sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Achei muito interessante a tua visão sobre o esse falastrão, desculpa eu não consigo concordar com a comparação com o Marx, porque realmente diferentemente deste, aquele nunca será um filósofo mesmo. Vc está muito certa de colocar a palavra filósofo entre aspas. Enquanto Marx , muito além de lutar pelo fim do liberalismo tirânico, era um consagrado leitor e um dos mais importantes analistas da filosofia clássica (socrática); o jornalista e comentarista de cotidiano brasileiro nunca terá nenhum reconhecimento acadêmico. Marx é estudado por universidades das maiores potências capitalista, que possuem filósofos neoliberais que refizeram a leitura de seus clássicos sobre os problemas e os vícios que a geração de capital poderia criar para o próprio capitalismo. E no séc XXI é estudado como um dos maiores analistas sobre os problemas do liberalismo radical. Por exemplo, existem análises dele que antecipam as crises do capital, tais como a Crack de 1929 (bolsa de valores de NY) às implicações diplomáticas entre conservadorismo e democracia liberal do nosso século. Eu concordo plenamente com a sua visão sobre a retórica viciada do pequeno brasileiro que está amando a popularidade, mesmo ruim, que estão lhe dando. Ele é um cidadão da "sociedade do espetáculo", como analisa o filósofo alemão Guy Debord (1931), no capítulo "A negação e o consumo da cultura". No livro "A sociedade do espetáculo", trata exatamente dessa forma de "intelectualidade" falsa, que não se apoia em conceitos científicos, mas em análises pessoais, verdadeiras opiniões. Ter opinião e expressá-la não pode ser considerado errado, mas querer que essa opinião seja ciência ou teoria é, antes de tudo, uma enganação. Eu considero qualquer palpitero que possui livro publicado como um palpitero de livro e somente isso. Mesmo tendo graduação e pós-graduação, não podemos considerar as opiniões deste ou daquele ciência. Se tem livro, não significa ser um homem das ciências e das filosofias. Ao contrário, acho que algumas obras desse comentarista espetacularista está muito mais para ficção, para não dizer fantasia, do que para análise crítica. Não aceitar contraditório realmente é um dos piores indícios para alguém que se queira científico. É necessário, principalmente dentro da filosofia, a consideração e a inclusão das críticas para que o debate, a tese e a proposta de análise seja ciência ou filosofia. Platão é um dos teóricos mais importantes sobre o método da filosofia clássica, e elege a dialética como o princípio da filosofia. Marx, na sua releitura sobre os métodos da filosofia moderna, elege a dialética histórico-cultural como o princípio ético para qualquer ciência, incluindo a filosofia. Para Marx, a práxis é o única forma de garantir uma ciência ética, isto é, a capacidade de uma teoria ser praticada e transformar realidades ruins para a humanidade em boas formas de viver em sociedade. Eu acredito plenamente, que esses princípios filosóficos são no mínimo ignorados pelo palpitero brasileiro. Infelizmente, ele sabe apenas espalhar opinião e sequer se preocupa com aqueles que não concordam com o que ele determina. Também, não está preocupado com o bem comum, esse é um princípio da dialética marxista, consagrada como origem da filosofia moderna. Antes de tudo, Marx era um filósofo perseguido cruelmente por ser judeu e considerado, juntamente com seu parceiro de filosofia, Engels, pessoa não grata pelo império da Prússia (tirano imperador Frederico Guilherme V, um republicano liberal), porque lutava através da filosofia pela igualdade de classes. Já, o brasileiro em questão, é autor de livros sobre opiniões de cunho "científico" bastante duvidoso, por ser ensaísta, por não aceitar debate dentro da academia sobre suas opiniões, sobre suas ideias, que por ter condições financeiras consegue publicar. Infelizmente, eu considero um atraso vergonhoso pro Brasil considerar esse homem uma pessoa digna de opinar sobre qualquer assunto da nossa realidade histórica.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA