segunda-feira, 1 de maio de 2023

o trabalho que sustenta o mundo

O trabalho que sustenta o mundo é o TRABALHO DOMÉSTICO que é invisível hoje e sempre para a sociedade do capital. Sabe por quê? Porque as mulheres CUIDAM DA VIDA COTIDIANAMENTE, e a vida não tem preço. 
A vida que é cuidada e garantida todos os dias pelo trabalho repetitivo, indispensável, impagável e vital, a vida não é produto. Por isso, muitas teorias sobre o "trabalho produtivo que gera riqueza" nunca pensaram de fato no que é a mais valioso no mundo: estar vivo.
Sabe quem estava passando o café, lavando a roupa, lavando a louça, arrumando a cama, cuidando de quem adoece em casa, fazendo a criança resistir aos primeiros dias de inteira dependência e vulnerabilidade: uma mulher. 
Mulher que no mundo da super tecnologia não tem mais a cultura do cuidado como sua responsabilidade única e hoje também está frenética na fábrica, no supermercado, na indústria, na ciência, na engenharia, comprando tudo que puder, vestindo tudo que quiser e sabotando a si mesma, porque o consumo da vida também é seu negócio agora.
Na sociedade capitalista, do progresso e do bem-estar social, a casa não é mais lugar de ninguém e quem sobra é um indivíduo partindo pra violência sem afeto, sem o cuidado, sem uma educação, sem a humanidade da família, o que já foi trabalho único de mulheres em sociedades primevas. 
Agora nem mais cuidar de si mesmo se sabe. O cuidado precisa ser terceirizado por um preço que não paga a conta da violência, da doença mental, das famílias sem nenhuma cultura de afeto só consumo até o último fio de vida que termina.
A vida acaba. Os produtos, chamados de riqueza, vão pro lixo antes de virarem algo que realmente importa. E parece que tem gente indo pro lixo junto com o que consome.
O trabalho primordial, o cuidado cotidiano com a vida, a casa, a comida, a limpeza, a natureza do jardim, um animal ou outro que se tenha ou que se perceba na rua, esse cuidado perdeu o valor pra muita gente que tem celular, livro, vestuário e coleciona produtos. O que não tem preço não tem valor na visão do mundo capitalista. E tem muita gente que se esqueceu que o capitalismo destrói antes de tudo a humanidade de si.
O consumo do produto exaurido é o consumo de si. E a vida acaba. O trabalho mais importante do mundo deveria ter mais valor para as pessoas e não deveríamos achar que o cuidado doméstico é inferior a qualquer outra atividade humana vital. É como respirar. Quando o trabalho doméstico acaba é porque a vida acabou ali.

o salário mínimo é a falha do tal progressismo

O salário de um trabalhador teria que dar pra ele comprar uma CASA, uma geladeira, COMIDA.
Não comprar qualquer lixo tecnológico que só destrói a natureza. 
Não é riqueza.
O trabalho que agora vale no mínimo R$1320,00 não paga a hora com a família,  não paga a saúde acabada, não paga a revolta social da desigualdade absurda. Não paga.
Trabalhadoras e trabalhadores têm que se unir mesmo MAS É PARA MUDAR A FORMA DE PENSAR O QUE VALE A VIDA HOJE!
VALE ganhar o seu salário para viver COMO VOCÊ VIVE?
O QUE DE FATO PRECISAMOS?
Pronunciamentos esvaziados de empatia de fato é o que percebo.
A minha picanha vai chegar quando na minha casa?
Meu vizinho que ganha R$1320 vai comprar a picanha também?
Eu vou ter que ir comprar no feriado a picanha enquanto outro trabalhador é explorado até 23h no líder,  o supermercado do inferno que nunca fecha...
Eu estou indignada com o Brasil!
Eu estou indignada com um país que precisa fantasiar algum bem-estar hoje enquanto trabalhadores são MISERAVELMENTE EXPLORADOS por um salário que produz doença e lixo.
Isso é o capitalismo de sempre sem qualquer mudança no modus operandi, continua destruindo a vida das pessoas e dizendo que o tem preço é o que tem valor.
Mas a vida de uma pessoa não tem preço. O valor de uma vida de um trabalhador é maior do que o agromerda,  do que a indústria de guerra matando tanto na Ucrânia, no continente africano, na nossa América do Sul e da tecnologia que leva um miserável pro espaço e não dá dignidade para as família viverem de fato.
Falhamos miseravelmente com a gente mesmo achando que comprar algo melhora a nossa vida, se para comprar a opressão minha ou do outro precisa estar cada vez mais violenta e forte.

no dia do trabalho, indignação com a exploração da gente é só o que temos e nada a celebrar

No dia do trabalho, é obrigatório se reconhecer que TODOS os pensadores do século XIX estão radicalmente errados sobre o que disseram ser o resultado da "força de trabalho humana".
Enquanto muitos, incluindo o marxismo, defendem que o trabalho "produz riqueza ", que o fruto do trabalho do proletariado é a produção da riqueza, que o trabalhador produz riqueza; eu digo que para o século XXI (hoje) o que se produz é DOENÇA e LIXO.
Ou mudamos RADICALMENTE a visão antiquada, INADEQUADA para a contemporaneidade, em nossos discursos em prol de trabalhadoras e trabalhadores ou estamos condenando todas e todos à morte por exaustão. 
Infelizmente achar que "o que o trabalhador produz a ele pertence" realmente se tornou a sentença de morte da "classe operária ", porque nós operárias e operários somos de fato EXAURIDOS, ESMAGADOS e EXPLORADOS ATÉ A MORTE para gerar a fantasia, a ficção, de "lucro".
Não existe e NUNCA EXISTIU LUCRO! Acordem!
O que há de fato é o trabalhador (o oprimido) querendo e comprando - através da sua exploração e da sua exaustão- a fantasia que ele foi alienado a acreditar que é o tal do bem-estar. 
Não se produz riqueza nesse sistema, nessa forma de trabalho, nada é riqueza. Nada.
Tudo é doença e lixo.
Lixo tecnológico, lixo nos oceanos, lixo que comemos e lixo que nos tornamos.
Doença que gera vício por remédios, para se trabalhar o que fingimos que "vale".
Eu não me conformo com um salário mínimo declarado pelo governo Lula de R$1320,00 para que um trabalhador esteja HOJE, neste miserável feriado, trabalhando em um supermercado de algum fdp.
Isso é gerar riqueza para um país, trabalhador?
Quem enganou todos dizendo que trabalho produz riqueza estava também se enganando, viu. Não pensem que foram gênios os homens miseráveis que entenderam que o operário estava gerando riqueza para poucos.
Não é riqueza ter iPhone, morar em condomínio de luxo, ter o melhor hospital pra tratar câncer enquanto no mundo crianças passam fome agora, trabalhadores são VIOLENTAMENTE IMPEDIDOS DE ESTAREM COM SUAS FAMÍLIAS, PESSOAS NÃO PODEM DESFRUTAR DE UM PINGO DE LAZER E DESCANSO EM SUAS CASAS OU ONDE QUISEREM porque estão obrigadas, estão compulsoriamente levadas a trabalhar horas de desumanidade.
Eu não estou nem um pingo honrada, como trabalhadora da educação que sou, em um país neoliberal como o Brasil, com um governo que NÃO PENSA ATÉ AGORA EM REVOGAR A REFORMA TRABALHISTA QUE DESTRUIU e vai acabar com a qualidade de vida de milhares de pessoas.
A conta vai chegar. 
A porcaria da aposentadoria na hora da morte pode não chegar a tempo.
E hoje é de R$1320,00 a merda do salário de alguém que trabalhou mais horas do que seu corpo humano e sua mente podem de fato suportar.
A conta da violência doméstica, da cultura da violência simbólica, das violências estruturais só aumentam e temos que achar bonito aumentar pouquíssimos reais no SALÁRIO MÍNIMO. 
PARTIDOS QUE SEJAM DE TRABALHADORES vocês falham miseravelmente em aceitar que as pessoas estejam sendo esmagadas e moídas na máquina do capitalismo.  
Ou vocês dizem que é preciso repensar jornada de trabalho PARA TODOS OS TRABALHADORES NESSE PAÍS ou vocês estão ajudando a comprimir a nossa vida no suco de laranja do opressor.
Falhamos miseravelmente com a nossa população que precisa de dignidade de vida.
A vida de um ser humano não pode valer o valor do salário mínimo desse país.
Redução de carga horária geral ou vergonha nacional. É o que entendo como justiça social hoje no dia do trabalho.