Enquanto a metáfora do anticristo for vista como uma filosofia contra a religião, não avançaremos na epistemologia nietzscheniana. Se há uma epistemologia proposta por Nietzsche, essa é um viés filosófico da ruptura com os dogmas e doutrinas em qualquer forma de pensamento, inclusive a ciência e a filosofia clássica - como já sabemos. Reconhecer o questionamento sobre a autoridade absoluta da religião na existência humana, realmente foi um dos maiores embates culturais propostos por Nietzsche, mas não é o único. Encontrar nesse questionamento essencialista o núcleo do existencialismo e da fenomenologia é uma possibilidade catalisadora nas questões nietzschenianas. Desculpem a chatice do argumento que se reitera e se ratifica, mas é necessário enfatizar: não se trata de ir contra a Igreja enquanto instituição religiosa, mas sim de questionar o seu poder absoluto em relação à política, à ciência e à cultura. A igreja não é, para Nietzsche, uma entidade social ou somente religiosa, ela é o pensamento dogmatizador, desumanizador, deturpador da consciência. Para ele, há o aparelhamento simbólico através da naturalidade de resolução por meio do mítico. É isso que precisamos focar, pois o fascismo é um dispositivo dentro desse sistema.
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA