segunda-feira, 18 de maio de 2020

E ainda colocam a nutrição nesse lugar de descaso em que vemos no mundo. Saciar a fome, nesse tipo de mentalidade, é secundário porque a vontade de comer é demonstração de poder. Nutrir as pessoas de maneira digna não é um objetivo, ao contrário disso, é o privilégio de poder comer o que se quer que seduz e, realmente, domina a mentalidade. Precisar se alimentar, como acontece com as crianças recém-nascidas é uma posição de inferioridade política a ponto de ser silenciada e apagada qualquer voz nesse sentido. O patriarcado não quer "matar a fome" com uma variedade de comida, quer saciar a própria gana de ver a escassez de alguns alimentar a sua tirania. Quem pode come, quem não come é desigual e está submetido a morrer sem saciar desejos elementares, como o desejo de ser ouvido e visto. Para mim, o sistema patriarcal é um núcleo de desumanidade.

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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA