sábado, 26 de setembro de 2020

pixo

Fui professora efetiva do estado do Maranhão de 2016 até 2019. Professora de língua portuguesa, redação e artes. Certa aula, me coloquei na posição política de tratar da arte de protesto sem pretexto racista. Foi o que minha rebeldia garantiu. Tratei da diferença histórica entre o pixo e o grafite. Que pixo, ou pichação,  teve origem nos vagões de uma Nova  York desigual, sendo ele proposto principalmente pela voz silenciada do povo negro e periférico.  E que o grafite é mundialmente representado pelas mãos "estéticas" brancas que supõe a arte visual,  enquanto a origem gráfico-verbal da pichação exige o manifesto, a revolta e a reverberação do que não se quer ler, ouvir ou simplesmente admitir existência.  Usei documentários.  Disse claramente que não se confundem as origens entre pixo e grafite,  porque a origem é a pichação,  o grafite é o nome quando o branco coloniza e capitaliza. Eu sei, há grafite de manifestação, há grafiteiros que estão sempre ecoando a matriz dessa arte marginalizada. Porém, é inacreditável que não se leia o racismo nesse fenômeno cultural.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA