Numa entrevista concedida em 1994 a José Geraldo Couto, João Cabral de Melo Neto assim falou a respeito da noção de poesia:
“Naquele poema ‘Alguns Toureiros’ eu digo que aprendi com Manolete a não poetizar o poema. Porque esse é o problema de muito poeta: é que ele faz um poema poético. Quer dizer, faz um poema a partir de elementos já convencionalmente poéticos. Ele perfuma a flor. É como se você planta uma rosa e depois acha que a rosa não está cheirando o suficiente e aí põe, em cima da rosa, perfume de rosas para ela cheirar mais (risos). Eles perfumam o poema. Existem toureiros que fazem isso também, floreiam demais o jogo.”
Poetizar o poema significa encher o poema de emoticons, de pequenas sinalizações indicando ao leitor a reação emocional que o poeta espera provocar. Sinalizações que revelam a insegurança do poeta com relação aos meios que emprega.
Ele acha que o que escreveu não é suficiente, acha que o leitor não vai entender, e começa a reescrever aumentando, começa a encher o verso de pequenas redundâncias, como se cochichasse ao leitor, “olha só, isso aqui é triste”, “preste atenção, aqui é para você achar graça”, e assim por diante. Surgem redundâncias como “um sorriso alegre cheio de felicidade”. (...)
Leia o resto clicando no link abaixo:
https://mundofantasmo.blogspot.com/2015/06/3852-nao-poetize-o-poema-2862015.html
“Naquele poema ‘Alguns Toureiros’ eu digo que aprendi com Manolete a não poetizar o poema. Porque esse é o problema de muito poeta: é que ele faz um poema poético. Quer dizer, faz um poema a partir de elementos já convencionalmente poéticos. Ele perfuma a flor. É como se você planta uma rosa e depois acha que a rosa não está cheirando o suficiente e aí põe, em cima da rosa, perfume de rosas para ela cheirar mais (risos). Eles perfumam o poema. Existem toureiros que fazem isso também, floreiam demais o jogo.”
Poetizar o poema significa encher o poema de emoticons, de pequenas sinalizações indicando ao leitor a reação emocional que o poeta espera provocar. Sinalizações que revelam a insegurança do poeta com relação aos meios que emprega.
Ele acha que o que escreveu não é suficiente, acha que o leitor não vai entender, e começa a reescrever aumentando, começa a encher o verso de pequenas redundâncias, como se cochichasse ao leitor, “olha só, isso aqui é triste”, “preste atenção, aqui é para você achar graça”, e assim por diante. Surgem redundâncias como “um sorriso alegre cheio de felicidade”. (...)
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"Quebrem as correntes dos seus pensamentos e conseguirão quebrar as correntes do corpo..." ("A História de Fernão Capelo Gaivota" BACH, 1970, p. 122/3).
Hilda Freitas, Belém/PA