho e faz da finitude um instante de poética contemplação: “Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.(…) Mas tu, Senhor, não te afastes de mim. Força minha, apressa-te em socorrer-me“.
Os instantes finais de Jesus são voltados inteiramente para si; a divindade e companhia que evoca estão nele mesmo.
O que fez não é impossível para nenhum outro ser humano. Preparar-se para isto é o desafio que hoje se põe à mesa.
Coragem, pois. Ao olhar no universo de si mesmo, pode-se descobrir galáxias e nebulosas, planetas que giram docemente, estrelas de alta magnitude. Talvez seja assim que o homem aprende a se amar e a estar feliz consigo.
***
Ilustração. Edward Hopper. Morning sun
feminista do bbb
A gente ensina MULHERES que elas SERÃO imediatamente PUNIDAS... é certeza de SÚBITA condenação...
Mas aos homens...as chances , as muitas (até infinitas) OPORTUNIDADES são a todo momento renovadas...
Notem... as mulheres que estão DENTRO do confinamento OUVIRÃO - se for a saída de MAIS UMA MULHER - que ELAS estão SEMPRE erradas...
Mesmo aquelas MAIS SEGURAS DE SI vão ENTENDER - pela clareza da RESPOSTA DE UM PÚBLICO - que ELAS não têm segunda, terceira, quarta, décima, enésima CHANCE...
Mas quem sai GANHANDO mesmo...é o MACHISMO, o patriarcado e a MISOGINIA porque defendem homens CONDENANDO TODO DIA MAIS UMA MULHER.
(essa é só a minha opinião, não é uma verdade absoluta. RESPEITO completamente visões diferentes, CONTANTO QUE não se promova o fascismo, o bolsonarismo e o genocida)
Foucault e abuso
Gente, vocês viram isso? Uma verdadeira bomba. Gravíssimo, caso se confirme. Segue o texto para quem não é assinante:
Filósofo que exerceu grande influência sobre intelectuais contemporâneos, Michel Foucault seria um pedófilo que teria feito sexo com crianças árabes enquanto viva na Tunísia no final dos anos 1960. A bomba foi disparada pelo escritor e professor franco-americano Guy Sormon, que contou ter visitado Foucault nos arredores de Túnis à época.
A referência de Sormon aos crimes sexuais do filósofo francês, que morreu em 1984 aos 57 anos, foram publicadas este mês em seu livro "My dictionary of bullshit" e depois reiteradas pelo autor em um programa de TV. O apresentador ficou pasmo: “Você está falando de Foucault, para você um pedófilo, algo que as pessoas não costumam lembrar quando falam dele”.
Sorman, de 77 anos, disse que visitou Foucault com um grupo de amigos em uma viagem de férias de Páscoa no vilarejo de Sidi Bou Said, onde o filósofo morava em 1969. “Crianças pequenas corriam atrás de Foucault dizendo 'e eu ? me leve, me leve'”, lembrou ele em entrevista ao jornal britânico "The Sunday Times" deste domingo.
"Eles tinham oito, nove, dez anos, ele estava jogando dinheiro com eles e dizia 'Vamos nos encontrar às 22h no lugar de costume'". Este, ao que parece, era o cemitério local: "Ele faria amor lá nas lápides com meninos. A questão do consentimento nem mesmo foi levantada".
Sorman afirmou que "Foucault não teria ousado fazer isso na França", comparando-o a Paul Gauguin, o impressionista que fez sexo com meninas que pintou no Taiti, e André Gide, o romancista que perseguia meninos na África. "Há uma dimensão colonial nisso. Um imperialismo branco".
Sorman disse lamentar não ter denunciado Foucault à polícia na época ou denunciado na imprensa, chamando seu comportamento de “ignóbil” e “extremamente feio moralmente”.
Mas, acrescentou, a mídia francesa já sabia sobre o comportamento de Foucault. “Havia jornalistas presentes naquela viagem, havia muitas testemunhas, mas ninguém fazia histórias assim naquela época. Foucault foi o rei filósofo. Ele é como um deus na França."
Foucault, filho de um cirurgião, foi um dos primeiros intelectuais célebres do século XX, autor de obras que até hoje seguem como referências absolutas na academia, como "Vigiar e punir", "Microfísica do poder" e os volumes de "História da sexualidade". O filósofo também é lembrado por assinar uma petição em 1977 para legalizar o sexo com crianças de 13 anos.
A biografia mais conhecida dele, "The passion of Michel Foucault" (1993), de James Miller, descreve seu interesse pelas casas de banho gays e sadomasoquistas da América — ele foi uma das primeiras figuras assumidamente homossexuais na vida pública e morreu de Aids — mas não menciona suas experiências sexuais na Tunísia.
As afirmações de Sorman surpreenderam especialistas na Grã-Bretanha, onde o último volume da história da sexualidade em quatro partes de Foucault acaba de ser publicado pela primeira vez em inglês. Para Sorman, o comportamento de Foucault era sintomático de um distinto mal-estar francês que remontava a Voltaire. “Ele acreditava que havia dois princípios morais, um para a elite, que era imoral, e outro para o povo, que deveria ser restritivo.”
Ele continuou: “A França ainda não é uma democracia, nós tivemos a revolução, proclamamos uma república, mas ainda há uma aristocracia, é a intelectualidade, e ela teve um status especial. Qualquer coisa serve." Agora, porém, “o mundo está mudando repentinamente”, acrescentou Sorman.
O intelectual disse, no entanto, que Foucault não deve ser “cancelado”. “Tenho grande admiração por seu trabalho, não estou convidando ninguém para queimar seus livros, mas simplesmente para entender a verdade sobre ele e como ele e alguns desses filósofos usaram seus argumentos para justificar suas paixões e desejos”, disse ele. “Ele achava que seus argumentos lhe davam permissão para fazer o que quisesse.”
sábado, 27 de março de 2021
holocausto brasileiro de pandemia
O lockdown termina segunda...
O kit intubação dura pouco
A vacinação é lenta...
A Páscoa NÃO PODE ser comemorada
A pandemia e os traumas VÃO ENSINAR mais do que a gente imagina.
Não é preciso chorar pra sofrer , uma sábia MULHER brasileira declarou.
CUIDEM UNS DOS OUTROS porque não está nada fácil lutar ATÉ ENLOUQUECIDAMENTE contra tanta barbárie.
Humanidade tá enfraquecida...
Que a "economia" seja salva para que AS VIDAS PERDIDAS possam ser SACRIFICADAS nesse holocausto brasileiro de pandemia.
Não está fácil sentir a dor de tanta gente e permanecer sendo chamada de "egoísta" porque não passa fome.
Ser obrigado a escolher entre passar fome e estar vivo NUNCA DEVERIA SER UMA ESCOLHA... isso já é CRUELDADE, injustiça, INSANIDADE, sabe.
Que as nossas energias não sejam exauridas, que a gente permaneça SENTINDO, SOFRENDO, tendo empatia.
Ser insensível, anestesiado ao mal desse mundo contra todas as coisas viventes (natureza, animais, gente) É ESTAR um pouco desumano.
Eu prefiro perder sentindo, sendo humana, exageradamente humana...do que vencer com cemitérios repletos de amores da vida de tanta gente como eu.
Antes da Páscoa, vimos com Jesus, houve a MALDADE e a INJUSTIÇA. Um homem foi crucificado mesmo sendo inocente, entre dois homens que eram apenas ladrões.
Estar entre "ladrões", para Jesus, era mesmo MELHOR do que entre RELIGIOSOS, POLÍTICOS, RICOS e até entre amigos e familiares... porque HUMANIDADE é uma luta diária e dignidade não pode ser negociada, parcelada no cartão.
Não quero ovos de chocolate...não há porque comemorar com o banquete.
Porque o banquete do amor NÃO ACONTECE enquanto há mortes constantes, sem nenhuma solução...
Isso é holocausto, genocídio...
