O Marcelo Totipah é um cicloviajnte inspirador que nos faz sair do chão cinzento e sem vida. Ele nos convida a apreciar a vida com os olhos de uma criança amada. Ele nos mostra que ser amado é olhar para o mundo, para a natureza, para os seres com amor e em reciprocidade amado ser.
Eu só consigo enxergar alma nas palavras do Marcelo. A poesia nele permanece.
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A NOITE MAIS LINDA
Estava quase dormindo quando minha gata bateu a porta da barraca. Abri pensando que ela queria entrar, mas ela queria que eu saísse. A Lua crescente tinha acabado de se pôr e a visão da noite era delírio.
O céu gritava estrelas. Júpiter destoava de tão clara, exuberante. Na beira da lagoa entre as algas, insetos brilhavam fixos, sutis como as estrelas. Vagalumes riscavam galhos piscantes. Noite sem lua e sem nenhuma luz criada pelo homem, tudo brilhava.
A lagoa espelhava céu. Estrelas se embaraçavam brilhos tímidos verdes que vinham das algas.
Latidos de cachorro longe, sinos de vacas descompassadas, vindas do vento anunciado nas palmeiras farfalhadas. E os grilos ali, contínuos, presentes, orquestrados.
Antes que o frio e o sono me convidassem para a barraca, contei seis estrelas cadentes. Estrelas que viraram vagalumes. Ou vagalumes que fingiam estrelas.
A companhia da natureza é a melhor solidão que existe.
Marcelo Totipah
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA