segunda-feira, 26 de agosto de 2019

E ninguém se pergunta o que o boso quer da Amazônia...para o seu fã clube zumbi, o interesse e a ganância são apenas do resto mundo... Mas ninguém se questiona sobre o que o próprio bobonazi queria dizer afirmando que os Estados Unidos poderiam "ajudar" o Brasil a gerenciar melhor os recursos da Amazônia...quer dizer que ele escolhe quem vai explorar e saquear mais... será? Acho que não...ele é a favor do meio ambiente, lembremos o que já disse "a Amazônia é como uma virgem que é desejada pelos tarados"...ele disse isso achando que elogiava ao capital estrangeiro SEDENTO POR NOSSA VIRGEM... Que ele gostaria de oferecer de bandeja aos amigos...Pouco cavalheiresco, pouco diplomático, pouco soberanista, pouco inteligente. Agora não se pode dizer que é pouco claro. Ele foi rigorosamente explícito ao dizer que quer ver a Amazônia ESTUPRADA para seu deleite... misoginia metaforizada em sifrão...
O mito da ressocialização no Brasil é uma afronta à democracia antiga. Nenhum governo nas esferas municipais, estaduais e federais GARANTIU ESSE DIREITO à nossa população. Aqui o massacre legalizado (judicialista) é o que mais derruba a republiqueta, infame e escória que temos no parlamento. Um falar de autoridades que ASSASSINAM e CONDENAM AO LIMBO milhares de cidadãos com um único fim perverso: EUGENIA. Nossa "justiça" é uma falácia imunda!
Texto que será publicado no Jornal O Globo no dia de amanhã.
Por Fernanda Young.

Bando de cafonas

A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê?
Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias.

O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas.
O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado.
A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.
O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer vencer, para ver o outro perder. Quer ser convidado, para cuspir no prato. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos.
Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.

sábado, 24 de agosto de 2019

Defender Bolsonazi é estar anestesiado e contaminado pela desumanidade. Um mal que se naturaliza no corpo frio e sem qualquer capacidade de saber. O saber é do corpo, o conhecimento - infelizmente - é do papel (que acaba com o mundo hoje). Eu quero simbolizar aqui o que penso sobre a Ciência ter chegado nesse lugar tão distante da gente que contribui por meio de tecnologias midiática e de dispositivos legalistas e teóricos com o fim de ser instrumento do capital tirano. O saber precisa voltar para o corpo humano e para a humanização. Esse deve ser sua ética!

domingo, 18 de agosto de 2019

Ainda assim eu me levanto
Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui
Riquezas dignas do grego Midas.
Como a lua e como o sol no céu,
Com a certeza da onda no mar,
Como a esperança emergindo na desgraça,
Assim eu vou me levantar.
Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
Minh’alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio,
Mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade incomoda?
Será que você se pergunta
Porquê eu danço como se tivesse
Um diamante onde as coxas se juntam?
Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A confusão entre liberalismo e liberdade é proposital e inescrupulosa. Os conceitos mais fortes no atual neoliberalismo tirano  são: "liberdade de expressão", "liberdade de escolha", "liberdade de consumo", "liberdade individual", etc. Bases do que se vende como "felicidade". Duas palavras intoxicadas pelos discursos extremistas "liberdade" e "felicidade", porque fazem parte da angústia primária do ser humano que possui a ambiguidade de ser individual e social e tudo converge ainda para o sentido destruído de "solidão" que virou uma baboseira chamada "solitude" individualista (olha a redundância aí, gente!). Mas andamos comprando esses sonhos embalados pro nosso presente que "será melhor amanhã", eles sempre garantem. Por isso, tratar das questões íntimas se tornou tão indispensável. Porque a autonomia precisa ser URGENTEMENTE valorizada, pois a alienação das massas já é o mal do século XXI, que parecia querer um apelido carinhoso como o século das liberdades e se mostra uma cápsula de volta a passados de correntes. Uma ironia cruel na narrativa histórica do homem pós-moderno.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A gente se esquece
                          ...num canto
 Se esquece
                         ...de se descobrir
E se esconde
                         ... até de si mesmo

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

- Nunca apareceu algum fantasma por aqui?
- Fantasma? Ahahah. Claro que não.
- Ninguém da sua equipe nunca viu nada sobrenatural? Pode contar, sempre há histórias sinistras nos cemitérios...
- Nos cemitérios há histórias tristes, não sinistras…
- Conta para nós como é o trabalho?
- A equipe de coveiros prepara a cova no lugar certo e no tempo certo para o enterro. Enquanto a família faz o velório, nós preparamos tudo aqui para não haver imprevistos ou inconvenientes na hora do enterro.
- Mas sempre pode haver imprevistos, não é mesmo?
- Nosso trabalho é muito profissional. Há toda uma técnica envolvida. Precisamos ser quase invisíveis. Até o modo de recolocação da terra com a pá possui uma técnica especial, para que a terra não faça barulho quando é jogada para cobrir o caixão.
- Pensando bem, realmente, em todos os enterros que já fui, nunca reparei no trabalho dos coveiros, embora sejam eles que façam tudo. Incrível mesmo.
- Essas técnicas são importantes porque precisamos ter muito respeito ao corpo e à família do falecido, que está passando por um momento de muita dor. Nunca é só preparar a cova para depois enterrar o caixão. Há toda uma infra-estrutura para proporcionar à família uma despedida digna.
- Mas acontecem coisas alegres também? Nunca aconteceu algo ou uma situação que vocês se seguraram para não rir?
- Às vezes acontecem coisas engraçadas. Lembro uma vez que entrou um bêbado no enterro, que devia ser amigo do falecido, e começou a discursar em voz alta... Isso acontece às vezes. Às vezes até a família ri.
- E situações tristes?
- Sempre é triste. Nós lidamos com momentos de profunda tristeza das famílias. Por isso precisamos ser muito profissionais. Mas há situações que nos tocam também. Há momentos em que até nós, que estamos acostumados com o trabalho, ficamos sensibilizados. Já aconteceu de um colega nosso fazer o enterro de um parente. E já aconteceu de um colega enterrar a própria mãe.
- Puxa, nunca tinha pensado nisso…
- Mas no trabalho aprendemos a separar a emoção. Fazemos o que precisamos fazer com muito respeito. E nos preparamos muito para o que o pode acontecer.
- Como assim?
- Um enterro de um parente que há anos estava doente é um momento triste para a família, claro. Mas um enterro de uma criança é algo muito, mas muito mais dolorido. As pessoas passam mal. Desmaiam. Precisam ser socorridas. Deixamos corredores abertos para socorro.
- Realmente… Pensava que o trabalho de coveiro era só cavar e enterrar. Mas isso é só uma pequena parte mesmo.
- Sim, enterrar, exumar… Não há no Brasil estudos ou ensino dessas técnicas. É uma pena, porque precisava. A gente estuda por conta própria e compartilha as experiências. Eu leio muito sobre os cemitérios do mundo inteiro. Como são enterrados os corpos em Portugal, no Egito, na Inglaterra… A gente estuda muito.
Sônia Guajajaras é uma das maiores mulheres latino-americanas do século XXI. E eu pergunto: quem IGNOROU ela nesse título? Os mesmos que ponderam quando o assunto é direitos étnicos e identitários para as comunidades tradicionais, tais como Quilombolas, Indígenas, Ribeirinhos e MUITOS outros em vários territórios em todo o Brasil. São os mesmos que NÃO ENXERGAM a necessidade de BERRAR pelo direito dos povos indígenas ANTES até de falarem dos seus. Bolsonazi é o pior de todos os demônios exterminadores que já apareceu na história dos ameríndios. Um dos mais PERVERSOS governantes da história curta desse país ingênuo cheio de ignóbeis. Somos infantis quanto aos direitos que temos e quanto aos direitos de nossas populações tradicionais! É uma indignação atrás da outra. Honestamente ser brasileira é uma VERGONHA!

domingo, 11 de agosto de 2019

Marcelo Totipah poesia e cicloviagem


O Marcelo Totipah é um cicloviajnte inspirador que nos faz sair do chão cinzento e sem vida. Ele nos convida a apreciar a vida com os olhos de uma criança amada. Ele nos mostra que ser amado é olhar para o mundo, para a natureza, para os seres com amor e em reciprocidade amado ser.
Eu só consigo enxergar alma nas palavras do Marcelo. A poesia nele permanece.

https://www.facebook.com/marcelototipah/

A NOITE MAIS LINDA

Estava quase dormindo quando minha gata bateu a porta da barraca. Abri pensando que ela queria entrar, mas ela queria que eu saísse. A Lua crescente tinha acabado de se pôr e a visão da noite era delírio.

O céu gritava estrelas. Júpiter destoava de tão clara, exuberante. Na beira da lagoa entre as algas, insetos brilhavam fixos, sutis como as estrelas. Vagalumes riscavam galhos piscantes. Noite sem lua e sem nenhuma luz criada pelo homem, tudo brilhava.

A lagoa espelhava céu. Estrelas se embaraçavam brilhos tímidos verdes que vinham das algas.

Latidos de cachorro longe, sinos de vacas descompassadas, vindas do vento anunciado nas palmeiras farfalhadas. E os grilos ali, contínuos, presentes, orquestrados.

Antes que o frio e o sono me convidassem para a barraca, contei seis estrelas cadentes. Estrelas que viraram vagalumes. Ou vagalumes que fingiam estrelas.

A companhia da natureza é a melhor solidão que existe.

Marcelo Totipah

sábado, 10 de agosto de 2019

CONTRA O LUGAR DE FALA

1. "Lugar de fala" é o novo fundamentalismo político. Refúgio de dogmáticos e intolerantes, que, da forma mais autoindulgente possível, concedem-se prerrogativas de superioridade moral.

2. "Lugar de fala" é um espaço privilegiado de exigência de que os outros calem a boca. É o lugar do "cale-se" aplicado a todos que não são como eu. Lugar de falar é ao mesmo tempo um lugar de calar - eu falo, você cala.

3. "Lugar de fala" é o álibi perfeito para reivindicações de monopólio de fala. Só eu e os meus temos a fala autorizada e os direitos de explorá-la.

4. Como em todo sistema monopolista, o "lugar de fala" provê ao falante certificado um modelo de negócios. Como somos poucos os que têm direito de exploração desse produto, a raridade agrega enorme valor aos biscoitos finos que eu forneço e a, mim, naturalmente, seu fabricante autorizado. Encontrado um bom nicho, pode-se ganhar dinheiro, prestígio ou celebridade com o monopólio da fala autorizada. Há muitos faturando com isso.

5. A artimanha principal das reivindicações do "lugar de fala" consiste em punir ou recompensar indivíduos singulares em virtude da classe de indivíduos em que eles se situam. O seu direito de falar é transferido para mim, porque o coletivo onde você se situa deve historicamente ao coletivo onde me situo. A sua classe oprime a minha, mas quem deve pagar é você, independentemente do que você fale ou seja. A reivindicação de que você deve calar a boca, porque as pessoas da sua espécie já falaram demais, e me deixar falar sozinho, porque as pessoas da minha espécie não tiveram chances históricas de falar, é um truque para disfarçar o meu autoritarismo e a minha intolerância.

6. O argumento em defesa do pluralismo e da consideração pelas diferenças de identidades e pontos de vista não precisa do conceito de "lugar de fala" para ser defendido. Ao contrário, a reivindicação de "lugar de fala" serve hoje principalmente para que os patrulheiros da identidade verifiquem se o seu monopólio está sendo respeitado. Os "fiscais de atendimento às normas sobre monopólio do lugar de fala" são a nova moda universitária. A ideologia do "lugar de fala" virou adversário do pluralismo, das diferenças e da tolerância.

7.  Alimenta os direitos de reivindicação de "lugar de fala" a ideia de que expressar ideias, fazer pesquisa ou discutir problemas sociais são atividades direta e inextrincavelmente ligadas à "representação" de uma espécie ou de um coletivo. Propriedades individuais relacionadas a conhecimento, competência, domínio do assunto, inteligência ou boa fé são secundárias em face do que realmente importa, que é a que gênero ou espécie identitária você pertence e cujo direito de representar você pode reivindicar. Então, não se trata apenas de representação, mas de autorrepresentação. Só está habilitado a falar quem está autorizado a representar, ficando cancelado todas as outras formas tradicionais de competência.

8. A esquerda criou e alimentou as teses fundamentais do "lugar de fala" e ainda cerca os reivindicadores do monopólio do falar e do mandar calar com extrema complacência. Normalmente o "lugar de fala" é usado de forma eficiente apenas contra a esquerda. A extrema-direita, que agora a sitia política e socialmente, é imune aos constrangimento das reivindicações do lugar de falar e, antes, usam tais reivindicações para as ridicularizar e para reforçar o próprio ponto de vista.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Precisamos conversar seriamente sobre isso. E precisamos evitar dar outros nomes para aquilo que não passa de censura, afinal.

Por Luis Felipe Miguel

“Quando meu filho era pequeno, foi alimentado com o melhor da literatura infantil disponível em português - uma das vantagens de ter nascido com mãe e avó especialistas no tema. Enquanto lia para ele aqueles livros, eu me perguntava como ele processava os contos de fadas, já que tinha muito mais familiaridade com paródias e reinterpretações do que com os originais.

Mal comparando, penso que está acontecendo algo semelhante com a ideia de “lugar de fala”. Quando a preocupação com lugar de fala ganhou corpo, nas últimas décadas do século passado, ela se apresentava como uma crítica ao discurso - científico, político, artístico - que se acredita capaz de englobar a universalidade. Afirmava, assim, que todo discurso é socialmente situado e que, portanto, entender de onde ele parte é sempre importante para avaliá-lo.

Levar em conta a perspectiva social não é o mesmo que rechaçar de antemão como impróprios ou inaceitáveis discursos que porventura não partam do lugar “correto”. É entender que as marcas da particularidade sempre estarão presentes, para o bem ou para o mal.

Hoje, “lugar de fala“ é usado nas disputas políticas sem lembrança desse pano de fundo. Com isso, muitas vezes seu sentido parece invertido: parece que se trata de denunciar a universalidade falsa de antes para colocar em seu lugar uma nova universalidade, autêntica, “subalterna“. Perdemos, nessa mudança, o que havia de mais radical, que era a denúncia da própria universalidade.

Nos combates políticos, “lugar de fala“ surge casado com a percepção extrema de um privilégio epistêmico dos dominados. Como se a posição de dominado promovesse acesso garantido e imediato a uma compreensão fiel da realidade. Joga-se no lixo tudo o que produziu sobre ideologia, dominação simbólica, produção da doxa, imposição de representações do mundo social pelos grupos dotados de maiores recursos.

Joga-se no lixo igualmente a necessidade da teoria, do estudo, do debate. O acesso à verdade depende da posição social e de nada mais.

É também como se um olhar externo não pudesse dizer nada sobre nossa situação - confundindo o esforço de produção de conhecimento com a liderança de movimentos políticos que, essa sim, deve permanecer coletivamente nas mãos dos integrantes daquele grupo social.

Como consequência, em vez de ser um alerta para que todos os discursos sejam avaliados levando em conta o local social de onde partem, o “lugar de fala“ serve para se defender a produção de espaços isolados, em que a posição social conta como único critério de validade, independente do que se diz.
Se, na sua origem, a ideia de lugar de fala podia ser entendida como um chamamento à abertura do debate para a integração de múltiplas vozes silenciadas, agora o “lugar de fala“ muitas vezes serve como ferramenta de censura e exclusão.

Da maneira como eu a entendo, a velha discussão sobre lugar de fala, apesar de toda a sua denúncia da universalidade ilusória, não implica abandonar a busca de discursos capazes de compreender o mundo de forma mais ampla e plural. Saber que a universalidade nunca será plenamente alcançada não significa abraçar um particularismo míope e auto-indulgente. Pelo contrário, pode ser um meio de nos tornar mais exigentes na busca nunca concluída de uma visão para além dos particularismos.

No momento em que o retrocesso se alastra pelo mundo afora, prejudicando tantos grupos de pessoas em tantas dimensões, e em que é tarefa urgente construir uma resistência também pluridimensional, o particularismo estreito e estridente dessa percepção rasa do “lugar de fala” torna-se, sem dúvida, um aliado da permanência da dominação.”

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Uma mensagem que se atribuiu ao "conselho tutelar" que mais parece ser uma secretaria do inferno, um lugar onde tudo que se quer é isentar o Estado da sua responsabilidade  em relação às garantias de direitos fundamentais das crianças brasileiras. Isso aqui é uma fraude (segue a falácia abaixo):

*O CONSELHO TUTELAR ADVERTE!!!!!*

Pare de deixar seus filhos com o noivo que mal conhece, pare de deixar com o vizinho, pare de deixar  com pessoas também que você mal conhece, porque é de graça
 [1- olhem essa loucura! Sugerir que os pais "não querem pagar" para pessoas de boa intenção fiquem com seus filhos. Como se um estuprador ou um/uma potencial agressora não pudesse ser bem paga???!?!].
Alerta também com os nossos conhecidos, olho vivo!! O abuso de menores, o estupro, o sequestro, o maltrato, etc, é real e é uma ferida que nunca vai sarar. [2- Como se as pessoas não soubessem da triste realidade e do sofrimento que é o abandono, a negligência e a violação física, psíquica e afetiva de uma criança]

• As crianças *não* devem ir para a loja/escola sozinhos. [3- vão andar com quem... Um guarda-costas?????]

• As crianças *não* devem  ficar no carro sozinhas porque você vai descer rapidinho para fazer algo. [4- até esquecem os filhos no carro, imagina uma crueldade dessas!]

• As crianças *não* devem acostumar a andar com qualquer pessoa. [5- tenha tempo de SOBRA pra "selecionar com quem seu filho andará O DIA INTEIRO... #IRONIA]

• As crianças *não* devem sair para jogar sem supervisão. [6- JOGAR O QUÊ??? Jogar é para ricos... Pobres ficam nas ruas perambulando! NÓS SABEMOS OU FINGIMOS QUE NÃO VEMOS!?!?!]

• O irmão mais velho não deve cuidar dos seus irmãozinhos. Não é sua responsabilidade.[7- CADÊ A CRECHE que já vem com um estoque de calcinha?????]

• As crianças *não devem estar em um ambiente onde se consuma álcool* (mesmo que esteja tranquilo) nunca. [8- tira ela do Brasil ou fica sossegado porque não é maconha... Olha como seria mil vezes pior, né?!? #ironiaaltaaqui]

• As crianças *não devem estar perto de pessoas instáveis* ou com maus costumes. [9- se o pai ou a mãe ou o cuidador direto for um "problemático" é só dar pro "conselho tutelar" cuidar MUUUUUUUUUITO MELHOR, NÉ? #IRONIA]

• As crianças *não devem dormir fora de casa,* você não conhece as pessoas.... [10- Se uma criança de 17 anos dorme fora isso é realmente grave!!!]

• As crianças não devem conviver com todos os amigos do pai ou da mãe, não é necessário; *nem todos são boas pessoas.* [ 11- inclusive, padres, pastores, professores, enfermeiros, ginecologistas e todo ou qualquer ser desumano que acredite que machismo é uma balela]

• Eles não tem a decisão em suas mãos. [12- depende de que cultura ele nasceu, porque se for periférico, indígena,pobre e vulnerável em geral, vai ter que se virar pra sobreviver cedo cedo INFELIZMENTE O BRASIL É ESSA MERDA MACHISTA SIM!]

• Eles não sabem de perigo. [13- E quando avisam que tem algo de errado no "tio fulano" a mamãe manda logo ir procurar o que fazer porque fica inventando história]

• Eles não sabem de maldade. [14- e quando a maldade é do coleguinha do colégio que estupra ou faz bullying, o que é que tem né?]

• Eles não sabem de ódio. [15- se for uma questão de ser o extremista e filho de uma família fascista, duvido muito que não saiba exatamente como o ódio se propaga e se efetiva!]

• Eles não sabem que existem pessoas com más intenções. [16- e se desconfiam do professor, do padre, do pastor e de quem quer que seja, tipo do vovô, está ficando louca!]

• As crianças são inocentes, são ingênuos. São apenas crianças! [17- essa é a maior vergonha de TODAS AS DECLARAÇÕES IDIOTAS DESSA MENSAGEM DE TEXTO estilo que o presidente vigarista do Brasil adora junto com seus fascistinhas]


Nossa responsabilidade é protegê-los de tudo e de todos [18- ATÉ DE NÓS MESMOS!] , mesmo que não sejam nossos próprios filhos. [19- ATÉ QUE EM FIM CHEGA A ÚNICA REFERÊNCIA AO ECA E À CONSTITUIÇÃO FEDERAL]


"Cuidemos das nossas crianças"

SOBRETUDO, garantir os direitos BÁSICOS de uma criança e de uma adolescente no Brasil É UM DEVER DE TODOS, DA COMUNIDADE, DA ESCOLA, DA FAMÍLIA, DO ESTADO E DE TOOOOOOOOODO!
 EU ESTOU MUITO INDGNADA!
Por isso que admitir que existe uma cultura do estupro e que ela está diretamente relacionado ao machismo e as demandas de uma sociedade moralista  é tão importante! Não há realmente como se prevenir! Não há como garantir que sua família não será atingida, afinal de contas nas escolas os professores também assediam alunas! Padres, pastores, avós, amigos, PAIS e cuidadores de crianças abusam delas! Não há como se prevenir a não ser através de uma campanha efetiva de mudança de mentalidade na qual as mulheres não sejam culpabilizadas pelo "fracasso familiar", nem por serem culpadas por serem abusadas, por exemplo. Essa conscientização precisa estar no currículo oficial escolar do Brasil. É obrigatório combater o machismo e as suas doenças tal como o estupro. A inferiorização das mulheres, a sobrecarga de trabalho que as escraviza, a responsabilidade absoluta pela "educação" e pelos cuidados com a família é uma escravidão e uma forma de não responsabilizar e de deixar impunes a esmagadora maioria dos agressores. Não posso dizer que não haja caso de violência sexual contra crianças provenientes de mulheres, existem embora sejam muito menores, mas eles são reprodução pura da dominação sexual patriarcal. Minha preocupação é com minha aluna de 16 anos grávida e "casada" com um rapaz de 21 anos que ano passado ameaçou matar ela na escola. Entre outros tantos casos. Por isso eu duvido que seja uma medida realmente determinante tranferir a responsabilidade para os pais quando o Estado brasileiro é negligente e não é questionado de fato, ao contrário atualmente é apoiado nas suas irresponsabilidades. Eu fico preocupada demais com o rumo que a cultura no Brasil está tomando. Somos cada vez mais um país de desumanidade e individualismo radical o que afeta diretamente às crianças e qualquer segmento social mais vulnerável. Será um desastre humanitário, eu sinceramente não consigo não ser realista sobre isso.
Eu queria saber quem é que tem o poder de escolher entre trabalhar e colocar alimento dentro de casa e "selecionar" quem vai cuidar do filho? Me desculpem a saia justa do questionamento, mas eu realmente quero entender como se coloca tão facilmente a responsabilidade em pais e cuidadores de crianças em relação aos crimes provenientes da violência e da negligência contra crianças, mas não se enxerga o tamanho da CULPA e do DOLO que o Estado brasileiro possui nesse tipo vergonhoso de crime?! Onde estão as creches? Onde estão as escolas de tempo integral? Onde estão as remunerações adequadas? Onde está a transferência de renda que não pareça uma esmola? Onde está a dignidade da família brasileira? Quais são os programas efetivos de responsabilidade estatal em relação a essa temática (que não seja jogadinha barata de marketing tal como o programa "criança [IN]feliz)?! Cadê a responsabilidade do Estado brasileiro em relação a exploração sexual infantil e dos abusos por puro abandono, sem falar por favor em discurso deplorável sobre "falta de calcinha"?!?!? Eu fico preocupada com o país de semianalfabetos em direitos humanitários que o Brasil tem se mostrado! É uma lástima!

sábado, 3 de agosto de 2019

Talvez eu não seja namorável.

Uma vez, em um bar, ela me disse: “Neste mundo existe pessoas inamoráveis, e eu sou uma delas”…

Aquilo me intrigou durante toda a noite, uma palavra fora do dicionário que ela usava para se descrever, e por quê?

Observei-a enquanto ela, tímida, finalizava mais um copo de cerveja. Eu estava com ela havia quatro horas, quatro horas onde conversamos sobre filosofia, arte, astrologia, cinema e viagens…

Quando ela se dirigia ao garçom o bar inteiro parava para vê-la…

Tinha seu carro, sua casa e era do tipo que não dependia de ninguém, então por que pensar assim? Teria ela se fechado?

Ela fez uma cara de entediada e me chamou para caminhar enquanto fumava um cigarro, até a saída sorriu e cumprimentou todo mundo com aquele jeito sapeca de menina do mundo…

Aquilo tudo era muito pequeno e raso para ela, conclui.

Na rua todos passavam apressados, ela se divertia com os animais abandonados, abaixou e entregou sua garrafa de água pro morador da rua, explicou o endereço de uma balada em alemão para um estrangeiro perdido que agradeceu com um sorriso, comprou chicletes de uma criança.

E na minha cabeça só ecoava: “inamorável”.

Foram horas observando aquela garota, até não me aguentar e voltar ao assunto…

Eu queria entender melhor, eu queria uma definição como num dicionário.

Então ela pegou minha mão e me puxou para um bar onde tocava uma banda de rock, ficou em silêncio por longos 30 minutos observando tudo até que disse:

– Olhe ao seu redor, estamos já há um tempo aqui. Durante esse tempo por nós passou uma garota chorando por que seu namorado terminou com ela ontem e hoje já está com outra, pois acredita que pessoas são substituíveis… naquela mesa tem 10 pessoas e elas não conversam entre si pois estão nos seus smartphones, talvez aquela garota de vermelho seja a mulher da vida do cara de azul, mas ele nunca saberá pois é orgulhoso demais para tentar.

Veja o rapaz de pólo no bar, é o terceiro copo de martini que ele toma olhando pra loira tentando chamar a atenção do vocalista que fingirá que ela não existe por causa da ruiva e da morena que ele pega em dias alternados, e ele não pode ficar mal perante as outras.
Olhe ao seu redor, não fazemos parte disso, não somos rasos; realmente não fazemos parte disso! Entramos sem celular na mão, esperando encontrar pessoas legais, com papos legais, com relações reais e voltamos para casa sozinhos. Somos invisíveis num mundo de status onde as pessoas não vão te querer por que você mora longe ou por que não gostam da sua cor de cabelo ou por que você não curte os beatles, acontece tudo tão rápido que as pessoas estão com preguiça de fazer o mínimo de esforço para conhecer realmente alguém e tudo é medido em likes.

Eu passo por essa legião como um fantasma pois eles estão ocupados demais para ver quem está ao redor enquanto procuram alguém no tinder.

E eu me importo? Não mais. Sou inamorável porque não me importo com nada disso..

Nenhum desses status, não. Não importo em quanto tempo levo para conquistar a pessoa, se ela realmente vale a pena, não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando tiver saudades e não me importo se ela me presentear com um ingresso pra ir ver o show dos “beatles” por que é importante para ela, mesmo eu detestando a banda.

Porque eu sou assim, e se antes era o que procurávamos em alguém, hoje em dia somos considerados inamoráveis por manter o coração e a mente aberta.”

Naquele momento eu a entendi, e me apaixonei pelo mundo dela…

Texto escrito por Akasha Lincourt
A palavra procrastinação está cada vez mais cheia de significados que remetem a coisas que fazem mal, tipo: atraso, falta de compromisso com o outro, deixar para amanhã o que ia fazer hoje, não resolver um problema... Mas eu discordo! Eu protesto! Isso não é verdade porque PROCRASTINAR É VIVER! Dentro do capitalismo, tempo é uma coisa controlada pelos donos do poder, então, ele é dinheiro! Mas isso também é mentira! Por isso os capitalistas colocaram a palavra procrastinação como algo ruim, para que a gente seja produtiva e dê lucro para eles! Eu odeio o capitalismo porque ele nos roubou nossos maiores tesouros, entre eles a liberdade de viver como se quer e o tempo de fazer o que se quer e não o que dá lucro!