Eu não como nessa mesa e nem desse pão.
Eu sou radical, meus amigos.
Sou radicalmente GENTE, não tem um ser humano que não me seja parente.
O mundo chora a dor da gente...e eu sou oceano. Não tem ainda porque controlar meu luto. Que a maldade não se aproxime de mim, eu tenho um propósito em continuar viva para que não tirem amor por gente que carrego comigo.
Ser amor incansavelmente.
sexta-feira, 26 de março de 2021
Para muito além do que a pedagogia OPRESSORA, mas um suspeito...um olhar mesmo que visionário (embora velho já) para uma transformação da humanidade por meio de um educação TRANSFORMADORA
Fui professora efetiva da rede estadual do Maranhão de 2016 até 2019. Profesora do Ensino Médio, nos 3 anos, com português e redação.
Minha forma de encarar o papel do professor na escola pública mudou completamente.
Tivemos resultados sigbificativos em simulados estaduais, URE Zé Doca (IDH médio muito inferior à linha da pobreza ). Nesse caso, eu fui professora em uma sede municipal que fazia o suporte de ensino para POVOADOS, muitos com mais de 60km de distância em chão batido, outros com pontes para dar acesso em rios e até próximas a comunidades indígenas e quilombolas.
O que eu vi:
Alunos no 3° ano que sabiam ler MUITO POUCO, escrever COM MUITA dificuldade e tinham grande parte da família analfabeta.
Quando não havia merenda escolar, passávamos por isso durante alguns PERÍODOS, até MESES, os alunos tinham um rendimento MUITO MENOR, isso porque a FALTA DE COMIDA é AINDA MAIS IMPORTANTE do que a falta de conteúdo, celular, computador, internet.
Não comer é muito mais grave do que não ter nem dados móveis para celular, imagine internet BANDA LARGA.
Essa população foi atendida em mais de 75% da sua CARGA HORÁRIA letiva (remota ou híbrida) ano passado.
Meus amigos professores que são apenas 25% efetivos, isto é, TEM em sua maioria professores contratados (ganhando 1/3 do salário de um efetivo, sendo isso mais ou menos R$1500 POR MÊS. Esses professores fizeram trabalho remoto NO INTERIOR DE UM MARANHÃO sem qualidade de internet, nem com fibra óptica.
E os alunos tiveram prejuízos por causa das aulas, mas um pouco, o mínimo possível de alento com o vale alimentação que é MUITO POUCO para alimentar MUITAS VEZES uma família, porque o auxílio emergia do governo federal não chegou exatamente onde deveria porque há muita corrupção, além de toda a desigualdade social ALIMENTADA pelo sistema genocida do atual irresponsável criminoso da República.
Por isso, o lugar dos alunos deveria ser sempre olhado também por nossa voz política de professores.
Sem o nosso olhar, o olhar da escola enquanto comunidade, O REAL DIREITO constitucional da educação formal é uma farsa.
Assim que eu vejo.
Todo o apoio qualquer aluno meu, NA SEDUC do Pará, terá. Farei o que estiver AO MEU ALCANCE COMO PROFESSORA efetiva que sou, concursado para isso, para dar aos alunos O BÁSICO, O MÍNIMO que depender de mim.
Assim que penso, porque a minha alimentação está ao menos garantida, assim como minha saúde enquanto trabalho de casa. É o mínimo da minha parte que vai além do papel de um professor. É a minha ética como educadora em instituição pública nestes tempos DEVASTADORES para todos, mais ainda para aqueles que não tem sequer o básico que eu tenho.
Para mim, isso é romper com uma pedagogia do oprimido e, ao mínimo mesmo, pensar em uma possibilidade de educação que transformadora e cidadã - como foi defendido claramente por Paulo Freire, tanto em Pedagogia do oprimido (ou da OPRESSÃO) e "Professora sim, tia não: cartas a quem ousa educar". Esse é o mínimo mesmo. Nessa situação caótica, pensar nos alunos que padecem muito mais com esse sistema esmagador de desigual é ética.
[26/3 23:09] Hilda: Se um aluno diz que o governo estadual é ruim por causa do Lockdown, a questão não é política partidária ... A questão é maior
[26/3 23:10] Hilda: O Pará teve HOJE mais mortos do que UM PAÍS na América do Sul, mesmo com lockdown
[26/3 23:12] Hilda: Se o aluno não tiver de algum modo a ciência de que o Lockdown está salvando a vida dele...e que ir trabalhar "pra poder comer" ou morrer é uma injustiça, uma DESUMANIDADE, ele nunca vai entender a importância da educação de fato... DAR A DIGNIDADE do conhecimento formal e do reconhecimento, ao menos, da própria cidadania.
[26/3 23:14] Hilda: Esse aluno não está só expondo o governo estadual...ele está falando do sistema, da educação que é prática e pensada por pessoas. Minha pergunta é: para quem é feita a educação pública no nosso país?
Essa pergunta ainda precisamos responder não com palavras...nem com planilhas (com certeza), embora isso seja uma exigência do Ministério Público, porque se trata de um direito... temos que responder com prática.
quarta-feira, 24 de março de 2021
*À secretária de educação, gestores/as de escolas USES e URES*
Em assembleia geral do Sintepp realizada no dia 23 de março decidimos rechaçar o assédio extremo que alguns gestores vem praticando quanto às exigências da presença de professores na escola, cobrança de relatórios permanentes e em alguns casos da exigência de lançamento de média dos alunos a revelia da situação que nos encontramos, do tipo não fez trabalho lança nota zero.
Saibam todos que vivemos um momento difícil da pandemia e já perdemos inúmeros colegas para essa doença traiçoeira e se caso um de nós servidores venhamos a nos infectar, ou infectar outras pessoas por conta da pressão sofrida pelo superior no cargo isso pode levar inclusive a responsabilização individual pelo dano moral e material sofrido.
A defesa da vida está em primeiro lugar, saibam que o contato social não ocorre apenas na escola, mas em todos os espaços da vida social e ficar em casa nesse momento é defender o direito de viver, por isso aprovamos coletivamente na assembleia que os relatórios devem ser entregues bimestralmente sem prejuízo dos alunos e da escola.
Atenciosamente.
Abel Ribeiro da Coordenação Jurídica do Sintepp
Carla Diaz e o patriarcado no BBB
Um pai
Eu: eu te entendo porque conheço também o amor de pai que tens. Vi sempre a tua relação com os meninos ser muito forte. Por isso vou te explicar: não estamos priorizando na discussão ela ter de fato saído ou voltado, sabe. Estamos realmente dizendo que há MILHARES ou talvez MILHÕES de mulheres na MESMA situação que ela, o que é violência. Ela não ter como perceber o tamanho do abismo em que esteve aprisionada é muito compreensível, todos os relacionamentos tóxicos ou abusivos nos tornam reféns. Ela estava, concordo plenamente contigo, SEQUESTRADA de si. Ela tem o direito de ser devolvida a si mesma, à família e aos seus amigos de verdade. O ensinamento que fica é: quantas vezes vemos relações ABUSIVAS com mulheres, principalmente, e NADA FAZEMOS a não ser passar a mão na cabeça do abusador e condenar ela. Por isso estamos repercutindo em rede nacional um: "acorda, mulher!". No fundo no fundo mesmo, temos a plena convicção ela é MUITO MAIS DO QUE ELE, não poderia estar sendo vista como "boba", "trouxa", "cega de amor", etc. Ela estava sendo sugada por um VAMPIRO EMOCIONAL. É isso. Muito obrigada por você se posicionar. Precisamos de muitos homens com atitudes severas contra outros homens abusivos. ❤❤❤❤❤❤❤❤❤😘❤
*À secretária de educação, gestores/as de escolas USES e URES*
Em assembleia geral do Sintepp realizada no dia 23 de março decidimos rechaçar o assédio extremo que alguns gestores vem praticando quanto às exigências da presença de professores na escola, cobrança de relatórios permanentes e em alguns casos da exigência de lançamento de média dos alunos a revelia da situação que nos encontramos, do tipo não fez trabalho lança nota zero.
Saibam todos que vivemos um momento difícil da pandemia e já perdemos inúmeros colegas para essa doença traiçoeira e se caso um de nós servidores venhamos a nos infectar, ou infectar outras pessoas por conta da pressão sofrida pelo superior no cargo isso pode levar inclusive a responsabilização individual pelo dano moral e material sofrido.
A defesa da vida está em primeiro lugar, saibam que o contato social não ocorre apenas na escola, mas em todos os espaços da vida social e ficar em casa nesse momento é defender o direito de viver, por isso aprovamos coletivamente na assembleia que os relatórios devem ser entregues bimestralmente sem prejuízo dos alunos e da escola.
Atenciosamente.
Abel Ribeiro da Coordenação Jurídica do Sintepp
domingo, 21 de março de 2021
Uma história evangélica
Passei por um situação dramática em 2019. Eu estava em aula quando um aluno se aborreceu porque dei um exemplo de xenofobia a partir do trump (minúsculo que é). Então, ele se alterou, foi agressivo e ofensivo verbalmente, por fim, saiu da sala batendo porta. No outro dia, eu soube que a mãe do dito cujo havia ido na escola para deixar o recado de que ele não veria mais as minhas aulas até que o pai dele chegasse de viagem e viesse "resolver" a situação comigo. Foi quando eu descobri que ele era filho do pastor estadunidense que havia chegado naquele interior do Maranhão para "ocupar" e "evangelizar" a cidade - em outras palavras, colonização. Foi assim que mesmo tendo família no seu país, fez família no Brasil e se tornou diretor em escola evangélica na capital, depois pastor nesse interior por muitas décadas. Respeitado por sua reputação e muito influente, o homem chegou na escola bastante "ofendido" com o fato de que eu havia sido "manipuladora", "doutrinadora", pois falava até palavrão em sala de aula e não estava capacitada para dar aula - sou formada em letras, área do conhecimento que é afim de artes, disciplina que eu ministrava posto que nos rincões do Brasil o que se faz é o que há para fazer. Enquanto ele me difamava pelas costas para o meu coordenador que estava totalmente chocado com a situação deplorável que se apresentava. Eu simplesmente fui até a sala do coordenador apenas para dizer que havia passado do horário mais uma vez por uma questão específica com alunos que necessitavam da minha dedicação de modo mais direto. Quando abri a porta fui apresentada para ele. Ouvi o que ele tinha para dizer...mostrei minha aula, o assunto, a competência, disse que o filho dele havia faltado a primeira aula e chegou na segunda aula sem o exercício e ainda quis ter o direito de me ofender, mesmo sendo a autoridade instituída ali. Depois de dar uma aula de cristianismo pré-romano para ele na prática, falando sobre o gesto humilde de Jesus diante dos homens que queriam apedrejar uma mulher, pedi que ele refletisse sobre a educação cristã doméstica que estava exemplificando, pois o filho dele não tinha humildade de primeiro ouvir e me chamar de modo comedido no corredor porque fez questão de me humilhar na frente de seus pares. Saí com um pedido de desculpa solene, com a certeza de que a LDB seria cumprida (já que o aluno tinha direito e os pais o dever de mantê-lo em escolarização regular com frequência nas disciplinas propostas no nosso currículo) de modo que fiquei conhecida como a esquerdopata que silenciou o pastor por meio do evangelho.
quinta-feira, 18 de março de 2021
sensível demais...demasiado humanamente sensível
Hannah Arendt "As origens do totalitarismo ", uma descrição analítica da ditadura stalinista. Apesar do exército vermelho, isto é, os soldados RUSSOS socialistas de Stalin terem vencido HITLER e o holocausto de judeus, como a própria Hannah Arendt - apesar de tudo isso -, um indiscutível processo de exame crítico da forma totalitarista soviética foi feita pela autora. Nesse breve dossiê político que a filósofa fez, ela afirma que o mais radical dos revolucionários, um dia após a Revolução, será um conservador (citação indireta, uma paráfrase técnica). O que não consigo discordar. De fato, há entre o extremismo e o embrião da banalidade do mal uma linha tênue, independente da ideologia que se carregue em bandeiras mais próximas ou não de um humanismo conveniente. De todo modo, ainda arrisco dizer, há que se celebrar vitórias aparentemente tímidas... Como disse Darcy Ribeiro, um humanista radical, jamais extremista, eu fracassei, mas não estaria me sentindo vencedor no lugar daqueles que ganharam nesse contexto. Ou como cantaria o passarinho Quintana...eles passarão, eu passarinho. Existe uma liberdade incorrigível na autonomia de um ser que se envolve em determinadas causas próprias de humanidade...uma delas, é a incapacidade de ser insensível às dores do mundo...poetas como Drummond e Adélia Prado me representam sempre sobre isso. Para Lispector, há alguns falta o "delicado essencial", que tiros não sejam classificados como dores seletivas...nenhuma dor humana é vitoriosa. Eu assim acredito.
Professor x Educador... uma distância ainda incorrigível
Meus colegas de profissão, há uma distância imensa entre o educador e o professor de fato. Enquanto muitos de nós estamos com carga horária extrapolada, trabalhando com as ferramentas possíveis, recebendo o nosso salário fixo, fazendo até o impossível para transmitir aulas, conteúdos e demais documentos (como as planilhas). Há os educadores . Educadores de uma pandemia extraordinária . Gente, sem diploma, sem salário às vezes, doando TUDO QUE POSSUEM de tempo, de mínima estrutura (às vezes somente o celular mesmo, comumzinho) e uma VONTADE INCONTROLÁVEL de transformar o tempo tenebroso em alguma história mínima de esperança.
CADA VEZ MAIS, eu sinto a plena necessidade de nós professores sermos educadores. Infelizmente, nosso diploma, nossas pós-graduações, nosso concurso e nossa competência no conteúdo específico de uma disciplina, de uma ciência É POUCO. É REALMENTE pouco para o mundo em que de fato vivemos.
Fomos formados em graduações antiquadas, com iniciativas tímidas em relação ao conhecimento DE GENTE. NÓS NÃO TRABALHAMOS COM CONTEÚDO CIENTÍFICO. Professor é um dos profissionais que mais é desafiado porque trabalha COM GENTE, COM SUAS HISTÓRIAS DE VIDA, com seus afetos e desafetos. Pior do que tudo isso, NÓS TRABALHAMOS com o futuro de muita gente.
Vem da nossa CANETADA a ir pra frente de alguém, em muitos situações - apesar do que garante a LDB, a CONSTITUIÇÃO FEDERAL e o nosso popularesco PAULO FREIRE.
Eu sei...infelizmente, muitos de nós conhecemos apenas o nome de Paulo Freire e do que ouvimos falar, ou lemos com pressa...eu até acho que lemos penas trechos ou frases soltas. O caminho de um professor que ouve Paulo Freire é muito diferente do que vemos nos nossos cotidianos até nas lutas sindicais.
Além de Freire, deveríamos conhecer Anísio Teixeira, DARCY RIBEIRO, Rubem Alves e muitos outros educadores que não pouparam nenhum esforço em QUERER MUDAR A HISTÓRIA DE UM PAÍSA, e jamais imaginaram ser lembrados ou louvados, APENAS POR CUMPRIREM SUA FUNÇÃO: ensinar cidadania, dignidade e humanidade para uma população carente do básico. Honestamente, como professora de português e literatura, PARA MIM, crase e romantismo SÃO infinitamente IRRELEVANTES diante da fome.
A fome é mais relevante do que qualquer conteúdo. A saúde é mais importante do que qualquer competência do Enem. Nossa frequência é ter ou não ter o VALE ALIMENTAÇÃO de R$80, 00.
Deixo claro, meus parabéns por estarmos fazendo o nosso trabalho pelo qual estamos sendo pagos SEM ATRASOS.
E, também, deixo claro meu respeito por uma equipe técnica que ARRISCOU TANTO SUA VIDA e a VIDA DE SEUS FAMILIARES para que o nosso trabalho fosse facilitado no ano de 2020 e agora em 2021.
Aos alunos, eu só quero ser UMA FACILITADORA e não alguém que se soma a toda A ATRAPALHAÇÃO que já está esse país, COM O GENOCIDA que é presidente . Não sejamos ATRAPALHAÇÃO tal qual esse presidente que sequer votamos.
Meus colegas professores, os tempos são de PACIÊNCIA, humildade e solidariedade.
Desejo um bom dia a todos e saúde para as nossas famílias.
domingo, 14 de março de 2021
eugenia à brasileira????
O inacreditável nessa fantasia eugenista de um percentual significativo de sulistas do Brasil é como eles não representam sequer os segmentos provincianos na Alemanha do século XXI. É uma coisa tão fantasiosa que nem mesmo Alemães conseguem se referenciar com a alucinação de "raça pura" dessa gente.
Não querer ser "brasileiro" por estar em nossa origem a miscigenação de etnias africanas e ameríndias é de uma pobreza instrucional em História, Geografia, Antropologia e Sociologia que fico imaginando O SACRIFÍCIO de uma pessoa que seja professora dessas disciplinas nessa circunstância.
Porém, há uma justificativa histórica vergonhosa, pela semelhança com um provincianismo etnocêntrico, supremacista branco, DOGMÁTICO, nos Estados Unidos que envergonhou as Américas com o mandato do abutre Trump.
Uma banalidade do mal talvez explicável em um embrião ideológico que coloca na fantasia do ser superior a incapacidade de sentir porque racionaliza demais. Sem nenhuma função científica, somente com a proposta de explicar em si mesmo a realidade de tudo. Um ser sem sensibilidade para o outro e sem capacidade de humanizar-se, acredito eu que temporariamente. Essa patologia não pode ser inata, isso eu desacredito. O que me faz ser professora, educadora... já que a educação de fato humaniza a gente.
terça-feira, 9 de março de 2021
álcool, cerveja, mulher, violência doméstica e feminicídio ...uma perspectiva histórica
Lendo "História da sexualidade 3: o cuidado de si", de Foucault, lembrei de um regime cuja intenção era purificar a sexualidade , equilibrar e promover hábitos saudáveis. Entre diversas sugestões, a prática de beber vinho era a melhor avaliada porque tinha princípios masculinos. Isto é, assim como a prática clerical de assimilar o vinho ao sangue do Cristo exaltava essa bebida e seu vínculo patriarcal, havia outra que era inferiorizada. Adivinha? O costume de beber cerveja. Uma bebida historicamente relacionada ao trabalho de mulheres. Outra leitura indispensável me ratificou isso. Gerda Lerner, em "A criação do patriarcado : história da opressão das mulheres pelos homens", comprova que as fazedoras de cerveja eram as subalternas em propriedades profundamente patriarcais. A misoginia sempre explicaria historicamente a inferiorização do gênero de bebida assimilado ao feminino. Então, essa prática muito atual de cervejaria artesanal é um apagamento (gourmetizador) da relação entre mulheres e cervejas. Um apagamento que garante o maior status para a cerveja artesanal. E, cruelmente, demonstra a relação macabra entre o consumo abusivo de bebida alcoólica (em especial a cerveja, pelo consumo nas classes proletárias) com o índice explosivo de feminicídios. É, tristemente, diretamente proporcional a relação entre maior consumo de álcool e maior número de violência doméstica e morte de mulheres. Tudo que escrevi aqui, me perdoe pelo textão, é um desabafo. Eu mesma fui criada em um ambiente com violência doméstica, tentativa de feminicídio e abuso psicológico intenso intimamente ligado com alcoolismo. Eu precisa dizer.
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