segunda-feira, 13 de maio de 2019

Ser escravo da profissão é uma ideologia aprisionadora

é francamente uma ideologia exploradora essa que defende o "amor" pela profissão. Desde que li Paulo Freire, no livro "Professora sim, tia não! Cartas a quem ousa ensinar", eu sempre questiono essa mentalidade que faz dos professores profissionais que se doam como a um sacerdócio, como a um matrimônio com a sociedade ( o que é absurdamente equivocado). Em primeiro lugar, o profissional deve ter a postura ética de ser tecnicamente regrado e formado. Em segundo lugar, a experiência com a realidade escolar deve ser seu maior meio de inspiração didática, metodológica e teórica. Em terceiro lugar, a sua personalidade (a subjetividade natural humana) deve ser respeitada para que o seu ofício tenha uma possibilidade de execução real e não ideal (em outras palavras, impossível). Em quarto lugar, nenhum profissional deve ter que colocar a sua vida no trabalho prioritariamente em relação a sua demanda emocional e pessoal de forma geral. Em ultimo lugar, só pra não ser mais chata, "amar a profissão" não é nem de longe uma premissa de felicidade humana, nem de realização, é sim um condicionamento cultural que nos aprisiona a situações insalubres, humilhantes, estagnadoras e assujeitadas. Por tudo isso, eu sou ABSOLUTAMENTE contra qualquer ideologia superficial que imponha o "amor ao trabalho", fato este que considero uma escravização mental contemporânea. Ninguém é um professor, apenas está. E pode deixar de ser profissional de tal área a hora que bem entender, se for para a sua satisfação pessoal. É isso.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA