Uma vez escrevi "ela me surta" e compreendi cada microdetalhe dessa sensação alucinante. Hoje ela já são muitas elas. Elas invadiram meus planos e desde o princípio eu queria esse sentimento vívido. Amar é desarmar as armadilhas que eu mesma coloquei no caminho. É dispor o novelo na entrada do labirinto e proclamar a saída em si mesma, comigo.
Eu queria dizer mesmo que me encontro hoje surtando felizmente, amorosamente e me amando e me admirando por isso. E muito mais do que fosse possível eu surto mesmo longe dos seus lábios, porque neles eu afinco a minha razão de sentidos. Tudo sentido nos seus seios sossego. Colo que desejo na lonjura entre minha rede e seu edredon branco macio feito sua pele e seus pelos, no toque furtivo debaixo da mesa do bar no pôr de sol de domingo. E surtar assim é amansar desejos de esconderijos antes de seus cabelos, enrolados pelos meus dedos livres, enlaçados pelo cheiro vício no teu travesseiro. E seus olhos? [meu olhar] fugindo...será o beijo o medo que meço entre nós no mesmo lençol do lado do seu abismo, abrindo-se como o rio transbordando no sul do nosso corpo-caminho.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA