quarta-feira, 17 de julho de 2013

os escritos que me escrevem

os escritos que me escrevem...

Me empreste suas asas, senhora coragem!
Eu preciso voar,
 cair também é preciso
vou para o mais alto
para me lançar de lá.

Me alforrie, senhor medo!
Meu espírito não é seu!
Não habito em
nenhum lugar
sou forasteiro
até da minha casa!

Me abrace, caro amor
És tão servo,
quanto eu sou,
por isso não chamo senhor

Nos seus braços
recolha o ímpeto
e o receio
torne-os o que quiser
sendo da sua escolha
aceito com afeto,
eu quieto
e sonho.


Em São Paulo, no mês de junho, deste ano de 2013.

Com ternura e afeto aos caros amigos alados
Hilda Freitas

sábado, 1 de junho de 2013

Feitiço... quando o amor nos joga no caos

Feitiço
Estou agitada por dentro
cai na armadilha
do meu inimigo feroz
desci para seu calabouço
e de lá ouvi um conto
parecia que a tormenta
havia passado
e que no deserto
um oasis se havia instaurado
cai sem armas nem escudos
na guerra em que
meu inimigo me venceu
estou na jaula
feito bicho capturado
por um perfume cruel
estou nas mãos
opressoras, do meu próprio breu.

Escrita em 29 de maio de 2013, São Paulo

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Infância roubada

      No menino apreendido por assalto mora uma infância roubada, por adultos que levaram a liberdade de ser aprendiz. Aprender a amar, a trabalhar, a aestudar, dar carinho, dizer a verdade, ter responsabilidade, cuidar com lealdade, entre tantos outros aprendizados tão importantes para uma vida digna..
Essa criança na lei é conhecida como menor, não menino ou menina, garoto, moleuqe, pequeno. Do latim puer, menino indica o homem criança, que vai crescer, que irá amadurecer, envelhecerá e tão só virará poeira, talvez antes do que qualquer um queira.
      A pesar de parecer o passado da gente, a criança também é nosso futuro. Curioso e irõnico, não é? Muito do que eramos, veio de onde fomos, está onde somos e irá conosco para onde seremos. São movimentos do nosso ser a nossa essência, que é a mabneira de viver nossa de cada dia. Não significa dizer que somos "pau que nasce torto e nunca se indireita", não assim. Quer dizer que a infância é importante para construir e desconstruir caminhos por onde se anda.
     Ao se roubar uma infância, não se presenteia com a juventude, joga-se na marginalidade, lugar em que não se é nada, nem se chega a nada. Claro que as possibilidades humanas não podem ser ignoradas, no entanto, há momentos em que são escondidas. Enquanto se procura a hombriedade, o bom senso, a normalidade, embora estas são sejam difíceis de se encontrar., escamoteia-se a fragilidade, a diferença histórica, a sensibilidade, que também são comuns a espécie, mas, acredita-se por aí,  que só alguns tem. Por isso, não é preciso enxergar, é algo indiferente, tal qual aqueles que foram acometidos por essa doença. Que na verdade é uma falta, um vazio mesmo, é a pura ausência, que para uns é de família, ou educação, embora seja a falta que uma infância digna faz na vida.

Escrito, em 13 de maio, de 2013, em São Paulo.
Hilda

segunda-feira, 6 de maio de 2013

No pé da letra

Vejo na folha em branco um céu
repleto de azul infinito
sem manchas de cinza,
sem mais poluição
eu sinto somente o céu
quando escrever me faz sina
eu sinto a tormenta
o bruto risco do raio
trovejando meu dia
e em chuva padeço
sou puro desejo
jorrando......................

quando meu céu é escrever
 sou pássaro errante
 em busca de vento
ventania constante
onde a angústia
me constrange
me derruba
e eu preciso
 cair

não que voar não seja preciso
mas é que na queda
sou alguém
que morre
sou ninguém
escorrre
 a vida
no fundo da linha
que não se mostra
que não é lida
mas que está ali
na folha
no pé da letra

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ato de abraçar: um sintoma de liberdade

      Quando se abraça o corpo se aproxima tornando menor a distancia e aumentando a cumplicidade natural. 
        Não está no abraço o apego pelo que é seu, como na posse. Quem abraça, mesmo sem querer, vai libertar, como se entre semente e terra não houvesse nada além do laço concreto e puro.O que vai florescer não é essência da terra, mas faz parte do que é dela, assim  como é substancialmente da semente. Muitas vezes é preciso retirar a muda daquele lugar, da quela terra, e em outro meio ela irá florescer tal como o cuidado preparou.
       No abraço mora algo tão especial que é fruto de nosso profundo apreço pela vida, pela pessoas, por um Deus. Nele se abriga a liberdade. Uma dona tão íntegra e sã que se deixa acomodar por alguns instantes nesse presente. A liberdade não precisa de uma propriedade fixa para residir, Ela simplesmente fica pelo tempo que quer e onde quer. Embora no ato de abraçar ela se sinta plenamente acolhida.
      É por isso que ao abraço compete ser sintoma de liberdade, como um vestígio não como se somente nele ela estivesse. Ele é um argumento em favor da existência dela, por sua específica função de compartilhar sem prejuízos às partes, que se entregam por um breve instante sem nada cobrar.

 Hilda Freitas, São Paulo, em 22 de fevereiro de 2013.