quarta-feira, 25 de março de 2020

no fim ela

- eu conto pra ela hoje?
- não. deixe ela feliz por mais esse dia.
- e se morrer hoje...
- será como uma surpresa ruim e não como uma espera dolorosa.
- o que direi?
- que eu não vou sofrer assim pra sempre.
- o que mais?
- que eu vivi o suficiente.
- econômica?
- matemática.
- é sobre nunca mais poder abraçá-la...
- eu estarei viva enquanto ela estiver... em sua mente.
- e o corpo físico?
- nunca foi o bastante.
- o que direi sobre as manhãs, as tardes e as noites dela esperando na sua frente?
- que eu sabia.
- é verdade?
- talvez eu sinta ela do outro lado da margem.
- o oceano de vida que vai separá-las é gigante.
- não acredito em vida após essa. mas sei que seus olhos leram a minha mente por todos esses anos. nunca ninguém chegou em mim tão longe.
-  quais suas últimas palavras a ela?
- eu a amo. e o presente de amar dura por toda eternidade

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA