segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Pri Marques ...um desabafo a céu aberto na rede social

Tá certo, vamos lá.
Criei esse perfil pra falar o que eu quiseeeeer! Expor o quanto quiseeeer!
Não tô conversando muito, não tá dando pra ficar falando e ouvindo. Meu modo desistência tá ativado. Sabe como é isso?
2021 é o ano da desgraça pra um monte de gente. Principalmente para não privilegiadas, como eu.
Tenho um prazo pra sair do lugar que estou. Aí me falaram assim: “Vai pro seu pai.” Vocês não sabem o esforço que faço desde que lembrei que meu pai foi cúmplice de dois abusos que sofri na infância. Eu ainda FALO com ele, eu já VIVI por alguns meses com ele. Mas não dá mais!!!! Prefiro a morte. Tirando o fato de ter sido torturada pela minha progenitora de tantas formas (já contei) e ele também foi cúmplice. Então não venham dizer: “eles são sua família”. Pois não são! Estou quase com 35 anos, desde os 18 me virando como dava, como deu, como dá. Como davaaaaa meeesmo! Já passei fome, já passei frio, já fui estuprada até perder as contas!! Eu, que fui rejeitada por eles por ser sapatão. 
Já morei em mais de 40 lugares, mas já vivi bem também. 
O que eu fiz? Fingi que era outra pessoa por 4 anos, pra ver se as coisas amenizavam para o meu lado. Mas não, elas pioraram. E hoje acho que tô chegando mesmo na fase final.
NÃO, NÃO TEM UM JEITO.
Você quer que tenha um jeito porque você tem um coração. Eu também. Que está em frangalhos como todo o resto do meu corpo, incluindo mente.
Eu tenho dois gatos tão maravilhosos que dependem de mim e tô dando total prioridade pra eles em termos de comida e etc. Mas alguém vai ter que cuidar depois que eu for embora.
Não, eu não tô desesperada ou chorando. Não tô tendo uma crise ou um surto. Me encontro num estado bem racional, inclusive.
Eu trabalho, mas ganho pouco.
Amigos são nossa família? Sim. Mas eles tem a família deles também!
Eu não construí a minha. Eu não tenho uma parceira de vida e dia a dia.
Eu não tenho mãe e pai pra voltar.
Eles estão vivos. Mas vocês acham mesmo que mereço viver com quem fez atrocidades comigo? Quem tirou minha dignidade das formas mais repugnantes imagináveis.
O cerco tá apertando. Por isso disse que sinto que não tem espaço pra mim. Falei de verdade. Não tem! 
Vai ter em algum lugar com alma caridosa por dois ou três meses e depois por quem sabe outro por mais dois ou três meses. Longe de mim fazer pouco caso. Estas pessoas estão marcadas como importantíssimas na história da minha vida. Mas é que elas realmente não tem culpa do que fizeram comigo. 
Nem estas pessoas, nem meus outros amigos. Não é por falta de consideração ou amor. 
É porque não dá pra remediar o que foi feito lá atrás. Me causando os traumas resultantes em depressão grave e ansiedade. Essas coisas que às vezes me paralisam e me fazem parecer procrastinadora ou relaxada. 
Eu nunca fui perfeita, mas eu tinha brilho. Sempre fui realista, deus e religião não me pegam, mas havia alguma esperança em mim mesma, por esforço e mérito. Mas a gente vive numa sociedade que ainda não entendeu nada disso que tô tentando dizer. Até porque eu tô cansada de ver tanta romantização do sofrimento e da mulher guerreira infeliz pra caralhooooo! Eu não tô aqui pra inspirar ninguém. Só fiquei tentando sobreviver. E não, não é bonito. É podre, é injusto!
Eu vou desaparecer. Não tem hora marcada. Mas o processo já começou.
NÃO, eu não quero conversar. Desabafar? Gente, eu tô cansada de falar, de viver, de acordar, de ouvir...
Tenho psicóloga? SIM! Ela tá tentando tirar leite de pedra, que mulher admirável e generosa!
Então não tem conselho, não tem solução, não tem palavra bonita e nem boa intenção. Eu acredito que boas intenções existam em muita gente ainda. Só que às vezes é melhor você guardar para casos reversíveis, tipo, se fosse comigo há uns 3 anos atrás.
Percebam as pessoas enquanto há tempo. Mas não deixem de se cuidar.
Isso não é uma carta de despedida hoje. Um dia por ser.
Tudo tem um fim. A gente tem que parar de querer prolongar tudo até só restar olhos e ossos.
É apenas um resumo enorme de uma justificativa sobre eu não estar respondendo. 
E minha revolta por ter nascido mulher neste mundo e naquela família.
Cansei de lutar bravamente.
Eu sou HUMANA, porra!

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA