segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Infelizmente, há quem pense que estar privilegiado seja a única forma de se proteger da brutalidade de um monstro, ou seja, algumas pessoas acham que se aliar ao inimigo é tipo se proteger do lado dele...quando de fato isso é estar mais perto de quem pode te destruir. Nunca o inimigo da gente deve ser ignorado, sabe. Ao contrário, dar o outro lado da face é saber que ele te humilharia enquanto você o encara de frente sempre em lados OPOSTOS.  A cultura, as artes e a população mais prejudicada com governos neofascistas são exatamente do grupo de Marco Monteiro. O que ele está fazendo é dizer que está com medo de perder "privilégios " que sequer tem, são apenas temporárias formas de manipulação e controle sobre ele. Ele está preso e dando a chave que tinha nas mãos de seus juízes. Espero que saibamos para quem devemos dar às mãos nessas horas. Segurar a mão de um cego no tiroteio é humanidade. Estar atrás de um franco atirador, como se isso lhe tirasse do alvo, é diminuir a distância entre seu assassino e sua própria existência.  Um suicídio iminente.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Menina, pior que a Silvia Federici  em "Mulheres e caça às bruxas ", pág.  68, trata exatamente de como a reforma protestante influenciou na estabilização do Estado liberal extremamente misógino.  Segundo a autora, na mesma página, Martinho Lutero acreditava que as freiras deveriam casar porque essa era a "vocação máxima " (destaque da autora) de uma mukher. Isto é,  no luteranismo mulheres são fábricas de gente e devem  procriar.  Por certo, a radicalização dessa forma de mentalidade não é nem inédita.  Talvez seja um conservadorismo mesmo, como um retorno aos séculos de indiferença em relação ao conceito de dignidade humana, humanidade, humanitarismo e, principalmente,  direitos humanos. Quando achamos que a Idade Média era uma visão católica do mundo, na verdade, não observamos que essa forma autoritária de pensamento e religião é o reflexo de um capitalismo em institucionalização. O patriarcado é o núcleo do capitalismo. Por isso, um depende do outro. Onde há homens em dominação de poder,  há também vestígios do que o neoliberalismo se mostra descaradamente hoje: genocídio daqueles que não aceitam o poder autoritário do mito de um macho mais poderoso do que tudo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

 assim, professor. Não é que eu tenha metido a discussão de gênero,  é que desde o meu primeiro comentário já estou baseada no que chamo de patriarcado e evoluo argumentativamente como paternalismo. São categorias teóricas de gênero, também. Mas de fato pertencem à historiografia, ao feminismo e à epistemologia decolonial.  Por exemplo, eu citei a Gerda Lerner,  a Grada Kilomba,a Djamila Ribeiro. Para mim, a discussão sob a perspectiva de gênero nunca rebaixa a discussão analítica contextualizada, ela sempre acrescenta uma visão mais contemporaneizada, talvez. Quando eu coloco, por exemplo,  a candidatura de Benedita,  enquanto mulher negra e neopentescotal assumida em comparação com a de Renata também uma mulher negra periférica e voltada para as discussões realmente mais progressistas, você pode até dizer que estou sendo de certo modo intolerante religiosa, o que de fato não é.  Porque sabemos que o neopentecostalismo está se consolidando enquanto uma política de governo, infelizmente conservador e neofascista. Então, não acho que Tatto seja tão irrelevante, porque ele personalizou o que a própria Gleice Hoffman chamou de "militância do PT" o que me parece personalismo. Nesse mesmo sentido, ainda é preciso dizer que Tatto, Boulos, Edmílson,  entre outros são mesmo homens,  o que não indica por si o paternalismo patriarcal,  como eu já havia dito no outro comentário,  uma mulher em Benevides não representa a luta feminista ao contrário é machocêntrica.  Os demais candidatos não são machistas? Quem não tem a mazela do machismo em um mundo machocêntrico milenarmente, segundo Gerda Lerner em "A criação do patriarcado " . Também não é sobre uma guerra de séculos, como um feminismo superficial da década de 20 EM diante ...seculo XX. É sobre uma proposta de leitura do mundo para além da lógica centrada na dominação de uns pelos outros, em que a alienação é uma arma sempre em ação.  Militares não são bélicos por definição,  são pessoas que podem ou não se filiar ao discurso da necropolítica. Deveríamos nós concentrar em ver nossas vulnerabilidade enquanto campo humanitário na política... estamos falando de algo para além de progresso,  mas de emancipação.  Talvez seja uma utopia esse propósito , mas esse é o lema da educação que eu prático como educadora no ensino básico, por isso costumo ser muito analítica.



Hilda Freitas Deixa Tatto disputar para preservar algum espaço. Todos sabemos que em SP não há lugar para as esquerdas agora, desgraçadamente. Por isso mesmo escolheram alguém irrelevante dentro do Partido. Tirar ou botar Tatto não muda em um centavo as chances (pequenas) do Boulos na capital. Inclusive pq, já agora, boa parte do Petismo correu para ele e, vê bem, ganhar tantos votos petistas com candidato do PT em jogo é infinitamente melhor para o PSOL, porque não tá tomando emprestado, apontado, mas certamente conquistando para a posteridade esses votos. Mais ainda, sabemos que 100% dos votos do Tatto vão par o Boulos agora. Não muda nada. Pior para o PT, exclusivamente para o PT, que demonstrou fragilidade. É por isso que a gente não vê Boulos ou Erundina se queixando. Agora, não entendo como meteste a discussão de gênero neste caso porque os candidatos do PSOL seguem sendo homens... Boulos, Edmilson. Tampouco entendo a negação da candidatura de uma mulher negra, a Benedita, por ser protestante (olha, se a gente não abraçar as alas progressitas do protestantismo, vai ser impossível), ao mesmo tempo que se aceita a do PSOL com um vice que é MILITAR (sim, também da ala progressista dos militares). Aí me parece que o argumento não fecha. O Tatto, um nada dentro do partido está colocado na disputa por Ego? Personalismo? Mas aí não teriam que estar o Haddad, o Lula, o Mercadante, Suplicy, Dilma? Então, respeito, mas discordo de tua linha de entendimento. Minha publicação diz justamente o contrário: eleitorado se GANHA com trabalho de base, com política, não com reclamação e falando mal do coleguinha. Abraço.



Em respota:
 
Fernando Maués eu só acho que Boulos não tinha nem  como deixar de se candidatar para ajudar Haddad porque ele não tinha nem a projeção política, nem a referência pública que o ex ministro da educação tinha. Eu entendo que o PT possa colocar candidatos onde e quando bem entender, isso realmente faz parte da democracia brasileira. Porém, gostaria de uma análise mais realista sobre o que se trata de política partidária, política de coligação,  política de representatividade coletiva e política de personalismo (tradicionalista). O que eu chamei de cirismo/cinismo é a incapacidade de se juntar a fim de derrotar neofascismo e conservadorismo, para além de qualquer outro propósito. Veja o exemplo da região metropolitana de Belém,  Benevides elegeu uma mulher,  que não representa a luta feminista, ao contrário é machocêntrica. Lá não houve qualquer reunião de forças "progressistas". Por que não fazer por onde tanto se precisa? Por que deixar Tatto disputar com Boulos onde o neofascismo é dominante. Por que aceitar Benedita como representatividade, se o esforço de quem não consegue sequer imaginar ela como antineopentecostalismo é até imenso. Querer mostrar que tem ainda muita força nas capitais e no país não é sobre política democrática,  mas sobre política personalista e tradicionalista (para não dizer conservadora). Se flertarmos com o que é estruturante no paternalismo, estamos entre vestir a camisa de uma política com vontade de representar a nova era, o século XXI, ou manter certas tradições porque isso é importante. E eu te pergunto: para quem é importante manter certas práticas políticas brasileiras? Me parece, sim, coisa de paternalismo do século XX. Assim eu penso, sem querer ser a única proposta de discurso sobre a atual situação política brasileira porque não sou ninguém para me colocar nessa discussão de forma teórica, já que não tenho nenhum diploma em ciência política. Mas, tenho um lugar de fala com o qual me disponho a debater.



A pergunta:
Hilda Freitas O PT tem direito e legitimidade de ter candidatos onde ele bem entender. Não é a desistência do PT que elege ninguém. Isso, para mim, é o mesmo chororô cirista. Boulos não deixou de concorrer a presidência para ajudar o Haddad, com toda a razão. Querer que qualquer político ou partido abra mão de suas candidaturas é cirismo puro. O PSOL vem fazendo melhor justamente porque não faz esse tipo de discurso antagonizando com o PT. Vai lá, movimenta as bases, ganha o eleitorado. Isso é política. O resto é choro.
E mostrar ao cirismo/cinismo patriarcal que "identitarismo" não só importa como também é a chave para revolucionar por meio de espírito de juventude, que não se trata de idade mesmo.  A juventude espiritual NÃO TEM MEDO DE REALMENTE se desconstruir, não tem medo de dialogar com as várias tribos, não se envergonha de ver que está antiquada e precisa de novidades, não se humilha à toa quando chamada a responder por seus equívocos.  Essas vereanças são uma certeza: machismo, racismo, neoliberalismo e discriminações de sexo,  gênero, etnia, classe social entre outras, devem ser SUBVERTIDAS. Quando Djamila Ribeiro ou Grada Kilomba só escuto reverberar um quilombo de mulheres que dizem não ao silenciamento,  ao controle sexual, ao apagamento histórico e epistemológico, à repressão das nossas próprias revoluções. Toda essa "minoria" é a única fonte de transgressão ao "neoliberalismo neofascista neopentecostal" uma representação clara de como as vozes que sempre quiseram ser as donas da história estão com medo de nunca mais nos emudecer.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Olho os homens,  geralmente brancos, ao meu redor, que estão em suas motos ou seus carros.  Tenho 32 anos, sou concursada há 4 anos, trabalho em minha carreira de professora desde 2011 e nunca consegui sonhar em ter um carro. Sempre ajudei a minha família financeiramente,  sempre me senti responsabilizada pelos problemas alheios à fim de me comprometer afetiva e financeiramente com situações que são provenientes de outras pessoas e não  minhas.  Sigo, para ser sintética,  o exemplo da minha mãe. Ela nunca teve um guarda-roupa que tenha comprado para si mesma porque comprava tudo da casa dos pais, em que os irmãos ou qualquer outra pessoa poderia manusear, quebrar ou depreciar porque por ser do dinheiro de trabalho de 12h em pé no comércio que ela fazia, era visto como pouco. EU QUIS ROMPER ESSA ESCRAVIDÃO.  Sinto como se o senso de fraternidade da família patriarcal do judaico-cristianismo seja de fato como uma mentalidade escravizadora de mulheres. Sinto isso na pele. Vejo muitas mulheres se responsabilizarem sozinhas por seus filhos, por seus afilhados, por seus netos, por seus bisnetos...tudo recai sobre nossos ombros enquanto os homens têm o direito de terem o quiserem, serem o que quiserem, fazerem o que qiiserem,  sentirem o que quiserem, mandarem onde quiserem, mudarem até as leis... Há nessa realidade incontestavelmente milenar, de ao menos 6 milênios,  de acordo com o estudo historiográfico de Gerda Lerner em "A Criação do Patriarcado", VIOLÊNCIA DE GÊNERO.  Existe uma ancestralidade misógina que naturaliza a escravização das mulheres. Então, romper com esse "destino", transgredir essa tragédia é uma reparação histórica muito íntima. Necessitamos arrebentar até mesmo as nossas correntes já que há certo privilégio, indiscutível,  na relação interracial, entre gêneros, intersexual e entre classes na interação das mulheres.  Precisamos muitas vezes  perceber até nossos privilégios a fim de cortar o "cordão umbilical" que nutre o patriarcado em nós, o que se pode definir também de dispositivo materno-amoroso, como denomina  Zanello. Então, é  isso. Na dor de uma, a outra se sente e se aproxima para que se curem juntas.