Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
sábado, 26 de setembro de 2020
pixo
Fui professora efetiva do estado do Maranhão de 2016 até 2019. Professora de língua portuguesa, redação e artes. Certa aula, me coloquei na posição política de tratar da arte de protesto sem pretexto racista. Foi o que minha rebeldia garantiu. Tratei da diferença histórica entre o pixo e o grafite. Que pixo, ou pichação, teve origem nos vagões de uma Nova York desigual, sendo ele proposto principalmente pela voz silenciada do povo negro e periférico. E que o grafite é mundialmente representado pelas mãos "estéticas" brancas que supõe a arte visual, enquanto a origem gráfico-verbal da pichação exige o manifesto, a revolta e a reverberação do que não se quer ler, ouvir ou simplesmente admitir existência. Usei documentários. Disse claramente que não se confundem as origens entre pixo e grafite, porque a origem é a pichação, o grafite é o nome quando o branco coloniza e capitaliza. Eu sei, há grafite de manifestação, há grafiteiros que estão sempre ecoando a matriz dessa arte marginalizada. Porém, é inacreditável que não se leia o racismo nesse fenômeno cultural.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Resenha: o patriarcado NAO ME DEFINE
E o lugar de ser a "mulher dele" é tão escravizado, sabe... ela é mulher porque foi "feita" na relação com "ele". Isso nem é cristianismo, nem medieval, nem colonialismo aos moldes europeus ocidentais... É a escravidão das nossas ancestrais há milênios, por exemplo, no Oriente Médio Próximo (Mesopotâmica, Babilônia, Assíria, etc.). É um nível de subjetivação tão primitivo que considerava as mulheres como seres atrelados ao domínio de seus "donos", proprietários, pais, maridos, familiares, etc. É o patriarcado na sua essência. Destruir esse tipo de mito é a maior subversão que uma mulher pode chegar para si mesma. Como diria a Nina Simon, "eu tenho a mim mesma". Não sobre solidão ou sobre não ter uma relação interpessoal afetiva, é sobre autonomia. " Um homem não me define, minha carne não me define, minha casa não me define, eu sou o meu próprio lar", "Triste , louca ou má" na prática.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
rede de afeto
A rede de apoio... infelizmente não é a rede social... é quem vai entender que não precisamos de conselhos, muito menos de julgamentos... A quem tiver qualquer situação delicada de saúde mental, somente a compreensão MUITAS VEZES SILENCIOSA, só no olhar, no abraço e NO RESPEITO já faz parte da cura.
Falar NÃO É NADA FÁCIL, por isso psicólogos são profissionais responsáveis, sobretudo, POR ESCUTA, ACOLHIMENTO, CUIDADO E ACOMPANHAMENTO no processo de AUTOCONHECIMENTO.
MUUUUITAS vezes não é a pessoa quem precisa de cura, mas seu ambiente familiar, seu círculo afetivo (amores e amigos), sua cultura sobre ser o que se é, sobre lugar de mulher e lugar de amor.
Drogas são resultado de transtornos, muitas vezes, evitáveis por um acolhimento afetivo não perfeito, mas atencioso. E não estou falando daquelas drogas que "querem liberar", estou falando de BEBIDA ALCOÓLICA usada ABUSIVAMENTE e celebrada nas redes sociais (do bem). Alcoolismo, substâncias psicoativas (até remédios para ansiedade, insônia, depressão) TUDO SE TORNA PERIGOSO quando é preciso ser cuidado e a mente repete a mesma ideia de ABANDONO.
Entre tantas formas de desigualdades sociais, pobreza, ódio contra gays, lésbicas, trans, racismo , PRECONCEITO com pessoas que possuem peculiaridades genéticas ou cognitivas, etc.
O cotidiano incentiva o sofrimento que parece não ter fim. Não seja mais uma pessoa que está no motivo de suicídio até de quem você ama.
fome
Por isso que entre a fome e a vontade de comer o abismo se chama capitalismo genocida. Não se come mais o alimento, mas o símbolo que ele representa dentro da sociedade do espetáculo e da autoafirmação, o status quo do capital é a marca e não a necessidade. Então, quem precisa comer terá o que os alimentos simbólicos não dão. E quem se direciona para saciar a vontade de ser alguém que "come bem" também de fato nunca tem o anseio satisfeito. No mundo da satisfação como imagem (foto para ser curtido por exemplo), ninguém está de fato suficientemente satisfeito, todos temos fome, fomes diferentes e nenhuma é melhor do que a outra, mas há fomes que são mais urgentes. E o prato de comida sem um pouco de arroz e de feijão não ganha nenhuma admiração. Recebe invisibilidade e desprezo, mas está na sombra do prato que transborda e deixa cair no chão. A colonização da percepção humana da fome causa a desnutrição da humanidade, a banalização das mortes por miséria e a desumanização de quem não "pode" ter nem vontade de ser gente.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
A pseudociência atrasa a ciência.
Imagine ser um cientista pesquisador, e, ao invés de trabalhar na investigação de possíveis curas do câncer, ter que parar tudo para iniciar uma nova pesquisa para descobrir se um composto químico pode curar câncer, porque ele caiu na mídia. O resultado, obviamente, é que o composto não cura câncer. Mas esse é apenas UM resultado da pesquisa. Além do veredito, a pesquisa causou movimentação de dinheiro, de pessoal, equipamentos, políticas, e tempo - elementos preciosos na corrida científica contra doenças mortais.
A cada nova teoria mirabolante espalhada por gente ingênua, mais tempo cientistas e educadores precisam perder para desmentir as fraudes, ao invés de usar esse tempo para fazer avanços.
Cura com cristais, imposição de mãos, homeopatia, constelação familiar, cloroquina, radiestesia, design inteligente, entre outras, são pseudociências tão populares, que precisam movimentar um mercado inteiro de pesquisas para provar o que o simples bom senso poderia admitir em poucos segundos: que não funcionam. Que não se baseiam em princípios biológicos ou químicos. Que não têm pé nem cabeça. Que não poderiam funcionar, porque não têm lógica.
Para se ter um ideia, universidades religiosas ao redor do mundo já gastaram milhões para estudar se orações seriam capazes de curar câncer. A pesquisa é tão sem sentido, que mesmo o cálculo do resultado ficou confuso e difícil de concluir.
Ao invés de partir do ceticismo, a população geral parte da crença. Invertem o ônus da prova, e pedem que a ciência vá atrás de provar que suas alegações fantásticas são falsas. Pedem que se prove a ineficácia antes mesmo de haver alguma eficácia comprovada.
E assim, cientistas de todo o mundo precisam abandonar seus trabalhos que poderiam salvar milhões de vidas, para tentar engarrafar o vento de ideias absurdas e mentirosas que caem no gosto do cidadão médio sem conhecimento básico de ciência.
Uma pessoa que tem noção da realidade não precisa de estudo para saber que homeopatia é uma farsa. Basta saber que "reverberação a níveis subatômicos" é uma afirmação ridícula e sem qualquer conexão com física. Qualquer um que sabe o mínimo sobre pesquisas com aceleradores de partículas sabe que o nível subatômico ainda é um campo quase desconhecido, e que, portanto, nenhuma "medicina" milenar seria capaz de afirmar qualquer coisa embasada em ciência.
E para aqueles que insistirem que é preciso ter fé e considerar a experiência individual com tratamentos alternativos, apenas insisto: você não sabe como a ciência funciona.
Parem de criar curas milagrosas. Deixem a ciência trabalhar em paz.
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
vai pro caralho
Ninguém está preocupado com o suposto "chifre" de ninguém, o que se quer é DIFAMAR E DEPRECIAR A IMAGEM DE UMA MULHER. Não podem mais nos apedrejar impunes porque aqui "tá fora de moda", mas podem nos ASSEDIAR MORALMENTE POR MEIO DAS REDES SOCIAIS. Sempre lugares muito tóxicos para mulheres e, principalmente, terríveis espaços discursivos sobre relacionamento porque acolhem e fomentam a HETERONORMATIVIDADE COMPULSÓRIA, isto é, a relação em que um domina e o outro é dominado. Uma forma colonizadora de afetos, adoecedora e destrutiva. Casais homoafetivo ou não heteronormativos são clandestinizados, hostilizados e até perseguidos por amigos ou familiares nas redes sociais. Em pleno setembro amarelo, eu que ia lembrar da moça que casou consigo e em seguida se suicidou, como se estar sozinha ou ser "deixada" por um homem fosse o fim da vida de uma mulher. Uma sociedade doente que estimula suicídios, discriminação, assassinatos e muitas formas de violência verbal, psicológica, moral é, por tudo isso, simbólica. Eu fico encaralhada com essas frescuras.
Assinar:
Postagens (Atom)