terça-feira, 17 de maio de 2022

abstinência - livro de Marina Félix

Ele não vai te entender, desiste.
Não vai te abraçar domingo pela manhã 
Ficar com você na cama...
Não. Ele não sabe nada de você. 
Não te enxergou todo esse tempo. 
Não gosta do sabor do seu beijo
Nem dos seus vícios...
Ele não vai te entender, desiste. 
Ele amou todas elas, menos você.
Sua mania de mexer no cabelo quando está com sono, ele não sabe. 
Não te levou pra passeios no parque 
Não perguntou como foi seu dia
Então por que você fica? 
Ele não sabe sua cor favorita 
Ele nunca te escreveu uma poesia. 
Ele te acha louca, desequilibrada 
Pensa que você além de gostar dele, gosta só de cachaça
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nada sabe do seu sofrimento 
Nunca perguntou dos seus arrependimentos 
Ele não liga para suas histórias
Por que você não deixa logo ele ir embora? 
Não chora.
Ele não vai te abraçar quando você sentir medo 
Ele não sabe como você se olha no espelho
Ele não vai te entender, desiste.
Ele nunca viu constelações inteiras nas suas pintas do pescoço
Nunca viu o amor que você transborda na hora do gozo
Nunca sequer te viu, mesmo te olhando no olho.
Não chora! 
Seja forte! Deixa ele ir embora.
Se despede!
Ele nunca vai cuidar quando você estiver com febre
Esquece.  
Ele nunca te deu um livro 
Nunca foi de verdade seu amigo
Ele não vai te entender, desiste.
Não insiste.
Deixa uns recados pela casa 
Que quando ele fala das outras isso te mata 
E que ele diz que você é ingrata.
Ele não sabe de nada.
Não reparou que você mudou o cabelo
Não te elogia nem nos seus dias mais vermelhos 
Ele te nega beijo. 
Ele não liga que você chora
Não pensa duas vezes antes de ir embora 
Mas ele sempre volta. 
Por que? 
Não ajuda não ele a responder. 
Você nunca vai se entender. 
Mas pelo menos, insiste! 
Dele? Desiste. 
(aliás...minha cor favorita é verde).

Poema do meu livro Abstinência 
Para comprar meus livros no site 
www.marianafelix.com.br

sábado, 14 de maio de 2022

dinâmica de espelho

Quando eu olho pro meu desejo, desvio o sentido 
Eu não quero vê-lo assim tão cru, tão nu, tão bruto
Revesto o que não domino
Eu busco ao revesti-lo distrair o motivo
Traio meu próprio desejo
Fantasio o meu objeto de medo
Me assusto
Me afasto
Me largo
Eu lhe deixo... pai
Eu queria o que não vejo
Queria o que não tenho
Não é meu
Não posso prendê-lo
Ele se foi, eu não o vejo mais 
Debaixo do revestimento, o que jaz?
Pra onde foi?
Eu estou atrás? 
As respostas que persigo
São velozes e vou no outro sentido 
Lento
Leio
Tiro a roupa
Apareço 
Olho
No espelho 
O nu do espelho 
Eu me fecho
Não posso ver
Mas quero ser
Eu mesma no espelho que atravesso
Por desejo
Por sentir tanto
Por querer mesmo
Por mim

terça-feira, 10 de maio de 2022

Vaca profana, a democracia cambaleante, o brasil minúsculo e o contraditório pedagógico em ano eleitoral

Meu posicionamento sobre o conflito entre os discursos mais inconciliáveis e o atual programa de lançamento da pré-candidatura de Lula para presidente é muito favorável à crítica cirúrgica e URGENTE proposta por Rita Von Hunty - como símbolo de uma frente crescente na esquerda brasileira: muuuuuitos, que vemos com um pé  e mais atrás o chuchu,  vulgo alckmin (minúsculo que é para mim).
Não cancelo Rita, nem Jones Manuel, nem muitos companheiros do lado esquerdo da força porque fui eleitora do PSTU desde o meu primeiro voto aos 17 anos, era 2004. Meu primeiro voto em Lula foi no 2° turno, pois no 1° turno daquele 2006 Heloisa Helena chegava com o PSOl. MEU 1° VOTO FOI EM UMA CANDIDATA À PRESIDENTA. Não tenho arrependimento sobre aquele momento. 
Sigo compreendendo a necessidade do DEBATE DEMOCRÁTICO  mais periférico o possível,  mais das minorias, mais ABOLICIONISTA,  mais ANTIRRACISTA, mais FEMINISTA, mais muuuuito mais mesmo em favor da vida dos povos originários e das comunidades tradicionais,  mais ao NORTE, mais da gente...eu sei que parece utópico, mas eu realmente aposto em se MOTIVAR A ANÁLISE CRÍTICA para melhorar e muito o que for de educacional na campanha eleitoral de 2022.
Apesar de tudo o mais...e - SOBRETUDO - quero poder votar em LULA, logo no 1° turno, porque o fascismo anda escancarado e nenhuma humanidade está ilesa.
Apenas, não tiro o direito de quem quiser criticar o que for para melhorar esse projeto de um novo mandato de Luis Inácio Lula da Silva como presidente para o Brasil mais uma vez. É um pedido mesmo de socorro pela democracia e pela soberania do nosso país. 
"Mas eu também sei ser careta.
De perto ninguém é normal. 
Às vezes,  segue em linha reta
A vida, que é 'meu bem, meu mal' 
(...)
Deusa de assombrosas tetas,  
Gotas de leite bom na minha cara,
Chuva do mesmo bom sobre os caretas" - Vaca profana, Caetano Veloso
Pra não esquecer do contraditório,  sem ser blef,  afinal os non sense é que seguem o som de um homem só.