- Nunca apareceu algum fantasma por aqui?
- Fantasma? Ahahah. Claro que não.
- Ninguém da sua equipe nunca viu nada sobrenatural? Pode contar, sempre há histórias sinistras nos cemitérios...
- Nos cemitérios há histórias tristes, não sinistras…
- Conta para nós como é o trabalho?
- A equipe de coveiros prepara a cova no lugar certo e no tempo certo para o enterro. Enquanto a família faz o velório, nós preparamos tudo aqui para não haver imprevistos ou inconvenientes na hora do enterro.
- Mas sempre pode haver imprevistos, não é mesmo?
- Nosso trabalho é muito profissional. Há toda uma técnica envolvida. Precisamos ser quase invisíveis. Até o modo de recolocação da terra com a pá possui uma técnica especial, para que a terra não faça barulho quando é jogada para cobrir o caixão.
- Pensando bem, realmente, em todos os enterros que já fui, nunca reparei no trabalho dos coveiros, embora sejam eles que façam tudo. Incrível mesmo.
- Essas técnicas são importantes porque precisamos ter muito respeito ao corpo e à família do falecido, que está passando por um momento de muita dor. Nunca é só preparar a cova para depois enterrar o caixão. Há toda uma infra-estrutura para proporcionar à família uma despedida digna.
- Mas acontecem coisas alegres também? Nunca aconteceu algo ou uma situação que vocês se seguraram para não rir?
- Às vezes acontecem coisas engraçadas. Lembro uma vez que entrou um bêbado no enterro, que devia ser amigo do falecido, e começou a discursar em voz alta... Isso acontece às vezes. Às vezes até a família ri.
- E situações tristes?
- Sempre é triste. Nós lidamos com momentos de profunda tristeza das famílias. Por isso precisamos ser muito profissionais. Mas há situações que nos tocam também. Há momentos em que até nós, que estamos acostumados com o trabalho, ficamos sensibilizados. Já aconteceu de um colega nosso fazer o enterro de um parente. E já aconteceu de um colega enterrar a própria mãe.
- Puxa, nunca tinha pensado nisso…
- Mas no trabalho aprendemos a separar a emoção. Fazemos o que precisamos fazer com muito respeito. E nos preparamos muito para o que o pode acontecer.
- Como assim?
- Um enterro de um parente que há anos estava doente é um momento triste para a família, claro. Mas um enterro de uma criança é algo muito, mas muito mais dolorido. As pessoas passam mal. Desmaiam. Precisam ser socorridas. Deixamos corredores abertos para socorro.
- Realmente… Pensava que o trabalho de coveiro era só cavar e enterrar. Mas isso é só uma pequena parte mesmo.
- Sim, enterrar, exumar… Não há no Brasil estudos ou ensino dessas técnicas. É uma pena, porque precisava. A gente estuda por conta própria e compartilha as experiências. Eu leio muito sobre os cemitérios do mundo inteiro. Como são enterrados os corpos em Portugal, no Egito, na Inglaterra… A gente estuda muito.
- Fantasma? Ahahah. Claro que não.
- Ninguém da sua equipe nunca viu nada sobrenatural? Pode contar, sempre há histórias sinistras nos cemitérios...
- Nos cemitérios há histórias tristes, não sinistras…
- Conta para nós como é o trabalho?
- A equipe de coveiros prepara a cova no lugar certo e no tempo certo para o enterro. Enquanto a família faz o velório, nós preparamos tudo aqui para não haver imprevistos ou inconvenientes na hora do enterro.
- Mas sempre pode haver imprevistos, não é mesmo?
- Nosso trabalho é muito profissional. Há toda uma técnica envolvida. Precisamos ser quase invisíveis. Até o modo de recolocação da terra com a pá possui uma técnica especial, para que a terra não faça barulho quando é jogada para cobrir o caixão.
- Pensando bem, realmente, em todos os enterros que já fui, nunca reparei no trabalho dos coveiros, embora sejam eles que façam tudo. Incrível mesmo.
- Essas técnicas são importantes porque precisamos ter muito respeito ao corpo e à família do falecido, que está passando por um momento de muita dor. Nunca é só preparar a cova para depois enterrar o caixão. Há toda uma infra-estrutura para proporcionar à família uma despedida digna.
- Mas acontecem coisas alegres também? Nunca aconteceu algo ou uma situação que vocês se seguraram para não rir?
- Às vezes acontecem coisas engraçadas. Lembro uma vez que entrou um bêbado no enterro, que devia ser amigo do falecido, e começou a discursar em voz alta... Isso acontece às vezes. Às vezes até a família ri.
- E situações tristes?
- Sempre é triste. Nós lidamos com momentos de profunda tristeza das famílias. Por isso precisamos ser muito profissionais. Mas há situações que nos tocam também. Há momentos em que até nós, que estamos acostumados com o trabalho, ficamos sensibilizados. Já aconteceu de um colega nosso fazer o enterro de um parente. E já aconteceu de um colega enterrar a própria mãe.
- Puxa, nunca tinha pensado nisso…
- Mas no trabalho aprendemos a separar a emoção. Fazemos o que precisamos fazer com muito respeito. E nos preparamos muito para o que o pode acontecer.
- Como assim?
- Um enterro de um parente que há anos estava doente é um momento triste para a família, claro. Mas um enterro de uma criança é algo muito, mas muito mais dolorido. As pessoas passam mal. Desmaiam. Precisam ser socorridas. Deixamos corredores abertos para socorro.
- Realmente… Pensava que o trabalho de coveiro era só cavar e enterrar. Mas isso é só uma pequena parte mesmo.
- Sim, enterrar, exumar… Não há no Brasil estudos ou ensino dessas técnicas. É uma pena, porque precisava. A gente estuda por conta própria e compartilha as experiências. Eu leio muito sobre os cemitérios do mundo inteiro. Como são enterrados os corpos em Portugal, no Egito, na Inglaterra… A gente estuda muito.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA