quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

cristianismo para ser rico: uma violência contra os pobres

Sobre o cristianismo da riqueza e a demonização da pobreza: a violência como FÔRMA da "fé".

Em algumas igrejas, percebemos um tipo de dogma que endeusa a acumulação de bens materiais e, de modo inversamente proporcional, demoniza o que considera pobreza. Ou seja, nessas igrejas (religiões), a pobreza é vista como um tipo de "pecado" que precisa ser perseguida enquanto que a riqueza é defendida como uma "graça  alcançada" através da fé. 
A fé é um sentimento exercido por meio de uma religião.  Ela possui várias formas de ser praticada. Por exemplo, cantar para Deus, vestir-se para ir ao encontro de Deus em um determinado lugar (templo), ajudar pessoas que estejam em situação de necessidade ou até caminhar em procissão seguindo um determinado símbolo. Existem muitos RITUAIS que demonstram a fé de uma pessoa.
No caso do cristianismo para ser rico - uma espécie de religiosidade muito comum atualmente no Brasil (mas comum no mundo todo também) -, existe algumas maneiras de se expressar essa fé.  A fôrma na qual alguns estão sendo talhados (moldados) parece apontar para uma demonstração de aproximação da riqueza de bens materiais e distanciamento da  simplicidade (espiritual). Ilustro aqui: quanto mais bens materiais você parecer ter, mais abençoado filho de Deus você parecerá. Ou ainda: se você tem um carro, demonstra a riqueza material dada pelo próprio Deus na sua vida, de forma que trocar de carro seja quase um testemunho de milagre. E isso é bem estranho se comparado ao menino Jesus, denominado pela própria narrativa bíblica,  como o filho de Deus. Não é? 
Eu fico imaginando como que essas mentalidades religiosas imaginam que o pobre galileu (Jesus) seria se chegasse hoje...Será que pensam que ele seria um bilionário,  como Elon Musk? Ou será que ele estaria sendo humilhado, mal trapilho, perambulando pelas ruas asfaltadas do nosso imenso, rico, país? Será que ele gostaria das roupas lavadas ou exigiria a grife mais cara da última moda chique das passarelas de Milão? Será que comeria hambúrguer ou juntaria restos de comida despejados dos banquetes das mesas fartas das casas pomposas dos seus fãs? Eu acho que Jesus não iria querer nascer hoje se pudesse escolher, não nasceria. 
A violência expressa contra a pobreza é a prática de constante humilhação dos pobres produzida por tantos religiosos. É inacreditável perceber que quem dá mais dízimo, oferta e remuneração para padres, pastores, "servos" da fé e afins costuma ser melhor tratado dentro dos templos. Sei lá o que se fala hoje no sermão contra os vendilhões do templo. Hoje eu não sei mesmo COMO se "vende" tanto sucesso material como o milagre da vida. Comprimiram a beleza da crença em um anel de ouro e diamantes que não vale nada além do valor na prateleira de uma joalheria. 
A fé que antes valia ao espírito, hoje alterna o valor conforme o dólar. E - sem nenhuma vergonha - condena a pobreza à morte, como no alto do monte uma cruz se erguia. Ser pobre é um pecado na mercadoria das igrejas vazias. Cheias de bancos, repletas de ornamentos enquanto milhares dormem ao relento nas noites. A alma desse cristianismo da riqueza sucumbe ao papel moeda, pois as almas estão olhando a aparente vestimenta de luxo da benção nas mãos sedentas por mais cédulas.  O dólar não perde a importância em contrapartida a sobrevivência não tem garantia.
Precisamos repensar a fé materialista, consumista, porque ela nos faz perder a capacidade de se sentir humano diante de outro ser humano. E essa perda leva à descrença verdadeira na importância de amar a vida de todas as pessoas.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

para lembrar sempre em 2024

O patriarcado é um condicionamento tão violento para nós,  mulheres, que derruba nosso senso de realidade mesmo. A realidade,  no sentido histórico  (material-dialético), é composta do que se vê,  se sente, se experiencia,  se sente e se compreende a partir de tudo isso. Complexo e natural para nós humanos, de acordo com o Wittgenstein,  tanto quanto os limites da linguagem são em proporção o limite (as fronteiras) do nosso mundo. E, para mulheres, a misoginia é uma linguagem codificada na carne, que exerce sentido no nosso corpo e pode ser autossabotadora quando, em algum momento,  nossa alienação (falta de consciência de classe, como diz Marx) nos aprisiona no cativeiro de paredes douradas, ou o amor romantizado (heteronormativo, para Butlher). É a consciência de gênero (consciência de ser mulher nesse mundo) que nos liberta pouco a pouco, sem ilusão,  sem troféu na mãe,  com mil e umas lutas silenciadas que começam a ser EXPRESSAS EM LETRAS E SONS maiores do que a fantasia do "herói " salvador da mocinha. Para mim, o percurso foi vivido do lado das letras de Gerda Lerner, Audre Lorde, Angela Davis, Silvia Federici, Valeska Zanello Zanello e outras irmãs de cura que estão presentes na vida vida me lembrando que nós mulheres merecemos sim ser partes de uma realidade melhor para nós.  Sigamos VIVAS e juntas de olho vivo contra o opressor. #nenhumaamenos