Se eu mergulho em mim, derramo amor...prazer... ódio... rupturas. Se eu te mergulho, deságuo em fúrias...feras...feridas...e amar. É sobre o encontro de mágoas às vezes, mas em um vigoroso oceano há sempre vida!
terça-feira, 2 de junho de 2020
eu gostei bastante da discussão que você proporcionou na postagem da Cássia Nascimento porque faz algum tempo que alguns filósofos (no Brasil, Luis Felipe Pondé) já estão tratando da concepção de democracia. Desde a Grécia, origem etimológica do termo, não se tratava de um governo realmente do "povo", era apenas a representação das intenções coletivas de uma parcela da população que se considerava representativa. Aí já vemos que a proposta de democracia nunca foi plena, como a tradução literal costuma insinuar. Alguns estudiosos, por exemplo, tratam da condenação de Sócrates dentro da democracia ateniense como uma fratura na ideia de "poder popular", já que esse filósofo tinha uma autonomia clara em relação ao governo institucionalizado (ele era contrário a essa forma de governo). Sem tentar impor verdades, eu queria mesmo que se fizesse uma reflexão crítica sobre a própria viabilidade da democracia como ela se estabelece dentro do neoliberalismo que se torna cada dia mais tirano. Me parece uma tirania "legalizada" pela forma de governo pautado em liberdades individuais que se cristaliza, o que é possível dentro das democracias liberais no mundo todo. Quando comparado ao sistema republicano romano, por exemplo, nossa também chamada república é repetitiva porque elege formas de ditaduras em que há um representante militarista (um líder) que concentra as decisões sobre as demandas coletivas e não é justo obviamente. E, no caso da República, houve um pretenso deslocamento do poder centralizado, o que jamais chegou a ser compartilhado em nenhuma parte do mundo "civilizado". A questão de gestão que você colocou é realmente a concretização desse sistema. Governo, Estado e Gestão não são a mesma coisa. E no Brasil nenhum dos três funciona em relação ao bolsonarismo. Apesar de tudo, acredito que o debate sobre a forma de governo precisa começar a ser levado a sério no nosso país. Muito implosiva essa forma de presidencialismo na qual se proporciona autoridade máxima a uma figura (liderança). Essa concepção está antiquada e não nos garante mais direitos (nem à maioria da população). Embora, desde a República Velha, saibamos que nossos senadores, as "vossas excelências" aqui são de uma origem saqueadora da pátria (Machado de Assis não apoiava o republicanismo por isso), temos que testar alternativas. A era Temer-Bolsonaro nos constata que o liberalismo é genocida e qualquer forma de governo que se baseie apenas nele também será assim. Espero que a pluralidade de representação nas diversas instâncias seja um caminho para um governo melhor no nosso país.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA