Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
fome
Por isso que entre a fome e a vontade de comer o abismo se chama capitalismo genocida. Não se come mais o alimento, mas o símbolo que ele representa dentro da sociedade do espetáculo e da autoafirmação, o status quo do capital é a marca e não a necessidade. Então, quem precisa comer terá o que os alimentos simbólicos não dão. E quem se direciona para saciar a vontade de ser alguém que "come bem" também de fato nunca tem o anseio satisfeito. No mundo da satisfação como imagem (foto para ser curtido por exemplo), ninguém está de fato suficientemente satisfeito, todos temos fome, fomes diferentes e nenhuma é melhor do que a outra, mas há fomes que são mais urgentes. E o prato de comida sem um pouco de arroz e de feijão não ganha nenhuma admiração. Recebe invisibilidade e desprezo, mas está na sombra do prato que transborda e deixa cair no chão. A colonização da percepção humana da fome causa a desnutrição da humanidade, a banalização das mortes por miséria e a desumanização de quem não "pode" ter nem vontade de ser gente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA